- Details
- Parent Category: ROOT
- Hits: 7619
Barbieri entrevista em 1997 o primeiro vocalista do Iron Maden
Barbieri: Quer dizer que finalmente você está embarcando para o Brasil?
Paul Di"Anno: É verdade! Será nosso primeiro show no Brasil. A única vez que estive lá foi em 1987 quando fui passear no Rio por algumas semanas em férias...
Paul Di"Anno e Killers no The Marquee Club à muitos anos atrás. Foto : A. C Barbieri
Barbieri: A última vez que eu o vi foi no Marquee aqui em Londres, a alguns anos atrás com o killers. Infelizmente havia pouco público, mas o show foi muito bom, o que prova que o problema não era a banda, e sim o lugar, que estava caído e no final acabou até falindo..
Paul: Bom, antes do Killers, nós lançamos dois álbuns com a banda Battlezone, que foram muito bem recebidos nos States e Europa. Mas a banda acabou, e para falar a verdade, nem sei porquê. Daí então, veio o Killers mas, recentemente, juntei-me com o John (guitarra) que foi um dos fundadores do Battlezone comigo e reformamos a banda. Quanto aos músicos do Killers, nós não andamos muito amigos. Estou movendo um processo contra eles pois descobri que os filhos da puta me roubaram grana.
Barbieri: Quer dizer que você não está mais com seu projeto solo?
Paul: Não! No Brasil, por questões de divulgação, o show está sendo anunciado como Paul Di’anno and the Battlezone, mas a verdade é que deveria ser apenas Battlezone. Vamos tocar músicas do meu trabalho solo, porém bem mais pesadas, e também coisas do antigo Battlezone, algumas do Killers e obviamente do Maiden, além de 3 músicas novas que farão parte do novo álbum do Battlezone.
Barbieri: Falando em Iron Maiden, é impossível não citá-los. O nome desta banda sempre vem à tona. Para você isto é bom ou lhe traz mas recordações?
Paul: Más recordações não, porque eu fiz muita grana nesta época e vendemos uns bons milhões de álbuns (ele sorri mas a voz muda, fica mais pausada, melancólica e pensativa). Ao vivo eu sempre toco algumas músicas do Iron porque eu sei que o povo que vai aos shows quer ouvir, e eu respeito isto e tenho muito orgulho de ter feito parte da banda. Eu devo, entretanto, admitir que às vezes enche o saco ficar falando disso porque foi há tanto tempo e eu não tenho mais nada a ver com esta banda.
Barbieri: Quando o Iron Maiden escolheu seu novo vocalista, acho que eles não fizeram uma boa escolha. Você na minha opinião canta mais...
Paul: O Blaze não chega nem aos pés do Bruce, que é um excelente vocalista. O Bruce deve ter ficado louco para ter saído do Iron!
Barbieri: É uma pena! Aconteceu a mesma coisa com o Rob Halford do Judas Priest. O único vocalista que fez direito e deu certo foi o Ozzy. No final das contas, tudo parece um problema de ego.
Paul: É verdade! No caso do Rob Halford tudo acabou, nem sei o que ele está fazendo agora. É uma pena, pois achei os álbuns do Fight muito bons. Por falar em Judas, a minha gravadora mantém muito boas relações com a deles e tudo indica que nós vamos abrir para eles na Europa em 98. Algum tempo atrás quando vim de Los Angeles passar umas semanas em Londres, a Revista Kerrang andou dizendo que eu estaria voltando para o Iron Maiden. “Fuck that! Sem chance!”. (Di’Anno desabafa entre dentes). Falando em substituir, veja só a má sorte: Apareceu o pessoal que empresaria o Judas perguntando por onde eu andava. Eles disseram que tinham colocado meu nome na lista de possíveis substitutos para o Rob . Porra, eu tinha desaparecido com uns amigos por duas semanas para andar de bicicleta pelas montanhas perto da Califórnia e neste período a minha mulher apagou todas as mensagens da minha secretaria eletrônica. Foi uma pena, aí estava uma banda que eu adoraria participar.
Barbieri: O Marquee fechou, a Revista Kerrang melou, o programa Headbanger Ball da MTV inglesa acabou e puseram no lugar um programa mais leve. Eu pensei que o metal estava morrendo. Daí, este ano (1997), eu fui no Dynamo Festival na Holanda e descobri que o problema acontece só na Inglaterra e que na Europa o rock continua forte, onde bandas antigas como Exodus e Testament ainda quebram tudo.
Paul: Interessante você falar isto, porque é justamente por isso que eu vivo na Áustria. Em Londres não acontece nada e quando acontece só rola estas bandinhas norte americanas tipo grunge. Eu também não agüento mais Los Angeles. Faz 13 anos que eu tenho casa lá. Quando eu estou na Europa eu me sinto tão bem e é fácil saber porquê. A Europa tem uma coisa que USA nunca terá: Cultura! (risos). Ando até pensando em fixar residência definitivamente na Áustria, onde rolam uns shows legais e quando vou na Alemanha sempre tem alguma coisa boa por lá, onde a galera gosta de rock pesado.
Barbieri: Só para terminar, o seu novo álbum já tem nome, quando será lançado? E o som dele tem alguma coisa a ver com o Killers?
Paul: Á principio, provisoriamente, o nome será “Smack” que é um nome controverso (pode ser drogas ou um tapa) e é o título de uma das músicas onde na letra eu tenho colocar-me no lugar do viciado em drogas. O som tem alguma coisa a ver com Killers e Battlezone, bem pesado, mas sem perder o lado melódico. O álbum deverá ser lançado no início de 98.
Paul Di"Anno e Killers no The Marquee Club à muitos anos atrás. Foto : A. C Barbieri
Esta matéria é de autoria do Barbieri e foi originalmente escrita para a Revista Dynamite, tendo sido publicada na sua edição de janeiro 1998.
Copy Desk Andrea Falcão
Diagramação, Revisão e Atualização A. C. Barbieri |