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Barbieri visita tumulo de Karl Max
Barbieri visita túmulo de Karl Marx
Londres, Sábado, 15 de maio de 2010
Tudo começou com um email, um convite para participar de uma cerimônia no cemitério de Highgate, na frente do túmulo de Karl Max. Este evento que acontece todo ano teria desta vez como tema os “65 Anos da Vitória do Povo Contra o Fascismo” e o discurso seria proferido por Jean Turner Secretária Honorária da Sociedade para Cooperação nos Estudos Russos e Soviéticos.
Confesso que me sentia meio culpado pois, convenhamos, morar à mais de 20 anos em Londres e nunca ter visitado o túmulo do Marx era, para mim, motivo de vergonha. Ainda mais eu, que fui candidato pelo Partido Comunista Brasileiro à Depudado Estadual por São Paulo em 1986. Várias vezes pensei na visita mas, por vários motivos, nunca consegui concretizá-la.
Bom, este email que recebi, mudou tudo. O sábado chegou bonito e ensolarado mas, com um Sol que eu chamo “Sol de bobo” porque ele engana. Através das janelas parece quentinho mas quando saímos lá fora está frio. Não tem problema, coloquei em homenagem à Marx, minha jaqueta vermelha e juntamente com Andrea, minha esposa, lá fomos nós. Incrível! O ônibus 271 que passa na porta do prédio onde vivo, nos deixou, mais ou menos, uns 40 minutos depois, na porta do parque Waterlow.
Andrea, no Parque Waterlow
Barbieri como todos os visitantes, emocionado, não poderia deixar de tirar uma foto.
Karl Heinrich Marx (1818 – 1883) é o filósofo político mais influente que o mundo já conheceu. No Reino Unido, ele é considerado o mais famoso refugiado político que a Inglaterra já teve e, certamente ele é o mais visitado residente deste cemitério.
Seu túmulo impressiona ostentando uma enorme escultura mostrando a sua cabeça bem ao estilo da imagem do Marx que todos conhecemos e com a famosa frase “Trabalhadores do mundo uni-vos” escrito em letras douradas exatamente abaixo da escultura. Aliás uma tradução literal seria, "Trabalhadores de todas as terras uni-vos". Abaixo segue uma placa com os nomes dos ali enterrados, que, além dele mesmo, inclui também a sua esposa Jenny, sua filha Eleanor e outros dois familiares. Mais abaixo, ainda em letras douradas uma segunda frase complementa a primeira num pedido para ações práticas:
“Os filósofos estão apenas interpretando o mundo de várias maneiras.
O ponto, no entanto, é mudá-lo.”
O lugar onde Marx está enterrado agora, foi comprado com doações públicas e pertence aos curadores associados com a Biblioteca da Memória de Marx (Marx Memorial Library). Sua filha Eleanor (1855 – 1898) foi uma ativista política e escreveu bastante sobre questões políticas e sociais incluindo a Questão da Mulher. Ela foi também uma das fundadoras da Liga Socialista. Na sua vida pessoal, ela viveu, sem nunca ter se casado, com o companheiro socialista Edward Aveling mas, sua relação conjugal foi ficando cada vez mais infeliz e ela cometeu suicidio. Suas cinzas foram guardadas por 60 anos em outro lugar mas, em 1956 foram colocadas no novo túmulo juntamente com seu pai e seu nome acrescentado na lápide.
Os túmulos e a vegetação convivem harmoniosamente
Este cemitério tem muita vegetação, é quase uma mini floresta com uma grande fauna e flora. Pássaros e esquilos abundam. O visual é coisa de filme, principalmente filme de terror. Velhas lápides e túmulos estão cobertos pela vegetação e aparecem aqui e ali no meio do mato.
A trilha para o velho túmulo do Karl Marx
Detalhe do túmulo antigo ainda com o nome Karl Marx visível
A laje quebrada e abandonada naquele lugar onde o tempo literalmente parou. Emocionante!
O antigo túmulo de Karl Marx
O túmulo do escritor Douglas Adams. Note no topo da lápide as lembrancinhas deixadas pelos seus admiradores.
Originalmente um programa transmitido pela rádio britânica BBC Radio 4 em 1978, o show, foi posteriormente adaptado para outros formatos virando uma série de cinco livros e, um filme em 2005. Adams morreu enquanto o filme estava sendo produzido.
A visita ao túmulo de Karl Marx foi tão emocionante que até esqueci-me da cerimônia. Já no ônibus, voltando para casa, pensando bem, estranhei que não havia ninguém lá no cemitério além de, um minguado número de turistas. Já em casa, descobri a razão, a cerimônia seria no domingo e não no sábado. Nada como um motivo para voltar lá no dia seguinte! Não deixem de ler a segunda matéria... (clique aqui)