Delpht - Far Beyond (CDR Demo - 1997)
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Ronaldo Simolla (Vocals), Luiz Casadio (Guitarra), Rodrigo Cruz (Guitarra),
Alexandre Callari (Bateria), Douglas Baldan (Teclados) e Felipe Carvalho (Baixo).
DELPHY
Por alguns anos, em Londres, desempenhei a função de Correspondente Internacional para a revista Dynamite. Não digo que trabalhei para a Dynamite, porque trabalhar implicaria receber um salário, entretanto, apesar da falta de pagamento, houve certos benefícios de dar inveja. Recebi das gravadoras centenas e centenas de CDs e assisti muitos shows gratuitamente, entrevistei muitos músicos famosos e também fiz umas viagens interessantes.
Além disso, mantive na revista a minha coluna mensal chamada “London Calling” onde eu pude meter o pau nas produções internacionais ruins e valorizar o produto nacional. Aliás, os ingleses são muito bons nisto, valorizar o deles e ignorar o resto do mundo é o que eles sabem fazer bem. Para mim, o nome disso é hipocrisia. Eles costumam insinuar que o Terceiro Mundo é macaco mas, na verdade, se olharmos com mais atenção descobriremos que eles é que são micos. A grande diferença é que eles são macacos ricos e com uma maquina publicitária fantástica. Nós no final, até acreditamos que foram os Sex Pistols os pais do movimento punk e, até acreditamos que Saddam Hussein tinha armas de destruição em massa.
Mas, voltando ao assunto principal, muitas bandas brasileiras ficaram sabendo pela revista Dynamite da minha existência e, acabaram batendo aqui na minha porta. É lógico que, na medida do possível, ajudei à todo mundo.Então, em 1998, seguindo o caminho feito por muitos outros, Ronaldo Simolla (Vocal) e Alexandre Callari (Bateria) da banda Delpht estiveram em Londres. Neste período eles ficaram hospedados aqui em casa. Quando se foram deixaram comigo várias cópias do seu CDR Demo chamado “Far Beyond”.
Como eu estava de passagem marcada para Canes na França, onde iria cobrir o MIDEM que é um encontro anual da indústria fonográfica, onde acontece um tipo de feira para “troca de figurinhas” entre as gravadoras, obviamente levei o CDR do Delpht para ver se conseguia alguma coisa para a banda.Infelizmente, o MIDEM daquele ano estava, para o rock pesado, muito fraco. O povo só queria saber do “Dance”.
No último dia da feira, cansado de andar carregando uma mochila cheia de CDs nas costas, procurei um lugar para sentar-me. Acabei sentando-me ao lado deste homem já de certa idade, cabeludo e usando uma camiseta preta.
Ele parecia, como eu, meio deslocado e não demorou muito para iniciarmos uma conversa. O nome dele era Michael Brakle. Segundo ele, ele era o produtor de dois programas de rock para rádios na área de Ruhr na Alemanha. Ainda segundo ele seus programas de rádio tinham uma audiência potencial de 1.5 milhões de pessoas. Além disso ele também trabalhava com outras duas rádios, Rádio Bielefeld e Rádio Soest. Além de tocar rock, os programas também incluíam entrevistas e shows tipo “unpluged” gravados ao vivo no próprio estúdio. Se não bastasse tudo isto, Michael ainda era o editor da revista Oblivion que era lançada à cada dois meses e, para terminar, ainda tinha o serviço de distribuição de discos pela Alemanha pelo selo chamado Ruhr-Rock-Records.
Com um currículo destes, imediatamente dei uma cópia do CD do Delpht para Michael pedindo para ele dar uma força para banda.
Depois de muitos anos na estrada, aprendemos à não nos envolver emocionalmente com o trabalho musical. No fundo por melhor que fosse, o que levava nas mãos era apenas mais um produto, mais uma gota d’água no oceano do rock mundial. Eu mesmo, recebi muito material de bandas internacionais as quais não ouvi mais que 30 segundos de cada faixa.
Portanto, a chance de mais uma banda brasileira ir direto para o “Buraco Negro" do esquecimento era quase certa. Eu sei que a feira acabou, voltei para Londres e já tinha passado mais de um mês quando recebi uma ligação da Alemanha. Era Michael. Ele tinha tocado o CD Demo do Delpht na rádio e muita gente tinha ligado para a estação querendo saber mais sobre a banda. Michael desejava entrevistar o pessoal do Delpht e, para isto, queria confirmar meu número de fax para mandar uma carta oficializando a coisa
Fax enviada por Michael Brakle
Então, entrei em contato com o Delpht no Brasil e acertei horários para que a entrevista acontecesse.
Estou contado esta história porque considerando-se que Delpht era uma banda relativamente desconhecida, conseguir este nível de divulgação e reconhecimento é quase inacreditável.
Eu já tinha gostado do som da banda mas, com todo este interesse alemão, eu fui ouvir de novo...
Pensando bem, desde o nome "Delpht" até o tipo de som corajoso e pretensiosamente meio operístico deixava claro que esta banda com a devida produção poderia vender na Alemanha mais que cerveja na esquina. OK, pode até ser que eu esteja exagerando um pouco, mas, que o potencial desta banda era muito bom, isto não tenham dúvidas.
Bom, só para terminar, gostaria de dizer que o grande filósofo Celso Barbieri sempre disse: "Só chegam lá, aqueles músicos com coragem para tomar todos os riscos!" :-)
Antonio Celso Barbieri
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Nota de agredimento deixado por Ronaldo e Alexandre.