Fauzi Beydoun e Tribo de Jah: provavelmente a melhor banda de Reggae brasileira!
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Fauzi Beydoun e Tribo de Jah
Provavelmente a melhor banda de Reggae brasileira!
Escrito por Antonio Celso Barbieri
Dois estilos musicais sempre tiveram uma consciência social muito forte; o Punk e o Reggae. Enquanto o Rock esporadicamente nos brinda com alguma temática de contestação social, nos dois estilos inicialmente citados a crítica social é quase que uma obrigação, é quase que parte do próprio estilo. Entretanto, no Reggae, esta crítica vem sempre acompanhada, mesmo que não explícita, de uma mensagem espiritual. Talvez isto explique o fato do pessoal do Punk ser mais agressivo e o do Reggae mais pacífico!
Quando falamos de Reggae imediatamente três nomes nos veem à mente; Bob Marley, Jimmy Cliff e Peter Tosh. No Brasil, num primeiro momento não podemos deixar de lembrar que Gilberto Gil ajudou a divulgar o Reggae no nosso país com sua versão do clássico No Woman no Cry de autoria de Bob Marley. Na verdade Gilberto Gil apenas executou esta música mas, não abraçou a filosofia Reggae. Para ele foi apenas mais um bom momento na sua carreira.
Paralelamente, em 1982, na capital de São Paulo vivia o músico e compositor Fauzi Beydoun, paulista de nascimento, filho de italianos com libaneses. Fauzi já havia morado três anos na Costa do Marfim (África), falava francês com fluência e já era um grande aficionado pela cultura reggae.
Ele era amigo de minha amiga Enny Parejo, que na época estudava Composição e Regência na UNESP. Fauzi decidiu reunir algumas composições próprias, montar uma banda e produzir um show de Reggae no Teatro Lira Paulistana. Os backing vocais e direção artística ficaram à cargo de Enny que recrutou seu amigo e colega de faculdade, o já falecido, Oswaldo Mori e mais uma garota que à qual não me lembro o nome. Os ensaios para este show aconteceram na garagem da casa de Enny, onde infelizmente, gravei apenas 3 músicas (vocês podem escuta-las aqui logo abaixo, desliguem primeiro o player do álbum que está tocando!). Minha participação neste evento, limitou-se, como na época estava estampando camisetas de rock, à estampar as camisetas que foram usadas pela banda no palco neste show.
Não muito tempo depois deste show Fauzi mudaria de residência para São Luís, possivelmente especificamente por causa da efervescência Reggae que virara um fenômeno quase que inexplicável nas terras do Maranhão, invadindo inicialmente os guetos para depois tomar toda a cidade, o interior do estado e até os estados vizinhos.
Já em São Luís, Fauzi Beydoun, começou um programa de rádio tocando só Reggae e ganhou muita evidência na cidade. A verdade é que o reggae viria marcar profundamente a já tão forte e original cultura maranhense. Mesmo contestado por uma minoria de intelectuais conservadores o Reggae foi abraçado pela grande massa que, motivada por este estilo musical daria o título de "Jamaica Brasileira" à capital do Maranhão. Centenas de clubes de reggae com suas "radiolas" (potentes equipamentos de som que se encarregavam de divulgar o ritmo quando ainda não era tocado nas rádios) e depois diversos programas de rádios, finalmente viriam aderir ao mesmo em busca de audiência justificariam largamente o título conquistado.
A história da banda Tribo de Jah iniciou-se na Escola de Cegos do Maranhão. Lá onde viviam em regime de internato, quatro músicos cegos e um quinto músico com visão parcial se conheceram e começaram a desenvolver o gosto pela música improvisando instrumentos e descobrindo timbres e acordes. Posteriormente passaram a realizar shows nos bailes populares da capital (São Luiz) e outras cidades do interior do estado fazendo covers de seresta, reggae e lambada. Foi neste momento que surgiu o radialista Fauzi Beydoun e juntou-se ao grupo.
Tribo de Jah
Foi neste cenário que a Tribo de Jah deu a partida para difundir o seu reggae roots até os ossos, com suas mensagens de amor e paz, políticas, sociais e divinas. Após sucesso conquistado no Brasil com shows que partiram de Belém a Porto Alegre, passando pelos principais palcos de São Paulo e Rio, eles partem para uma série de turnês pelo exterior participando de festivais como: Festival “Bob Marley Day” em Los Angeles e San Diego, no Festival Paris-Bercy na França e o Rototon Sunsplash na Itália, e também fez duas apresentações realmente aclamadas no Festival de Jazz de Montreux, na Suíça e no principal palco do reggae mundial - REGGAE SUNSPLASH FESTIVAL JAMAICA 954, além de passar por cidades como Nova Iorque, Tókio e Buenos Aires. A Tribo de Jah passou também por países inusitados onde o grupo jamais imaginou chegar, como Cabo Verde na África e Guiana Francesa.
A Banda Tribo de Jah no camarim depois do show de Londres. Foto: Andrea Falcão. Da esquerda para a direita:
Aquiles Rabelo (baixo), Fauzi Beydoun (vocal e guitarra), Marlon Siqueira (guitarra), João Rodrigues (bateria), José Orlando (vocal e percussão) e Frazão (teclados).
Em 2008, a Tribo também apresentou dois shows em Londres com os ingressos esgotados antecipadamente para as duas noites que marcaram o pré-lançamento de seu CD para o mercado internacional. Eu estive na noite do primeiro show em Londres e foi muito bom mesmo com direito à confratenização no camarim, fotos e tudo mais. Fauzi lembrou-se do show acontecido no Teatro Lira Paulistana na primeria metade dos anos 80 e ficou muito feliz com a minha presença. Foi realmente uma noite inesquecível!
Antonio Celso Barbieri
Tribo de Jah - Love To The World, Peace To The People (2007)
Banda: | |
Fauzi Beydoun | composição, vocal e guitarra |
Frazão | teclados |
José Orlando | vocal e percussão |
Aquiles Rabelo | baixo |
João Rodrigues | bateria |
Marlon Siqueira | guitarra |
Discografia: | |
Roots Reggae | 1995 |
Ruínas da Babilônia | 1996 |
Reggae'n Blues (solo de Fauzi) | 1997 |
Reggae na Estrada | 1998 |
2000 Anos Ao Vivo | 1999 |
Além do Véu de Maya | 2000 |
Essencial | 2001 |
A Bob Marley | 2001 |
Ao Vivo 15 Anos | 2002 |
Guerreiros da Tribo | 2003 |
In Version | 2004 |
The Babylon Inside | 2006 |
Love to the World, Peace to the People | 2007 |
Breve Sopro no Ar (acústico) | 2008 |
Refazendo | 2008 |
Fauzi Beydoun e Barbieri no camarim depois do show de Londres. Foto: Andrea Falcão.