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Roy Buchanan
Live At My Father's Places (1973)
Escrito por Antonio Celso Barbieri
No dia 05 de maio de 2017, aqui em Londres, perto de Liverpool Street (não confundam com a cidade de Liverpool), fui fazer meu exame de vista e por pura coincidência encontrei uma feira de vinis que desconhecia. esta feira acontece duas sexta-feiras por mês (uma sim outra não) A Feira exibia muita coisa interessante mas, infelizmente, os preços estavam salgados! Como no Brasil, os caras conhecem bem o valor do material. Bom, além dos vinis, alguns vendedores também vendiam CDs e observando o material a disposição deparei-me com esta raridade enorme! Sou fá de carteirinha do falecido guitarrista Roy Buchanan e lá estava à venda por apenas 3 libras o álbum Roy Buchanan - Live At My Father's Places, (1973). Comprei na hora e agora vocês também poderão ouvi-lo!
Abaixo, junto com meus comentários, segue parte da entrevista, na verdade só a introdução, feita pela revista New Music Express Magazine (NME) em 19/05/1973 e incluída no encarte deste CD:
Roy Buchanan “talvez seja o melhor guitarrista do mundo”, declarou a revista Rolling Stone. Bom, isto é um “talvez”, mas antes que vocês começem a se afundar num pantano de aplausos, vamos dar uma pausa e escutar o homem: “Eu nunca disse que iria influenciar ninguém!”. Roy Buchanan insiste. De qualquer forma, Roy com sua careca proeminente e sua barba cerrada declara que sente-se “muito orgulhoso e honrado” com esta onda de elogios. “Se o povo gosta de me ouvir tocando, vou tocar para eles! Eu nunca imaginei que o povo iria entender minha música porque, você sabe, sou um músico da escola antiga. Eu toquei lá pelos anos 50 e me considero o primeiro guitarrista de blues branco. Realmente eu tenho orgulho disto porque por um tempão os brancos não queriam me ouvir. Eles só queriam ouvir os músicos negros.” Roy Buchanan está conversando num camarim cheio de gente atrás do palco do Festival Golden Rose em Montreux na Suíça.
Ele vai conversando ao mesmo tempo que, usando um copo de plástico, vai bebendo sua cerveja. “Me perdoe, mas estou ficando terrivelmente bêbado!” Ele olha de lado para a sua esposa e filho que estão por ali e eles confirmam apenas com o olhar. Sua aparência é tranquila e natural e o jornalista aproveita para perguntar casualmente: “Roy, quer dizer que você está na estrada à muito tempo e de repente virou esta lenda, este herói da guitarra. Como foi isto? Porque? Ele olha para o reporter com uma expressão relaxada e diz: “Eu rezo muito!"
Barbieri comenta:
Eu conheço o trabalho de Roy Buchanan à muitos anos e sei que esta sua imagem de calmo, esconde uma tempestade interna que consegue se expressar, apenas através da sua guitarra “bipolar”. Sério, por mais que você queira classifica-lo e coloca-lo par a par com outros guitarristas, o som extraído por Roy Buchanan carrega uma aura insana de um homem nervoso e duelando com seus demônios. Suas palhetadas levam o ouvinte para territórios onde um jogo entre tensão e calma estão sempre presentes, querendo explodir e criando um clima onde nunca sabemos o que poderá acontecer. Acrescente à esta receita um pouco de sexo onde muitas vezes sua guitarra parece soar como uma mulher sendo violada e acredito teremos um quadro bem próximo do seu som.
É, tenho que deixar claro que nas gravações ao vivo a coisa é mais ou menos assim, mas, nos álbuns de estúdio tudo parece muito controlado dando a impressão de que ele não consegue tocar sóbrio! :-)
Alguns testemunhos dizem que ele gostava de encher o caneco e bêbado transformava-se num tipo difícll de lidar, briguento e desbocado. Numa noite voltando para casa chapado, envolveu-se numa briga, Foi preso e enfrentou a polícia. No dia seguinte foi encontrado morto na sua cela. A Polícia disse que ele se suicidou, mas, todo mundo acha que ele foi assassinado dentro da delegacia. Nunca saberemos! De qualquer forma, fico feliz que seu trabalho continue vivo! Cliquem no link e curtam esta raridade!!!!
Antonio Celso Barbieri