O Roqueiro e a Velha Senhora: Uma história escrita por Antonio Celso Barbieri livremente baseada no conto Sotoba Komachi escrito por Yukio Mishima!

O roqueiro e velha senhora

O Roqueiro e a Velha Senhora

Antonio Celso Barbieri
(Escrito e publicado aqui em janeiro de 2016 e
revisado em março de 2023 por ChatGPT)

Prefácio

Esta história foi livremente adaptada do conto chamado "Sotoba Komachi", escrito pelo renomado escritor japonês Yukio Mishima e faz parte do seu livro "Cinco Peças Nō Modernas" (Five Modern Nō Plays). Este conto, por sua vez, é uma adaptação do conto de mesmo nome escrito por Kan'ami Kiyotsugu (1333–1384), um ator, autor e músico japonês que também trabalhou com o teatro Nō do período Muromachi.

Mishima é considerado um dos mais importantes escritores japoneses do século XX. Ele foi indicado três vezes para o Prêmio Nobel de Literatura. Em 1968, todos os especialistas achavam que ele seria o ganhador, mas, no final, o prêmio acabou ficando para o seu compatriota Yasunari Kawabata. Seu trabalho "avant-garde" mostra uma estética que mistura o moderno com o tradicional, ultrapassando fronteiras culturais e sempre procurando abordar temas envolvendo sexo, morte e mudanças políticas.

Ele também é lembrado por sua tentativa de golpe político fracassado que ficou conhecido como "The Mishima Incident", onde, no final, ele cometeu um suicídio ritualizado conhecido como "seppuku".

Em 1988, em honra ao seu trabalho, foi criado o The Mishima Prize, que busca premiar novos talentos literários.

Curiosamente, para minha surpresa, depois que escrevi este conto, enquanto pesquisava sobre a vida e obra de Mishima, descobri que, quando vivia em Berlim, o falecido músico David Bowie, um grande fã de Yukio Mishima, pintou um retrato expressionista deste grande escritor japonês, cuja tela manteve pendurada, bem à vista, enquanto redizia em Berlim. - A. C. Barbieri

Yukio Mishima painted by David BowieO jovem David Bowie, em Berlim, dormindo debaixo de sua pintura de Mishima.

O ROQUEIRO E A VELHA SENHORA
Escrito por A. C. Barbieri

Esta história se passa em uma cidade pequena do interior do estado de São Paulo. Trata-se de uma cidade razoavelmente tranquila que, no passado, já foi muito conservadora, mas agora, muito a contragosto, começa a assumir os costumes das grandes cidades.

Como em muitas cidades, no seu coração, ela abriga a sua igreja principal que se abre para uma praça toda arborizada com seu chafariz localizado bem no meio. Este chafariz já teve dias melhores. Ninguém mais se lembra quando foi a última vez que jorrou água. Agora, ele não passa de um monumento desprovido de significado, função e transformou-se apenas em mais uma relíquia numa cidade lutando para não ser engolida pelo progresso. Entre as árvores, alguns postes de iluminação antigos, com suas luzes pálidas e amareladas, criam para aqueles casais em busca de um pouco de privacidade um clima de intimidade.

É noite, o sino da igreja já anunciou as 10 badaladas há algum tempo. O clima está quente e agradável e, em torno daquele chafariz seco, de frente, num círculo, equidistantes uns dos outros, estão cinco bancos, todos dando as costas para um belo jardim todo florido. Os assentos estão todos ocupados. Cada banco abriga um casal que, aos sussurros e beijinhos, alheios a tudo, estão envolvidos no seu cortejo particular.

De repente, lentamente, este clima ardoroso, cheio de paixão, é perturbado pela chegada de uma senhora aparentemente muito idosa. A mulher vai avançando pelo centro da praça. Sua aparência é centenária, esquelética e com uma aparência nojenta e encardida, nada mais do que uma mendiga vestida em farrapos sujos, mais parecendo uma morta-viva, um zumbi. Ela toda arqueada, vai arrastando-se e recolhendo todas as bitucas de cigarro que encontra pelo caminho.

Ela se aproxima do banco mais bem localizado, aquele perto da área mais florida, e ignorando o casal ali sentado, senta-se, toda espalhada e sem a menor consideração. Ela cheira a urina e o casal, tomado de surpresa, levanta-se indignado. A velha simplesmente os ignora. Eles, sem opção, de braços dados, ostentando expressões de descontentamento e fim de festa, retiram-se imediatamente.

A mulher então toma posse completa do banco, vira-se de lado e abre na outra metade do banco uma folha de jornal. O jornal está cheio de bitucas. Ela começa a contá-las:

Senhora: Um e um são dois, dois e dois são quatro...

Ela levanta uma bituca e, buscando a luz, percebe que esta é bem maior que as outras. De forma impertinente, interrompe o casal do banco ao lado e pede fogo. Acende a bituca e fuma até chegar no filtro. Depois apaga-o, joga-o no jornal junto com as outras bitucas e volta à sua contagem.

Senhora: Um e um são dois, dois e dois são quatro...

Roqueiro: Um rapaz se aproxima lentamente por trás da senhora e observa o que ela está fazendo. Ele usa uma velha jaqueta jeans sem manga, aberta, e por baixo uma velha camiseta de rock preta. Usa uma calça jeans esfolada, com a sua barra arrastando pelo chão, toda encardida e já se desfazendo. Está usando um coturno que parece já ter sido torturado tempo demais. Cabelos longos e maltratados deixam transparecer uma barba por fazer. Sua aparência geral é de descuido e desgaste físico. Ele parece mais velho do que realmente é.

Senhora: (sem tirar os olhos das bitucas) Quer um cigarro? Lhe darei um se quiser! (ela busca uma bituca mais comprida e entrega para ele)

Roqueiro: Obrigado! (ele tira do bolso um isqueiro, acende a bituca e fuma)

Senhora: Mais alguma coisa? Você tem alguma coisa para me dizer?

Roqueiro: Não, nada em especial.

Senhora: Eu sei quem você é. Você é um roqueiro. Estou vendo a sua camiseta do Motorhead. Você deve cantar numa banda. Você é um compositor. Este é o seu negócio, não é mesmo?

Roqueiro: Acertou na mosca! Mas, provavelmente a senhora não tem a menor ideia de quem foi o grande Lemmy. Sim, componho umas músicas de vez em quando. (e, com ironia, falando meio mole) Não tenha dúvidas de que sou um “musgo”, mas, isso não significa que o que faço é “um negócio”.

Senhora: Há! Já vi tudo! Não é um negócio só porque você nunca ganhou nada, nunca viu um tostão! (Ela olha para o rosto do rapaz pela primeira vez) Você ainda é bem jovem, não é? Mas, infelizmente, você não viverá muito para contar a história! A marca da morte está estampada na sua face.

Roqueiro: (sem mostrar surpresa) O que você foi na sua vida passada? Vidente? Andou lendo muito Tarô? Aprendeu a ler a fisionomia das pessoas?

Senhora: Talvez! Já vi tantas faces humanas que fiquei doente de tanto vê-las... (puxando um pouco o jornal para criar espaço e dando uma palmada no assento do banco) Sente-se, parece que você não está bem das pernas.

Roqueiro: (apaga o cigarro, senta-se, coloca o filtro junto com os outros no jornal, tosse e limpa a garganta, e começa a falar como se estivesse consigo mesmo) Estou bêbado, é só isso!

Senhora: Você é um estúpido! Pelo menos enquanto estiver vivo, deveria manter os pés firmemente plantados no chão...(fica em silêncio)

Roqueiro: (depois de um tempo, ele quebra o silêncio) Gostaria que soubesse que existe uma coisa que me chateia muito. Diga-me: Por que a senhora, todas as noites, vem aqui no mesmo horário para expulsar quem quer que esteja sentado neste banco?

Senhora: Você está reclamando deste banco? Não posso imaginar que você seja um mendigo. O que você quer? Você pede dinheiro às pessoas que se sentam aqui?

Roqueiro: Não! É que como o banco não pode reclamar por si só, eu reclamo por ele!

Senhora: (dando as costas) Eu não estou expulsando ninguém! Quando eu sento aqui, eles me abandonam, é só isso. De qualquer forma, este banco foi feito para quatro pessoas.

Roqueiro: Mas à noite, ele é destinado ao uso dos amantes, dos namorados! Todas as noites, quando atravesso a praça e vejo casais ocupando todos os bancos, sinto-me bem! Maravilhosamente esperançoso! Acredite, só para não perturbá-los, eu passo em pontas dos pés. Mesmo quando estou cansado ou, como acontece de vez em quando, quando sinto a necessidade de dar uma paradinha para meditar sobre meus problemas, em respeito aos casais, eu não paro.... E a senhora? Há quanto tempo vem vindo aqui perturbar as pessoas?

Senhora: Ah! Agora eu entendi. Este é o seu “lugarzinho”. Sua área reservada, onde você pode fazer o seu negócio!

Roqueiro: Meu o quê?

Senhora: É aqui que você colhe material para colocar em suas letras, composições e poemas.

Roqueiro: Não seja absurda! Esta praça, estes bancos, esta iluminação decadente, estes casais. Você acredita que eu usaria um material tão vulgar?

Senhora: Com o tempo, ele não será mais vulgar. Aliás, não há nada que não tenha sido vulgar um dia. Com o tempo, ele mudará novamente.

Roqueiro: Nossa! Cada coisa extraordinária que sai da sua boca! Se este for o caso, agora é que eu preciso fazer um discurso apaixonado em defesa deste banco.

Senhora: Meu filho, como você é cansativo. A única coisa que você é capaz de dizer é que minha presença neste banco é desagradável aos seus olhos, não é mesmo?

Roqueiro: Não! A verdade é que a sua presença aqui é uma profanação!

Senhora: Gente jovem vive de papo furado e gosta mesmo é de uma boa discussão.

Roqueiro: Preste atenção! Sou exatamente o que você está vendo. Um artista de meia pataca que nem consegue encontrar uma mulher que se interesse por ele. Mas, existe algo que eu respeito muito. O mundo, quando refletido nos olhos dos casais jovens que aqui se amam, é cem vezes mais bonito do que o que eles mesmos estão vendo. Isso eu respeito. Olhe em volta, eles estão tão concentrados que nem sabem que estamos falando deles. Eles subiram tão alto como as estrelas. Podemos até ver bem de perto uma pitada da luz da estrela que está brilhando em seus olhos apaixonados. E este banco é como uma “Stairway to Heaven”, uma escada para o paraíso. A mais alta torre do mundo, um maravilhoso ponto de observação. Quando um homem senta aqui com a sua amada, ele pode ver as luzes de todas as cidades através do globo. (Empolgado, ele fica em pé em cima do banco). Mas se eu ficar aqui sozinho, não conseguirei ver nada. Na verdade, estou vendo vários bancos lá na frente, vejo alguém fazendo sinal com uma lanterna, deve ser um policial. Lá longe, estou vendo uma fogueira com alguns mendigos em volta. Vejo as luzes traseiras de dois veículos. Um passou na frente do outro, os dois estão indo em direção à saída da cidade. O que é isto? Um carro cheio de flores, serão artistas clássicos voltando de um concerto ou um enterro? (O rapaz senta-se no banco novamente e fica meditativo, em silêncio).

Senhora: Tudo é lixo! Por que há pessoas que respeitam essas coisas? É justamente essa sua natureza boba que faz com que você componha essas baboseiras sentimentais que ninguém nunca comprará!

Roqueiro: (Falando como se não tivesse escutado nada) ...e é exatamente por isso que eu não invado este banco. Enquanto a senhora e eu estamos ocupando este lugar, ele não passa de umas ripas de madeira envelhecidas, parafusadas de forma apropriada numa base de ferro carcomido. Mas se um casal sentar aqui, ele se transformará em uma memória. Ele ficará mais macio do que um sofá e se aquecerá com as faíscas emitidas por gente viva... Quando a senhora se senta aqui, ele fica tão frio quanto uma sepultura, como se fosse um banco construído com pedras e lajes retiradas de um túmulo.

Senhora: Você é jovem, inexperiente e ainda não tem os olhos para ver. Estes bancos onde você diz que as pessoas se sentam, incluindo balconistas, garçons, funcionários de escritório e suas parceiras. Você acha que eles estão vivos? Não seja tolo! Eles estão apenas se lamentando em suas covas. Observe como, iluminados pelas luzes que passam pelas folhas das árvores, suas peles parecem pálidas. Tanto homens quanto mulheres têm os olhos fechados. Você não acha que eles parecem cadáveres? Estão morrendo enquanto se beijam e se acariciam. (ela olha em volta e sente o aroma) Certamente, há o perfume das flores. Durante a noite, o perfume das flores desta praça exala uma fragrância envolvente, como se esses casais já estivessem dentro de seus caixões. Como muitos homens, esses amantes estão todos enterrados no perfume das flores. Na verdade, você e eu somos os únicos vivos aqui.

Roqueiro: (sorrindo) Que palhaçada! Você acha que está mais viva do que eles?

Senhora: Claro que sim! Tenho 99 anos e veja como estou saudável!

Roqueiro: 99 anos?

Senhora: (virando o rosto em direção à luz) Olhe direito!

Roqueiro: Nossa! Que rugas horríveis!

(Neste exato momento, o jovem sentado com uma garota no banco à direita, o mesmo que foi incomodado quando a senhora pediu fogo, resmunga algo inaudível que termina com a exclamação “Meu Deus!”, expressando impaciência e mau humor.)

Senhora: Qual é o seu problema? O que te incomoda tanto para ser tão rude?

Rapaz: (com cinismo, olhando para sua companheira) Vamos embora ou pegaremos uma gripe.

Senhora: Você é muito sem graça! Está com o saco cheio, é?

Rapaz: Não! É que acabei de lembrar de algo engraçado.

Senhora: O que?

Rapaz: Eu tenho em casa uma galinha tão velha que nem o galo quer mais saber dela!

Senhora: Qual é o significado disso?

O rapaz: (com ironia) Nenhum!

Senhora: Você sabe o que significa? (mostrando o dedo) Não quero mais saber de você!

Rapaz: (ignorando) Caramba! Perdemos o último ônibus! Agora teremos que correr!

Senhora: (ela levanta-se e o observa) Nossa, que mau gosto você tem para se vestir!

Rapaz: (O rapaz continua ignorando e sai com sua namorada, andando rapidamente.)

Senhora: Pelo menos, finalmente, eles voltaram à vida!

Roqueiro: Já posso até ver o céu pipocando com fogos de artifício! Como é que a senhora pode dizer que eles voltaram à vida?

Senhora: Conheço muito bem a expressão de alguém que voltou à vida. Já vi isso demais. A pessoa apresenta uma expressão de quem está com o saco cheio, e é justamente isso que gosto de ver... Há muito tempo, quando era jovem, só tinha a sensação de que estava viva quando minha mente, depois de uns goles, começava a girar. Só me sentia viva quando me perdia e me esquecia completamente. Desde então, descobri que estava enganada. Quando o mundo parecia maravilhoso para viver, quando uma florzinha insignificante parecia tão grande como uma catedral, quando as pombas passavam voando e cantando com vozes humanas, quando todos passavam felizes desejando "bom dia" uns aos outros e coisas que você buscou por dez anos apareciam inesperadamente atrás do sofá, e toda garota parecia uma diva, quando as rosas desabrochavam numa roseira morta... Essas coisas idiotas aconteciam comigo a cada dez anos quando era jovem. Agora, quando penso nisso, percebo que estava morrendo enquanto isso acontecia. Quanto pior a bebida, mais rápido ficamos bêbados. No meio da minha embriaguez, no meio da minha sentimentalidade, das minhas lágrimas, eu estava morrendo... Desde então, fiz um juramento de nunca mais beber. Este é o segredo da minha longevidade.

Roqueiro: (provocando) Então, diga-me, senhora, qual é a sua razão para viver?

Senhora: Senhora? Quem é senhora? Minha razão para viver? Não seja ridículo! O simples fato de existir já não é uma razão em si mesma? Fique sabendo que não sou um burro correndo atrás de uma cenoura pendurada por uma vara na minha frente! Aliás, um burro é assim porque é da sua natureza!

Roqueiro: Corra, burro, corra, nunca olhando nem para a esquerda nem para a direita...

Senhora: ...de cabeça baixa, nunca tirando os olhos da sua própria sombra...

Roqueiro: ...quando o sol se põe, a sombra se torna maior...

Senhora: ...é a sombra que é enganada e se perde na escuridão de tudo.

Enquanto conversavam, um a um, todos os casais se retiraram, e os dois ficaram sozinhos.

Roqueiro: Permita-me fazer uma pergunta? Quem é você?

Senhora: Antes, eu era uma mulher chamada Aura.

Roqueiro: Quem?

Senhora: Todos os homens que disseram que eu era bonita morreram. Hoje, eu tenho certeza de que todo homem que disser que sou bonita morrerá.

Roqueiro: (rindo) Que sorte! Estou seguro porque só a encontrei quando já tinha 99 anos!

Senhora: Sim, você tem sorte! Mas, eu suponho que um tolo como você pensa que toda mulher bonita ficará feia quando envelhecer. Há! Você está cometendo um grande engano. Uma mulher realmente bonita sempre será bonita. Se sou feia hoje, é porque no passado fui uma "feia bonita". Depois de ter sido elogiada pela minha beleza por todo mundo tantas vezes, acho a maior chateação, nos últimos 78 anos, pensar que não sou bela. Eu ainda me vejo muito bonita, absurdamente bela.

Roqueiro: (falando para si mesmo) Como deve ser difícil carregar este peso de ter sido muito bela. (Olhando para a Senhora) Posso entender como se sente. Um homem que foi para a guerra ficará relembrando essa experiência por toda a sua vida. Claro, você deve ter sido muito bonita.

Senhora: (batendo o pé) Ter sido? Eu ainda sou muito bonita!

Roqueiro: Sim, sim! Eu entendo! Por que não me conta algo dos velhos tempos? Há 80 anos atrás ou será 90? (conta nos dedos). Conte-me o que aconteceu há 80 anos atrás?

Senhora: 80 anos atrás... eu tinha apenas 19 anos. O Capitão Rodriguez era o comandante aqui do quartel, vivia atrás de mim, me cortejando.

Roqueiro: Posso fazer de conta que sou o seu capitão? Qual era mesmo o nome dele?

Senhora: Mas que pretensioso! Ele foi 100 vezes mais homem do que você! Eu prometi que lhe daria aquilo que ele tanto queria, se ele se encontrasse comigo 100 vezes. Esta era a centésima noite. Naquela época, aqui ao lado desta praça existia um clube, o mais famoso da cidade. Seus bailes reuniam a nata da sociedade local e até das cidades próximas. Como tinha muita gente e o salão era muito quente, preferi sair para respirar um ar fresco. Vim descansar aqui mesmo neste banco.

Vindo de um lado da praça, o som de uma valsa começa a tocar lentamente e crescer, preenchendo o ambiente. Ao mesmo tempo, da mesma direção do som, um prédio pomposo, parecendo um teatro com arquitetura antiga, surge do nada, todo iluminado. Percebe-se que o lugar está cheio de gente.

Senhora: (olhando de longe) Veja, as pessoas mais chatas desta época vieram todas para o baile!

Roqueiro: Aquelas belas mulheres e homens elegantes?

Senhora: Sim! Vamos lá dançar uma valsa e nos misturarmos com eles?

Roqueiro: Dançar uma valsa com você?

Senhora: Importante! Não esqueça-se, você é o Capitão Rodriguez! (eles entram juntos no clube e aproximam-se de três casais vestidos com trajes antigos que estão dançando. Neste momento, a música termina e os três casais aproximam-se da velha senhora.)

Mulher 1: Aura, você está muito linda esta noite!

Mulher 2: Que inveja! (passando a mão nos trapos que ela veste) Onde você comprou suas roupas?

Senhora: Mandei minhas medidas para Paris! O vestido veio de lá!

Mulheres 1 e 2: (exclamam ao mesmo tempo) Verdade?

Mulher 3: É a única forma! Os vestidos feitos aqui no Brasil são muito pobres e mal feitos!

Homem 1: Infelizmente, não temos opção! Temos que usar roupas importadas!

Homem 2: Sim, é verdade! Vocês repararam no paletó do prefeito? Foi feito sob medida em Londres, a capital da moda para cavalheiros!

As mulheres, animadas na conversa, sorridentes, cercam a velha senhora e o roqueiro enquanto os três homens sentam-se nas cadeiras próximas.

Homem 3: Aura é realmente muito bonita!

Homem 1: Iluminada pela luz da lua, até uma velha bruxa parecerá bonita!

Homem 2: Você não pode falar uma coisa assim de Aura! Ela é bonita até ao meio-dia e quando a vemos iluminada pela luz da lua, ela parece um anjo vindo do Paraíso.

Homem 1: Ela não é do tipo de mulher que se entrega facilmente a qualquer homem. Eu suponho que é por isso que existam tantas histórias interessantes sobre ela... (e, usando palavras francesas que vai traduzindo enquanto fala continua)...ela é uma "pucelle", uma virgem, é o que vocês nunca poderiam chamar de "une histoire scandaleuse", vocês sabem, um tipo de escândalo.

Homem 3: (olhando para o roqueiro) O Capitão Rodriguez está perdidamente apaixonado, perdeu a cabeça por ela. Vejam como ele está pálido, parece que não se alimenta há vários dias.

Homem 1: Dizem que ele até esqueceu de suas obrigações militares e passa os dias escrevendo poemas para ela. Vocês repararam que até os outros militares o estão evitando?

Homem 2: (levantando-se, aproximando-se das mulheres que conversam animadas com a velha senhora e confidenciando com uma delas) Você reparou que voz doce ela tem, é clara como o som do chamariz da praça.

Mulher 1: (respondendo) Ouvir ela falar é uma lição em eloquência.

(O intervalo termina e os músicos começam a tocar Danúbio Azul. Rapidamente, casais se formam e o centro do salão é totalmente ocupado por casais dançando. A velha senhora e o roqueiro permanecem em seus lugares.)

Senhora: (olhando o povo dançando) ... eles estão dançando... as sombras dos bailarinos são projetadas nas janelas, que escurecem e se iluminam novamente de acordo com a passagem deles girando. São as sombras da dança. É algo maravilhosamente tranquilo de ver, como as sombras e danças causadas pelo fogo.

(Um casal dançando bem próximo escuta a fala da velha senhora e comenta.)

Homem: Você não acha a voz dela sensual? É uma voz que penetra direto no meu coração!

Mulher: (respondendo) Sim, eu me sinto estranha, porque mesmo sendo mulher, sinto a mesma coisa.

Senhora: Vamos para fora, buscar um lugar mais tranquilo... A esta hora da noite, em frente, na praça, o clima deve estar muito refrescante e a fragrância das flores e das árvores maravilhosa.

(enquanto os dois se afastam um casal ainda dançando comenta)

Homem: (meio hipnotizado, fala para si mesmo) Ao lado de Aura, uma mulher é simplesmente uma mulher.

Mulher: (mudando de assunto) Que horrível, ela parece que copiou a minha bolsa!

(A senhora e o roqueiro se aproximam novamente do mesmo banco onde se encontraram. O lugar está todo vazio.)

Roqueiro: (com o som da valsa diminuindo ao fundo) Que estranho...

Senhora: O que é estranho?

Roqueiro: Não sei, de alguma forma...

Senhora: Nem tente dizer! Eu sei o que você vai dizer antes mesmo de abrir a boca!

Roqueiro: (com ardor) Você é tão...

Senhora: Bonita? É isso que quer dizer, não é? Não diga! Você não pode! Se você disser, não viverá muito tempo! Considere-se avisado!

Roqueiro: Mas...

Senhora: ...se você valoriza a sua vida, fique calado!

Roqueiro: Mas, é muito estranho, parece um milagre! Veja, até o chafariz está jorrando água! Nunca...

Senhora: (interrompe, rindo) Milagres! Milagres nos dias de hoje! Você ainda acredita nessas vulgaridades!

Roqueiro: Mas as suas rugas...

Senhora: Que rugas, meu filho?

Roqueiro: É isso que quero dizer, não vejo nenhuma!

Senhora: Claro! Você acha que o Capitão Rodriguez aceitaria cortejar uma múmia por cem noites? Mas, chega de fantasias! Vamos dançar aqui mesmo, no meio das flores.

(O som da valsa parece crescer só para eles.)

Senhora: (enquanto dançam) Você está cansado?

Roqueiro: Não.

Senhora: Você parece que não está bem.

Roqueiro: É o meu jeito de ser, eu sempre pareço assim.

Senhora: Que tipo de resposta é essa?

Roqueiro: Você sabe, hoje é a centésima noite!

Senhora: E eu ainda não...

Roqueiro: Sim!

Senhora: Por que você parece tão amargo?

(O roqueiro para de dançar.)

Senhora: Qual é o problema?

Roqueiro: Não é nada! Estou me sentindo um pouco tonto.

Senhora: Quer voltar para o salão?

Roqueiro: Não, é melhor aqui, lá dentro é muito barulhento.

(Eles ficam de mãos dadas, observando as flores.)

Senhora: A música parou novamente, é outro intervalo. Como tudo ficou tão silencioso...

Roqueiro: Sim, agora é só silêncio.

Senhora: No que você está pensando agora?

Roqueiro: Nada. Quer dizer, na verdade, eu estava pensando em algo muito estranho. Eu tive este sentimento de que se nos separarmos, em cem anos, ou talvez menos, nos encontraremos novamente.

Senhora: Onde nos encontraremos? Num túmulo, quem sabe? No Paraíso ou no Inferno? Sim, talvez em um desses lugares!

Roqueiro: Ha! Um pensamento, como um flash, passou pela minha mente... Só um momento por favor? (Ele fecha os olhos, dá uma pequena pausa e os abre novamente) Agora já sei, nos encontraremos exatamente aqui novamente!

Senhora: Uma praça, um jardim, umas lâmpadas encardidas, uns amantes...

Roqueiro: Tudo será igual, mas não sei como nós mudaremos até lá.

Senhora: Não acredito que ficarei velha!

Roqueiro: Talvez seja eu que não ficarei velho!

Senhora: Daqui a uns 80 anos, o mundo terá progredido muito.

Roqueiro: Na verdade, só os seres humanos é que mudam. Uma rosa ainda será uma rosa.

Senhora: Eu me pergunto se ainda existirão jardins e praças tão tranquilas como estas.

Roqueiro: Infelizmente, acho que até os jardins serão engolidos pelo lado ruim do progresso.

Senhora: O que será dos pássaros?

Roqueiro: Bom, pelo menos, haverá todo o luar que você desejar!

Senhora: ...e se você conseguir encontrar uma árvore e subir nela, verá todas as luzes da cidade. Serão tantas que será como se tivesse visto as luzes deste planeta inteiro.

Roqueiro: Diga-me, quando nos encontrarmos daqui a cem anos, o que diremos um para o outro?

Senhora: Eu suponho que pediremos desculpas por não termos mantido contato. (os dois sentam-se no mesmo banco que sentaram quando se conheceram)

Roqueiro: Responda-me, você não falhará na sua promessa?

Senhora: Minha promessa?

Roqueiro: Sua promessa de entregar-se depois das cem noites!

Senhora: Você ainda duvida depois de tudo o que disse?

Roqueiro: Sim! Até que enfim esta noite terei meu desejo satisfeito. Na verdade, trata-se de um sentimento estranho e solitário. É como se eu tivesse, enfim, em minhas mãos algo que desejei por quase toda uma eternidade.

Senhora: Para um homem, este deve ser um dos sentimentos mais assustadores de todos.

Roqueiro: Meu sonho realizado... e quem sabe um dia eu me canse até de você. Imagine, se eu me cansar de uma pessoa como você, minha vida depois da morte seria horrível... e como será assustador os dias eternos até chegar o dia da minha morte... Nada fará sentido.

Senhora: Então você deveria parar com isso agora mesmo!

Roqueiro: Eu não consigo!

Senhora: Será uma grande tolice forçar-se a terminar algo que você não quer.

Roqueiro: Mas é justamente o oposto! Eu estou feliz! É como se eu pudesse subir aos céus, mas ao mesmo tempo, estou um pouco depressivo. Difícil de explicar...

Senhora: ...é porque você está vindo com muita sede ao pote...

Roqueiro: ...e você não ficará triste se eu a abandonar?

Senhora: Não, eu não me importarei nenhum pouco! Outro homem tomará seu lugar e começará novamente a cortejar-me por cem noites. Eu nunca ficarei só.

Roqueiro: Se isto que diz é verdadeiro, quero morrer agora. Uma ocasião como esta raramente acontece na vida de uma pessoa e hoje é a minha noite!

Senhora: Por favor, pare de me cansar com esta infantilidade!

Roqueiro: Esta noite é minha e, se é para morrer de prazer, que seja isso...

Senhora: O homem não vive simplesmente para morrer.

Roqueiro: Ninguém sabe, talvez o homem morra para poder viver.

Senhora: Que palavras pobres, terrivelmente ordinárias.

Roqueiro: Por favor, me ajude! O que tenho que fazer?

Senhora: Siga em frente! Você só pode seguir em frente!

Roqueiro: Por favor, escute! Em algumas horas, em alguns minutos, momentos que nunca poderiam existir surgirão neste mundo. O Sol começará a brilhar no meio da noite. Uma grande caravela com todas as suas velas desfraldadas, estufadas, empurradas pelo vento, navegará pelo meio das ruas. Costumava sonhar este sonho quando era garoto, por que será? Uma enorme caravela entrando pelo jardim e as árvores tremulando como ondas do mar, com suas copas cheias de pássaros mergulhando para pescar... e eu neste sonho feliz, sentindo que meu coração poderia parar de bater a qualquer momento de tanta alegria.

Senhora: Incrível! Você deve estar totalmente bêbado!

Roqueiro: Você não acredita? Hoje à noite, daqui a pouco, uma coisa impossível vai...

Senhora: ...as coisas impossíveis são... impossíveis!

Roqueiro: (ele olha atentamente para a face da velha senhora, como se esta visão lhe despertasse antigas memórias) ...e mesmo assim, é estranho, a sua face...

Senhora: (tornando o rosto para outra direção e falando para si mesma) Se ele falar estas palavras, sua vida se acabará! (e, tentando desviar a atenção do roqueiro) O que é estranho? Minha face? Veja, como ela é feia, cheia de rugas! Abra os seus olhos bem abertos!

Roqueiro: Rugas? Onde estão as rugas?

Senhora: (Levantando bem auto a sua saia e mostrando suas partes íntimas) Veja a decadência! Sinta o cheiro ruim! Está fedendo e cheio de piolhos! Veja esta mão! Veja como ela está tremendo! É uma mão feita apenas de rugas! As unhas sujas são repulsivamente longas! Veja!!!

Roqueiro: Que fragrância maravilhosa e estas unhas róseas e bem cuidadas.

Senhora: (abrindo sua blusa, na verdade, várias camadas de trapos que servem para cobrir um buraco deixado pelo outro, ela expõe os seus seios) Veja este saco caído, mole e encardido! Não existe nada do que poderíamos chamar de seios! (em desespero, ela pega a mão do rapaz e coloca-a sobre seus seios murchos) Sinta! Sinta! Não existem seios aqui!

Roqueiro: (em estase) Há! Que corpo!

Senhora: Eu tenho 99 anos! Acorde! Olhe bem!

Roqueiro: (ele olha atentamente e parece chocado) Há! Até que enfim consegui me lembrar!

Senhora: (toda feliz) Que bom! Você se lembrou!

Roqueiro: Sim! Você era uma senhora de 99 anos. Você tinha o corpo coberto de rugas horríveis, um muco cobria o canto dos seus olhos e suas roupas fediam.

Senhora: (batendo os pés) Era? Tinha? Fedia? Você não percebe que estamos falando do PRESENTE?

Roqueiro: Estranho... você tem os olhos de uma mulher de aproximadamente 20 anos e usa estas roupas finas e perfumadas. Você é muito especial. Você ficou jovem novamente!

Senhora: Não diga isso! Já não lhe disse o que acontecerá se disser que sou bonita?

Roqueiro: Se eu acho que algo é bonito, tenho que dizer que é bonito, mesmo que morra fazendo isso.

Senhora: Que loucura! Pare com isso, eu te imploro! Que momento é esse que você vem insistindo tanto?

Roqueiro: Vou te contar já!

Senhora: Não! Por favor, não!

(Os sinos da igreja começam a bater as badaladas da meia-noite)

Roqueiro: Chegou a hora! O momento que eu estive esperando por noventa e nove anos. Noventa e nove anos!

Senhora: Seus olhos estão ficando iluminados! Pare! Pare com isso! Por favor!

Roqueiro: Querida Aura, (ele pega na sua mão, ela fica toda trêmula) você é linda! Você é a mulher mais bonita deste mundo! A sua beleza nunca se apagará nem em um milhão de anos!

Senhora: Você vai se arrepender profundamente por ter dito essas palavras!

Roqueiro: Eu? Nunca!

Senhora: Você é um idiota! Já posso ver a marca da morte aparecendo entre as suas sobrancelhas!

Roqueiro: Eu não quero morrer!

Senhora: Bem que tentei te avisar! Juro que me esforcei!

Roqueiro: Minhas mãos e meus pés estão ficando frios... Vou te encontrar novamente! Tenho certeza, daqui cem anos, neste mesmo lugar.

Senhora: Mais cem anos para esperar! Que castigo!

(O roqueiro lentamente vai perdendo as forças, agarrando-se à senhora, cai de joelhos e depois cai ao chão. Logo, para de respirar. Está morto. A senhora senta-se no banco, aquele mesmo do começo desta história. Fica por um tempo com a cabeça baixa olhando para o chão, depois olha para o lado e vê o jornal aberto e cheio de bitucas. Como se não tivesse mais nenhuma opção na vida, começa a contar novamente)

Senhora: Um e um são dois, dois e dois são quatro...

(Um policial fazendo sua ronda se aproxima e vê o corpo do roqueiro caído no chão)

Policial: Morto de bêbado de novo! Você só me dá trabalho! Vamos lá, fique em pé! Aposto que sua esposa está esperando por você. Volte para casa rápido e vá direto para a cama... Caramba! Será que ele está morto? Puxa, está mesmo! Minha senhora, você o viu cair aqui? Onde você estava?

Senhora: (levantando um pouco a cabeça) Acho que já faz um tempo...

Policial: ...o corpo ainda está quente...

Senhora: Isso prova que ele acabou de parar de respirar.

Policial: Essa informação eu já sabia sem precisar perguntar!

Senhora: Acho que foi mais ou menos uma hora e meia atrás! Ele chegou bêbado e começou a me cortejar.

Policial: Cortejando-a? Não me faça rir!

Senhora: (indignada) Não vejo nada engraçado nisso! Seria a coisa mais natural do mundo!

Policial: Eu suponho que você tenha se defendido apropriadamente?

Senhora: Não, ele foi apenas chato e eu não dei atenção alguma! Ele ficou na minha frente, em pé, parado falando consigo mesmo e, de repente, parou e caiu. Eu pensei que ele estivesse dormindo.

Policial: (gritando para algumas pessoas à distância) Ei, vocês aí! Não é permitido acender fogueiras aqui perto da praça! Venham aqui! Eu tenho um serviço para vocês fazerem. (Dois mendigos se aproximam) Ajudem-me a levar este corpo até a perua. (Os três homens afastam-se levando o corpo do roqueiro)

Senhora: (cuidadosamente organizando as bitucas) Um... e... um... são... dois... dois... e... dois... são... quatro... Um e um são dois, dois e dois são quatro...

FIM

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Comentários

jayme firro posted a comment in Rock Brasileiro (1974/1976): Parte III
Oi Gil. Boa lembrança !. O Alpha Centaury era formado pelo Edu Rocha - percussão , (Ex Brasões), pelo Sergio Bandeira - Violão e voz (ex Albatroz) e mais duas vocalistas. ( Creio que atuaram no grupo a Clarita , Walkíria e Vera Lúcia mas não lembro a ordem de participação delas.) Assisti uma apresentação do grupo em 73 ou 74 levado pelo Edu Rocha. Eles tocavam música progressiva de altíssima qualidade entre elas lembro de uma chamada "Tunel dos Ventos" Na época eu frequentava um restaurante e antiquário chamado " Solar Dom João V " no Itaim Bibi, onde o Edu Rocha ir jantar com a Bibi Vogel que era sua parceira em um trabalho paralelo de música sul americana. Tinha um palco com piano e instrumentos onde os clientes podiam tocar após o jantar. Além da bateria e percussão ele tocava violão e assisti canjas dele nessa casa e apresentações em casas noturnas do Bexiga. Seu trabalho individual era também de altíssima qualidade assim como o do Sergio, enfim, vamos pedir para que a música deles não se perca na névoa do tempo e surja algum registro da época. Um abraço a você e a todos.
Joomla Article about 2 years ago
Barbieri, querido! Muito obrigado pelas palavras de incentivo. Super abraço do amigo Pevê.
Joomla Article about 3 years ago
Excelente lembrança Barbieri! Apesar de minha geração ter sido “a próxima da fila” sinto me beneficiado pelo movimento pro rock que esta discussão causou. Pra galera que curte as histórias e desdobramentos, e pq não dizer “desbravamentos” desta época vale recomendar o seu livro auto biográfico e o obviamente, o Livro Oculto do Rock.
Joomla Article about 3 years ago
Legal a matéria, mas Baribieri toquei no Kafka de 85 a 90 não eramos "pop rock" e nem tinhamos amigos influentes ...rs ! abrx
Joomla Article about 3 years ago
o pepe melhorou muito (TSC!) essa semana ele estava propagando (sim, de propaganda) que o talibá é a grande força anti-imperialista e revolucionária de toda história moderna... um verdadeiro fantoche de neo-fascistas euroasianos. Só uma pessoa desonesta intelectualmente defende talibã para contrapor imperialismo americano. e ele faz isso porque recebe muito bem de seus patrões de mídias estatais chinesas. Que não passam de um outro império, e este tem campos de concentração e vigilância digital totalitária sem precedentes
Joomla Article about 3 years ago
Jefferson Ribeiro Basilio posted a comment in Soul of Honor
Muito muito louco esse som amigos,tenho o cd que comprei numa loja de CDs usados a uns 20 anos atrás,nunca cansei de escutar essa sonzeira mano, que que isso cara !!! Sem palavras para esse cd,som pensarão guitarra arrastada,bateria empolgante , vocal show muito show mesmo....
Joomla Article about 4 years ago
O cd "As cores de Maria" veio num lote de cd´s misturados... como brinde. Escutei hoje e achei sensacional esse trabalho.
Joomla Article about 4 years ago
Gostei muito da história dela, cheguei até essa página porque achei o tarot dela na rua, e fui investigar de quem era. Parabéns
Joomla Article about 4 years ago
Dimensões parelalas podem existir, estamos mais perto de descobrir do que nunca
Joomla Article about 4 years ago
Penso muito parecido com voce. Sempre bom de ouvir e ler!
Joomla Article about 4 years ago
Muito bom esse material sobre essa grande banda brasileira!!! Goste muito,sensacional!! longa vida ao rock progressivo brasileiro!!!
Joomla Article about 4 years ago
Roberto Giovani posted a comment in Karisma
Um sonho so e bom quando se sonha junto. Ola Heli! Ola Rudi! Realmente vocês foram the best! Beijos e abraços de seu eterno amigo Roberto!! Rock & Roll jamais morrera pois o Karisma é uma das bandas que não deixam isso acontecer ! PAZ & AMOR SEMPRE!!!!
Joomla Article about 4 years ago
Gil Souto posted a comment in Rock Brasileiro (1974/1976): Parte III
Muito bom ! Quero ler e reler . Importantíssimos registros! Tava procurando algo sobre o Sérgio Bandeira ( do Bexiga e me deu o primeiro ácido! ) e de uma Banda que se chamava Alpha Centauri !!! Bons tempos de intensa e prazerosa loucura!
Joomla Article about 4 years ago
Caras.... estudei com ele no início dos anos 90 e com certeza um grande músico e mestre , tive a honra de acompanhar algumas sessões de gravação de seu primeiro CD e foram lições de profissionalismo e talento!!!!! Abraço Indio Manuel Marquez Prior
Joomla Article about 5 years ago
Rodolfo Ayres Braga posted a comment in Raimundo Vigna: Memórias de um b(r)oqueiro
Querido Irmão Vigna conterrâneo,amigo desde 1970...Superb batera!
Joomla Article about 5 years ago
Ouvi pela primeira vez aos 16 anos ( em uma fita k-7 que foi copiada pela molecada roqueira da cidade de Cataguases, no começo dos anos 90). Quatro anos depois consegui um CD também pirata... somente hoje aos 44 anos consegui o CD original ( presente atrasado do dia dos pais - meu filho tem 17 anos)... Simplesmente fantástico, talvez o mais rock and roll de tudo que já foi lançado no Brasil...
Joomla Article about 5 years ago
Nathan Bomilcar posted a comment in Scarlet Sky
Saudoso primo Guto Marialva. Deixou sua marca!
Joomla Article about 5 years ago
Eliana posted a comment in Tony Osanah: Um argentino bem brasileiro
Olha só... A Internet é uma mãe... Eu era superfã da Banda Raíces de América... Sou coetânea do Tony. Não sabia que ele tem essa história de vida tão linda. Eu gostaria de desenvolver um projeto desse tipo mas não sou boa o suficiente nisso. Fiquei emocionada com a história dele dando aula de música para os jovens presos. A música faz esse milagre. É por isso que amo uma boa música e, se eu pudesse, seria uma... Deus o abençoe!
Joomla Article about 5 years ago
Matéria bacana! Uma pena perder material das bandas e do evento...
Joomla Article about 5 years ago
Meu nome é Sérgio, eu sou o baterista da banda Vienna ( atualmente BLACK VIBE) e gravamos a música Sexo Arrogante, que foi feita 2 horas antes de entrarmos na sala de gravação.
Joomla Article about 5 years ago
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