London Calling Número 11
Oi moçada! Tudo bem? Puxa como o tempo passa rápido! O Natal passou, o Carnaval passou e eu já estava até ficando com saudades da minha coluninha...
Mercado fabricado?
Eu, quando compro os jornais e as revistas de música daqui, costumava sempre dar uma olhada nos "charts", nos Top 40 para saber como estavam indo as coisas. Eu disse "costumava" porque parei. A cada dia que passa fico mais consciente da falsidade que são os charts aqui na Inglaterra. Para quem não percebeu ainda, aqui música é produto de exportação. Quer dizer, aqui ninguém está muito preocupado em vender em casa. O negócio é primeiro conquistar o mercado europeu e depois conquistar o cobiçado mercado norte-americano.
Como fazer isto, qual a receita? Simples. Primeiro você "reduz" a necessidade de um grande número de cópias vendidas para receber disco de platina. Só com umas 20.000 cópias você já está recebendo uma bolachinha prateada. Com umas 15.000 você já está tocando no Top of the Pops da BBC, que é o mais antigo e tradicional programa de auditório da TV inglesa. A imprensa, ao contrário da brasileira, sabe fazer o jogo direitinho e imediatamente você estará em tudo quanto é capa de revista.
Falem bem ou falem mal, você passará a ser falado na Europa toda porque a imprensa européia, bem ao estilo "Maria vai com as outras", corre como louca para mostrar que é sabidinha. Depois de vender um milhão de cópias na Europa a gravadora já tem grana para investir do outro lado do Atlântico... Então, como eu estava dizendo, este negócio de "charts" é uma armação muito grande, e eu acho que a imprensa brazuca ainda não entendeu que a apreciação do material sonoro brasileiro tem que ser tendencioso mesmo. Nós temos mesmo é que por o que é nosso lá em cima e deixar de glorificar o que vem de fora, procurando sempre fazer uma análise mais fria e objetiva dos outros.
Soulfly
Max Cavalera esteve em Londres como parte da campanha de lançamento do álbum de sua banda Soulfly, que saiu pela RoadRunner no dia 20 de abril. A primeira audição do álbum foi no Nottingham Rock City. Max já apareceu nas capas das principais revistas de rock daqui, onde até uma música do Soulfly já foi incluída numa coletânea de capa.
Visitas, visitas e mais visitas..
O ano virou e as bandas brasileiras começaram a chegar com os seus CDs debaixo do braço para tentar a sorte por aqui. Os Primeiros a desembarcar na "minha sala" foram o Palmer (bateria) e o Vinícius (guitarra) da banda thrash Retturn. O som do Retturn parece muitíssimo com o do Sepultura. Em Cannes/França, quando estive no Midem (que foi o encontro anual mundial das gravadoras), eles deixaram muita gente de boca aberta. Uma gravadora japonesa não queria acreditar que era o Retturn e achava que era o novo álbum do Sepultura. O Retturn também estará participando do CD tributo ao Sepultura e inclusive tem recebido uma força do próprio Igor Cavalera que mandou um CD deles para o escritório da Roadrunner nos USA. De Londres, a moçada foi para a Holanda e, se tudo der certo, pretendem se mudar para lá, onde até já se enturmaram com o pessoal do Laberinto.
Outro que chegou aqui na mesma época, foi o Naka, baterista da banda punk Mussarelas. Naka aproveitou o curto período de tempo que ficou, para masterizar seu novo álbum aqui comigo no Raw Vibe Studios. Infelizmente, eu tive muito pouco tempo para masterização, porque praticamente eu já estava de partida para Cannes.
Mal tinha retornado de Cannes e já estava recebendo a visita do Ronaldo Simolla (vocal) e do Alexandre Callari (bateria) membros da banda Delpht que faz um metal-épico-melódico muito bem trabalhado, onde misturam influências tão distintas como Mercyful Fate e ópera.
Coincidentemente eu, na mesma época, recebi a visita do LeBurn, um guitarrista e cantor norte-americano fenomenal que já está se transformando numa lenda da noite inglesa. Leburn na minha opinião é um tipo de Hendrix para os ano 90. Sério! O cara é bom demais! Leburn tocaria no Bourbon Blues Café e depois de ouvir o CD do Delpht convidou a moçada para comparecerem no clube para uma jam no final do show. Foi super cool ver a moçada tocando a música Born To Be Wild do Steppenwolf.
E aqui? Bom, o ano virou e a imprensa apontou o polegar para baixo para o Oasis e Spice Girls, ao mesmo tempo que virou o polegar para cima para o Verve e as gatinhas do All Saints. Desta vez eu estou de acordo, porque trata-se de menos frescura e mais talento.
Parece que desta vez é sério. Mister Ozzy Osborne prometeu que este ano teremos, até que enfim, o Ozz-Fest na Europa. Cá entre nós eu não ficarei surpreso se for lá no Castle Donington.
A banda Korn começou gravar o novo álbum com o produtor Steve Thompson (Metallica e Madonna, entre outros) e promete um som mais Hip Hop com as guitarras mais "crunchier" e cançoes mais melódicas. Só espero que não melem!
O novo álbum do Slayer também sai em maio. O nome cogitado é Violence By Design. Por aí já se dá para ter uma idéia do que está por vir.
Acabei de receber da gravadora Music for Nations, o CD da banda Sheavy, The Eletric Sleep. Trata-se de mais uma banda reciclando os anos 70, com muitas influências tiradas do Black Sabbath. A Music for Nations recentemente tem lançado muita coisa de qualidade, sempre com uma tendência Hard Rock pesado. É o caso do LID, do Spiritual Beggars, Acrimony, entre outros. Tomara que a onda pegue, porque eu já estou me cansando das fórmulas atuais. De qualquer forma, é sempre interessante ver o pessoal cantar mais e gritar menos.
Por falar em garganta, acho que já falei demais...Então, até a próxima edição!
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