Festival Maré Brava: Ubatuba faz história!
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Festival Maré Brava
Escrito por Antonio Celso Barbieri
Ubatuba, Clube Tangará, Sábado, 13 de abril de 2013.
Este festival foi organizado por Lidi Keche. Lidi é a companheira de Sandro Neres o guitarrista e vocalista da banda Alanis na Cadeia. Acho importante salientar que Lidi é mãe de duas crianças lindas, uma menina de uns 7 anos e um menino de 8. Lidi e Sandro trabalham fora de casa e ainda acham tempo para administrar a casa, os filhos e a banda. Tudo com muito carinho, amor e devoção. Aliás, a devoção do casal ao rock nacional é inquestionável. Portanto, produzir um show de rock extremo em uma cidade que praticamente só vive de turismo e não tem uma história roqueira, não foi uma tarefa fácil. Primeiro, a prefeitura local enrolou a coisa por meses e na hora “H” caiu fora. Lidi teve que sair correndo pela cidade, na busca de um lugar apropriado para o show e patrocinadores. Foi quando, o Clube Tangará foi contatado, aceitou a proposta e deu o suporte necessário para a realização do festival.
Lidi Keche e Barbieri. Foto: Andrea Barbieri
Barbieri e Alanis na Cadeia
Tempos atrás, ainda em Londres fui contatado via Face Book pela Lidi Keche que humildemente pediu que escutasse um demo caseiro da banda Alanis na Cadeia e emitisse meu julgamento. Ouvi o material, gostei do que ouvi mas, sugeri que a banda fosse para um estúdio e gravasse seu trabalho de forma adequada. Então, indiquei o estúdio Mr. Som, do Pompeu e Heros Trench, ambos músicos das lendária banda Korzus que, possuem juntos, muitos anos de experiência gravando metal e outros estilos de rock extremo. A verdade é que, realmente fiquei impressionado com a qualidade do som dos álbuns da banda Baranga produzidos pelo Heros e, portanto Mr. Som foi uma escolha óbvia.
A banda entrou no Mr. Som e gravou 3 faixas poderosas. Então, escolhi a faixa chamada “Sangue em Minhas Mãos” para a edição e produção de um vídeo que ficou muito bom e recebeu muitos elogios. O vídeo é baseado em imagens do filme Blueberry produzido por Jan Kounen e baseado em uma história criada por Moebius, o grande cartunista e desenhista francês. O vídeo é uma “viagem lisérgica” e, visão obrigatória para todos os fãs do Rock Brasileiro. Vamos lá pessoal! Prestigiem! Percam 5 minutos e vejam abaixo este vídeo feito aqui pelo Barbieri com muito amor e idealismo!
Tempos atrás, ainda em Londres fui contatado via Face Book pela Lidi Keche que humildemente pediu que escutasse um demo caseiro da banda Alanis na Cadeia e emitisse meu julgamento. Ouvi o material, gostei do que ouvi mas, sugeri que a banda fosse para um estúdio e gravasse seu trabalho de forma adequada. Então, indiquei o estúdio Mr. Som, do Pompeu e Heros Trench, ambos músicos das lendária banda Korzus que, possuem juntos, muitos anos de experiência gravando metal e outros estilos de rock extremo. A verdade é que, realmente fiquei impressionado com a qualidade do som dos álbuns da banda Baranga produzidos pelo Heros e, portanto Mr. Som foi uma escolha óbvia.
A banda entrou no Mr. Som e gravou 3 faixas poderosas. Então, escolhi a faixa chamada “Sangue em Minhas Mãos” para a edição e produção de um vídeo que ficou muito bom e recebeu muitos elogios. O vídeo é baseado em imagens do filme Blueberry produzido por Jan Kounen e baseado em uma história criada por Moebius, o grande cartunista e desenhista francês. O vídeo é uma “viagem lisérgica” e, visão obrigatória para todos os fãs do Rock Brasileiro. Vamos lá pessoal! Prestigiem! Percam 5 minutos e vejam abaixo este vídeo feito aqui pelo Barbieri com muito amor e idealismo!
Bom, minha vinda em férias ao Brasil e o desejo de ver esta banda ao vivo foi a desculpa que Lidi precisava para dar início à organização do Festival Maré Brava. O que eu não imaginava é que o meu interesse pela excelente banda Baranga cujo baterista é nada mais nada menos que o grande Paulão, outra figura lendária do Rock Paulista, acabaria também por trazê-los para Ubatuba para encabeçar o festival. No final, 5 bandas tocaram: Overdose Nuclear, Psycos Jam, Alanis na Cadeia, Coração de Herói e fechando o show com a banda Baranga.
Barbieri nos controles da mesa de som. Foto: Andrea Barbieri
Inicialmente ficou decidido que eu seria o técnico de som. Como o clube já tinha seus técnicos, deixei claro que só ajudaria se não houvesse nenhum conflito de personalidades porque, é natural o pessoal da casa seja um pouco “precioso” com seu equipamento. Na verdade, os dois técnicos da casa eram bem jovens, com sede de saber e até me trataram com uma certa reverência. Trabalhamos juntos de forma muito amistosa.
Barbieri entre os dois técnicos de som do Clube Tangará. Foto: Andrea Barbieri
Lá no Clube Tangará, logo no começo dos trabalhos de preparação do palco chegou Alemão, pessoa que desconhecia e que veio para fazer o som da banda Coração de Herói e Baranga. Alemão, com nossa ajuda, acabou fazendo a afinação inicial do som e, passou o som da banda Coração de Herói. Ele apenas não passou o som da banda Baranga porque a banda ainda estava em trânsito provavelmente atrasada pela chuva que não deu descanso. Esta chuva chata foi parte responsável pela baixa presença de público. Não é atoa que várias pessoas referiam-se à Ubatuba com “Ubachuva”! Depois da afinação do som do Coração de Herói, Alemão deixou o palco em minhas mãos. Já estávamos atrasados e, infelizmente, as 3 primeiras bandas tiveram que passar o som de forma rápida e improvisada.
A presença da banda Corações de Herói no evento foi ótima pois tive a oportunidade de conhecer pessoalmente o líder da banda, outro músico histórico do cenário brasileiro chamado Marcelo Soldado Nejem. “Soldado” foi um dos guitarristas do excelente álbum KZS lançado pela banda Korzus anos atrás. Nosso encontro foi muito amigo, como dois “velhos” roqueiros confraternizando-se respeitosamente, com direito até a uma foto para registrar o encontro.
A presença da banda Corações de Herói no evento foi ótima pois tive a oportunidade de conhecer pessoalmente o líder da banda, outro músico histórico do cenário brasileiro chamado Marcelo Soldado Nejem. “Soldado” foi um dos guitarristas do excelente álbum KZS lançado pela banda Korzus anos atrás. Nosso encontro foi muito amigo, como dois “velhos” roqueiros confraternizando-se respeitosamente, com direito até a uma foto para registrar o encontro.
Soldado e Barbieri. Foto: Andrea Barbieri.
Soldado trabalha no estúdio Mr. Som onde entre várias atividades ensina guitarra e, como ele mesmo disse “ensina bandas ruins à aprenderem como ensaiar de forma produtiva”.
O Show
O Show
Overdose Nuclear. Foto: Andrea Barbieri
Tratou-se de uma banda bem jovem, com pouca experiência de palco mas que promete muito mostrando um som pesado, lento e trabalhado em algumas partes e mostrando, às vezes, uma sonoridade meia obscura. O vocalista, um pouco inseguro no começo, mandou bem o seu recado e no palco a banda segurou bem o som.
Psycos Jam. Foto: Andrea Barbieri
Psycos Jam
Esta banda contrastou muito coma banda anterior mostrando muita competência no palco e um som muito swingado e funk onde parecia misturar elementos da banda Rage Against the Machine com Red Hot Chili Peppers. O grande momento deste show foi quando eles executaram um cover surpreendente da banda Black Sabbath.
Esta banda contrastou muito coma banda anterior mostrando muita competência no palco e um som muito swingado e funk onde parecia misturar elementos da banda Rage Against the Machine com Red Hot Chili Peppers. O grande momento deste show foi quando eles executaram um cover surpreendente da banda Black Sabbath.
Alanis na Cadeia. Foto: Andrea Barbieri
Alanis na Cadeia
Era inegável o sentimento de frustração estampado no rosto da Lidi pois, ela tinha trabalhado duro, tendo assumido compromissos financeiros para a realização deste evento e, era óbvio que o reduzido número de público inevitavelmente apontava para um prejuízo financeiro. Vi mais de uma vez Sandro Neres tentando confortá-la. Eu mesmo procurei animá-la. Este festival estava abrindo novos caminhos para o rock brasileiro em Ubatuba e, claramente, mesmo que fosse um fracasso de público, não era em termos de produção porque apesar da limitação do equipamento, o P.A. estava segurando muito bem o som. Tanto que, depois do show, meu ouvido ainda ficou apitando por um tempão.
Então, não foi surpresa perceber que quando Alanis na Cadeia entrou no palco, Sandro parecia preocupado e, naturalmente o som da banda refletiu isto, mostrando um pouco de insegurança no princípio. Entretanto o calor do público que, imediatamente tomou a frente do palco, cantando junto, dançando e balançando a cabeça levantou a banda que acabou fazendo um show contagiante.
Quase no final do Show, para minha surpresa a banda fez uma homenagem à minha pessoa executando uma musica especialmente composta para mim:
Era inegável o sentimento de frustração estampado no rosto da Lidi pois, ela tinha trabalhado duro, tendo assumido compromissos financeiros para a realização deste evento e, era óbvio que o reduzido número de público inevitavelmente apontava para um prejuízo financeiro. Vi mais de uma vez Sandro Neres tentando confortá-la. Eu mesmo procurei animá-la. Este festival estava abrindo novos caminhos para o rock brasileiro em Ubatuba e, claramente, mesmo que fosse um fracasso de público, não era em termos de produção porque apesar da limitação do equipamento, o P.A. estava segurando muito bem o som. Tanto que, depois do show, meu ouvido ainda ficou apitando por um tempão.
Então, não foi surpresa perceber que quando Alanis na Cadeia entrou no palco, Sandro parecia preocupado e, naturalmente o som da banda refletiu isto, mostrando um pouco de insegurança no princípio. Entretanto o calor do público que, imediatamente tomou a frente do palco, cantando junto, dançando e balançando a cabeça levantou a banda que acabou fazendo um show contagiante.
Quase no final do Show, para minha surpresa a banda fez uma homenagem à minha pessoa executando uma musica especialmente composta para mim:
"Aos meus amigos do metal eu quero me reportar
Esse cara fenomenal que agora vou lhe apresentar
Antonio Celso Barbieri é o nome que lhe confere
à trajetoria do artista respeito é o que você deve
Repercurssor do movimento heavy metal no Brasil
Quem produziu e até lançou muitas bandas que você ja viu
Lembrando nomes como Korzus e Patrulha do Espaço
até pro Alanis na Cadeia um video causou estardalhaço
Com a força de um guerreiro
Mostrou o metal para o mundo inteiro
Com a força de um guerreiro
Mostrou o metal nacional para o mundo inteiro"
Aproveito aqui para agradecer de coração este grande gesto de amizade.
Coração de Herói. O primeiro músico à direita é o Soldado! Foto: Celso Barbieri
Coração de Herói
O show desta banda que claramente mostrava um rock extremo com uma pitada de um som que eu definiria como sendo um punk pesado misturado com hardcore, contagiou a platéia que não parou de dançar o show inteiro criando uma enorme roda punk onde até que não queria acabou sendo empurrado. Ficou claro que o forte desta banda está nas suas letras que, bem ao estilo punk, tem um lado político mais forte.
O show desta banda que claramente mostrava um rock extremo com uma pitada de um som que eu definiria como sendo um punk pesado misturado com hardcore, contagiou a platéia que não parou de dançar o show inteiro criando uma enorme roda punk onde até que não queria acabou sendo empurrado. Ficou claro que o forte desta banda está nas suas letras que, bem ao estilo punk, tem um lado político mais forte.
Baranga: Fotos: Celso Barbieri
Já eram quase duas da manhã quando o Baranga entrou. Muita gente já tinha ido embora mas, o profissionalismo da banda mostrou-se acima de qualquer suspeita com a banda detonando uma barragem de som impecável e contagiante onde fomos brindados até com alguns petardos novos, que serão incluídos no seu novo álbum, o quinto, que está para ser lançado. Aliás, o próximo álbum receberá o nome sugestivo de “O Quinto dos Infernos”.
Convém lembrar que, gravei um vídeo com algumas faixas do Baranga e também algumas do Alanis na Cadeia que serão levadas para Londres no dia primeiro de maio onde serão editadas. Fiquem de olho na minha conta do Youtube.
Barbieri chuta o balde!
Já em casa, vendo o vídeo, fiquei muito triste em perceber que, agora dia 19 de abril completo 61 anos, dos quais, 41 anos foram dedicados ao Rock Brasileiro, e que neste período todo, no Brasil, nada na sua essência mudou. Desculpem-me a franqueza, mas o Brasil, no que toca ao Rock Brasileiro, é um pais de merda. Eu me pergunto, quantos de vocês que estão lendo esta matéria viram a banda Baranga apresentando-se ao vivo? Eu em toda a minha vida de rock, nunca vi uma banda tão boa ao vivo. Eles são capazes de capturar o que é mais vital no rock, a inocência e a rebeldia adolescente. É MC5, Stooges e New York Dools somados com o que a de melhor nas grandes bandas inglesas do passado como por exemplo a banda The Who. Ali na minha frente, quebrando tudo vi uma banda que merecia estar lotando estádios!.
A banda Baranga, para mim, está entre as 10 melhores bandas brasileiras e, é tão boa ao vivo que sinto vontade de colocá-la em primeiro lugar. E, lá estava ela tocando para “uns gatos pingados”!
Não fiquei surpreso quando Paulão me chamou de lado e mostrando nos seus olhos uma tristeza infinita disse que estava muito para baixo. Eu naturalmente tentando fazê-lo desabafar, perguntei:
“Problemas com a mulher?”
“Não!” Respondeu quase como um lamento e, abrindo os braços continuou:
“É isto, é a minha vida!
Barbieri e Paulão. Foto: Paulão
Já de volta à São Paulo, no outro dia acordei “torto”, puto, com vontade de virar a mesa e quebrar tudo! Alguém de vocês tem idéia de quantos anos Paulão toca bateria? Mais de 30! O cara toca muito e é gente muito boa. Quem é culpado por tudo isto! Desculpem-me mas é a maioria de vocês que estão lendo esta matéria!
Nota final: Todas as bandas reconheceram a situação, aceitaram a redução dos seus cachês e, ainda agradeceram pela oportunidade de tocar. Eu congratulo a Lidi Keche pela coragem, esforço e sacrifício financeiro gasto na realização deste evento que, se não foi sucesso de bilheteria, foi de organização por ter sido o primeiro deste tipo já feito na cidade de Ubatuba. Agradeço em meu nome e de minha esposa Andrea a acolhida carinhosa e amiga que nos fez literalmente sentirmos como parte da sua própria família. Obrigado mesmo! Vocês nunca serão esquecidos!
Nota final: Todas as bandas reconheceram a situação, aceitaram a redução dos seus cachês e, ainda agradeceram pela oportunidade de tocar. Eu congratulo a Lidi Keche pela coragem, esforço e sacrifício financeiro gasto na realização deste evento que, se não foi sucesso de bilheteria, foi de organização por ter sido o primeiro deste tipo já feito na cidade de Ubatuba. Agradeço em meu nome e de minha esposa Andrea a acolhida carinhosa e amiga que nos fez literalmente sentirmos como parte da sua própria família. Obrigado mesmo! Vocês nunca serão esquecidos!
Antonio Celso Barbieri
Alguns comentários emocionates colhidos na Internet.
Patrulha do Espaço: É isso aí Celso, bem vindo ao mundo real do rock nacional, faço minhas as palavras de Vincent Furnier, "welcome to my nightmare", fazer rock, não pop, no Brasil é somente para os fortes. Realmente a galera não dá a devida força as bandas nacionais boas, como o Baranga por exemplo, mas é só vir neguinho de fora, não importa se lá fora os neguinhos também tocam nuns bar de merda, por aqui vão encher lugar grande, ganhar uma boa grana, comer nossas minas, algo assim como os conquistadores espanhois fizeram no passado, entretanto bandas como Baranga, Patrulha, Golpe e mais uma porrada de banda e musicos bons, que somos nós que seguramos a peteca há décadas, amargamos essa situação ridícula e ignorante em relação ao VERDADEIRO ROCK NACIONAL, portanto como venho alertando aos amigos e amigas da Patrulha, aproveitem nossa "bandinha" enquanto vcs podem porque saco não é feito de elástico, ademais ninguém aguenta uma situação escrota como essa forever, como vc bem colocou em 41 anos pouco mudou, pra nós é claro. Saudações e respeitos aos organizadores e bandas do Maré Brava, e em especial ao meu irmão Paulão, abs e rock para todos.
Paulo Thomas: Parabéns! Desejo à você muita saúde e mantenha-se sempre jovem... Long live rock'n'roll! Obrigado pelas palavras no seu site... realmente não esta fácil... a mediocridade impera... mas, nós vamos em frente porque é tarde demais para recuar.... abraços! Paulão.
Lidi Keche: Chorando aqui!!! Obrigada pelo carinho Celso e Andrea, como diz a musica do Alanis ...seguimos sangrando... obrigada a todos que mesmo sem o devido reconhecimento fazem da sua vida do rock e do rock sua vida, Baranga, Soneca, Cesar Psycos Jam, Julio Candinho, Marcelo Soldado Nejem obrigado por terem trazido suas bandas e confiado em mim! Eternamente grata... "SIGO ..."