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Arte de Daniel Johnston e tipografia de Barbieri

Daniel Johnston, Arnaldo Baptista e o Diabo
Por Antonio Celso Barbieri

A lenda sugere que Robert Johnson esteve, à meia-noite, em uma encruzilhada onde selou um pacto com o Diabo. Ali, ele teria vendido sua alma em troca da fama, transformando-se em uma lenda do Delta Blues. A história de Robert Johnson é envolta em mistério, provocando medo e estimulando especulações até os dias de hoje.

Já a trajetória de Daniel Johnston nos apresenta uma história mais recente e tangível. Um jovem de aparência comum, proveniente de uma família norte-americana cristã e conservadora, possuindo uma mente indomável e um talento artístico bruto, foge de casa e, eventualmente, torna-se um ícone do rock na cena independente. Paralelamente, ele trava uma grande batalha contra forças diabólicas que percebe tanto dentro de sua cabeça quanto no mundo exterior.

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Daniel Johnston numa foto promocional

Embora Johnston seja um compositor extremamente prolífico e autossuficiente em termos de promoção, suas músicas revelam um artista instável e comprometido com a própria individualidade. Certamente, ele será sempre um artista mais alienado e difícil de ser compreendido por muitos, comparado a Robert Johnson. Contudo, sua luta para se tornar uma lenda não deve ser subestimada e merece ser lembrada.

Daniel possui uma fala fluente, porém, sua voz ressoa como a de uma criança de oito anos. Apesar de sua aparência física ter mudado com o passar dos anos - especialmente o ganho de peso - seu timbre de voz mantém-se inalterado. Em sua fase adulta, seus grandes olhos adquiriram uma expressão triste e introspectiva.

A posição de Johnston como um ícone cultural foi solidificada ao longo dos anos pela adesão de fãs famosos, como Pearl Jam, Sonic Youth, Tom Waits, Beck e Kurt Cobain. Este último, por um período, usou frequentemente uma camiseta com a ilustração da capa de seu cassete "Hi, How Are You?", desenhada pelo próprio Johnston, também reconhecido por suas contribuições no campo das artes gráficas.

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Flea (Red Hot Chili Peppers) juntamente com Kurt Cobain (Nirvana)

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A empresa Activision confirmou que Kurt Cobain aparecere como personagem
no programa Guitar Hero lançado no dia primeiro de setembo de 2009 usando
a camiseta pintada pelo Daniel Johnston. 
A mesma camiseta que ele muitas
vêzes usou ao vivo.

Apesar de Johnston ter sido hospitalizado devido a problemas nervosos, a publicidade gerada em torno de seu trabalho desencadeou, em 1990, uma disputa entre grandes gravadoras para contratá-lo. A Atlantic Records venceu a disputa e, em 1994, lançou o álbum "Fun", produzido por Paul Leary, membro da banda Butthole Surfers.

Daniel luta contra um problema de saúde mental conhecido como Transtorno Afetivo Bipolar. Até recentemente, essa condição era chamada de Psicose Maníaco-Depressiva.

Não se pode negar a intensidade com que Daniel sempre buscou sua arte e sua glória. De maneira intrigante, e sem reservas, ele sempre transmitiu às pessoas a convicção de que se tornaria famoso um dia.

Após sua saída da Kent State University e após passar um período no duplex de sua irmã Margie em Houston, Daniel juntou-se a um circo.

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Daniel e sua musa Laurie Allen

Pouco antes, ele havia conhecido pela primeira vez a garota de seus sonhos, a bela Laurie Allen. Ela inspirou incontáveis músicas. Daniel supostamente compôs 300 canções dedicadas a ela, mas insiste que foram "milhares". Daniel se apaixonou perdidamente, registrando Laurie em vídeo e pedindo para que ela dissesse "Danny, eu te amo" em seu gravador. Infelizmente, seu coração se partiu quando sua musa casou-se com um coveiro. Essa perda resultou em inúmeras composições sobre "aquela que se foi".

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Posteriormente, após sua experiência como vendedor de sanduíches no circo, por um golpe de sorte, Daniel chegou a Austin, onde ganhou reconhecimento através de suas fitas cassetes caseiras. Como não tinha meios para fazer cópias, ele regravava as fitas para distribuição, como se estivesse realizando uma grande turnê sem sair de casa.

Em Austin, mesmo trabalhando como funcionário do McDonalds, isso não o impediu de aparecer no programa da MTV chamado The Cutting Edge em 1985 e, logo depois, gerar controvérsia ao ganhar o prêmio de Melhor Compositor e Melhor Artista Folk no Austin Music Awards.

Infelizmente, seu Transtorno Afetivo Bipolar, que já era evidente desde os tempos de escola, começou a se manifestar novamente com toda a sua força. Daniel se tornou imprevisível e difícil de lidar. Ele interrompeu a turnê, consumiu muita maconha junto com seu empresário e, após usar LSD em um show do Butthole Surfers em setembro de 1986, sofreu uma crise nervosa. No final daquele ano, Daniel estava tão intoxicado pelo alucinógeno que agrediu seu empresário com um cano de chumbo. Passou o ano de 1987 na cama, tomando medicação. Devido ao seu comportamento errático, Daniel passou um bom tempo hospitalizado, frequentando diversas instituições de saúde mental.

Daniel, como consequência de suas questões mentais, desenvolveu uma profunda obsessão pelo "demônio". Essa obsessão foi evidenciada durante sua visita a Nova York, onde estava programado para gravar com os membros das bandas Half Japanese e The Velvet Underground. As tentativas de manter Daniel sob controle e posteriormente enviá-lo para casa falharam devido à sua obstinação em "seguir sua missão divina". Em uma gravação, ele, chorando, lamenta e canta a música "Don't Play Cards with Satan" (Não jogue cartas com Satanás). Mais tarde, em um dos muitos incidentes perturbadores, Daniel assusta uma senhora idosa ao saltar da janela do seu apartamento e correr atrás dela, resultando em mais uma internação hospitalar. Vários outros incidentes se seguiriam.

Enquanto isso, a tentativa de manter sua carreira flutuando foi, paradoxalmente, tanto beneficiada quanto prejudicada pelo caos causado por sua relutância em tomar medicamentos. Por exemplo, sua performance no South by Southwest em Austin foi excelente, mas, mais tarde, ele quase morreu em um acidente fatal quando, ao voar com seu pai que era piloto, desligou o avião em pleno voo, forçando uma aterrissagem de emergência. Alguns dizem que ele queria matar o demônio que, segundo ele, controlava o avião; outros dizem que ele simplesmente queria emular um dos seus ídolos e voar como Casper, o Fantasma Camarada.

Daniel Johnston - Casper The Friendly Ghost
PARA COLOCAR MUSICA

A história de Daniel Johnston é marcada por momentos alternados de glória e calamidades de todos os tipos.

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Capa do DVD do documentário The Devil and Daniel Johnston. A arte é do próprio Daniel

Meu interesse pelo trabalho de Daniel Johnston começou quando assisti ao filme "The Devil and Daniel Johnston" (O Diabo e Daniel Johnston), produzido por Jeff Feuerzeig, um produtor de cinema independente que vivia em Nova York, mas agora reside em Los Angeles.

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Daniel Johnston e o diretor Jeff Feuerzeig

O filme é um documentário sobre a vida deste músico e artista gráfico singular, que habita um universo exclusivamente seu. "The Devil and Daniel Johnston" levou quatro anos para ser concluído e foi o segundo filme de Jeff Feuerzeig. Sua estreia ocorreu em 2005 no famoso Sundance Film Festival, como convidado. O filme acabou ganhando o prêmio de melhor direção em um documentário americano.

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Daniel Johnston na frente de um mural pintado usando os seu personagens
CANÇÕES DE DOR
Dead C entrevista Daniel Johnston

Traduzido e adaptado por Antonio Celso Barbieri
(publicado online em 25/04/2008)

Cerca de 20 minutos antes de entrevistar o lendário cantor e compositor Daniel Johnston, minha namorada Kim entra no Comet Tavern. Estou saboreando um Mac & Jacks African Amber e tentando organizar todas as minhas notas e detalhes, pois, erroneamente, ainda acredito que conseguirei direcionar a conversa conforme minha escolha ao entrevistar um músico com transtorno bipolar.

Infelizmente, as coisas não estão ocorrendo como planejado. Entreguei a câmera DV para Kim, que faria as fotos, apenas para descobrir que havia comprado a fita errada. Compro uma nova fita e, no momento crucial, percebo que na pressa esqueci de carregar a bateria. Que frustração! Tenho uma credencial fotográfica nas mãos, mas estou sem câmera! Uma grande oportunidade perdida...

Assim que cruzo a rua em direção ao local da entrevista, um lugar chamado Neumos Crystal Ball Reading Room, encontro Dick Johnston, irmão de Daniel e também seu gerente de turnê. Eu o reconheci pois tinha assistido ao documentário "The Devil and Daniel Johnston". Dick me cumprimenta e me conduz até a esquina para entrarmos pela porta lateral do local. Quem assistiu ao documentário deve se lembrar que foi Dick, o irmão que teve uma costela quebrada por Daniel no Natal. Foi justamente ele quem marcou esta entrevista para mim. O pai de Daniel é o empresário e sua irmã, Margie Johnston, tem ajudado com a administração do seu lado artístico como pintor. Sua família está toda envolvida em suas finanças, garantindo que Daniel pague o aluguel, as despesas, tenha dinheiro para alimentação, etc.

Ao virar a esquina, vejo Daniel, de cabeça baixa, fumando um cigarro. As pontas de seus cabelos estão amareladas de tanta nicotina e ele veste uma camiseta preta com o símbolo do Superman. Parado na frente do prédio, ele parece não ter ideia de quem ele é ou o que tudo isso significa. Ele permanece ali, como se fosse invisível, enquanto nos aproximamos. Uma funcionária do local se aproxima e pergunta se Daniel e Dick precisam de algo para comer.

Daniel vive dizendo a todos que está tentando perder o peso que ganhou ao longo dos anos, sem dúvida devido aos medicamentos, e faz questão de especificar que deseja um refrigerante dietético com seu hambúrguer com queijo e batatas fritas (risos). A funcionária diz que irá buscar o pedido em uma lanchonete no final da rua e, Daniel responde dizendo que ele mesmo vai buscar. Seu irmão, cumprindo seu papel de gerente de turnê, lembra Daniel que ele ainda tem que fazer a passagem de som para o show, mais tarde à noite, e o leva para dentro do prédio. Eu sigo atrás.

Até este momento, eu não falei nada. Estou levando comigo um vinil de uma transmissão ao vivo de rádio do livro Frankenstein, de Mary Shelley. Sabendo do gosto de Daniel por monstros, comprei o vinil especialmente para ele, na esperança de que isso ajudasse a quebrar o gelo no início da entrevista. Considerando que ele nem sequer demonstrou interesse em saber quem eu era ou por que eu estava lá, acredito que fiz a escolha certa.

Disse "Olá", informei que estava ali para entrevistá-lo e entreguei-lhe o disco. Ele respondeu com algo como "Cara, muito legal! Eu amo Frankenstein!". Dick avisou a Daniel que levaria alguns minutos para fazer a passagem de som e que aquele seria um bom momento para a entrevista. Daniel concordou e se dirigiu ao fundo da sala, onde encontrou uma mesa redonda com cestos de lixo invertidos para servir como cadeiras. Optei por buscar uma cadeira de verdade para mim. No caminho, percebi dois fãs de Daniel mantendo uma distância respeitosa. Encontrei uma cadeira, a trouxe para perto da mesa e, quando me sentei, percebi que tinha sentado em um chiclete. Não um chiclete duro, mas um bem mole que se espalhou pelo meu traseiro! Que situação! Coloquei o gravador na mesa e apertei para gravar:

Daniel Johnston: Dick, você poderia me arrumar uma Diet Coke?
Dick Johnston: Daniel, a funcionária já está cuidando disso!
Daniel Johnston: Quero dizer, eles não têm nada para beber no bar? Talvez um refrigerante?
Dick Johnston: Daniel, ela já foi cuidar disso!
Daniel Johnston: (rindo) Onde ela está? Quero dizer, no bar? Só quero algo para beber agora, é só isso (inclinando-se na minha direção) Ok, desculpe-me.
Dead C: Tudo bem!
Daniel Johnston: (notando minhas anotações) Ah! Vejo que você fez sua pesquisa! (levantando o vinil) Obrigado pelo álbum de Frankenstein. Eu AMO Frankenstein!
Dead C: Eu sei! (ele ri) Vi o álbum hoje na loja e resolvi comprá-lo porque sei que você é um grande fã. (Aproveitando a deixa, entro direto no assunto) Então, é interessante, quando você gravou o álbum Yip/Jump, você estava na casa do seu irmão Dick, certo?
(Daniel acena afirmativamente enquanto a funcionária coloca na mesa, em frente a ele, uma lata de Diet Coke)
Daniel Johnston: Obrigado!
Dead C: Então, naquela época, sua família não ajudava muito?
Daniel Johnston: Hu, huh.
Dead C: Mas, agora, sua família está envolvida em tudo o que você faz?
Daniel Johnston: Hu, huh, Hu, huh.
Dead C: Você não vê uma certa ironia poética nisso tudo?
Daniel Johnston: Eu realmente não sei. Eu realmente não sei do que você está falando... (balança a cabeça) Eu não sei.
Dead C: Sua família realmente ajuda você agora, certo?
Daniel Johnston: Mmmm, hmmm.
Dead C: ...com a sua música?
Daniel Johnston: (concorda com um aceno de cabeça)
Dead C: Eu ouvi dizer algo sobre você estar fazendo algo com a gravadora Alternative Tentacles. Também ouvi dizer que você estaria preparando um álbum natalino. Alguma novidade sobre essas histórias?
Daniel Johnston: Hum... você pode repetir a pergunta?
Dead C: Li algo sobre você trabalhando com a gravadora Alternative Tentacles e…
Daniel Johnston: Mm Hmmm. É, bem, estamos trabalhando em um álbum chamado "Death of Satan" (Morte de Satanás) com a minha banda, Danny And The Nighmares (Danny e os Pesadelos). Estamos nisso há quase um ano e, esperamos, você sabe, eventualmente lançá-lo ainda este ano.
Dead C: E se for lançado, será pela Alternative Tentacles?
Daniel Johnston: Mm Hmmm. Esse é o selo que estamos visando, então, temos esperança de que vamos conseguir... sim.
Dead C: Você mencionou um álbum de Natal. Ainda planeja fazê-lo?
Daniel Johnston: Sim, um álbum de Natal. Pensamos em fazer um álbum de Natal. Eu tinha a fantasia de fazer um álbum de Natal com a banda The Butthole Surfers, mas nunca aconteceu. Contudo, um dos meus produtores sempre quis fazer um álbum de Natal.
Dead C: Ainda conversa com o Gibby Haynes, da banda The Butthole Surfers?
Daniel Johnston: Sim, eu o tenho visto por aí... tenho visto...
Dead C: Sei que, no passado, você fez muitos filmes...
Daniel Johnston: Uh, hun.
Dead C: ...vários curtas e que você é muito interessado em arte e música. Ainda faz filmes?
Daniel Johnston: Uhhhh... Sim, bem, temos feito filmes com a banda. Você sabe, o documentário foi lançado no ano passado... mas, além disso, temos feito alguns vídeos que ainda não foram concluídos.
Dead C: Sei que assistiu ao documentário "The Devil and Daniel Johnston" várias vezes...
Daniel Johnston: Uh, hun.
Dead C: O filme te motivou a continuar documentando sua vida ou te fez querer parar? Porque mostrou muito da sua vida, tudo de uma vez só. Deve ter sido muita coisa para você ver!
Daniel Johnston: Apenas... Aconteceu tudo em um instante! É como se minha vida tivesse terminado no momento em que a mostraram. (rindo desconfortavelmente) Certamente foi constrangedor...
Dead C: Você acha que foi?
Daniel Johnston: ...mas de certa forma também foi engraçado. Acho que houve senso de humor. É mais como se eu estivesse aqui na sua frente falando com você. E você pensando: "Que cara idiota!"
Dead C: Não!
Daniel Johnston: Eu fui um idiota no filme. É assim que me sinto. Mas, eu sei que tenho senso de humor. Mesmo que estivessem rindo de mim, pelo menos estavam rindo!
Dead C: Veja bem, eu não vejo dessa forma. Você foi bastante exposto, mas se você vê as coisas dessa forma... Eu também já estive internado, eu sei!
Daniel Johnston: Sim, sim, eu sei... cara, foi difícil de fazer. Fiquei internado em um hospital psiquiátrico por cinco anos da minha vida. Não estava escrevendo e muito menos pintando muito. Era somente uma tentativa desesperada de conseguir um cigarro no final de tudo. (risos) Tínhamos cigarro quando estávamos lá… sim, sim.
Dead C: Então era tranquilo. Eles forneciam os cigarros?
Daniel Johnston: Uh, não. Eles tinham um pequeno quarto, uma área reservada. Sim, bem, eu não comecei a fumar até ser internado em outro lugar. Lá eles diziam: “Pegue um cigarro, intervalo para fumar!”. Eles nos davam cigarros. Então foi assim que comecei. Comecei a fumar por fumar e daí fui para outro hospital sem cigarros. Sabe? Toda vez que eu comprava um pacote de cigarros, distribuía para todos. Eu era o Senhor Popular. Porém, quando eu não tinha mais cigarros, NINGUÉM me dava nenhum. É só para você ver como… (risos) …sim, eles disseram que eu era um narcisista e hipomaníaco… (ele balança a cabeça e toma mais um gole de Diet Coke).
Dead C: …e, a medicação. Deve ter sido difícil para você escrever. Quando foi que, finalmente, você conseguiu…
Daniel Johnston: Bem, eles experimentaram comigo como se eu fosse uma cobaia. Quero dizer, eles nem diziam o que eu estava tomando. Os médicos nunca conversavam comigo. Só me davam comprimidos. Sabe! Quando eu finalmente consegui sair e receber a medicação correta… Foi um longo tempo e agora sei que tenho Transtorno Afetivo Bipolar. Há uns 10 ou 15 anos que venho recebendo a medicação correta, estou no controle e não voltei mais ao hospital. Sou muito grato por isso. Sim, o medicamento que estou tomando é bom. A primeira vez que tomei, já fazia um ano que estava na cama pensando que tinha sido amaldiçoado por Deus ou algo assim. Certo? Daí me deram Elavil, um antidepressivo, e no dia seguinte, já estava de pé, subi a colina até o meu piano e comecei a compor imediatamente. E, quando me dei conta, estava em Nova York gravando meu álbum de 1990.
Dead C: Este é um ótimo álbum!
Daniel Johnston: Obrigado!
Dead C: Gosto de ouvir o material antigo…
Daniel Johnston: Uh, huh.
Dead C: Onde você gravou esses álbuns, como Hi, How are you?. Você gravou tudo em um gravador portátil?
Daniel Johnston: Mm hmm.
Dead C: Quer dizer, foi nesse momento que você percebeu que poderia fazer tudo novamente?
Daniel Johnston: Sim, comecei a escrever “pedaços”, sabe, imediatamente. Tudo por causa do novo medicamento. Digo a todos na indústria do rock que usam drogas e pílulas, que gostam de ficar chapados com maconha e tudo mais, que se querem ser realmente roqueiros, deveriam ir ao médico e pedir antidepressivos, alguma pílula diferente ou o que o médico tiver para oferecer. Você vai ficar mais chapado com prescrição médica, mais do que fumar maconha o tempo todo, sabe…
Dead C: Sim
Daniel Johnston: Mas, é verdade! Eu me sinto muito bem a maior parte do tempo e, eu não me sinto depressivo mais, do jeito que eu ficava antes. É um verdadeiro milagre!
Dead C: Eu sei que você gosta muito de revistas em quadrinhos. Você está interessado neste filme do Iron Man que está para ser lançado ou, você não gosta muito do Iron Man?
Daniel Johnston: Ho! Eu amo Iron Man. Eles queriam que eu fizesse uns desenhos para o filme…
Dead C: Puxa! Sério?
Daniel Johnston: …para o cartaz. Sabe? Eu fiz um monte deles. Eu não acho que eles serão capazes de usá-los. Quero dizer, eles poderiam, mas estou certo de que eles poderiam conseguir alguém para desenhar melhores do que os que fiz. Eu não sei, mas… é um novo filme do Iron Man. E, por cima de tudo, outro grupo fez um tênis…
Dead C: (eu olho para os seus tênis brancos)
Daniel Johnston: (rindo) Não são estes!
Dead C: (rindo) Há!
Daniel Johnston: …mas eles queriam que eu fizesse o design de um tênis com os meus desenhos nele. (risos) Esse pessoal não tem mais o que inventar?
Dead C: Quem foi que pediu?
Daniel Johnston: All Star Converse

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Dead C: Ho! Legal!
Daniel Johnston: (enfiando a mão no bolso) Será que posso fumar aqui?
Dead C: Acho que só lá fora!
Daniel Johnston: Sim…sim.
Dead C: Então, eu sei que você é um grande fã dos Beatles.
Daniel Johnston: Mn hmm.
Dead C: Algumas canções suas, como por exemplo Grievances, soam mais como Bob Dylan. Você escuta muito Bob Dylan?Daniel Johnston: Ah, Bob Dylan está lá em cima junto com meus heróis! É verdade! Mas eu amo The Beatles, nunca me canso, tenho todos os piratas e outras coisas. Nunca me satisfaz! (Se reclina para trás ao mesmo tempo que joga longe a lata de Diet Coke vazia e então, pega o maço de cigarro, tira um cigarro e depois o põe de volta no maço)
Dead C: É culpa dos medicamentos, certo? Porque, quando você está fazendo show, você fica sem tomar remédio por um tempo?
Daniel Johnston: Certo!
Dead C: É porque parece que você não pode viver sem eles? (os cigarros)
Daniel Johnston: Uh…
Dead C: Mas, quando você tem os certos, você pode?
Daniel Johnston: Uh… (encolhe o ombro) Sim… Eu penso que não quero mais regravar nada, a não ser que seja para uma coletânea tipo “Os Melhores”, e aí vou fazer novos arranjos… Você sabe… (Neste momento Daniel está segurando seus cigarros novamente e tremendo um pouco. Percebo que está na hora de parar, então faço as últimas perguntas)
Dead C: Eu sei que você desenha muito… Você vê o diabo como uma oposição à arte? Você vê arte como a sua parte espiritual ou apenas como um meio para se expressar?
Daniel Johnston: (contemplativamente) Eu concordo.
Dead C: É assim que você vê sua arte?
Daniel Johnston: É mais ou menos assim. Você sabe, eu desenho por um tempo, depois toco música por um tempo, depois assisto um ou dois filmes, depois… como um monte de comida, depois toco mais um pouco de música, depois, desenho mais um pouco, depois assisto outro filme… Este é o meu dia. Sozinho. Exceto quando minha banda se junta para fazer algumas gravações no fim de semana ou quando faço pequenas turnês como esta. Nós ainda temos mais 3 shows para fazer, e eu estou me divertindo muito, você sabe… Eu só espero que tudo dê certo e eu consiga gravar os álbuns que desejo e fazer as coisas que quero. Nós temos tido bastante público… e até lotação esgotada, você sabe, então… (encolhe os ombros novamente)
Dead C: Sim, você teve lotação esgotada em Portland. Eu acho que as pessoas não estão vindo para ouvir o que você fazia no passado. Pelo que eu ouvi, seu material continua muito bom e ainda é relevante.
Daniel Johnston: Bom, já está ficando velho. Foi uma grande trajetória desde que eu tocava órgão de brinquedo.
Dead C: Bom, obrigado por me receber.
Daniel Johnston: Eu também agradeço. Eu gostei. Obrigado pelo álbum! (trocamos apertos de mão)
Dead C: Eu sei que você quer aquele cigarro!
Daniel Johnston: Sim… (caminhando em direção à porta de saída) …Você está certo!
Dead C: Eu sentei em um chiclete! (risos)
Daniel Johnston: Oh! Sinto muito!
Dead C: Não tem problema! Está tudo bem! (risos)

Acompanhei Daniel até lá fora. Já do lado de fora, nós conversamos mais um pouquinho, mas com muitos fãs ao redor distraíndo a atenção do Daniel, a conversa acabou ali mesmo.

Pesquisei bastante antes da entrevista e sabia que com Daniel as coisas poderiam ser meio imprevisíveis. No passado, em algumas entrevistas, Daniel era totalmente inconsistente, enquanto em entrevistas mais recentes, ele por vezes era lúcido, analítico e até articulava muito bem, como por exemplo, quando refletiu sobre as mudanças dos seus estados mentais e também sobre suas oportunidades perdidas: "Eu recusei a oferta da gravadora Electra. Foi uma coisa estúpida da minha parte! É que eu tinha medo do Metallica. É verdade! Eu fui idiota! Steven Spielberg tentou fazer com que eu assinasse um contrato com ele e, eu disse para a pessoa que estava no telefone que não queria ser outro ET. Foi o fim… Eu poderia estar fazendo algo com Steven Spielberg e eu fui tão estúpido que os caras nunca ligaram mais. Estas duas chances eu arruinei sem motivo algum!".

Quanto aos seus pensamentos sobre o documentário feito sobre a sua vida, ele disse: "Eu acho que para quem tem senso de humor, o filme é bem engraçado. Se o filme tivesse som de risadas nas horas certas, teria ajudado mais. Eu assisti o filme umas 10 vezes e gosto muito".

James McNew, da banda Yo La Tengo, disse: "Há algum tempo, visitei Daniel em um hospital psiquiátrico e foi difícil conversar com ele, mas quando ele está tocando, ele se ilumina! Realizamos shows com ele e é como se estivéssemos nos apresentando com o Papai Noel ou o Coelho da Páscoa, uma criatura mística que só existe em nossa imaginação." Creio que esta frase resume minha experiência com Daniel.

No show daquela noite, ele contou com bastante ajuda na instrumentação, mas em sua performance, colocou a alma nos vocais. Ele executou clássicos como "Walking the Cow" e encerrou primeiro tocando "True Love Will Find You in the End" (O amor verdadeiro encontrará você no fim) e depois fazendo a plateia toda cantar com ele o clássico "a capela" "Devil Tow".

Se você acredita, como eu, que a arte física é apenas a manifestação do intangível dentro do tangível, ninguém é mais bem-sucedido do que Daniel Johnston. Daniel Johnston escreve canções imortais sem escudos!

Escrito por Dead C
Traduzido e adaptado por Antonio Celso Barbieri


Barbieri traçando paralelos

daniel_no_pianoDaniel Johnston no piano

Como um grande fã do nosso querido Arnaldo Baptista, não pude deixar de notar imediatamente muitas semelhanças. É uma pena que Arnaldo nunca tenha falado publicamente sobre seu problema, que certamente afeta uma parte da população brasileira. A abordagem paternalista da nossa imprensa ao tratar Arnaldo, silenciosamente e por omissão, como um sobrevivente das drogas, um "Sid Barret brasileiro", desvia a atenção do problema principal: a questão das doenças mentais. Infelizmente, no Brasil, falar sobre doenças mentais ainda é um grande tabu que certamente merece atenção especial dos órgãos oficiais. A solução simples no Brasil é mudar o nome das coisas. É "deficiente" para cá, "deficiente" para lá, mas o tabu continua o mesmo. Aliás, cabe lembrar que a palavra "maníaco" como define o dicionário Aurélio significa: "Quem sofre de manias". Portanto é um erro classificar um "maníaco" como um "louco". Louco, também, segundo o dicionário Aurélio, significa: "Que perdeu a razão. Doido. Maluco". Portanto lembre-se que na classificação "maníaco depressivo" estamos nos referindo à uma pessoa depressiva e com manias, atitudes repetitivas.

Comparando Daniel Johnston e Arnaldo Baptista

1) A primeira coisa que se nota é que ambos, apesar de terem mais de 40 anos, têm um tom de voz infantil.
2) Ambos sofreram de depressão e usaram LSD antes de sucumbirem seriamente à doença.
3) Ambos foram (ou são) obcecados por uma mulher.
4) Ambos pintam camisetas e quadros.
5) Ambos despertaram o interesse do falecido Kurt Cobain.
6) Ambos são grandes fãs dos Beatles.
7) Ambos possuem uma forma similar de compor, muito pessoal, e suas músicas mostram influências de ficção científica, revistas em quadrinhos e tecnologia.
8) Ambos tiveram filmes feitos sobre suas vidas. Arnaldo teve o filme "Loki", do diretor Paulo Henrique Fontenelle e produzido pelo Canal Brasil, e Daniel teve o filme "The Devil and Daniel Johnston", filmado e produzido por Jeff Feuerzeig.
9) Os interesses artísticos de ambos estão sendo administrados por seus familiares.

"Se você acredita como eu que a arte física é somente a manifestação do intangível dentro do tangível, ninguém é mais sucesso do que Daniel Johnston. Daniel Johnston escreve canções imortais sem camisinha!" - Dead C.

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Arnaldo Baptista ao piano. Foto: Fabiana Figueiredo

Compare a música feita por Daniel Johnston e Arnaldo Baptista

Daniel Johnston
The Monster Inside Me
Arnaldo Baptista
Everybody Thinks I'm Crazy

Compare os desenhos feitos por Daniel Johnston e Arnaldo Baptista

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Daniel Johnston no McDonalds

 

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Arnaldo Baptista em foto de Andre Burian

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Transtorno Afetivo Bipolar

O que é...

O transtorno afetivo bipolar era denominado até bem pouco tempo de psicose maníaco-depressiva. Esse nome foi abandonado principalmente porque este transtorno não apresenta necessariamente sintomas psicóticos, na verdade, na maioria das vezes esses sintomas não aparecem. Os transtornos afetivos não estão com sua classificação terminada. Provavelmente nos próximos anos surgirão novos subtipos de transtornos afetivos, melhorando a precisão dos diagnósticos. Por enquanto basta-nos compreender o que vem a ser o transtorno bipolar. Com a mudança de nome esse transtorno deixou de ser considerado uma perturbação psicótica para ser considerado uma perturbação afetiva.

A alternância de estados depressivos com maníacos é a tônica dessa patologia. Muitas vezes o diagnóstico correto só será feito depois de muitos anos. Uma pessoa que tenha uma fase depressiva, receba o diagnóstico de depressão e dez anos depois apresente um episódio maníaco tem na verdade o transtorno bipolar, mas até que a mania surgisse não era possível conhecer diagnóstico verdadeiro. O termo mania é popularmente entendido como tendência a fazer várias vezes a mesma coisa. Mania em psiquiatria significa um estado exaltado de humor que será descrito mais detalhadamente adiante.

A depressão do transtorno bipolar é igual a depressão recorrente que só se apresenta como depressão, mas uma pessoa deprimida do transtorno bipolar não recebe o mesmo tratamento do paciente bipolar.

Características
 

O início desse transtorno geralmente se dá em torno dos 20 a 30 anos de idade, mas pode começar mesmo após os 70 anos. O início pode ser tanto pela fase depressiva como pela fase maníaca, iniciando gradualmente ao longo de semanas, meses ou abruptamente em poucos dias, já com sintomas psicóticos o que muitas vezes confunde com síndromes psicóticas. Além dos quadros depressivos e maníacos, há também os quadros mistos (sintomas depressivos simultâneos aos maníacos) o que muitas vezes confunde os médicos retardando o diagnóstico da fase em atividade.

Tipos


Aceita-se a divisão do transtorno afetivo bipolar em dois tipos: o tipo I e o tipo II. O tipo I é a forma clássica em que o paciente apresenta os episódios de mania alternados com os depressivos. As fases maníacas não precisam necessariamente ser seguidas por fases depressivas, nem as depressivas por maníacas. Na prática observa-se muito mais uma tendência dos pacientes a fazerem várias crises de um tipo e poucas do outro, há pacientes bipolares que nunca fizeram fases depressivas e há deprimidos que só tiveram uma fase maníaca enquanto as depressivas foram numerosas. O tipo II caracteriza-se por não apresentar episódios de mania, mas de hipomania com depressão.

Outros tipos foram propostos por Akiskal, mas não ganharam ampla aceitação pela comunidade psiquiátrica. Akiskal enumerou seis tipos de distúrbios bipolares.

Fase maníaca

Tipicamente leva uma a duas semanas para começar e quando não tratado pode durar meses. O estado de humor está elevado podendo isso significar uma alegria contagiante ou uma irritação agressiva. Junto a essa elevação encontram-se alguns outros sintomas como elevação da auto-estima, sentimentos de grandiosidade podendo chegar a manifestação delirante de grandeza considerando-se uma pessoa especial, dotada de poderes e capacidades únicas como telepáticas por exemplo. Aumento da atividade motora apresentando grande vigor físico e apesar disso com uma diminuição da necessidade de sono. O paciente apresenta uma forte pressão para falar ininterruptamente, as idéias correm rapidamente a ponto de não concluir o que começou e ficar sempre emendando uma idéia não concluída em outra sucessivamente: a isto denominamos fuga-de-idéias. O paciente apresenta uma elevação da percepção de estímulos externos levando-o a distrair-se constantemente com pequenos ou insignificantes acontecimentos alheios à conversa em andamento. Aumento do interesse e da atividade sexual. Perda da consciência a respeito de sua própria condição patológica, tornando-se uma pessoa socialmente inconveniente ou insuportável. Envolvimento em atividades potencialmente perigosas sem manifestar preocupação com isso. Podem surgir sintomas psicóticos típicos da esquizofrenia o que não significa uma mudança de diagnóstico, mas mostra um quadro mais grave quando isso acontece.

Fase depressiva

É de certa forma o oposto da fase maníaca, o humor está depressivo, a auto-estima em baixa com sentimentos de inferioridade, a capacidade física esta comprometida, pois a sensação de cansaço é constante. As idéias fluem com lentidão e dificuldade, a atenção é difícil de ser mantida e o interesse pelas coisas em geral é perdido bem como o prazer na realização daquilo que antes era agradável. Nessa fase o sono também está diminuído, mas ao contrário da fase maníaca, não é um sono que satisfaça ou descanse, uma vez que o paciente acorda indisposto. Quando não tratada a fase maníaca pode durar meses também.


Exemplo de como um paciente se sente

Ele se sente bem, realmente bem..., na verdade quase invencível. Ele se sente como não tendo limites para suas capacidades e energia. Poderia até passar dias sem dormir. Ele está cheio de idéias, planos, conquistas e se sentiria muito frustrado se a incapacidade dos outros não o deixasse ir além. Ele mal consegue acabar de expressar uma idéia e já está falando de outra numa lista interminável de novos assuntos. Em alguns momentos ele se aborrece para valer, não se intimida com qualquer forma de cerceamento ou ameaça, não reconhece qualquer forma de autoridade ou posição superior a sua. Com a mesma rapidez com que se zanga, esquece o ocorrido negativo como se nunca tivesse acontecido nada. As coisas que antes não o interessava mais lhe causam agora prazer; mesmo as pessoas com quem não tinha bom relacionamento são para ele amistosas e bondosas.

Sintomas (maníacos)

Sentimento de estar no topo do mundo com um alegria e bem estar inabaláveis, nem mesmo más notícias, tragédias ou acontecimentos horríveis diretamente ligados ao paciente podem abalar o estado de humor. Nessa fase o paciente literalmente ri da própria desgraça.

Sentimento de grandeza, o indivíduo imagina que é especial ou possui habilidades especiais, é capaz de considerar-se um escolhido por Deus, uma celebridade, um líder político. Inicialmente quando os sintomas ainda não se aprofundaram o paciente sente-se como se fosse ou pudesse ser uma grande personalidade; com o aprofundamento do quadro esta idéia torna-se uma convicção delirante.

Sente-se invencível, acham que nada poderá detê-las. Hiperatividade, os pacientes nessa fase não conseguem ficar parados, sentados por mais do que alguns minutos ou relaxar.

O senso de perigo fica comprometido, e envolve-se em atividade que apresentam tanto risco para integridade física como patrimonial.
 
O comportamento sexual fica excessivamente desinibido e mesmo promíscuo tendo numerosos parceiros num curto espaço de tempo.

Os pensamentos correm de forma incontrolável para o próprio paciente, para quem olha de fora a grande confusão de idéias na verdade constitui-se na interrupção de temas antes de terem sido completados para iniciar outro que por sua vez também não é terminado e assim sucessivamente numa fuga de idéias.

A maneira de falar geralmente se dá em tom de voz elevado, cantar é um gesto freqüente nesses pacientes.

A necessidade de sono nessa fase é menor, com poucas horas o paciente se restabelece e fica durante todo o dia e quase toda a noite em hiperatividade.

Mesmo estando alegre, explosões de raiva podem acontecer, geralmente provocadas por algum motivo externo, mas da mesma forma como aparece se desfaz.

Sintomas (na fase depressiva)

Na fase depressiva ocorre o posto da fase maníaca, o paciente fica com sentimentos irrealistas de tristeza, desespero e auto-estima baixa. Não se interessa pelo que costumava gostar ou ter prazer, cansa-se à-toa, tem pouca energia para suas atividades habituais, também tem dificuldade para dormir, sente falta do sono e tende a permanecer na cama por várias horas. O começo do dia (a manhã) costuma ser a pior parte do dia para os deprimidos porque eles sabem que terão um longo dia pela frente. Apresenta dificuldade em concentra-se no que faz e os pensamentos ficam inibidos, lentificados, faltam idéias ou demoram a ser compreendidas e assimiladas. Da mesma forma a memória também fica prejudicada. Os pensamentos costumam ser negativos, sempre em torno de morte ou doença. O apetite fica inibido e pode ter perda significativa de peso.

Generalidades

Entre uma fase e outra a pessoa pode ser normal, tendo uma vida como outra pessoa qualquer; outras pessoas podem apresentar leves sintomas entre as fases, não alcançando uma recuperação plena. Há também os pacientes, uma minoria, que não se recuperam, tornando-se incapazes de levar uma vida normal e independente.

A denominação Transtorno Afetivo Bipolar é adequada


Até certo ponto sim, mas o nome supõe que os pacientes tenham duas fases, mas nem sempre isso é observado. Há pacientes que só apresentam fases de mania, de exaltação do humor, e mesmo assim são diagnosticados como bipolares. O termo mania popularmente falando não se aplica a esse transtorno. Mania tecnicamente falando em psiquiatria significa apenas exaltação do humor, estado patológico de alegria e exaltação injustificada.

O transtorno de personalidade, especialmente o borderline pode em alguns momentos se confundir com o transtorno afetivo bipolar. Essa diferenciação é essencial porque a conduta com esses transtornos é bastante diferente.

Qual a causa da doença

A causa propriamente dita é desconhecida, mas há fatores que influenciam ou que precipitem seu surgimento como parentes que apresentem esse problema, traumas, incidentes ou acontecimentos fortes como mudanças, troca de emprego, fim de casamento, morte de pessoa querida.?Em aproximadamente 80 a 90% dos casos os pacientes apresentam algum parente na família com transtorno bipolar.

 


daniel_painting
Daniel Johnston desenhando


Daniel Johnston ao vivo


Arnaldo Baptista ao vivo
Website oficial: http://www.hihowareyou.com/

Hi_HowAreYou_21st_Guadalupe

Comments (2)

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Daniel é um mito mesmo. Outra ótima matéria para variar! Valeu!!

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Conhecendo as obras de Daniel Johnston, Arnaldo Baptista e Kurt Cobain e mesclando suas loucuras além do limite permitido por essa sociedade hipócrita, passo a viajar pela frequência espiritual e me deparo por redemoinho explosivo não...

Conhecendo as obras de Daniel Johnston, Arnaldo Baptista e Kurt Cobain e mesclando suas loucuras além do limite permitido por essa sociedade hipócrita, passo a viajar pela frequência espiritual e me deparo por redemoinho explosivo não identificado que somente o senso criativo salva.<br /><br />Barbieri Responde: Amém!

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lmarkoni Barreto
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Comentários

jayme firro posted a comment in Rock Brasileiro (1974/1976): Parte III
Oi Gil. Boa lembrança !. O Alpha Centaury era formado pelo Edu Rocha - percussão , (Ex Brasões), pelo Sergio Bandeira - Violão e voz (ex Albatroz) e mais duas vocalistas. ( Creio que atuaram no grupo a Clarita , Walkíria e Vera Lúcia mas não lembro a ordem de participação delas.) Assisti uma apresentação do grupo em 73 ou 74 levado pelo Edu Rocha. Eles tocavam música progressiva de altíssima qualidade entre elas lembro de uma chamada "Tunel dos Ventos" Na época eu frequentava um restaurante e antiquário chamado " Solar Dom João V " no Itaim Bibi, onde o Edu Rocha ir jantar com a Bibi Vogel que era sua parceira em um trabalho paralelo de música sul americana. Tinha um palco com piano e instrumentos onde os clientes podiam tocar após o jantar. Além da bateria e percussão ele tocava violão e assisti canjas dele nessa casa e apresentações em casas noturnas do Bexiga. Seu trabalho individual era também de altíssima qualidade assim como o do Sergio, enfim, vamos pedir para que a música deles não se perca na névoa do tempo e surja algum registro da época. Um abraço a você e a todos.
Joomla Article about 2 years ago
Barbieri, querido! Muito obrigado pelas palavras de incentivo. Super abraço do amigo Pevê.
Joomla Article about 3 years ago
Excelente lembrança Barbieri! Apesar de minha geração ter sido “a próxima da fila” sinto me beneficiado pelo movimento pro rock que esta discussão causou. Pra galera que curte as histórias e desdobramentos, e pq não dizer “desbravamentos” desta época vale recomendar o seu livro auto biográfico e o obviamente, o Livro Oculto do Rock.
Joomla Article about 3 years ago
Legal a matéria, mas Baribieri toquei no Kafka de 85 a 90 não eramos "pop rock" e nem tinhamos amigos influentes ...rs ! abrx
Joomla Article about 3 years ago
o pepe melhorou muito (TSC!) essa semana ele estava propagando (sim, de propaganda) que o talibá é a grande força anti-imperialista e revolucionária de toda história moderna... um verdadeiro fantoche de neo-fascistas euroasianos. Só uma pessoa desonesta intelectualmente defende talibã para contrapor imperialismo americano. e ele faz isso porque recebe muito bem de seus patrões de mídias estatais chinesas. Que não passam de um outro império, e este tem campos de concentração e vigilância digital totalitária sem precedentes
Joomla Article about 3 years ago
Jefferson Ribeiro Basilio posted a comment in Soul of Honor
Muito muito louco esse som amigos,tenho o cd que comprei numa loja de CDs usados a uns 20 anos atrás,nunca cansei de escutar essa sonzeira mano, que que isso cara !!! Sem palavras para esse cd,som pensarão guitarra arrastada,bateria empolgante , vocal show muito show mesmo....
Joomla Article about 4 years ago
O cd "As cores de Maria" veio num lote de cd´s misturados... como brinde. Escutei hoje e achei sensacional esse trabalho.
Joomla Article about 4 years ago
Gostei muito da história dela, cheguei até essa página porque achei o tarot dela na rua, e fui investigar de quem era. Parabéns
Joomla Article about 4 years ago
Dimensões parelalas podem existir, estamos mais perto de descobrir do que nunca
Joomla Article about 4 years ago
Penso muito parecido com voce. Sempre bom de ouvir e ler!
Joomla Article about 4 years ago
Muito bom esse material sobre essa grande banda brasileira!!! Goste muito,sensacional!! longa vida ao rock progressivo brasileiro!!!
Joomla Article about 4 years ago
Roberto Giovani posted a comment in Karisma
Um sonho so e bom quando se sonha junto. Ola Heli! Ola Rudi! Realmente vocês foram the best! Beijos e abraços de seu eterno amigo Roberto!! Rock & Roll jamais morrera pois o Karisma é uma das bandas que não deixam isso acontecer ! PAZ & AMOR SEMPRE!!!!
Joomla Article about 4 years ago
Gil Souto posted a comment in Rock Brasileiro (1974/1976): Parte III
Muito bom ! Quero ler e reler . Importantíssimos registros! Tava procurando algo sobre o Sérgio Bandeira ( do Bexiga e me deu o primeiro ácido! ) e de uma Banda que se chamava Alpha Centauri !!! Bons tempos de intensa e prazerosa loucura!
Joomla Article about 4 years ago
Caras.... estudei com ele no início dos anos 90 e com certeza um grande músico e mestre , tive a honra de acompanhar algumas sessões de gravação de seu primeiro CD e foram lições de profissionalismo e talento!!!!! Abraço Indio Manuel Marquez Prior
Joomla Article about 5 years ago
Rodolfo Ayres Braga posted a comment in Raimundo Vigna: Memórias de um b(r)oqueiro
Querido Irmão Vigna conterrâneo,amigo desde 1970...Superb batera!
Joomla Article about 5 years ago
Ouvi pela primeira vez aos 16 anos ( em uma fita k-7 que foi copiada pela molecada roqueira da cidade de Cataguases, no começo dos anos 90). Quatro anos depois consegui um CD também pirata... somente hoje aos 44 anos consegui o CD original ( presente atrasado do dia dos pais - meu filho tem 17 anos)... Simplesmente fantástico, talvez o mais rock and roll de tudo que já foi lançado no Brasil...
Joomla Article about 5 years ago
Nathan Bomilcar posted a comment in Scarlet Sky
Saudoso primo Guto Marialva. Deixou sua marca!
Joomla Article about 5 years ago
Eliana posted a comment in Tony Osanah: Um argentino bem brasileiro
Olha só... A Internet é uma mãe... Eu era superfã da Banda Raíces de América... Sou coetânea do Tony. Não sabia que ele tem essa história de vida tão linda. Eu gostaria de desenvolver um projeto desse tipo mas não sou boa o suficiente nisso. Fiquei emocionada com a história dele dando aula de música para os jovens presos. A música faz esse milagre. É por isso que amo uma boa música e, se eu pudesse, seria uma... Deus o abençoe!
Joomla Article about 5 years ago
Matéria bacana! Uma pena perder material das bandas e do evento...
Joomla Article about 5 years ago
Meu nome é Sérgio, eu sou o baterista da banda Vienna ( atualmente BLACK VIBE) e gravamos a música Sexo Arrogante, que foi feita 2 horas antes de entrarmos na sala de gravação.
Joomla Article about 5 years ago
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