London Calling Número 08
Technothrash?
Tentar prever as tendências musicas que estão por vir é como tentar prever as condições atmosféricas para daqui a uma semana. Entretanto temos que convir que, de qualquer forma, aqueles que estão há mais tempo no "jogo" certamente estão mais gabaritados para, com suas bolas de cristal, fazerem suas predições.
Eu digo isso porque aqueles que já me conhecem há algum tempo, sabem que eu tenho um pé atolado no lodo do rock pesado e o outro fincado no pântano da música eletrônica. Além do meu próprio projeto The Brain Sexy Diet, que aí foi descartado pela Paradoxx por ser "pouco comercial", e pela Cri Du Chat por não ser influenciado pelo som eletrônico modelo "igreja" norte-europeu, eu ainda participei no ano passado dos dois mais importantes lançamentos brasileiros de bandas tentando a fusão destas duas tendências: o Cortina e o P.U.S. No Cortina, além de participar de uma das reuniões para discutir o redirecionamento da banda (onde ajudei a convencê-los a jogar fora o de Ferro do nome), ainda contribui no disco com um remix da música Tribal Tech. Já no P.U.S. Presets, a música que dá título ao disco, é de minha autoria assim como Hopeless Man, que recebeu algumas alterações na letra feitas pela Syoung. Convém salientar que toda a mudança no direcionamento da banda aconteceu depois que hospedei o Ronany e a Syoung aqui em casa, bombardeando-os com o crème-de-la-crème do industrial mundial e levando-os para conhecer o santuário deste estilo que é o clube Slameligth.
Você deve estar se perguntando:
"-E daí?".
Bom, daí que Fat of the Land o novo disco da banda Prodigy, promete ser o "bestseller" deste ano. Daí que os caras estão literalmente tomando de assalto os EUA. Fat of the Land, que significa "o gordo da terra" (embora fat, neste caso, tenha mais a ver com "grana", tipo "poderoso". Ou seja: numa tradução mais adequada, a frase toda seria simplesmente "O Chefão"). Daí que os extremistas (no bom sentido) da banda Fear Factory acabam de lançar um àlbum poderoso só de remixes industriais chamado Remanufacture. Além disso, como citei na minha coluna passada, o Die Krupps está aí com o novo àlbum.
Mas, o mais fantástico nisto tudo foi que o selo Norte Americano Imortal Records, depois de ter organizado aquele projeto vanguardista (que acabou sendo a trilha sonora do filme Judgment Night, juntando os thrashers com os rappers), agora vem com o novo trabalho juntando algumas das mais importantes bandas pesadas da atualidade com alguns dos nomes mais importantes do techno. Este álbum, que será lançado como a trilha sonora para o filme Spawn contará , entre outros, com o Metallica trabalhando com os technos-brits Propeler Heads, Slayer com Atari Teenage Riot, Henry Rollins com Goldie, Butthole Surfers com Moby, Dusty e Marilyn Manson com Sneaky Chap. Um disco que promete ser fundamental, no sentido de cimentar a crescente tendência de aproximação entre rock e techno.
Aproveitando toda esta comoção Gizz Butt, o guitarrista do Prodigy, está indo para o estúdio para gravar com sua "outra" banda, os punks veteranos English Dogs. "Quem espera punk tradicional vai ficar decepcionado!" anuncia o guitarrista, que é corroborado por alguns poucos privilegiados que ouviram o novo material e disseram que o mesmo tem mais a ver com o som da sua mega band Prodigy. E por falar em gravar, o supremo Trent Reznor, do Nine Inch Nails, também está embarcando para o estúdio, afim de gravar o seu tão esperado próximo álbum.
Não sei porque mas esta conversa toda lembrou-me do White Zombie, que anda meio silencioso desde a tournée de suporte ao seu excelente álbum Astro Creep: 2000. A última é que o Rob Zombie anda trabalhando intensamente na direção do filme Crow III (O Corvo III), cujo roteiro é de sua autoria.
"-O primeiro filme foi cool mas o segundo foi merda, uma versão chata do primeiro. O meu acontece num mundo totalmente diferente e com novos personagens", declarou Rob. Rob Zombie que andou envolvido com um monte de trilhas sonoras promete novo álbum para breve.
Glastonbury Festival?
Graças a Deus não fui. Choveu três dias sem parar e eu preferi assistir os melhores momentos pela BBC. Afinal, já tive a minha dose de barro deste ano no Dynamo Open Air Festival. Destaques do Glastonbury: Prodigy e Beck. O famoso palco Pirâmide acabou afundando alguns centímetros no lodo e o palco dois afundou tanto que teve que parar várias horas por questões de segurança. Por isso algumas bandas não puderam tocar. Foi o caso do Kenickie, que eu já tinha visto uma semana antes no Astoria 2 aqui em Londres. Aliás neste concerto no Astoria a surpresa ficou para a banda Feline (nada a ver com o homônimo nacional), que abriu para o Kenickie e arrombou a festa. A banda Kenickie faz um pop alegre que combinaria muito bem com festinhas de aniversário no Mc Donald's, e seu público não passava dos 14 anos. Já a Feline (lê-se "fiilaini") conta com a felina da Crog no baixo e vocal principal, detonando um som pesado e ao mesmo tempo melodioso. No single que anda rolando, o som da banda é muito semelhante ao da banda República mas, ao vivo, o grupo é muito mais pesado. No final do show, pude trocar umas palavrinhas com a vamp, que com um cabelo preto cortado e penteado à lá Cleópatra, rosto bem branco e lábios grossos bem vermelhos, mostrou-se uma gracinha (segura o coração!).
Mudando de assunto, o papo que rola aqui é que Max Cavalera (ex-Sepultura) está gravando com a banda Deftones. Segundo declaração dada pelo próprio "ex-front man" para a Revista Metal Hammer, o convite partiu dos membros do Deftones que convidaram-no para ir até Seattle onde estão gravando um álbum com Terry Date. É o próprio Max quem fala:
"-Chino (vocalista do Deftones) era um grande amigo de Dana (filho da Glória, sua esposa, e que faleceu tragicamente num acidente automobilístico no ano passado) e nós escrevemos uma canção sobre o sentimento de perder um amigo e a respeito do que acontece à pessoa íntima daquele que se foi. Nós fizemos a letra usando algumas coisas que Dana tinha escrito no seu diário e acrescentamos algumas idéias em volta disso. Eu canto a refrão e Chino faz o vocal rap nos versos. Trata-se de uma música bem energética e soará muito bem ao vivo!".
Depois que a MTV cortou o Headbanger Ball que era o único programa de metal da TV inglesa, a reação de protesto da comunidade roqueira foi instantânea e para provar que "quem não chora não mama" a MTV começou um novo programa chamado Super Rock. Para apresentadora eles recrutaram a gostosíssima Julia Valet, de 22 anos e que ao contrário da Vanessa Warwick (antiga apresentadora do "Headbanger Ball"), promete dar exatamente os que os Beavis e Bultheads da vida querem: menos informação e mais sexo modelito "bimbo americano" (não que eu desaprove totalmente, porque a mulher é mesmo sexy!).
Bem, eu divaguei um pouco (como sempre) mas, a mensagem que deixo aqui, é para que vocês fiquem atentos porque, parece que a junção de guitarras com computadores estão vindo para ficar!
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