London Calling Número 13
O rock pesado na pauta do dia
Mais duas bandas brasileiras aterrissaram por aqui em Londres! Desta vez, recebi a visita do Adolfo, baterista do Eminence que faz um som pesado, brutal e competente. Outro que esteve aqui foi o Reinado, vocalista e guitarrista da banda Sufrágio. Reinaldo mostrou-se gente boa mas, infelizmente o Sufrágio está para o mercado inglês mais para naufrágio mostrando uma certa falta de sintonia com o pop que está rolando por aqui. A banda faz um pop cantado em português e a melhor música (em inglês) é um "cover" do Joy Division. Os velhos do passado faziam "cover" do Chuck Berry e os velhos do presente fazem "cover" do Joy Division..
Já o Eminence é um exemplo para outras bandas brasileiras. Eu conheci o baterista Adolfo, no Dynamo Open Air Festival, na Holanda. Ele merece um troféu pelo grau de organização e obstinação. Seu material de divulgação era muito bom e os contatos que ele fez nos bastidores com gravadores e produtores foram muitos, culminantes com sua vinda para Londres, onde eu assessorei-o visitando um monte de gravadoras. Desejo-lhe boa sorte.
Quando viajei de Londres para a Holanda, eu levei comigo o Luciano, baterista e percussionista da banda curitibana Zeitgeist. Eu apresentei o Luciano para a DSFA Records que recebeu o CD da banda. Quando voltamos para Londres, depois de uma semana, para nossa surpresa o Luciano recebeu uma e-mail da gravadora. O e-mail era curto e grosso:
"Caro pessoal do Zeitgeist, no Dynamo Open Air festival nós conseguimos o seu CD. Nós gostamos do seu álbum e queremos ver quais são as possibilidades com ele. Espero ter notícias breves.. Saudações. Antonio Van Den Berg, Presidente da DSFA Records (A&R)".
Nem preciso dizer que, o Luciano tomou o primeiro avião e se foi para a Holanda de volta para negociar o contrato com a gravadora.
O Dynamo foi fantástico. E, por falar em Holanda, a gravadora Mascote Records acaba de lançar o tão esperado segundo álbum da banda venezuelana Laberinto chamado Freakeao. Neste álbum o Laberinto confirma-se como uma banda de categoria, num trabalho muito elaborado que, sem dúvida, supera o velho Sepultura e o Soulfly em termos de percussão. Se você é uma destas pessoas que gosta de checar os arranjos de percussão, mesclados com intenso poder de fogo nas guitarras não deixe de comprar esta pérola. Aliás, no ano passado, eu entreguei o primeiro álbum do Laberinto aí para a gravadora Paradoxx, mas infelizmente os caras preferem investir em dance de merda e tentar reviver Ska defunto. As bandas mais interessantes do selo, o Angra e o Ratos de Porão não tiveram suas carreiras por eles pois, quando chegaram nesta gravadora já tinham anos de bagagem nas costas. Quer dizer, acreditar num talento novo cantando em inglês nem pensar...
Sub Pop
Ainda no assunto de gravadoras, o selo Sub Pop comemora este ano 10 anos de existência. O selo, que passou por dificuldades financeiras no ano passado, é considerado um dos fundadores da cena grunge de Seattle. A Sub Pop foi responsável pelo lançamento do primeiro álbum das bandas Soundgarden (Screaming Life) em 88 e Nirvana (Bleach) em 89, além de ter trabalhado com Mudhoney, Afghan Whigs, entre outros grandes nomes. Em 94, a Warner Bros comprou 49% da Sub Pop por 20 milhões de dólares e o resto é lenda.
Lord Hollywood é o projeto solo do inglês Trevor cuja música acaba de receber um tratamento de primeira aqui no Raw Vibe Studios. Seu trabalho altamente criativo, misturando drum'n'bass, pop e dance com elementos de world music sempre evoca uma certa melancolia transportando o ouvinte como numa ópera por vários atos onde cada um parece uma visita a um país diferente. Já com várias gravadoras de olho, Lord Hollywood é um nome para não ser esquecido..
Jupiter Maçã A Sétima Efervescência é o nome deste álbum hilariante, que certamente deve estar despertando sentimentos extremos tipo "ódio ou amor" em muita gente. Bom, para mim o Júpiter Maçã, guardadas as devidas proporções, é o Pulp brasileiro. Se existe Pop cantado em português então deve ser isto. Eles ganhariam fácil o troféu como a banda mais kitsch do Brasil com a sua mistura de Jovem Guarda, letras irreverentes e um vocal que as vezes lembra muito Raul Seixas. Seu visual faria o pessoal do DeeLite ficar envergonhado e eu não ficaria surpreso se na sua casa todos os seus utensílios domésticos fossem feitos de plástico na cor "abóbora cheguei". Apesar de tudo, este grande cara de pau, rei do cinismo, consegue criar com profissionalismo e eficiência, um universo sonoro único e todo seu, que vale a pena dar uma checada. Definitivamente a criatividade brasileira à cada dia me espanta mais!
Curtas.. O Korn deu um pé na bunda do produtor Steve Thompson no meio da gravação do seu terceiro álbum chamado Follow The Leader. Toby Wright o técnico de som foi promovido a produtor e o Ross Robinson (que produziu os dois álbuns anteriores) chamado para dar uma assistência.
"-A gente tinha que mandar o cara embora. O astral estava pesado e nossos olhos não estavam cruzando-se já fazia um tempão".
Soulfly nem começou e Jackson "Lúcio Maia" Bandeira já virou suflê e foi substituído pelo Logan Mader, que saiu rapidinho do Machine Head metendo o pau no Robb Flynn que, por sua vez, rebateu dizendo que Logan nunca participou na parte criativa, nunca jogando nada na mesa.
Coal Chamber agora está sendo empresariado pela Sharon Osbourne, o que significa que a moçada anda conhecendo mais de perto o esposo famoso: o senhor Ozzy Osbourne. Dez Fafara, um dos membros da banda comenta:
"-Nós ficamos correndo de moto na fazenda dele. O cara pilota muito bem. Eu estava perseguindo o Ozzy e não conseguia alcançá-lo nunca. O mais engraçado foi quando estávamos dando partida nas motos e um dos cachorros dele chamado Sunny ficou tentando morder o pneu da sua moto. Ele foi saindo com a moto gritando.. Fuck off Sunny, Fuck off..."
Bom, eu vou parando por aqui mesmo porque nem que eu use todos os ensinamentos de Maquiavel (um dia escrevo à respeito) conseguirei fazer caber mais do que isto em uma página..
Abraços a todos...
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