Por que nunca nos lembramos se apagamos a luz do banheiro ou se trancamos a porta da frente?
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Por que nunca nos lembramos se apagamos a luz do banheiro
ou se trancamos a porta da frente?
Escrito por Antonio Celso Barbieri
Oi pessoal, quem já não ouviu falar de Alzheimers, uma doença cruel que faz o paciente esquecer até quem ele é? Nascemos uma página em branco e tudo que somos é o acumulo das nossas experiências, alegrias e sofrimentos, e de todo o nosso conhecimento adquirido, Perder tudo isto é muito terrível! Lamentavelmente a Demência, como esta doença é conhecida aqui no Reino Unido, parece que está em alta. É sabido que normalmente em todo o nosso organismo células morrem e são substituídas por outras mais novas. Quer dizer, nós temos um sistemas de regeneração em funcionamento. Infelizmente (ou felizmente) ele não é poderoso o suficiente para nos dar a vida eterna. Este sistema de regeneração normalmente funciona bem quando somos jovens mas quando ficamos idosos, ele gradativamente vai deixando de funcionar como deveria.
É verdade que uma dieta alimentar saudável (longe do cigarro e da bebida exagerada) aliada á uma vida menos nervosa e atribulada podem ajudar-nos a preservar a nossa longevidade. Mas, não importa o que façamos, a verdade é que, dependendo da nossa “loteria genética”, as nossas células do nosso cérebro, quando chegarmos à uma certa idade começarão morrer uma a uma e não serão mais regeneradas. Quando isto começar acontecer, a nossa massa cinzenta começará diminuir e, basicamente o nosso cérebro começará encolher. Bom, acabo de fazer 65 anos. Sempre fui uma pessoa autodidata e sempre “esquentei” minha cabeça, buscando aprender algo novo. Quer dizer, como alguns de vocês já devem ter percebido, faço muita “musculação” mental. Com isto, estou sempre criando novos caminhos (neural pathways) e assim, procurando forçar minha regeneração cerebral.
À bem da verdade, sempre fui um “sonhador”. Não é de hoje que vivo no “mundo da lua”. Meu universo é mental. Por isto sofro de uma eterna solidão intelectual. Quando acho alguém com os mesmo interesses, acabo falando como uma “matraca”. Talvez seja por isto que não consigo ser “telegráfico”. Nunca consigo me expressar muito bem em apenas cinco linhas de texto. Bom, toda esta introdução é para dizer que sinto que minha memória de curto prazo é muito limitada e, conforme estou envelhecendo, me preocupo mais e mais com isto. Honestamente sou orgulhoso das minhas conquistas e da minha identidade como o Barbieri que muitos de vocês já conhecem e acho que seria muito trágico terminar minha existência numa cadeira sem saber nem quem sou eu. Portanto, sempre quis saber por que nunca me lembro de levar o meu celular quando saio de casa, se fechei a porta da frente, apaguei as luzes, etc.
Então, hoje, curiosamente fiquei sabendo que parece que a ciência finalmente encontrou uma resposta para este problema. Imaginem só esta cena: você acabou de chegar na estação de metrô quando um pensamento nervoso e obsessivo vai tomando conta da sua mente: será que, no fogão, eu deixei o gás ligado? E veja que podem acontecer situações em que você realmente não se lembre de todos os detalhes da sua jornada da casa ao trabalho ou da caminhada à pé até a estação do metrô. Até parece que você se materializou em outro lugar! :-)
Soa familiar? Não me diga que você nunca passou por alguma situação similar? Não é atoa que a expressão “não me lembro nem o que comi ontem” é tão conhecida!
Mas, por que é que não podemos nos lembrar se fizemos essas tarefas simples, porém vitais, todos os dias? Alguns especialistas acreditam que você não se lembra ter concluído essas tarefas simplesmente porque você estava fazendo estas atividades ligado no “piloto automático”. O fato de você fazer estas tarefas todos os dias significa que você realmente não tem que pensar sobre elas. E porque você não pensa nelas, você não pode se lembrar de tê-las feito. A dúvida só acontece porque a parte ansiosa de seu cérebro dá a partida e começa a questionar se você fez ou não a tarefa em questão. "A principal razão pela qual esquecemos pequenas coisas, como se fechamos a porta, desligamos o forno ou as luzes da cozinha, é principalmente porque essas são tarefas que realizamos no piloto automático", explica Idriz Zogaj, co-fundadora de uma aplicação designada para o desenvolvimento pessoal e bem-estar mental chamada "Remente".
O fato de que estarmos muitas vezes desempenhando multitarefas também desempenha um papel importante. "Você vai trancar a porta todos os dias antes de sair, mas você também vai fazer isso enquanto você está focado em ter certeza de que você tem tudo que você precisa, tentando não perder o ônibus e até mesmo provavelmente se preocupando com o dia à frente", Zogaj continuou. "Porque você completa a tarefa no piloto automático, o cérebro não se concentra nela tanto quanto nas preocupações mais prementes, como estar atrasado para o trabalho." Então o que podemos fazer para tentar lembrar, para que possamos nos assegurar de que não vamos voltar para um incêndio ou uma casa roubada?
Zogaj acredita que tentar ser "consciente" sobre as tarefas que estamos empreendendo poderia ajudar.
"A melhor coisa que você pode fazer para evitar o esquecimento é ser consciente e concentrar-se em cada tarefa que você executar para se certificar de que você não tem que correr de volta para verificar se sua porta está fechada!", Diz ela.
Existe uma outra solução inteligente para mentalmente saber se você executou uma determinada tarefa da sua lista coisas importantes. A sugestão é você fazer algo incomum enquanto você desligar o amplificador ou trancar a porta. Quando mais boba e mais incomum for o que fizer, será melhor. Se você fizer uma dança louca ou anunciar em voz alta: “Estou fechando a porta!”, com certeza você poderá obter alguns olhares engraçados dos vizinhos. :-)
Mas, fique certo de que há um método para esta loucura. Porque de acordo com a ideia geral, este ato de se concentrar em outra coisa vai força-lo a sair do “piloto automático” e obriga-lo a pensar sobre o que você está realmente fazendo. Quer dizer, na próxima vez que estiver quase chegando no trabalho e o pânico descer sobre você com a pergunta se trancou ou não a porta da frente da casa, em vez de você voltar para verificar, você provavelmente se lembrará da “dança do ventre” que você fez enquanto fechava a porta e saia todo feliz para começar o seu dia. :-)
Problema resolvido e acabei ficando menos preocupado com o medo de ter Alzheimers.
Dúvida: E seu eu quando estiver fazendo a "dança do ventre" também entrar no "piloto automático"? :-)
Antonio Celso Barbieri