P.U.S.: Ronan Meireles, o lendário vocalista olha para o passado e conta tudo!
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Ronan Meireles, o lendário vocalista olha para o passado e conta tudo!
Entrevista realizada por Leandro Nogueira Coppi para o site Brasil Metal Historia (15/04/2014)
O cenário nacional até meados dos anos 90 efervescia positivamente, gerando ao público headbanger grandes bandas que se tornaram lendárias ao longo dos anos. Muitas delas continuam em plena atividade, outras retornaram depois de um período longo de hibernação e muitas continuam vivas através apenas de suas obras eternizadas ou na memória daqueles que tiveram a oportunidade de conhecê-las em seus melhores dias. Nesse último caso, temos como exemplo o P.U.S., banda brasiliense que começou suas atividades em 1987 tornando-se logo, uma das grandes bandas de Death Metal do país, mas que pouco antes de encerrar suas atividades passou por uma nova roupagem, deixando os headbangers mais radicais em polvorosa. Nessa conversa esclarecedora, o simpático vocalista Ronan Meireles nos contou vários detalhes sobre a história da banda; seu período de casado com a guitarrista Simone Death, nacionalmente conhecida como Syang – principalmente após participar de um reality show em uma emissora de TV aberta e outros trabalhos -; a transição de estilos musicais bastante distintos; a possibilidade de relançar um dos últimos álbuns da banda; e, quiçá, um retorno aos palcos com essa Porrada Ultra Suicida.
Pergunta: Como vocês se conheceram e como formaram o P.U.S.?
Ronan: Éramos amigos. Molecada aqui em Brasília, headbangers nos tempos áureos do Metal nacional. Comecei a fazer um som com o Luís e o Selvagem e formamos a banda Hell. Logo após, conheci o Xicone no Colégio Objetivo em 1987, ele já ensaiava com alguns amigos também. Certo dia ele me chamou para fazer um som e nunca mais paramos
Pergunta: Quem sugeriu a idéia do nome P.U.S. (Porrada Ultra Suicida)?
Ronan: O nome foi criado pelo Xicone. A idéia veio como um duplo sentido mesmo, o P.U.S. da “infecção social” e da sigla.
Pergunta: Quais eram as referências de bandas que vocês tinham para moldar o som do P.U.S. na fase Death Metal?
Ronan: Na verdade o P.U.S. desde o início sempre teve uma influência bem marcante do Hardcore também. Nossas influências da época eram: Slayer, Sodom, Death, Massacre, Devastation, Celtic Frost, Discharge, D.R.I., S.O.D., entre outras.
Pergunta: O primeiro material de vocês foi o EP “Third World” (1990), que continha as músicas “Mosh”, “Homicidal Paranoid”, além da faixa título. O que se lembra desse periodo e como foi a repercussão desse EP?
Ronan: Período de ouro. Clássico da banda e do movimento em si. Gravamos em BH no JG Estúdio. Lembro-me que fomos de Brasília para Belo Horizonte de carro, chegamos, gravamos em seis horas as três músicas e voltamos na seqüência. Um sono da porra! Foi perrengue, mas foi lindo. Quem lançou esse compacto aqui foi o Leandro (descanse em paz) da Fucker Records e o selo francês, Maggot Records, lançou na Eupora e evaporaram em 5.000 cópias por lá.
Pergunta: Na sequência, vocês lançaram o homônimo debut em 1991 onde muitas músicas se tornaram conhecidas do público, como: “Blood Pact”; “Sexual Devastation”; “Luxury” e o hino da banda: “Mosh”. Comente sobre esse lançamento.
Ronan: O álbum “P.U.S.” tornou-se lendário com essas composições. O gravamos aqui em Brasília no Estúdio Zen e trouxemos o produtor Tarso (Senra) de BH, que havia gravado o “Schizophrenia” (Sepultura), entre outras bandas históricas de lá e o resultado foi satisfatório. A Fucker Records também lançou esse álbum e foi com ele que começamos a levar a coisa mais a sério, chegamos a nos mudar para Sampa, nos projetamos forte em todo o Brasil, fizemos tour por todo o país tocando com várias bandas importantes.
Pergunta: Vocês inclusive gravaram um videoclipe para “Luxury” que chegou até a ser exibido na MTV. Como foi a idéia de gravá-lo?
Ronan: Esse clipe tem uma particularidade, ele está na lista dos piores clipes do mundo pela MTV Brasil (risos). Assim como a letra diz, nós o fizemos demonstrando um bacanal no centro do poder, em um cemitério ‘fake’ no jardim do avô da Simone. Ele é meio tosquinho mesmo, a galera doida bebendo todas, se pegando. A atmosfera foi bem essa para o clipe.
Pergunta: Em 1993 foi a vez do split “Third World / XXX”, ao lado dos mineiros do Sextrash. Como vocês chegaram a essa parceria? Interessante que ambas as bandas tinham no sexo, um tema bastante abordado em suas letras!
Ronan: Isso se deu porque nós negociamos com a Cogumelo o relançamento dos nossos dois primeiros álbuns. Como havíamos gravado duas músicas extras e não usamos no primeiro LP, o João Eduardo resolveu lançar esse split com o Sex inserindo as duas músicas inéditas. Quanto à sexualidade nas letras, eram coisas de Simone Death. (risos).
Pergunta: Ainda em 1993, vocês tocaram em um grande festival em São Paulo, que foi televisionado pela MTV, onde o P.U.S. dividiu palco com Krisiun, Korzus, Volkana, The Mist e com os alemães do Kreator. O que lhe vem a mente sobre esse dia?
Ronan - Um dos melhores dias da minha vida! Foi no ginásio da Portuguesa em São Paulo, show foda com uma puta estrutura, só as bandas top da época. Me lembro que a galera pirou e agitou muito naquela gig. Fantástico!
Pergunta: No mesmo ano, o ex baterista do P.U.S, Feijão, faleceu. O que de fato aconteceu?
Ronan: Nosso grande irmão, Feijão. Que falta que ele faz, não só pra mim mas para toda Brasília. E porque não dizer para toda a música brasileira? Nos primórdios o cara montou um pedal de distorção e fez a própria guitarra, tocava com perfeição vários instrumentos, um autodidata maravilhoso! Estará sempre em nossos corações!
Pergunta: Já com uma sonoridade madura, produção superior aos trabalhos anteriores e alguns convidados, vocês lançaram através da gravadora Eldorado o álbum “Sin Is The Only Salvation”. Conte a respeito desse álbum.
Ronan: O “Sin Is The Only Salvation” foi um disco que marcou nossa evolução técnica e amadurecimento profissional, estávamos numa fase de transição e muita coisa tinha mudado em nossas cabeças. Estávamos curtindo outros tipos de sons e estilos musicais, outras pegadas, daí resolvemos a começar inserir alguns elementos diferentes, além do tradicional metal que já tocávamos. Gravamos no Be Bop Estúdio em São Paulo, com a produção do (Carlos Eduardo) Miranda, usamos samples, o saudoso Chico Science fez uma ótima participação na música “Comando Vermelho”, que se tornou hit da banda também. Adoro esse álbum.
Pergunta: Por que decidiram usar a imagem da Syang na capa? Pergunta: Houve um relançamento em 2003 com alguns bonus. Correto? Pergunta: Após o lançamento, você e a Syang chegaram a embarcar para a Inglaterra. Inclusive, fizeram uma foto que ficou famosa na época, tirada na porta do lendário Marquee Club, de Londres. O que faltou para que a coisa engrenasse para a banda no exterior? Quais foram os frutos dessa viagem? |
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Pergunta: Nesse período na Inglaterra, o jornalista Antônio Celso Barbieri, lhes apresentou bandas que misturavam metal com música eletrônica, chegando inclusive a levá-los ao clube Slamelight, que rolava esse tipo de som. Suponho que isso os tenha influenciado para compor o polêmico álbum “Presets” (1996), correto?
Ronan: Com certeza. Nesse período nós estávamos namorando muito fortemente com a música eletrônica, cheguei até a fazer algumas coisas solo mas nunca lancei nada. Ainda acho o “Presets” um trabalho maravilhoso até por mais incrível que pareça, nunca ouvi nada igual até hoje. Há coisas incríveis nele, que fizemos naquela época.
Pergunta: Curioso que, apesar da transformação radical, os integrantes que ficaram no Brasil - no caso, o baterista Rodrigão Nogueira e o baixista Selvagem -, permaneceram com você e a Syang na banda. Como vocês chegaram a essa mudança da água para o vinho, tanto em termos de sonoridade quanto de visual?
Ronan: Justamente o que falei anteriormente. A gente estava com a cabeça totalmente aberta para toda sonoridade possível do universo, qualquer som diferente que ouvíamos a gente gravava. A música “Presets”, por exemplo, teve uma das bases eletrônicas gravada na janela do quarto do tecladista e programador, Juréia. Tinha um prédio em construção bem em frente e uma furadeira gigantesca furava uma estrutura no chão, som de metal com metal e repetitivo. Ficou foda. As músicas são cheias de nuances e detalhes que só prestando muita atenção você percebe, mas tudo em um contexto. Nosso visual só seguiu o som, que pedia uma coisa totalmente diferente de tudo o que já se viu na época, nos autoentitulamos “primitivos modernos”, misturamos o som pesado do metal com Hardcore. Inserimos os teclados e samplers de música eletrônica, com uma percussão afro-brasileira. Resultado? “Presets”!
Pergunta: E como foi o consenso entre todos para que a banda seguisse unida?
Ronan: Tivemos algumas discussões e resistências de alguns integrantes, mas dentro da normalidade de uma banda, fizemos muitos shows, éramos muito amigos!
Pergunta: “Presets”, veio com uma novidade para a época, que era a incursão de material multi-mídia. Vocês também aumentaram a formação da banda, já que passaram a contar com as percussionistas africanas do grupo Black Angels e gravaram um videoclipe para a música “Seu Verino”. Também tiveram convidados renomados como, Laura Finocchiaro, Edu K (De Falla), Digão (Raimundos) e Kiko Zambianchi. Com tanto investimento, como você analisa o retorno (ou a falta de), a respeito do álbum?
Ronan: Sabíamos que iríamos enfrentar resistência negativa por parte do público do Metal, pois é um segmento muito exigente e radical. Acho que, sem querer ser prepotente, esse trabalho estava muito à frente de sua época, era diferente de tudo que havia sido lançado. O produtor e designer Palumbo nos deu uma grande força com suas idéias revolucionárias, juntamente com o fotógrafo Rui Mendes e Fernando Bagnola (louco), o estilista Alexandre Herchcovtch - que estava no início de sua brilhante carreira -, passou a nos vestir e mudou todo o nosso visual, que ficou mais para o futurista. Toda essa miscelânea de informações, acho que confundiu um pouco as pessoas da mídia. Acho também que começamos a incomodar produtores que não queriam essa nova perspectiva de mudança da cena na época, pois chegamos a figurar várias vezes no “Disk MTV” e até no “Top 20 Brasil”, com o clip de “Seu Verino”. Tudo isso contou bastante.
Pergunta: Vocês vinham de um estilo que sempre teve radicalismo envolvido e pouca tolerância que era o Death Metal. O que vocês pensavam a respeito da repercussão que causaria essa mudança?
Ronan: Estávamos resolutos em mudar, em ousar sem pensar nas conseqüências e foi isso que fizemos. O ser humano tem que fazer o que acha ser certo, sem temer nada!
Pergunta: Sobre o visual, vocês adotaram algo meio clubber e ao mesmo tempo, tribal. Teriam sido influenciados tanto pelo período que passaram na Inglaterra, quanto para o que o Sepultura e o Overdose estavam fazendo em termos de ritmos?
Ronan: Acho que o ser humano tende a seguir coisas impactantes e que dão resultado, não nos baseamos nessas bandas citadas e sim em uma tendência que estava rolando muito forte na Europa, e decidimos unir isso à nossa cultura.
Pergunta: Você foi casado durante muito tempo com a guitarrista Syang. Vocês conseguiam separar banda de relacionamento?
Ronan: Man, te confesso que era difícil separar viu. (risos) Ela me deu uma voadora no palco em um show em Campinas uma vez! Quase morri man! (mais risos). Nossa relação era tão intensa, que ficava difícil não misturar. Eram 25 horas por dia juntos!
Pergunta: Em 2003, você reuniu o P.U.S. com uma nova formação, constituída de algumas mulheres no line up. Por que essa volta não foi para frente e que tipo de sonoridade vocês estavam buscando nessa época?
Ronan: Voltamos tocando o “Presets” na íntegra. Sempre achei que ele foi muito mal e pouco explorado. Essa formação foi do cacete, mulheres lindas e super competentes no que faziam, todos os músicos eram muito bons. Foi legal, curti, mas, como nem tudo são flores, não deu certo, eram sete pessoas, cada uma com uma cabeça diferente. A coisa sobrecarregou para mim. Rock no Brasil quase não dá grana. Enfim, preferimos parar.
Pergunta: Ainda tem contato com a Syang, Rodrigão e Selvagem?
Ronan: Só com o Rodrigão de vez em quando. A Syang tem dez anos que não a vejo, desde que eu me casei novamente. Já o Selvagem, deve ter sido abduzido. Voltou para o planeta dele! (risos)
Pergunta: Quais outros grandes momentos você se lembra que a banda passou?
Ronan: Cara, cada show é uma grande emoção diferente, por menor que ele seja, às vezes shows mais intimistas em pubs pequenos são mais fódas que aberturas para bandas gringas em locais gigantes, o importante é a participação e interação do público e isso nós sempre tivemos bastante. Posso citar as aberturas para o Anthrax e Fight no Olímpia (SP) e Imperator (RJ) inesquecíveis!
Pergunta: Com esse lance de revival entre um monte de bandas no Brasil, você não pensa em reunir o P.U.S.? Caso isso ocorra, o que podemos esperar a respeito de novas composições?
Ronan: Não paro de pensar, mas tem que ser com uma formação fodona e que tenha realmente comprometimento, senão não valerá a pena. Penso em relançar o “Sin Is The Only Salvation” e voltar a princípio tocando os dois primeiros, o “P.U.S.” e o “Sin...”. Se rolar, legal compor músicas novas nessa linha, bem old school. Tenho muita saudades dos palcos.
Pergunta: Finalizando, você tem algum causo curioso, engraçado ou mais sério para contar sobre os tempos no P.U.S.?
Ronan: (N.R.: Ronan responde com um trecho da letra da música “Mosh”). “Obcecados pela crueldade e dor, as pessoas começam a matar, a causa parece desconhecida. É que para a vida não há mais lugar, MOSH MOSH MOSH!”. (risos)
Pergunta: Deixe suas considerações finais para os leitores do BRASIL METAL HISTÓRIA.
Ronan: Galerinha da ‘rockeiragem’, vamos levantar os bumbuns das cadeiras, saiam da frente dos computadores, larguem seus smarts de vez em quando e vão curtir a um belo show de bandas underground, seja qual for o estilo, desde que seja bom! Um abraço para os manos, um beijo para as minas! Valeu!
Os álbuns que mais influenciaram Ronan Meireles:
Slayer - Hell Awaits
Rainbow - Rising
Black Sabbath - Live Evil
Gary Moore - We Want More
P.U.S. - Presets
Barbieri em SP juntamente com a banda um pouco antes do lançamento do seu álbum Presets.
Barbieri comenta seu encontro em Londres com Ronan e Syoung
P.U.S em Londres
"Let's burn all that fucking presets, several megabites full of bullshit" -Um trecho da letra "Presets" de autoria do Barbieri que foi incluída no álbum homônimo!
Nota: em partes desta matéria refiro-me ao Ronan como Ronany. A Razão disto é que neste período ele estava metido com numerologia e tinha mudado o nome.
Em 1995, recebi em Londres uma chamada telefônica do César que, na época era Diretor de Relações Internacionais da MTV brasileira. Tinha conhecido César através do Alex Vydala que era o baixista da banda Soul of Honor. Visitei Cezar na MTV para entregar-lhe uma cópia do vídeo do show do Korzus feito no Marquee Club. Na época parece que a MTV fez um especial com o pessoal da banda. Eu não fiquei no Brasil o tempo suficiente para ver.
Bom, Cezar queria que eu desse uma força para uns amigos dele que estariam chegando em Londres. Tratava-se da Syoung e o Ronany, a guitarrista e o vocalista da banda P.U.S..
Acho importante salientar que, naquele período, os dois músicos também dividiam a vida conjugal. O Ronany orgulhosamente ostentava uma tatuagem do rosto da Syoung que lhe tomava toda suas costas. Regra centenária de marinheiro: Nunca tatue o nome da sua amante, namorada, mulher ou parceira no seu corpo.
Eu não conhecia nem o som e nem o pessoal da banda mas, como dizer não para o Cezar da MTV? Na verdade, a Syoung e o Ronany mostraram-se ser gente muito boa. O único problema que tive que aguentar foi as reações explosivas de ciúmes da Syoung em relação ao Ronany.
Cartão Postal da Syoung - Frente
Cartão Postal da Syoung - Verso
Exemplo 1: Estávamos andando pelas ruas de Londres e lá longe o Ronany notava que uma gata estava vindo na nossa direção. Ele rapidamente cochichava no meu ouvido pedindo para eu não fazer nenhum comentário em voz alta. Eu ficava quieto mas, quando a gata cruzava com a gente o Ronany geralmente dava um grito de dor porque a Syoung dava-lhe um beliscão de arrancar pedaço. Ele geralmente era punido só por estar perto de alguma mulher bonita. Exemplo 2: Nós fomos almoçar num dos mais famosos restaurantes chineses de Londres. Este restaurante era famoso pela grosseria com que atendiam seus fregueses, pelos preços muito baixos e também pela grande quantidade de comida que serviam por prato. Quer dizer, os turistas não estavam nem aí com a qualidade do atendimento. O restaurante até ganhou, na imprensa inglesa, uma certa fama meio folclórica justamente por isto. Quando um cliente entrava no restaurante, não podia escolher a mesa para sentar. O restaurante possuía mesas circulares enormes que cabiam até 8 pessoas e só ocupava-se outra mesa quando esta estivesse cheia. Portanto, é muito normal sentar-se numa mesa com mais 7 estranhos, às vezes, cada um de uma nacionalidade diferente. Geralmente antes da comida ser servida todo mundo ficava discretamente olhando um ao outro tentando descobrir a nacionalidade, observando “o modelito”, etc. Na nossa mesa sentaram-se do lado oposto uma duas garotas que naturalmente passaram a nos observar. Num dado momento, Syoung olhou para meninas e agressivamente, perguntou o que elas estavam olhando. Ronany imediatamente recebeu um beliscão enquanto ela perguntava para ele porque que a cadeira dele estava tão distante da dela. Nossa! Era caso para psicólogo mesmo! Eu tive que intervir e dizer que se ela continuasse com aquela atitude eu ia para casa e abandonava eles ali mesmo. O curioso é que, do meu ponto de vista, quem deveria ter ciúmes era o Ronany. |
Leia entrevista da banda P.U.S na Revista Metal Head |
Para finalizar a “lavagem cerebral” eu levei os dois para uma visita ao clube Slamelight. O Slamelight era um clube “privado” ultra radical numa linha bem pós Mad Max onde a tribo techno radical misturava-se com a tribo dos góticos (com dentes de vampiro mesmo!), punks, amantes do rock extremo e excêntricos de todo tipo. Nem preciso dizer que este banho de novas tendências deve ter causando uma impressão muito grande nos dois roqueiros.
Novamente em casa mostrei-lhes algumas letras de músicas e idéias que estava desenvolvendo. Eles interessaram-se por duas letras: Presets e Hopeless Man.
Presets refere-se aos sons que vem instalados nos teclados. 3 megabytes de sons espaciais que raramente tem algum uso prático. No fundo o que eu queria era um bom timbre de piano, um bom timbre de baixo, um bom timbre de cordas, etc. Paralelamente presets são também as convenções que a sociedade nos impõem. Portanto eu estava fazendo com esta música uma critica as convenções sociais que nos controlam e escravizam.
Comentário final do Barbieri:
Das bandas extremas do cenário nacional que buscaram um redirecionamento musical a banda P.U.S. talvez tenha sido uma das mais corajosas. O público do rock pesado, conservador e preconceituoso, literalmente crucificou a banda mas, seu legado, seu último álbum chamado Presets cuja primeira faixa homônima foi baseada numa letra de minha autoria continua atual e, prova que a banda estava sem dúvida muito à frente da época do seu lançamento (1996). Eu me pergunto, se esta banda tivesse perseverado se não teria conseguido repercussão internacional. Aqueles que rapidamente apontaram o dedo, rotulando o trabalho da banda com sendo copia da banda Sepultura, realmente não entenderam nada. Este povo provavelmente não estava antenado com o que estava acontecendo fora do quintal da casa deles! Ainda acho que o rock brasileiro precisa passar do óbvio e incorporar de tudo no seu trabalho, desde os ritmos brasileiros às últimas tendências internacionais. Continuem apenas copiando e certamente continuarão estagnados pelos próximos 50 anos! A banda P.U.S. explorou o rock mixado com o eletrônico/industrial e a percussão mas, acreditem-me este não é o único caminho!RARO! Escutem os 2 Remixes feitos pelo Barbieri
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Capa do advance audio cassette do album "Presets".
Escutem o álbum
Syoung faz publicidade para a fabricante de guitarras Washburn.
Ronan mordendo a careca do Rob Halford (Judas Priest).
Syoung, Rob Halford e Ronan.