Carlos Scaranci – Pinturas com um apelo bem foto jornalístico!
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Carlos Scaranci. Foto: Andrea Barbieri. Digital Arte: Celso Barbieri
Carlos Scaranci
Pinturas com um apelo bem foto jornalístico!
Escrito por Antonio Celso Barbieri
Sabado, 17 novembro de 2012
Foto jornalismo? Já explico: Uma das grandes qualidades da fotografia é “congelar” um momento e, em apenas um quadro, retratar e preservar instantâneamente aquela realidade observada pelo autor. Principalmente no foto jornalismo, a imagem capturada, de forma, objetiva ou subjetiva comenta ou pergunta. Fazendo-nos sentir e pensar sobre um assunto em particular. Às vezes ela complementa um texto outras vezes fala por si mesma. Como já foi dito, "uma foto pode valer por mil palavras".
Acabei de visitar a nova exposição de pinturas de Carlos Scaranci, um pintor brasileiro, com um amor muito grande pela Itália mas, sediado em Londres à muitos anos. Seus trabalhos mais recentes, pendurados pelas paredes de seu próprio estúdio mostram sua busca constante por novas técnicas, ideias e formas. Observei, na sua obra mais recente, uma constante preocupação com a divisão do espaço e portanto não pude deixar de tecer distantes comparações com o trabalho do grande mestre Mondrian, um dos meus pintores favoritos e, para mim, um dos pais do layout moderno. A temática, como em muitos dos seus trabalhos anteriores, continua sendo contemporânea onde o artista bebe de eventos acontecidos ao seu redor ou então na imprensa internacional. É por isso que referi-me à ele como sendo “pinturas com um apelo bem foto jornalístico" pois, seu trabalho, nos brinda sempre com um comentário da realidade onde suas pinturas falam por si mesmas, trazendo uma urgência contemporânea.
Eu desconhecia o trabalho de Scaranci e, visitei esta mostra seguindo a indicação de Celio Antonio Manso, um velho amigo dos tempos de faculdade.
Em um sábado frio, tipicamente londrino, desde a minha chegada no Second Floor Studios & Arts onde ficava seu atelier, localizado à uns 10 minutos de distância do famoso espaço para shows conhecido como O2 Arena até minha saída, quando, já à noite, Scaranci fechou as portas do seu atelier e, no seu carro, conduziu-me até o Metrô, sua atenção e amabilidade foi total.
Carlos Scaranci que, divide seu tempo entre pintar e ensinar arte, depois das introduções formais, colocações e observações naturais sobre o seu trabalho foi relaxando e nosso encontro virou um bate-papo informal. Lentamente ele foi se abrindo e revelando uma extensa obra artística abrangendo mais de 20 anos de pintura e ocasionais instalações.
Confesso que, este foi o melhor momento pois, Carlos Scaranci foi desarquivando seus trabalhos antigos, que iam desde pequenos quadros à enormes telas enroladas e escondidas do grande público. Fiquei chocado em ver uma produção tão extensa escondida. Para mim ficou claro que Carlos Scaranci já merece uma retrospectiva do seu trabalho à muito tempo.
Eu, particularmente, adorei suas pinturas realizadas em Londres, em 2008. Estas pinturas participaram de uma exposição feita naquele mesmo ano. Na época desta exposição, intitulada Crowd (Multidão), um livreto/programa foi distribuido e, na sua introdução, consta em inglês o seguinte e texto:
“Eu sou apenas um homem na multidão! Esta é a forma como muitos de nós responderíamos à questão: Quem somos nós?
Entretanto, um homem na multidão é uma pessoa anônima, sem uma identidade pessoal, emocional ou cultural precisa. Um homem na multidão não pode mais se levantar para a sua individualidade e subjetividade. Ele só pode dividir um destino coletivo com seus companheiros. Com este grupo de pinturas, foi minha intenção discutir assuntos ligados à globalização e à cultura de massa. As pinturas e imagens digitais aqui mostradas são parte de uma investigação em termos de forma e conteúdo, na questão da perda da identidade, do “eu”, assim como, a questão da erosão da integração das pessoas na sua comunidade. Esta é a razão porque eu não favoreço uma técnica ou um estilo específico em particular e, acabei usando uma forma mais livre na pintura e, também nas técnicas digitais.” |
Lendo sua introdução e vendo suas obras, não pude deixar de pensar no voo grupal das abelhas, andorinhas, aves de migração e também, no mar, nos cardumes de peixes. Vários estudos já foram feitos para entender como a massa funciona como um todo dentro de sua “unidade” grupal.
No grupo, quem decide para que direção seguir? Porque a maioria segue o “líder? Como controlar a massa humana num momento de crise ou apenas para atender os interesses de um pequeno grupo querendo vender um produto?
É porque vivemos numa aldeia global controlada por uma gigantesca e poderosa media ligada à interesses políticos e financeiros que, achei seu trabalho de 2008 muito importante, relevante e atual. E, é justamente por isso que, reproduzo abaixo vários trabalhos deste período! Espero que apreciem estas pinturas tanto quanto eu!
Antonio Celso Barbieri
Carlos Scaranci e Barbieri
atrás de uma de suas instalações