Zhema fundador da banda Vulcano dá entrevista e cita Barbieri

Prestes a embarcar para uma turnê na Europa, o Vulcano atravessa uma das melhores fases de sua longa e invejável trajetória. Formada em 1981 e oriunda de Santos, a banda passou por Goiânia no último dia 18 e, tivemos a oportunidade de bater um papo com Zhema Rodero, fundador e hoje guitarrista do Vulcano, além de uma das maiores lendas do heavy metal nacional. Com um vasto conhecimento de causa, Zhema falou sobre a história da banda, os últimos discos, a polêmica saída do vocalista Angel e sobre o cenário da música extrema no Brasil nos anos 80. Tudo com muitos detalhes e curiosidades. Confira.
Por Guilherme Gonçalves
Fotos: Eder “Caverna” Sales
Guilherme Gonçalves: Não dá para começar nossa conversa sem destacar um dos fatos mais importantes na história e na trajetória de vocês, que é justamente o fato de o Vulcano ser considerado a primeira banda a tocar metal extremo na América Latina. Olhando para trás, qual a importância disso? Qual é o real significado disso para você?
Zhema Rodero: Essa importância veio depois de um determinado tempo. Quando a gente começou a fazer isso em 1983, 1984, ninguém tinha noção do que seria 2010. (risos) Então, eu
comecei a perceber essa importância só no final dos anos 90. Foi aí que eu comecei a ler algumas entrevistas, surgiu também a internet. Pude perceber que o Vulcano teve uma importância muito grande. Poxa, eu fico muito orgulhoso de ter participado da cena, de ter ajudado a construir a cena. Mas é uma noção que eu fui ter só no fim dos anos 90 para começo dos anos 2000. Talvez até pela espontaneidade daquela época.
Pensando ainda nesse começo do heavy metal no Brasil, que nascia no início da década de 80, os primeiros shows, festivais, coletâneas... O que chegava ao Brasil? O que já dava para ouvir? Vocês do Vulcano estavam escutando o quê lá de fora?
Chegava o mainstream. Chegava muito AC/DC, Led Zeppelin, Kiss, Van Halen, as bandas normais do mainstream da época. Só que tinha uma banda, que também já estava ficando grande, que era o Motorhead. Acho o Motorhead um divisor de águas. Eu gostava muito de Black Sabbath e de Motorhead. Aí quando eu vi o Venom pela primeira vez... (risos) Falei: “Caramba, é isso!”. Então, Motorhead, Black Sabbath e Venom são as bandas que influenciaram o Vulcano a fazer o som que faz até hoje. Hellhammer veio um pouco depois.
E as bandas nacionais? Tinha alguém que também já estava fazendo um som parecido ou era basicamente rock’n'roll e heavy metal tradicional?
Metal extremo era mais difícil de encontrar. Havia só algumas bandas. Tinha o pessoal do SP Metal, o Centúrias, o Abutre. O próprio Korzus, que na época era mais light. Então, esse pessoal do SP Metal era, vamos dizer assim, o que a gente conhecia de brasileiros fazendo rock’n'roll. Fora aquele pessoal um pouquinho mais conhecido, que era o Made in Brazil, Patrulha do Espaço, o Tutti-Frutti, que já tinha se dissociado da Rita Lee. Esse era o cenário. O pessoal do SP Metal fazia um heavy metal bem tradicional, à lá Judas Priest. Já a gente tinha uma outra linha. Era até um pouco difícil de compatibilizar nos mesmos shows essas bandas.
Você comentou do “Live!”, e sobre esse disco, em especial, vocês na época já percebiam que se tornaria um clássico ou o reconhecimento veio só depois, assim como foi com a banda? Como ele ajudou a construir e fortalecer a cena e o que ele representa hoje?
O “Live!” foi o disco que fez o Vulcano ser conhecido não só no Brasil, mas também no exterior, posteriormente. O “Live!” tem uma história interessante. Esse pessoal que tocava em São Paulo, essas bandas de heavy metal tradicional que mencionei, tinham projetos de shows, mas o Vulcano, por ser de Santos, nunca conseguia tocar. Era difícil. A banda não conseguia entrar em São Paulo. Tocamos em um ou outro show feito pelo Celso Barbieri. Ele que levava a gente para São Paulo. Só que no interior do estado, a gente tocava bastante. Daí eu tive a seguinte idéia: já que eu não consigo tocar em São Paulo, eu vou gravar um disco ao vivo e vou colocar lá para a turma ouvir. (risos) E foi o que eu fiz. Fomos em Americana, gravamos o “Live!” e colocamos lá. Ele foi um verdadeiro estopim. Eu não esperava nada. Esperava, em seguida, no máximo, fazer um álbum de estúdio. Mas ele se tornou um ícone. Não é um disco bem gravado e, até de certa forma, tosco. Só que virou um ícone. Tanto aqui como lá fora. É um negócio impressionante, foi um fenômeno.
Analisando o que veio a se configurar a cena heavy metal no Brasil pouco tempo depois, podemos perceber o surgimento de três grandes pólos, cada qual com sua banda expoente em potencial, por assim dizer. Em São Paulo, em Santos, o Vulcano. No Rio de Janeiro, o Dorsal Atlântica, e, em Minas Gerais, o Sarcófago. Claro que cada local tinha várias outras bandas, mas são os principais expoentes. Como era o intercâmbio e as relações entre esses pólos e as bandas?
Quando o Vulcano começou e, pouco tempo depois lançou o “Live!”, eu descobri que no Rio tinha o Metalmorphose e o Dorsal Atlântica, que na época fizeram aquele split, o Ultimatum. Logo em seguida, eu escrevi uma carta pro CarlosVândalo e nós tivemos uma grande amizade, que durou anos. Tanto que nós fizemos vários shows. Vulcano e Dorsal fizeram muitos shows, muito mais do que Vulcano e Sepultura, por exemplo, que fizeram 3 ou 4 shows juntos, no máximo. Vulcano e Dorsal Atlântica tocaram juntos até o fim do anos 80, quando o Vulcano parou. Depois veio o Sarcófago. Em relação ao Sarcófago, quem tinha muita amizade com o Wagner Antichrist era o nosso guitarrista na época, o Zé Flávio. Ele ia para Minas Gerais, ficava na casa do Gerald, do Wagner. Mas Vulcano e Sarcófago faziam coisas diferentes. O Sarcófago veio um pouquinho depois. Eram propostasdiferentes. Em Santos, na época, havia bandas de rock'n'roll mesmo. Hard rock e rock’n'roll. Quase não havia uma cena e o Vulcano era, de longe, a banda mais extrema da época. Aliás, durante muito tempo, Santos foi um lugar mais conservador. Agora não, lá tem muita banda de metal extremo.
Depois de um hiato de quase 15 anos, o Vulcano voltou e lançou dois discos: “Tales From The Black Book”, em 2004, e “Five Skulls And One Chalice”, em 2009. Quais são as características dos dois? São álbuns com a velha pegada do Vulcano, que agrada os fãs mais antigos? Têm também novos elementos paraa apresentar uma banda revigorada e pronta para conquistar novos adeptos?
O “Tales From The Black Book” já tem seis anos. Acho que ele é uma re-leitura. Não, re-leitura não. Acho que é uma palavra esquisita e que não se encaixa. O “Tales...” é uma continuidade do “Bloody Vengeance”(1986), na minhaopinião. Se não tivéssemos feito o “Anthropophagy”(1987), teríamos feito o “Tales...”. Não que as músicas sejam daquela época, mas o clima para compor foi o mesmo. Quem ouviu, gostou, e quem ouvir, vai gostar. Ele tem pegada e composições bem anos 80, mesmo sem ser proposital. Mesmo após tanto tempo parado, foi algo que não se perdeu. Já o “Five Skulls...” é um pouquinho diferenciado. Ele é um “Tales...”, só que aprimorado. Ele é mais pro thrash metal. Tem muita pegada de guitarra, muitos solos. Infelizmente, a gravação da voz não ficou muito legal. Acho que ficou estranha. Todos que ouvem também percebem alguma coisa estranha na voz. Realmente não ficou muito boa, mas é um disco legal, no geral.
No começo do ano, a banda anunciou a saída do Angel, lendário vocalista do Vulcano, e a entrada de Luiz Carlos Louzada. Qual foi o motivo dessa modificação tão significativa na formação?
O Angel já vinha tendo problemas e dificuldades familiares havia uns três ou quatro anos. Não foi e não vinha sendo uma boa época para ele. Além disso, ele é tatuador e as “vendas” também vinham caindo. Devido a isso, ele meio que se isolou eprecisou dar um tempo. A banda deixou de ser prioridade para ele. Fazia uns dois anos que o Vulcano não fazia show por conta disso. Quando pintou a oportunidade da turnêna Europa, agora em novembro, perguntei se dava para ele e a resposta foi negativa. Avisei, então, que chamaria o Luiz Carlos pro posto. Depois de um tempo, ele até tentouvoltar, mas o Luiz Carlos já estava integrado e fazendo shows e tive que falar que não dava mais.
Hoje em dia, depois de tanto tempo na cena, você ainda continua ouvindo e procurando coisas novas? Gosta do que tem surgido e ainda ouve o que chega para você?
Gosto! Tem muita coisa boa. Só que não procuro mais, porque as coisas chegam. (risos) Pelo fato de ser do Vulcano, sempre recebo muito material. Sem falar na internet. Do Brasil, eu ouço quase tudo. Tudo o que me mandarem eu vou ouvir e vou guardando na garagem, porque já não cabe mais em casa. É muito material que chega, mas já ouvi todos. Uma coisa que tem me chamado a atenção é a cena do Paraguai. É uma cena que eu não conhecia, mas que tem umas bandas muito legais. Tem uma tal de Caceria, Violent Attack, tem umas quatro bandas muito boas. É um thrash metal old school, bem oitentão, cantado em castelhano e tal! (risos)
Uma curiosidade: o Vulcano acompanhou de perto o surgimento e o crescimento do death, do thrash e do black metal. Vocêconsidera que o Vulcano toca o quê? Nos anos, 80 a banda era chamada de quê?
O Vulcano começou como black metal. Já tinha a música e o disco do Venom e o Angel, se você prestar atenção e ouvir no “Live!”, fala muito “black metal! black metal!”. (risos) Então, a gente foi considerado black metal. Mas, na verdade, eu nunca achei que o Vulcano foi uma banda de black metal. Sempre achei que a banda foi death metal, que nunca abusou de vocal gutural e nem abaixou a afinação. Sempre tocamos em “Lá”, 440 Hz. A pegada eu acho death metal. Já as letras, sim. As letras são black metal. A capa do “Bloody Vengeance” (1986) também contribuiu muito para a banda ser considerada black metal. A capa, na época, chocou a Europa. Tanto quelá, depois de um tempo, saiu com outra capa, não é aquela com a igreja pegando fogo (risos).
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Zhema sendo entrevistado Por Guilherme Gonçalves. Foto: Eder “Caverna” Sales

Prestes a embarcar para uma turnê na Europa, o Vulcano atravessa uma das melhores fases de sua longa e invejável trajetória. Formada em 1981 e oriunda de Santos, a banda passou por Goiânia no último dia 18 e, tivemos a oportunidade de bater um papo com Zhema Rodero, fundador e hoje guitarrista do Vulcano, além de uma das maiores lendas do heavy metal nacional. Com um vasto conhecimento de causa, Zhema falou sobre a história da banda, os últimos discos, a polêmica saída do vocalista Angel e sobre o cenário da música extrema no Brasil nos anos 80. Tudo com muitos detalhes e curiosidades. Confira.

Bate-papo com Zhema
Por Guilherme Gonçalves

Guilherme Gonçalves: Não dá para começar nossa conversa sem destacar um dos fatos mais importantes na história e na trajetória de vocês, que é justamente o fato de o Vulcano ser considerado a primeira banda a tocar metal extremo na América Latina. Olhando para trás, qual a importância disso? Qual é o real significado disso para você?

Zhema Rodero: Essa importância veio depois de um determinado tempo. Quando a gente começou a fazer isso em 1983, 1984, ninguém tinha noção do que seria 2010. (risos) Então, eu comecei a perceber essa importância só no final dos anos 90. Foi aí que eu comecei a ler algumas entrevistas, surgiu também a internet. Pude perceber que o Vulcano teve uma importância muito grande. Poxa, eu fico muito orgulhoso de ter participado da cena, de ter ajudado a construir a cena. Mas é uma noção que eu fui ter só no fim dos anos 90 para começo dos anos 2000. Talvez até pela espontaneidade daquela época.

Pensando ainda nesse começo do heavy metal no Brasil, que nascia no início da década de 80, os primeiros shows, festivais, coletâneas... O que chegava ao Brasil? O que já dava para ouvir? Vocês do Vulcano estavam escutando o quê lá de fora?

Chegava o mainstream. Chegava muito AC/DC, Led Zeppelin, Kiss, Van Halen, as bandas normais do mainstream da época. Só que tinha uma banda, que também já estava ficando grande, que era o Motorhead. Acho o Motorhead um divisor de águas. Eu gostava muito de Black Sabbath e de Motorhead. Aí quando eu vi o Venom pela primeira vez... (risos) Falei: “Caramba, é isso!”. Então, Motorhead, Black Sabbath e Venom são as bandas que influenciaram o Vulcano a fazer o som que faz até hoje. Hellhammer veio um pouco depois.

E as bandas nacionais? Tinha alguém que também já estava fazendo um som parecido ou era basicamente rock’n'roll e heavy metal tradicional?

Metal extremo era mais difícil de encontrar. Havia só algumas bandas. Tinha o pessoal do SP Metal, o Centúrias, o Abutre. O próprio Korzus, que na época era mais light. Então, esse pessoal do SP Metal era, vamos dizer assim, o que a gente conhecia de brasileiros fazendo rock’n'roll. Fora aquele pessoal um pouquinho mais conhecido, que era o Made in Brazil, Patrulha do Espaço, o Tutti-Frutti, que já tinha se dissociado da Rita Lee. Esse era o cenário. O pessoal do SP Metal fazia um heavy metal bem tradicional, à lá Judas Priest. Já a gente tinha uma outra linha. Era até um pouco difícil de compatibilizar nos mesmos shows essas bandas.

Você comentou do “Live!”, e sobre esse disco, em especial, vocês na época já percebiam que se tornaria um clássico ou o reconhecimento veio só depois, assim como foi com a banda? Como ele ajudou a construir e fortalecer a cena e o que ele representa hoje?

O “Live!” foi o disco que fez o Vulcano ser conhecido não só no Brasil, mas também no exterior, posteriormente. O “Live!” tem uma história interessante. Esse pessoal que tocava em São Paulo, essas bandas de heavy metal tradicional que mencionei, tinham projetos de shows, mas o Vulcano, por ser de Santos, nunca conseguia tocar. Era difícil. A banda não conseguia entrar em São Paulo. Tocamos em um ou outro show feito pelo Celso Barbieri. Ele que levava a gente para São Paulo. Só que no interior do estado, a gente tocava bastante. Daí eu tive a seguinte idéia: já que eu não consigo tocar em São Paulo, eu vou gravar um disco ao vivo e vou colocar lá para a turma ouvir. (risos) E foi o que eu fiz. Fomos em Americana, gravamos o “Live!” e colocamos lá. Ele foi um verdadeiro estopim. Eu não esperava nada. Esperava, em seguida, no máximo, fazer um álbum de estúdio. Mas ele se tornou um ícone. Não é um disco bem gravado e, até de certa forma, tosco. Só que virou um ícone. Tanto aqui como lá fora. É um negócio impressionante, foi um fenômeno.

Analisando o que veio a se configurar a cena heavy metal no Brasil pouco tempo depois, podemos perceber o surgimento de três grandes pólos, cada qual com sua banda expoente em potencial, por assim dizer. Em São Paulo, em Santos, o Vulcano. No Rio de Janeiro, o Dorsal Atlântica, e, em Minas Gerais, o Sarcófago. Claro que cada local tinha várias outras bandas, mas são os principais expoentes. Como era o intercâmbio e as relações entre esses pólos e as bandas?

Quando o Vulcano começou e, pouco tempo depois lançou o “Live!”, eu descobri que no Rio tinha o Metalmorphose e o Dorsal Atlântica, que na época fizeram aquele split, o Ultimatum. Logo em seguida, eu escrevi uma carta pro Carlos Vândalo e nós tivemos uma grande amizade, que durou anos. Tanto que nós fizemos vários shows. Vulcano e Dorsal fizeram muitos shows, muito mais do que Vulcano e Sepultura, por exemplo, que fizeram 3 ou 4 shows juntos, no máximo. Vulcano e Dorsal Atlântica tocaram juntos até o fim do anos 80, quando o Vulcano parou. Depois veio o Sarcófago. Em relação ao Sarcófago, quem tinha muita amizade com o Wagner Antichrist era o nosso guitarrista na época, o Zé Flávio. Ele ia para Minas Gerais, ficava na casa do Gerald, do Wagner. Mas Vulcano e Sarcófago faziam coisas diferentes. O Sarcófago veio um pouquinho depois. Eram propostas diferentes. Em Santos, na época, havia bandas de rock'n'roll mesmo. Hard rock e rock’n'roll. Quase não havia uma cena e o Vulcano era, de longe, a banda mais extrema da época. Aliás, durante muito tempo, Santos foi um lugar mais conservador. Agora não, lá tem muita banda de metal extremo.

Depois de um hiato de quase 15 anos, o Vulcano voltou e lançou dois discos: “Tales From The Black Book”, em 2004, e “Five Skulls And One Chalice”, em 2009. Quais são as características dos dois? São álbuns com a velha pegada do Vulcano, que agrada os fãs mais antigos? Têm também novos elementos paraa apresentar uma banda revigorada e pronta para conquistar novos adeptos?

O “Tales From The Black Book” já tem seis anos. Acho que ele é uma re-leitura. Não, re-leitura não. Acho que é uma palavra esquisita e que não se encaixa. O “Tales...” é uma continuidade do “Bloody Vengeance”(1986), na minha opinião. Se não tivéssemos feito o “Anthropophagy”(1987), teríamos feito o “Tales...”. Não que as músicas sejam daquela época, mas o clima para compor foi o mesmo. Quem ouviu, gostou, e quem ouvir, vai gostar. Ele tem pegada e composições bem anos 80, mesmo sem ser proposital. Mesmo após tanto tempo parado, foi algo que não se perdeu. Já o “Five Skulls...” é um pouquinho diferenciado. Ele é um “Tales...”, só que aprimorado. Ele é mais pro thrash metal. Tem muita pegada de guitarra, muitos solos. Infelizmente, a gravação da voz não ficou muito legal. Acho que ficou estranha. Todos que ouvem também percebem alguma coisa estranha na voz. Realmente não ficou muito boa, mas é um disco legal, no geral.

No começo do ano, a banda anunciou a saída do Angel, lendário vocalista do Vulcano, e a entrada de Luiz Carlos Louzada. Qual foi o motivo dessa modificação tão significativa na formação?

O Angel já vinha tendo problemas e dificuldades familiares havia uns três ou quatro anos. Não foi e não vinha sendo uma boa época para ele. Além disso, ele é tatuador e as “vendas” também vinham caindo. Devido a isso, ele meio que se isolou e precisou dar um tempo. A banda deixou de ser prioridade para ele. Fazia uns dois anos que o Vulcano não fazia show por conta disso. Quando pintou a oportunidade da turnê na Europa, agora em novembro, perguntei se dava para ele e a resposta foi negativa. Avisei, então, que chamaria o Luiz Carlos pro posto. Depois de um tempo, ele até tentou voltar, mas o Luiz Carlos já estava integrado e fazendo shows e tive que falar que não dava mais.

Hoje em dia, depois de tanto tempo na cena, você ainda continua ouvindo e procurando coisas novas? Gosta do que tem surgido e ainda ouve o que chega para você?

Gosto! Tem muita coisa boa. Só que não procuro mais, porque as coisas chegam. (risos) Pelo fato de ser do Vulcano, sempre recebo muito material. Sem falar na internet. Do Brasil, eu ouço quase tudo. Tudo o que me mandarem eu vou ouvir e vou guardando na garagem, porque já não cabe mais em casa. É muito material que chega, mas já ouvi todos. Uma coisa que tem me chamado a atenção é a cena do Paraguai. É uma cena que eu não conhecia, mas que tem umas bandas muito legais. Tem uma tal de Caceria, Violent Attack, tem umas quatro bandas muito boas. É um thrash metal old school, bem oitentão, cantado em castelhano e tal! (risos)

Uma curiosidade: o Vulcano acompanhou de perto o surgimento e o crescimento do death, do thrash e do black metal. Você considera que o Vulcano toca o quê? Nos anos, 80 a banda era chamada de quê?

O Vulcano começou como black metal. Já tinha a música e o disco do Venom e o Angel, se você prestar atenção e ouvir no “Live!”, fala muito “black metal! black metal!”. (risos) Então, a gente foi considerado black metal. Mas, na verdade, eu nunca achei que o Vulcano foi uma banda de black metal. Sempre achei que a banda foi death metal, que nunca abusou de vocal gutural e nem abaixou a afinação. Sempre tocamos em “Lá”, 440 Hz. A pegada eu acho death metal. Já as letras, sim. As letras são black metal. A capa do “Bloody Vengeance” (1986) também contribuiu muito para a banda ser considerada black metal. A capa, na época, chocou a Europa. Tanto quelá, depois de um tempo, saiu com outra capa, não é aquela com a igreja pegando fogo (risos).

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Zhema na guitarra. Foto: Eder “Caverna” Sales

Barbieri Comenta:
Obrigado Zhema por lembrar de mim! Click aqui para visitar nossa página do Vulcano (clique aqui)

 

Vulcano apresentando-se no Projeto SP Metal produzido pelo Barbieri em 1985
Gravação rara e exclusiva disponibilizada pelo próprio Barbieri

 

Comments (2)

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SENSACIONAL! obrigado por disponibilizar essa gravação! ainda por cima com esta qualidade o que é quase um milagre, tá matando a saudade do "Live".valeu!

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Muito boa essa gravação!!!! Grande abraço aos meus amigos do Vulcano em sua primeira tour gringa. Dessa vez, não pude estar com vocês, mas quem sabe em outra ocasião.

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Comentários

jayme firro posted a comment in Rock Brasileiro (1974/1976): Parte III
Oi Gil. Boa lembrança !. O Alpha Centaury era formado pelo Edu Rocha - percussão , (Ex Brasões), pelo Sergio Bandeira - Violão e voz (ex Albatroz) e mais duas vocalistas. ( Creio que atuaram no grupo a Clarita , Walkíria e Vera Lúcia mas não lembro a ordem de participação delas.) Assisti uma apresentação do grupo em 73 ou 74 levado pelo Edu Rocha. Eles tocavam música progressiva de altíssima qualidade entre elas lembro de uma chamada "Tunel dos Ventos" Na época eu frequentava um restaurante e antiquário chamado " Solar Dom João V " no Itaim Bibi, onde o Edu Rocha ir jantar com a Bibi Vogel que era sua parceira em um trabalho paralelo de música sul americana. Tinha um palco com piano e instrumentos onde os clientes podiam tocar após o jantar. Além da bateria e percussão ele tocava violão e assisti canjas dele nessa casa e apresentações em casas noturnas do Bexiga. Seu trabalho individual era também de altíssima qualidade assim como o do Sergio, enfim, vamos pedir para que a música deles não se perca na névoa do tempo e surja algum registro da época. Um abraço a você e a todos.
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Barbieri, querido! Muito obrigado pelas palavras de incentivo. Super abraço do amigo Pevê.
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Excelente lembrança Barbieri! Apesar de minha geração ter sido “a próxima da fila” sinto me beneficiado pelo movimento pro rock que esta discussão causou. Pra galera que curte as histórias e desdobramentos, e pq não dizer “desbravamentos” desta época vale recomendar o seu livro auto biográfico e o obviamente, o Livro Oculto do Rock.
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Legal a matéria, mas Baribieri toquei no Kafka de 85 a 90 não eramos "pop rock" e nem tinhamos amigos influentes ...rs ! abrx
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o pepe melhorou muito (TSC!) essa semana ele estava propagando (sim, de propaganda) que o talibá é a grande força anti-imperialista e revolucionária de toda história moderna... um verdadeiro fantoche de neo-fascistas euroasianos. Só uma pessoa desonesta intelectualmente defende talibã para contrapor imperialismo americano. e ele faz isso porque recebe muito bem de seus patrões de mídias estatais chinesas. Que não passam de um outro império, e este tem campos de concentração e vigilância digital totalitária sem precedentes
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Jefferson Ribeiro Basilio posted a comment in Soul of Honor
Muito muito louco esse som amigos,tenho o cd que comprei numa loja de CDs usados a uns 20 anos atrás,nunca cansei de escutar essa sonzeira mano, que que isso cara !!! Sem palavras para esse cd,som pensarão guitarra arrastada,bateria empolgante , vocal show muito show mesmo....
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O cd "As cores de Maria" veio num lote de cd´s misturados... como brinde. Escutei hoje e achei sensacional esse trabalho.
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Gostei muito da história dela, cheguei até essa página porque achei o tarot dela na rua, e fui investigar de quem era. Parabéns
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Dimensões parelalas podem existir, estamos mais perto de descobrir do que nunca
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Penso muito parecido com voce. Sempre bom de ouvir e ler!
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Muito bom esse material sobre essa grande banda brasileira!!! Goste muito,sensacional!! longa vida ao rock progressivo brasileiro!!!
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Roberto Giovani posted a comment in Karisma
Um sonho so e bom quando se sonha junto. Ola Heli! Ola Rudi! Realmente vocês foram the best! Beijos e abraços de seu eterno amigo Roberto!! Rock & Roll jamais morrera pois o Karisma é uma das bandas que não deixam isso acontecer ! PAZ & AMOR SEMPRE!!!!
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Gil Souto posted a comment in Rock Brasileiro (1974/1976): Parte III
Muito bom ! Quero ler e reler . Importantíssimos registros! Tava procurando algo sobre o Sérgio Bandeira ( do Bexiga e me deu o primeiro ácido! ) e de uma Banda que se chamava Alpha Centauri !!! Bons tempos de intensa e prazerosa loucura!
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Caras.... estudei com ele no início dos anos 90 e com certeza um grande músico e mestre , tive a honra de acompanhar algumas sessões de gravação de seu primeiro CD e foram lições de profissionalismo e talento!!!!! Abraço Indio Manuel Marquez Prior
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Rodolfo Ayres Braga posted a comment in Raimundo Vigna: Memórias de um b(r)oqueiro
Querido Irmão Vigna conterrâneo,amigo desde 1970...Superb batera!
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Ouvi pela primeira vez aos 16 anos ( em uma fita k-7 que foi copiada pela molecada roqueira da cidade de Cataguases, no começo dos anos 90). Quatro anos depois consegui um CD também pirata... somente hoje aos 44 anos consegui o CD original ( presente atrasado do dia dos pais - meu filho tem 17 anos)... Simplesmente fantástico, talvez o mais rock and roll de tudo que já foi lançado no Brasil...
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Nathan Bomilcar posted a comment in Scarlet Sky
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Olha só... A Internet é uma mãe... Eu era superfã da Banda Raíces de América... Sou coetânea do Tony. Não sabia que ele tem essa história de vida tão linda. Eu gostaria de desenvolver um projeto desse tipo mas não sou boa o suficiente nisso. Fiquei emocionada com a história dele dando aula de música para os jovens presos. A música faz esse milagre. É por isso que amo uma boa música e, se eu pudesse, seria uma... Deus o abençoe!
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Meu nome é Sérgio, eu sou o baterista da banda Vienna ( atualmente BLACK VIBE) e gravamos a música Sexo Arrogante, que foi feita 2 horas antes de entrarmos na sala de gravação.
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