London Calling Número 09
Adeus Diana!
A morte da Princesa Diana caiu como uma bomba na cabeça de todo mundo aqui em Londres. Ela era uma "outsider", alguém de fora que não fazia parte da nobreza e que foi claramente rejeitada. Apesar do poder e do "jogo contra" feito pela família real, ela com simplicidade sempre cativou o povo. A família real, arrogante e presunçosa, não tinha a menor chance contra o carisma e simplicidade da Princesa que, longe de ser perfeita, nunca procurou esconder seus sentimentos e sempre fez as coisas movidas pelo coração. Sua vida foi sempre um livro aberto onde ao longo dos anos acompanhamos seus progressos e desventuras (principalmente no campo sentimental). Todo mundo pôde ver sua passagem de uma garota pouco mais que adolescente para uma mulher e mãe consciente e preocupada. Justamente por isto, todo mundo se identificava com ela.
Assim como a Madre Teresa de Calcutá que, faleceu praticamente na mesma semana, não será surpresa se ela receber um prêmio Nobel (neste caso póstumo) pela suas atividades em favor dos pobres, dos aidéticos e doentes em geral além, da sua corajosa campanha contra as minas terrestres. Justamente agora que ela estava dando a volta por cima (pois com o divórcio tinha conquistado sua independência financeira recebendo 17 milhões de libras), tinha construído uma imagem humanitária achando um sentido para a sua vida, e parecia ter encontrado o amor em outro "outsider", cujo pai é um dos homens mais ricos do país e que apesar de pagar milhões em impostos para o governo, sempre foi rejeitado por não ser inglês, tendo seu pedido de cidadania inglesa sido negado incontáveis vezes.
Meu sentimento diante do acontecido, assim como o de todo mundo aqui, foi o de incredulidade. Eu não sou monarquista mas torcia por ela. Lady Di conseguiu transcender as barreiras impostas pelo dinheiro, raça, religião, sexo e idade. As palavras de uma garota entrevistada por um canal de TV em frente ao palácio disseram tudo:
"-Por que é que daquela cambada toda tinha que justamente morrer a melhor?"
Ela levou uma vida tipo pop star que começou como uma estória de contos de fada, virou novela e filme e terminou infelizmente numa tragédia shakespeariana. O seu enterro ficará para sempre como umas das mais extraordinárias manifestações populares da história moderna..
Banda de Brasília faz show na Inglaterra.
A banda Abhorrent que faz um thrash metal pesadíssimo e competente ficou parte hospedada aqui em casa. Eles tocaram, como banda principal, no Red Rose Theatre que fica numa cidedezinha chamada Rugeley no norte da Inglaterra. O show, que teve o suporte das bandas inglesas Pine e Fracture foi muito bom, com a moçada detonando uma pauleira monstruosa. O público não foi dos melhores por ter sido um show numa cidade pequena, mas aqueles que ali estiveram pularam do começo ao fim e saíram suados e satisfeitos. Eu fiquei surpreso com a qualidade do som desta banda brasileira que, desconhecia até então. No show, destacou-se o baterista Fabrício que bateu rapidíssimo, mas com uma criatividade que deixou o povo de boca aberta. Robson, o vocalista cativou os presentes com um vocal perfeito enquanto o Leandro no baixo energeticamente contaminou o público com sua movimentação de palco incessante.
O repertório consistiu na sua maioria em músicas do seu último álbum chamado Rageacrescida de material extraído do seu live demo recém gravado. Eu confesso que fazia muitos anos que eu não me divertia tanto, viajando on the road com a banda na perua alugada, sendo apresentado para todo mundo como o empresário da banda e desempenhando o papel de stage manager, certificando-me de que a moçada teria a melhor mixagem de palco possível. Eu só espero que aí no Brasil o público descubra e prestigie o Abhorrent que definitivamente merece seu lugar ao sol no cenário do rock brasileiro e, porque não dizer, mundial.
Em recente visita ao meu clube preferido; o Slameligth, presenteei o DJ do salão gótico com um CD da banda brasileira Genocídio. Confesso que foi uma experiência muito gratificante ver todo mundo dançando ao som da música Black Planet, que é um excelente cover do Sister of Mercy.
Brasil!
Recentemente passei 11 dias por aí, foi uma visita corrida e tumultuada onde por curto espaço de tempo trabalhei com o Dick Dale. Os poucos dias que passei com a minha família foram a melhor parte.. O Dick Dale? O homem é uma lenda viva da guitarra, mas a realidade é que ele ainda tem um público muito pequeno no nosso país..
Quando vinha para o Brasil encontrei-me no aeroporto com o pessoal da banda Coração Tribal que faz um som mais ou menos na linha do Skank. Eles tinham tocado no IV Festival Internacional de Las Culturas num lugar chamado Pirineos Sur perto Huesca na Espanha e aproveitado para fazer uma mini tournée por alguns países europeus. Aliás, no festival acima mencionado, apresentaram-se também Boi Boombah, Carlinhos Brown, Skank, Fernanda Abreu e Djavan além de grupos musicais de várias partes do mundo. O pessoal do Coração Tribal estava muito feliz com a recepção do público que, segundo eles, tinha sido fenomenal.
James Hetfield (Metallica) segundo dizem, não gosta que o pessoal techno brinque com suas músicas. A idéia de remixes não lhe agrada muito, mas, a dramática mexida que o DJ Spooky fez com o clássico For Whom The Bell Tolls aparentemente o fez mudar de opinião:
"-Eu sei! Eu também estou surpreso por ter gostado. Mas, é que eu sempre quis que alguém mantivesse a agressividade.. Eu escutei algumas vezes e tentei imaginar esta criatura doente (referindo-se ao filme Spawn) correndo com este som rolando de fundo e... combinou!."
Só para terminar gostaria de dizer que acabei de receber a visita do Coquinho. Para quem não sabe o baixista Coquinho foi um dos fundadores junto com o ex-Mutante Arnaldo Batista (vocalista e tecladista), Junior (bateria) e Dudu (guitarrista) da banda Patrulha do Espaço. Foi uma honra para mim conhecer pessoalmente este baixista de primeira linha cuja história musical caminha junto com a história do rock brasileiro por mais de 20 anos. Bom.. fico por aqui. Um abraço a todos!
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