Bob Marley: filme sobre a vida desta lenda do Reggae explora seus conflitos internos.

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Bob Marley: Novo filme sobre a vida de Marley explora seus conflitos internos.
Escrito por Tim Adams para o Jornal The Observer (Londres - 08/04/2012)

Traduzido por Antonio Celso Barbieri

O diretor Kevin Macdonald conta como foi que ele reuniu material para este novo filme sobre Bob Marley, a lenda do Reggae. O filme retrata desde seus primeiros anos turbulentos na Jamaica até a adulação mundial que continuou mesmo depois da sua morte.

Em 2005, o diretor Kevin Macdonald trabalhou em Uganda no seu último filme chamado The Last King of Scotland (O Último Rei da Escócia). Lá, nas favelas de Kampala ele presenciou por um fato curioso. Por todo lugar que ele ia existiam imagens de Bob Marley, cartazes com a mensagem "Get up, stand up" (Levante-se, fique em pé!) e o povo com "dreadlocks" nos cabelos.

De qualquer forma, Bob Marley já tinha estado, não fazia muito tempo, na mente do diretor pois, Macdonald tinha sido consultado por Chris Blackwell, fundador da gravadora Island Records. A gravadora queria saber se ele estaria interessado em participar de um projeto para um filme sobre o duradouro legado deste famoso músico jamaicano.

O plano original seria seguir um grupo de rastafáris em sua viagem para participar de uma celebração do aniversário de 60 anos do nascimento de Bob Marley, acompanhando o grupo desde Kingston na Jamaica até a sua pátria espiritual na Etiópia. No final, o projeto deste filme nunca foi concretizado mas, quando mais tarde, Macdonald viu a oportunidade para fazer um documentário mais ambicioso sobre Marley, aceitou imediatamente.

O mais importante, foi que este documentário teve a bênção e a ajuda da família de Marley e também das figuras chaves na evolução musical de Marley, incluindo Neville "Bunny" Livingstone um dos músicos originais da banda Wailer com que Marley teve alguns mal entendidos.

"Pareceu-me muito importante fazer este filme neste momento, quando algumas das pessoas que conheceram melhor Bob Marley, particularmente nos primeiros anos, ainda estão por perto para contar a história." Esclareceu Macdonald.

O diretor saiu coletando entrevistas e pesquisando alguns dos aspectos mais misteriosos e mitológicos da sua vida que, terminou trágica e prematuramente em 1981, quando Bob Marley tinha apenas 36 anos.

Nesta pesquisa Macdonald ficou frustrado em descobrir uma total inexistência de filmagens e fotografias que retratassem os anos iniciais da formação da banda Bob Marley and The Wailers. Mas, com persistência e as ricas memórias do período conseguidas com Livingstone, Rita a viúva de Marley e outras pessoas, ele conseguiu criar uma boa biografia.

Em sua vida Bob Marley foi uma pessoa relutante para dar entrevistas.

"Tendo pouco ensino convencional." Macdonald sugere e continua:

"Ele sentia-se incômodo respondendo às perguntas feitas por jornalistas."

Em todo o caso, existiam certos aspectos de seu passado que ele não gostava de comentar, em particular seus sentimentos à respeito de seu pai Norval Marley que era branco e esteve sempre foi ausente. Norval Marley foi um homem que mentia, dizendo ter sido, no período colonial, um capitão do exército Caribenho. Então, de alguma forma, neste filme, o "Capitão Norval" transformou-se na chave para compreendermos Bob Marley. Como Macdonald diz:

"Muita gente acha que Bob Marley era negro e ficam surpreendidos em descobrir que ele teve um pai branco. O preconceito associado com o fato de Bob Marley ter vivido numa vila remota no topo de uma colina jamaicana ajudou a dar forma à sua grande busca por uma identidade que, no final acabou descobrindo no Rastafarianismo."

Suas contradições biográficas transformaram-se em uma sedutora metáfora global proclamando a "luta" e a "unidade": "Let's get together and feel all right" (Vamos nos unir e sentir bem) . É Macdonald quem comenta:

"Outro dia, estava junto Ziggy Marley, fazendo um trabalho de imprensa e Ziggy comentou:

"Eu acho que meu pai sempre lamentou o fato de ele não ser negro."

"Eu não colocaria a coisa tão diretamente e, neste termos mas, eu penso que esta é a essência da sua psicologia e música. Ele sempre foi um estranho, uma pessoa de fora e, encontrou uma maneira na sua vida e na sua música para justificar este fato."

Essa redenção igualmente forneceu para Macdonald parte da resposta explicando porque Marley tem um significado enorme, não somente nas favelas de Uganda mas, também entre os pobres e oprimidos do mundo todo.

Seu filme termina com uma sequência de referências contemporâneas relativas ao cantor, encontradas entre os recentes movimentos políticos populares.

"Na Tunísia no início das manifestações conhecidas como "o verão árabe", o povo cantava "Get Up, Stand Up". Macdonald comenta e continua:.

"Imediatamente depois que o vendedor de frutas, como protesto, colocou fogo em si mesmo e deu início à revolta este também era a mensagem escrita num cartaz próximo."

Sua influência continua com força total tanto é que três décadas após sua morte, Marley tem 30 milhão seguidores de Facebook.

O filme Marley começará nos cinemas ingleses no próximo dia 20 abril. Veja o trailer:


 

bob_marley_catch_a_fire_cover
Barbieri comenta

O álbum Catch a Fire é, para mim, um álbum muito especial que praticamente definiu o estilo e colocou Bob Marley no mapa. Comprei o vinil importado usado, em São Paulo, num sebo à muito tempo atrás. Recordo-me que a capa era um isqueiro cuja tampa quando aberta revelava o vinil. Mas, mais importante do que o visual da capa foi o som.

Só muito tempo depois, já em Londres que descobri que Bob Marley and The Wailers tinham gravado o álbum na Jamaica e enviado a fita para Londres onde um produtor esperto, remixou e até incluiu outros instrumentos fazendo o trabalho soar mais inglês, mais rock. Quer dizer, o som original foi adaptado para invadir o mercado mundial.

A verdade é que na época em que foi lançado Catch a Fire não foi muito bem recebido. Sabe como que é, não era muito Rock para os ingleses nem muito Reggae para a comunidade negra. Hoje Catch a Fire é um dos álbuns mais vendidos.

Recordo-me que ouvi este álbum centenas e centenas de vezes e ainda hoje acho que ele é realmente um clássico.

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Comentários

jayme firro posted a comment in Rock Brasileiro (1974/1976): Parte III
Oi Gil. Boa lembrança !. O Alpha Centaury era formado pelo Edu Rocha - percussão , (Ex Brasões), pelo Sergio Bandeira - Violão e voz (ex Albatroz) e mais duas vocalistas. ( Creio que atuaram no grupo a Clarita , Walkíria e Vera Lúcia mas não lembro a ordem de participação delas.) Assisti uma apresentação do grupo em 73 ou 74 levado pelo Edu Rocha. Eles tocavam música progressiva de altíssima qualidade entre elas lembro de uma chamada "Tunel dos Ventos" Na época eu frequentava um restaurante e antiquário chamado " Solar Dom João V " no Itaim Bibi, onde o Edu Rocha ir jantar com a Bibi Vogel que era sua parceira em um trabalho paralelo de música sul americana. Tinha um palco com piano e instrumentos onde os clientes podiam tocar após o jantar. Além da bateria e percussão ele tocava violão e assisti canjas dele nessa casa e apresentações em casas noturnas do Bexiga. Seu trabalho individual era também de altíssima qualidade assim como o do Sergio, enfim, vamos pedir para que a música deles não se perca na névoa do tempo e surja algum registro da época. Um abraço a você e a todos.
Joomla Article about 2 years ago
Barbieri, querido! Muito obrigado pelas palavras de incentivo. Super abraço do amigo Pevê.
Joomla Article about 3 years ago
Excelente lembrança Barbieri! Apesar de minha geração ter sido “a próxima da fila” sinto me beneficiado pelo movimento pro rock que esta discussão causou. Pra galera que curte as histórias e desdobramentos, e pq não dizer “desbravamentos” desta época vale recomendar o seu livro auto biográfico e o obviamente, o Livro Oculto do Rock.
Joomla Article about 3 years ago
Legal a matéria, mas Baribieri toquei no Kafka de 85 a 90 não eramos "pop rock" e nem tinhamos amigos influentes ...rs ! abrx
Joomla Article about 3 years ago
o pepe melhorou muito (TSC!) essa semana ele estava propagando (sim, de propaganda) que o talibá é a grande força anti-imperialista e revolucionária de toda história moderna... um verdadeiro fantoche de neo-fascistas euroasianos. Só uma pessoa desonesta intelectualmente defende talibã para contrapor imperialismo americano. e ele faz isso porque recebe muito bem de seus patrões de mídias estatais chinesas. Que não passam de um outro império, e este tem campos de concentração e vigilância digital totalitária sem precedentes
Joomla Article about 3 years ago
Jefferson Ribeiro Basilio posted a comment in Soul of Honor
Muito muito louco esse som amigos,tenho o cd que comprei numa loja de CDs usados a uns 20 anos atrás,nunca cansei de escutar essa sonzeira mano, que que isso cara !!! Sem palavras para esse cd,som pensarão guitarra arrastada,bateria empolgante , vocal show muito show mesmo....
Joomla Article about 4 years ago
O cd "As cores de Maria" veio num lote de cd´s misturados... como brinde. Escutei hoje e achei sensacional esse trabalho.
Joomla Article about 4 years ago
Gostei muito da história dela, cheguei até essa página porque achei o tarot dela na rua, e fui investigar de quem era. Parabéns
Joomla Article about 4 years ago
Dimensões parelalas podem existir, estamos mais perto de descobrir do que nunca
Joomla Article about 4 years ago
Penso muito parecido com voce. Sempre bom de ouvir e ler!
Joomla Article about 4 years ago
Muito bom esse material sobre essa grande banda brasileira!!! Goste muito,sensacional!! longa vida ao rock progressivo brasileiro!!!
Joomla Article about 4 years ago
Roberto Giovani posted a comment in Karisma
Um sonho so e bom quando se sonha junto. Ola Heli! Ola Rudi! Realmente vocês foram the best! Beijos e abraços de seu eterno amigo Roberto!! Rock & Roll jamais morrera pois o Karisma é uma das bandas que não deixam isso acontecer ! PAZ & AMOR SEMPRE!!!!
Joomla Article about 4 years ago
Gil Souto posted a comment in Rock Brasileiro (1974/1976): Parte III
Muito bom ! Quero ler e reler . Importantíssimos registros! Tava procurando algo sobre o Sérgio Bandeira ( do Bexiga e me deu o primeiro ácido! ) e de uma Banda que se chamava Alpha Centauri !!! Bons tempos de intensa e prazerosa loucura!
Joomla Article about 4 years ago
Caras.... estudei com ele no início dos anos 90 e com certeza um grande músico e mestre , tive a honra de acompanhar algumas sessões de gravação de seu primeiro CD e foram lições de profissionalismo e talento!!!!! Abraço Indio Manuel Marquez Prior
Joomla Article about 5 years ago
Rodolfo Ayres Braga posted a comment in Raimundo Vigna: Memórias de um b(r)oqueiro
Querido Irmão Vigna conterrâneo,amigo desde 1970...Superb batera!
Joomla Article about 5 years ago
Ouvi pela primeira vez aos 16 anos ( em uma fita k-7 que foi copiada pela molecada roqueira da cidade de Cataguases, no começo dos anos 90). Quatro anos depois consegui um CD também pirata... somente hoje aos 44 anos consegui o CD original ( presente atrasado do dia dos pais - meu filho tem 17 anos)... Simplesmente fantástico, talvez o mais rock and roll de tudo que já foi lançado no Brasil...
Joomla Article about 5 years ago
Nathan Bomilcar posted a comment in Scarlet Sky
Saudoso primo Guto Marialva. Deixou sua marca!
Joomla Article about 5 years ago
Eliana posted a comment in Tony Osanah: Um argentino bem brasileiro
Olha só... A Internet é uma mãe... Eu era superfã da Banda Raíces de América... Sou coetânea do Tony. Não sabia que ele tem essa história de vida tão linda. Eu gostaria de desenvolver um projeto desse tipo mas não sou boa o suficiente nisso. Fiquei emocionada com a história dele dando aula de música para os jovens presos. A música faz esse milagre. É por isso que amo uma boa música e, se eu pudesse, seria uma... Deus o abençoe!
Joomla Article about 5 years ago
Matéria bacana! Uma pena perder material das bandas e do evento...
Joomla Article about 5 years ago
Meu nome é Sérgio, eu sou o baterista da banda Vienna ( atualmente BLACK VIBE) e gravamos a música Sexo Arrogante, que foi feita 2 horas antes de entrarmos na sala de gravação.
Joomla Article about 5 years ago
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