Veludo: Um dos grandes expoentes do Rock Progressivo Brasileiro!
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Veludo: Um dos grandes expoentes do Rock Progressivo Brasileiro!
Escrito por Antonio Celso Barbieri
A banda Veludo carrega uma grande história e, muito embora não tenha deixado uma vasta discografia, seu legado musical e sua virtuosidade no palco são lendárias. Veludo foi contemporâneo das bandas bandas Mutantes, Som Nosso de Cada Dia, Apokalypsis, Terço e muitas outras que, lá pelo começo dos anos 70, carregaram a bandeira do Rock Progressivo Brasileiro.
No Youtube foi colocado um documentário muito bom, cujos links forneço abaixo, que conta em detalhe a história deste grupo fenomenal. Também, forneço para audição seu primeiro álbum Veludo ao Vivo gravado em 1975. Tomei a liberdade de postar uma série de recortes de jornais e informações coletadas aqui mesmo na Internet. Desejo-lhes uma boa "viagem" ao som da banda Veludo!!!
Veludo ao Vivo (1975)
A história oficial da banda Veludo em 7 capítulos!
Parte I
Parte II
Parte III
Parte IV
Parte V
Parte VI
Parte VII
As X Fases do Homem Comum
(Nelsinho Laranjeiras)
Composição de Nelsinho Laranjeiras gravada em 78 em 4 canais. Participação Especial de Marcio Montarroyos (trompete) Sérgio Dias (vocal) e Rui Motta (bateria) Com Paul de Castro (violino) Paulinho Muylaert (guitarra e flauta) Flavia Cavaca (percussão e coral) e Constant (piano elétrico).
Com o fim do Veludo em 78, Nelsinho reuniu esses músicos para deixar registrada sua composição mais arrojada. Essa suíte era tocada ao vivo durante a segunda formação da banda. |
A ‘Re-volta do Veludo’
Escrito por Nelio Rodrigues e publicado no site Senhor F (A Revista do Rock)
Para Elias Mizrahi o Veludo nunca desapareceu. No máximo, passou prolongado período em hibernação. Responsável pela maior parte das composições do extinto grupo, que ora tenta ressurgir, o tecladista, cantor e guitarrista jamais abandonou o hábito de compor. Ao longo dos anos, vem acumulando farto material que sobeja em fitas que o músico mantém arquivadas em casa. "São mais de mil músicas", confirma Elias. A fim de dar forma final a parte pequena de sua criação e com a idéia do Veludo ainda latente, ele chamou o baterista Gustavo Schroeter, ex-Veludo, e o baixista Lincoln Bittencourt, ex-integrante d'A Bolha, para, juntos, iniciarem uma longa jornada de gravações.
As sessões, num estúdio em Botafogo, prosseguiram por incontáveis meses, geralmente atravessando madrugadas, como conta Gustavo. Em algumas delas o trio contou com a adesão do guitarrista e, hoje, também produtor, Marcelo Sussekind. O resultado, suficiente para preencher mais de um CD, permaneceria engavetado não fosse o esforço e abnegação de Cláudio Britto, amigo de Elias e fã do Veludo. Logo que soube das tais gravações Cláudio decidiu produzir e assumir o lançamento do CD que, por obra do destino, vem a tornar-se o primeiro disco de estúdio do Veludo.
Intitulado ‘A Re-Volta’, nome ambivalente, significando tanto uma possível retomada de atividade da banda quanto um desabafo pessoal de Elias, em consonância com as dificuldades que tem enfrentado para mostrar seu trabalho, o CD coleciona dez temas, sendo cinco instrumentais, selecionados por Gustavo, Lincoln, Marcelo e Elias, a partir do material gravado em Botafogo. Todos compostos e arranjados por Elias. Em ‘O Poeta’, no entanto, o tecladista teve parceiros e sua autoria é também creditada a Waldemar Motta e Leca.
O disco é calcado no som dos teclados, que abundam em ‘A Re-Volta’, conferindo à obra uma aura de rock progressivo. Não obstante, o emprego de matizes sonoras diversas a partir de suas teclas (e registros) não o deixam soar anacrônico e, tampouco, excessivo. Os arranjos de bom gosto, por vezes delicados, escorados no baixo preciso de Lincoln e na rica batida de Gustavo ajudam a criar climas diversos que se alternam, tanto dentro de um mesmo tema quanto ao longo de suas faixas.
‘Coisa Linda’ é a porta de entrada do CD. Abre com um riff que lembra tema de abertura de programa de TV, mas a impressão logo se desfaz assim que ele evolui em linha melódica distinta, ditada pela voz de Elias, vigorosa e clara.
"O poeta está sofrendo, por não ter com o que sonhar", diz a letra de ‘O Poeta’, o tema seguinte, que prossegue antevendo a possibilidade de apocalipse ao final do milênio (que já se completou). Se o poeta não tinha motivos para sonhar e conseqüentemente nutrir sua inspiração para elaborar suas poesias, os autores da música, ao contrário, inspirados, criaram canção condizente com a melancolia de seus versos.
‘Veludiando’ é o primeiro tema instrumental do CD, que evolui por mais de sete minutos e conta com participação especial de Marcelo Sussekind. O guitarrista empresta ao tema seu toque ágil que se impõe por alguns momentos e centraliza a atenção do ouvinte. Apesar do título, a música não se assemelha a composição de Paul de Castro, Elias e Nelsinho Laranjeiras, que abre o CD ‘Veludo Ao Vivo’, denominada ‘Veludeando’. O título recorrente (o significado é o mesmo) apenas revela a paixão de Elias pelo Veludo.
As vozes de Elias, Lincoln e Gustavo brilham juntas em ‘A Música Que Vem Do Céu’, que aparece no CD cercada por outro tema instrumental, intitulado ‘Império Romano’. Aqui, é impossível não pensar no trio Emerson, Lake and Palmer da época do disco ‘Tarkus’. Já, na seguinte, ‘Cigania’, introduzida por violão que ampara toda a canção, o tom é diferente. A melodia passeia por território espanhol em sutil cruzamento com o ritmo árabe, assim como a história da região.
Com o feliz título de ‘La Sonata Claríssima’, este tema instrumental conduz o ouvinte através de uma mini-suíte muito bem arranjada e executada. E, mais uma vez, conta com a participação de Marcelo Sussekind. Teclados, baixo e bateria pavimentam a canção antes que a guitarra de Marcelo se faça presente. Quando irrompe, eloqüente, progride beirando notas agudas até desaparecer com entrada límpida do órgão Hammond de Elias. O suporte de baixo e bateria é impecável, com Lincoln e Gustavo mantendo ritmo preciso enquanto Elias desenvolve ótimo trabalho no órgão. Nesse momento, as intervenções de Marcelo são apenas sutis. A composição ainda evolui antes de dar lugar a próxima.
A profunda densidade melódica de ‘Come To Me’, tramada pelos teclados, envolve o ouvinte como uma espessa névoa, tal como a voz de Elias. Escrita em inglês, talvez esta seja a melhor faixa do CD.
As duas últimas são temas instrumentais: ‘Teu Foco’, sem baixo e bateria, é a mais curta do disco (CD); ‘Portas do Céu’, novamente com baixo e bateria, tem no piano, tocado com agilidade e leveza, o seu fio condutor.
Matéria publicada na revista VEJA em 12 de junho de 2002
Matéria escrita por Sérgio Garcia. Colaboraram Debora Ghivelder e Isabel Butcher
Matéria publicada no Jornal O Globo (O GLobo Online) em 12 de junho de 2002
Matéria publicada no Jornal do Brasil (JB Online) em 14/06/2002