Gigante: Lembranças do grande baterista em um festival em Florianópolis (SC)
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Jorge Luiz de Souza, o Gigante!
Lembranças do Gigante em um festival em Forianópolis (SC)
Escrito por Antonio Celso Barbieri
Rock Capital foi um festival que aconteceu lá pelo meio dos anos 80 em Florianópolis (na ilha). O festival foi organizado pela Radio Capital local. Eu levei para este festival, duas bandas; Made in Brazil e Excalibur. No hotel que ficamos hospedados havia uma perua à disposição dos músicos e empresários e, aproveitei para checar o estádio e a aparelhagem. Quando cheguei lá, pelas 4 da tarde, descobri que a eletricidade ainda não havia sido ligada e o palco estava vazio. A empresa de som que era de Curitiba, tinha comprado aparelhagem nova e claramente não tinha muita experiência na coisa. Bom, dirigi-me ao responsável pela empresa de som e perguntei-lhe se poderia dar uma adiantada no palco. Ele imediatamente concordou e, à meu pedido, colocou 3 pessoas à minha disposição. Então perguntei-lhes:
"Tem um praticável para a bateria no caminhão?" A resposta foi positiva.
"Tem um carpete para a bateria?" Balançaram a cabeça afirmativamente.
"Então vamos começar, podem trazer para o palco!" Subi no palco e comecei trabalhar, dirigindo todas as atividades.
"Você vai montando a bateria e você traz o cabeçote do baixo e as caixas e monta aqui deste lado! E, você traz o amplificador e caixas da guitarra e põem aqui… Não tem amplificador para os teclados? Quero um direct box já?" E assim por diante. E, depois, vieram a mesa de retorno, caixas de retorno, microfones de palco, etc, etc.
Nem vi as horas passarem. A luz foi ligada e a noite foi chegando… as bilheterias começaram funcionar e, o povo começou encher o estádio. Apareceu alguém de uma rádio que queria uma saída mixada do som e, para minha surpresa o dono da aparelhagem disse que eu era o responsável.
Não dava mais tempo para passar o som. A banda de abertura era a Gang 90. Cheguei para o Gigante que, eu não conhecia pessoalmente, e perguntei-lhe quem era o baterista. Ele sorrindo disse que era ele mesmo e já começou fazer uma batucada com a boca tirando uns sons incríveis.
Falei para ele que iríamos afinar bateria juntos. Ele sentou-se na bateria e eu fui no microfone do palco. Com 25.000 pessoas na plateia, usando o microfone, me comunicava com a "ilha" do som que operava, desde o meio do gramado, na frente do palco, acima de um palanque elevado. Olhei para o Gigante e no microfone falei: Bumbo!
Gigante começou bater um bumbo ritmado. Sempre, aqui e ali, brincava com o tempo. Então falei: "Caixa!" e, Gigante foi batendo a caixa em cima do bumbo e quebrando tudo.
No final da afinação ele já estava dando um show de bateria. Então chamei o baixista. Depois foi a vez da guitarra e assim por diante até que o show, própriamente dito, começou.
Minha memória do Gigante foi de um negrão (literalmente), muito simpático, paciente e amigo! Ele deve estar tocando bateria com umas feras numa dimensão superior!
Teve muita gente importante da época neste show que, foi realizado em duas noites, mas acreditem-me que a banda Made in Brazil que foi destacada para fechar o sábado, fez um show muito bom e, a banda Excalibur fez um show tão bom no sábado que, foi a única banda do evento a tocar duas vezes, no sábado e também no domingo, sendo que no domingo tocou no final do show, exatamente antes da banda RPM que era a banda principal e, obviamente o sucesso do momento. A banda Excalibur, na época, ainda com o carismatico Luiz Alberto Machado Cabral (Beto) nos vocais, para desagrado do tour manager do RPM, fez uns 5 biz :-) Desculpem-me mas, eu era o manager de palco e a banda era minha... então... :-)
O gramado do campo de futebol estava cheio de gente e o palco era isolado do povo por um cinturão feito por soldados da policia militar. Recordo-me que o palco tinha uns 200.000 watts de luz mas o show começou e ninguém apagava as luzes das torres do estádio. Depois de usar, sem sucesso, o microfone de palco várias vezes pedindo que apagassem peguei o microfone e gritei:
“Vamos apagar a porra destas luzes para que o povo nas arquibancadas possa fazer a cabeça em paz!” Imediatamente recebi um ovação geral e pelo menos um cinco baseados foram jogado no palco!
É... hoje eu sei, não foi politicamente correto mas, naquela noite foi um ato corajoso e rebelde para com a polícia presente. Foi minha pequena resposta às prisões em Floripa de vários artistas brasileiros, incluindo a minha querida Patrulha do Espaço. Foi na verdade, uma grande vitória porque as luzes das torres, depois da bronca, apagaram-se em menos de 30 segundos! :-)
Primeiro álbum do Gigante onde ele aparece como vocalsita
Gigante Brazil grava disco como cantor e se apresenta no Sesc
Escrito por Ronaldo Evangelista em colaboração para a Folha (19/11/2006)
O baterista, percussionista e cantor Gigante Brazil é um daqueles músicos que seguem a carreira por anos a fio impressionando a todos, mas sem nunca chegar a uma parcela muito grande do público. Tornou-se uma lenda, mas é reconhecido apenas por poucos sortudos que têm a oportunidade de ter contato com sua música.
Agora, a primeira possibilidade de ter nova amostra de seu talento surge com seu primeiro disco como cantor, "Música Preta Branca e etc", gravado em dupla com o baixista e produtor Paulo Lepetit e lançado pelo próprio selo de Lepetit, Elo Music, dentro da série CD7.
Hoje acontece no Sesc Pompéia show de lançamento.
A idéia do disco é antiga. Os dois se conheceram no fim da década de 70 e, ao longo de cerca de dez anos, trabalharam juntos na banda Isca de Polícia, que acompanhava Itamar Assumpção. "Sempre que o Gigante toca com alguém, ele acaba também cantando", conta Lepetit. "E eu sempre disse a ele que tinha que fazer um disco solo, mas nunca acontecia.
Aí, de uns quatro anos pra cá tenho insistido e tentado fazer o projeto acontecer. Agora resolvemos fazer isso juntos." "Ele já vinha falando dessa história desde que a gente se conhece", confirma Gigante.
"Sempre dizia: "Uma hora vai sobrar pra você", e agora aconteceu", ri. "Antes eu não estava voltado pra isso, mas agora eu fiquei bem animado. Pra mim é tudo novo, mas a partir do momento que eu começo a cantar, me sinto um cantor."
De Mautner a Melodia
Com sua voz profundamente grave e interpretação tão suingada quanto divertida, Gigante começou sua carreira tocando bateria no Rio em fins dos anos 60. Em 1972 veio pra São Paulo acompanhando Jorge Mautner e daí para fazer shows com Elza Soares, Caetano Veloso e Luiz Melodia foi um pulo.
Até que entrou para a banda new wave Gang 90 e começou a tocar com Itamar. No começo dos anos 90, foi abordado por Marisa Monte e com ela ficou tocando durante mais alguns anos. De lá pra cá, projetos, participações, acompanhamentos. "Agora estou voltando a mim mesmo", diz ele sobre o disco.
Com sonoridade ainda filha da tal vanguarda paulistana, o disco tem alguns arranjos datados, teclados com timbres ruins e idéias desperdiçadas.
Mas vale a pena pelo repertório divertido ("Ensaboa", de Cartola, "Paula e Bebeto", de Milton e Caetano, "Na Quitanda", de Zeca Baleiro). E tem todo o mérito de colocar Gigante sob o holofote.
Jorge Luiz de Souza, o Gigante!
Sai de cena, aos 56, o baterista Gigante Brazil
http://blogdomauroferreira.blogspot.co.uk/2008/09/sai-de-cena-aos-56-o-baterista-gigante.html
Saiu de cena nesta segunda-feira, 29 de setembro de 2008, o baterista e percussionista Gigante Brazil, nome artístico de Jorge Luiz de Souza. Vítima de uma parada cardíaca, Gigante tinha um suingue enorme, tendo tocado eventualmente com nomes como Caetano Veloso e Gilberto Gil. Em 1991, ele teve grande exposição ao participar do disco e show Mais, de Marisa Monte. Eram de Gigante os vocais na faixa Ensaboa. Mas sua carreira começara bem antes, em 1969, quando fundou a banda Massa Experiência.
Em 1975, formou outra banda, Sindicato, depois de ter tocado com Jorge Mautner. Em 1980, Gigante teve seu primeiro instante de visibilidade nacional ao defender a música Rastapé - ao lado de Chico Evangelista - no festival MPB-80, promovido e exibido pela Rede Globo de Televisão. Ainda na década de 80, integrou as bandas Isca de Polícia - liderada por Itamar Assumpção - e Gang 90, com a qual lançou o LP Pedra 90. Em 2006, Gigante Brazil se assumiu como cantor no disco Música Preta Branca e etc. - gravado em dupla com o baixista Paulo Lepetit e lançado pelo próprio selo de Lepetit, Elo Music, na série CD7. Merecia ter obtido mais projeção.
Jorge Luiz de Souza, o Gigante!