Cérbero - Uma banda poderosa que só não aconteceu por culpa do destino!
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Cérbero - Computer arte: Antonio Celos Barbieri.
Cérbero, uma banda poderosa que só não aconteceu por culpa do destino!
O Cérbero foi formado em 1980, em São Paulo pelos irmãos Marco e Carlo Tonalezzi nas guitarras e Sergio Gonçalves nos vocais e baixo. Com a adição de Tony Fontão na bateria em 1981, a formação "Classica" do Cérbero se completou. A banda tinha como objetivo tocar o metal mais rápido e pesado possivel mantendo a musicalidade e diversidade nos arranjos.
O banda Cérbero foi muito ativa no periodo de 1980 até o final de 1984 tocando em SP nos mais importantes espaços da época (Rainbow Bar, Lira Paulistana, Carbono 14, Vila Mariana, Fofinho, etc...), conseguindo em pouco tempo um grande grupo de amigos e fãs que lotavam todos os shows. Existia na época o começo de um movimento que se tornaria muito grande e apontava para uma forma de Metal muito mais rápido e agressivo. Os termos Thrash, Power e Speed Metal estavam começando a aparecer. Metallica, Motörhead, Iron Maiden e Anthrax estavam muito bem e o Cérbero estava ganhando a reputação de ser uma das bandas com maiores chances de representar o Brasil neste estilo musical no exterior. Mesmo com a presença de um movimento "underground" na direção do tipo de música que Cérbero estava tocando, e com os shows lotados, a banda achava, na época, que não parecia haver nenhuma possibilidade de conseguir-se um contrato que a posicionasse no mercado internacional. Foi em Março de 1985 que os membros da banda decidiram tentar a sorte em New York. A mudança aconteceu "quase" sem problemas. Eles venderam todo o seu equipamento e mudaram-se para Nova York. Por volta de Setembro do mesmo ano já estavam instalados no seu próprio apartamento e com a aparelhagem dos seus sonhos! |
Capa do CD do Official Bootleg Live. |
O único problema foi que Sergio, baixista, vocalista e "irmão de sangue" dos outros músicos, não conseguiu a autorização do Consulado Americano no Brasil para entrar nos Estados Unidos. Eles o acharam "jovem demais e sem muitos vínculos importantes no Brasil que o motivariam a retornar ao seu país", em outras palavras... eles pensaram que o Sergio iria ficar em Nova York mais do que os seis meses que eles poderiam ter autorizado. A verdade é que este era realmente o plano! Eles tambem disseram que como a autorização havia sido negada, que ele deveria esperar 12 meses para tentar novamente! Claro que isso foi um obstáculo enorme. A banda então decidiu começar a compor e ensaiar enquanto esperavam. O ano passou e Sergio foi finalmente capaz de tentar de novo, mas lamentavelmente eles negaram novamente. Desta vez a embaixada americana informou que ele deveria esperar 3 anos (!!!) para poder tentar novamente. Infelizmente a banda teve que encarar o fato que a banda Cérbero não iria ter nem a chance de tentar nos Estados Unidos! |
Em NY os outros membros da banda até tentaram encontrar alguém para preencher a vaga pelos próximos 3 anos mas isso mostrou-se uma missão impossível. A mágica que acontecia quando tocavam juntos revelou-se muito difícil de reproduzir-se quando um dos músicos originais estivesse faltando.
Em 2005 a banda lançou o album Cerbero - Official Bootleg Live At The Rainbow SP. Este CD, como o próprio nome sugere é um pirata oficial que, apesar da qualidade de gravação ser pobre, não desmerece de forma nenhuma o produto final. Trata-se de mais um documento importante para a História do Rock Brasileiro.
Abaixo traduzo livremente o texto escrito em inglês na contra-capa do CD:
"A gravação deste CD foi feita com um mínimo de equipamento. Pensando nisso, é incrível que estas gravações até existam! Nós esperamos que vocês gostem delas pelo que elas representam: Um grupo de jovens dando tudo, com a banda passando uma quantidade fantástica de energia para sua audiência. Nós, de verdade, nos divertimos muito e somos agredecidos à todos." - Cérbero.
Infelizmente só assisti um concerto do Cérbero. Foi no Teatro Lira Paulistana pouco antes de eu começar produzir o Projeto SP Metal. Lembro-me que foi um show eletrizante, daqueles que ficamos triste quando acaba. Aliás show bom, paresse que acaba rápido. Não vemos nem o tempo passar. Fiquei com a imagem gravada na minha mente do baterista Tony Fontão sentado no banquinho da bateria, sem camisa, todo suado e com uma toalha branca no pescoço. Ainda recordo-me que ele parecia um lutador de box no corner do ringue, no intervalo entre um assalto e outro preparando-se para o próximo round.
Antonio Celso Barbieri
(Rainbow Bar, 1984 SP)
Solis Rex
Solis Rex foi formado na cidade de Nova York pelo brasileiro Carlo Tomalezzi (Guitarras) e Aerik Von (vocais). Apocalyptica foi o nome escolhido para o primeiro petardo explosivo desta banda poderosa.
Veronica Belino
O poder de fogo na bateria ficou por conta da Veronica Belino. Veronica é muito criativa, segura o tempo como se fosse um metrônomo e bate pesado. Seu talento pode também ser escutado no show SLAMM (clique aqui) criado pelo legendário baterista Carmine Appice (Ozzy Osbourne, Rod Stewart, Vanilla Fudge, Jeff Beck para citar apenas alguns nomes). Carmine Appice juntou-se com mais 4 bateristas jovens e criou este show de bateria altamente físico e dinâmico chamado SLAMM, um tipo de Stomp com esteróides. Para quem ainda não sabe, Stomp é um show onde vários artistas jovens exploram a arte da percussão de várias formas, com sapateado, fazendo batucada em tampas de lata de lixo, etc.
Aerik Von
Mas, voltando ao Solis Rex, a energia eletrizante criada no estúdio entres estes 4 músicos altamente competentes foi contagiante e foi capturada no álbum que saiu absolutamente perfeito. A primeira faixa Messiah já nos brinda com um som na cara, poderoso e sem frescuras. O som traz aquela qualidade de gravação crua e direta que remeteu-me imediatamente ao primeiro álbum da excelente banda Them Crooked Vultures. No entanto, quando o vocalista Aerik Von mostra seu recado fica claro que tecnicamente ele é muito superior e é claramente influenciado pelas bandas de Seattle especialmente Alice in Chains. Estas influências vocais ficam claras à medida que escutamos o álbum todo.
Carlo Tonalezzi
O trabalho da guitarra está muito bom, esbanjando competência e profissionalismo. É muito gratificante vermos um brasileiro chegando ao topo de sua arte, especialmente depois de mais de 20 anos de luta. Carlo Tonalezzi já fazia parte da história do rock pesado brasileiro pois, ele foi um dos fundadores da legendária banda Cérbero que na sua curta duração deixou muita saudade e um grande número de fans. Cérbero foi uma banda Paulista, a primeira banda de Speed Metal do Brasil e surgiu muito antes de bandas como Sepultura.
"Eu toquei no Cérbero fazendo um metal bem rápido. Aerik é influenciado por Black Sabath e Alice in Chains e suas letras são bem agressivas! Ron “Bumblefoot” Thal por sua vez é um gênio! Um incrível músico. Ele foi fantástico no estúdio! Bumblefoot ligou uns dias antes de começarmos as gravações, perguntando que tipo de som nós queríamos para o baixo. Eu disse que sabendo das suas habilidades, eu tinha certeza de que qualquer coisa que ele tocasse seria de qualidade. No entanto, só para brincar com ele eu disse que nós queríamos alguém com a sofisticação do John Paul Jones a criatividade do Jaco Pastorius e a agressividade do Steve Harris baixista do Iron Maiden! Bom, você tem que ouvir as músicas do nosso álbum para entender o que eu estou dizendo… Bumblefoot veio para o estúdio com um astral muito bom, um senso de humor muito inteligente e executou fantásticas linhas de baixo e tudo na primeira gravação!"
Vídeo editado por Antonio Celso Barbieri baseado no filme Taxi Driver dirigido por Martin Scorsese e uma atuação memorável de Robert De Niro
O CD foi gravado e mixado por Jason Corsaro (Robert Palmer, Madonna, Leslie West, Fleetwood Mac) no Barber Shop Studios e também por Brian Thorn (Cold Play) no One East Recording Studios. A Masterização ficou à cargo de Fred Kevorkian (White Stripes, Iggy Pop, Dave Matthews Band) e foi feita no Kevorkian Mastering Studio em Nova York.