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Lemmy e Igor Lopes.
Lemmy Kilmister: Morre um ícone do rock pesado!
escrito por Antonio Celso Barbieri
Ian Fraser "Lemmy" Kilmister (24 December 1945 – 28 December 2015) foi o músico, cantor e compositor inglês fundador e lider da lendária banda Motörhead. Sua música assim como seu estilo de vida praticamente definiram o estilo Heavy Metal. Num momento em que o próprio Heavy Metal parecia estagnar, Lemmy incorporou ao Metal a sujeira, emergência e velocidade do punk hardcore trazendo a energia de um trem descontrolado para aqueles headbangers sedentos por algo mais brutal.
Lemmy nasceu na cidade de Stoke-on-Trent e cresceu em North Wales. Ainda bem jovem ele foi influenciado pelo rock'n'roll e também pelos surgimento dos Beatles, o que levou-o a tocar em muitas bandas de rock nos anos 60, com destaque para a banda Rockin' Vickers. Mais tarde ele foi roadie do Jimi Hendrix e da banda The Nice, até juntar-se em 1971 à banda Hawkwind que fazia um rock espacial psicodélico, onde cantou o hit ”Silver Machine". Depois de ser despedido desta banda por causa dos excessos com a bebida e as anfetaminas, ele, como baixista, vocalista e compositor fundou o lendário Motörhead, cujo sucesso chegou ao topo entre 1980 e 1981. É deste período o hit single "Ace of Spades". Ele continuou gravando e fazendo turnés até sua morte no dia 28 de dezembro de 2015.
Então, não é surpresa sabermos que, fora seus talentos musicais, Lemmy ficou muito conhecido pelo seu estilo de vida pesado onde regularmente bebia muito e gostava de umas pilulas. Ele, apesar de não ser simpatizante dos ideais nazistas, também era conhecido como colecionador de objetos deste povo. Ele apareceu em papéis pequenos em vários filmes e programas de TV. Em 2010 foi lançado um documentário escrito e dirigido por Greg Olliver e Wes Orshoski chamado simplesmente “Lemmy”. Recomendo ardorosamente este vídeo à todos os fãs deste músico simples, um roqueiro como todos nós. Caro Lemmy, sinto como se uma época de ouro está acabando, você é uma das minhas grandes lembranças dos anos 80! O mundo do rock pesado ficou muito mais vazio sem você!
Memórias do Barbieri
Memória 1
Bom, para mim o álbum Overkill tem um grande significado porque foi o primeiro álbum do Motorhead que comprei. Comprei-o em 1979, importado de uma pessoa que acabara de chegar da Europa. O álbum tinha sido lançado em março daquele ano e ainda não estava sendo distribuído no Brasil. Neste mesmo período, tive um encontro fortuito com Luiz Carlos “Pop” Gouveia que era responsável por um programa de rock na Rádio Gazeta. Ele já tinha me convidado anteriormente mas, nunca tinha sentido firmeza da sua parte. Desta vez ele insistiu: “Poxa, porque você não junta os melhores discos da sua coleção e trás para gente rolar na rádio! Faremos um programa juntos!”. Ali mesmo marcamos o dia.
Eu tinha mais de 1.000 álbuns e escolhi uns 50 para levar ao programa. Queria dar a chance para o Pop Gouveia escolher o material. Cheguei cedo no estúdio e fui recebido pelo técnico de som que era, nada mais na menos do que, Leopoldo Rey que mais tarde teria seu próprio programa de rádio.
Leopoldo chegou com cara de entendido, pegou meus discos e começou separa-los: “Este presta, este não presta, este não presta, este não presta…”. Quando o Pop Gouveia chegou Leopoldo já foi na sua direção e entregou-lhe apenas uns 10 LPs.
O Pop Gouveia olhou a pilha de LPs debaixo do meu braço e perguntou: “E todos este LPs aí debaixo do seu braço?”.
“O seu técnico de som disse que não são bons!”. Foi a minha resposta insatisfeita.
“Deixe-me ver?” Coloquei os LPs na mesa, ao lado da sua garrafa de conhaque que acabara de trazer. Ele começou olhar todas as capas.
“Porra! Este Mortorhead eu ainda não conheço, é novo?” Falou admirado.
“Sim, este é o Overkill! Acabou de sair na Europa, ainda não foi lançado no Brasil, é pesado para cacete!”
“Meu, que é isto? Tem que tocar!”
“Vamos começar logo este programa porque hoje ainda vou entrevistar o Oswaldo do Made. Leopoldo leva o Motorhead com você porque vamos solta-lo já já!” Nem preciso dizer, que era evidente que o Leopoldo não gostou nada.
O Pop Gouveia, hoje falecido, era um cara muito louco. Ele começava beber durante o programa e lá para o meio já estava chapado. Pior, pelo menos neste dia em que visitei seu programa, ele carregava consigo um pequeno vidro de Reactivan que era uma anfetamina geralmente usada para evitar dormir mas que, misturada com alcool, deixava o povo muito louco. Recordo-me que no ar enquanto conversávamos ele esbarrou no vidrinho que rolou pela mesa e caiu no chão. Ele, então, ao vivo, exclamou bem alto: “Caramba! Meu Reactivan caiu debaixo da mesa, dá um tempo e baixou-se para pega-lo!”. Ele era gente fina mas, muito louco! smile emoticon
Chegou a hora de rolar o álbum Overkill do Motorhead e, obviamente eu pedi para tocar a primeira faixa, que era a música título do álbum. Esta música vamos dizer termina três vezes. A música começa só com a bateria, num ritmo que hoje em dia tornou-se a marca registrada desta música e quando termina, retorna com a mesma batida novamente para depois de um solo terminar e outra vez, desta vez definitivamente terminar a música.
Qual não foi a minha surpresa ao descobrir que enquanto a música tocava, e Pop Gouveia e eu aproveitávamos para discutir o que tocaríamos depois, Leopoldo Rey abaixava o som e terminava a música antecipadamente e cortava os três finais, parte importante do processo criativo desta música. Não quis criar problemas e nem falei nada para o Pop Gouveia mas guardei até hoje esta ofensa ao trabalho do Motorhead.
Memória 2
A banda Em Ruínas, de Igor Lopes chegou em Londres para tocar no Evil Fest, um festival que aconteceu no Underworld. Eu não conhecia a banda, tinha acabado de sofrer uma operação seríssima e não estava em condições de ficar em pé por muito tempo, passar emoções e até estava sentindo enjoo quando assistia TV ou ouvia rock. Com um corte de mais de 20 centímetros no meu abdomen e pontos ainda para serem retirados a coisa não estava para brincadeiras. Mesmo assim, recebi a banda e informei-lhes que não tinha condição de assessora-los. Eles queriam que eu filmasse a banda repetindo o que já tinha feito com a banda Vulcano no mesmo clube um ano atrás.
Consegui um amigo para abrigar a banda, passei minha câmera para a banda e desejei-lhes boa sorte. O show aconteceu, foi muito bom e recebi o vídeo para editar. O meu amigo não tinha muita experiência, não era um roqueiro e o vídeo não ficou lá aquelas coisas…
Enquanto editava o vídeo, reparei que o vocalista, durante o show, arranjava o pedestal do microfone colocando o mesmo mais para cima e imitava a postura do Lemmy o tempo todo. Era tão evidente que não me contive e soltei os cachorros em cima do Igor Lopes. Basicamente disse-lhe que a sua banda já tinha muitos anos de estrada e já era tempo de ele encontrar o seu próprio estilo. Igor respondeu que este era seu estilo e que não tinha nada de errado em copiar o seu ídolo. Hoje em dia, sinto-me errado em tê-lo corrigido… que sou eu? smile emoticon Basta olhar esta foto do Lemmy junto com Igor Lopes para entendermos tudo! smile emoticon
Sincronicidade
1) Dia 20 de Dezembro 2015 fui assistir aqui em Londres um show da banda Hawkwind. Me senti em casa acompanhado por uns 3.000 coroas na plateia!
2) Dia 23 de Dezembro quando fiz na Rádio Rock Nation (www.radiorocknation.com) meu programa Barbieri Indica de Natal. Toquei Lemmy executando uma música natalícia e desejei-lhe um 2016 melhor do que o de 2015 que foi para ele, por problemas de saúde, muito difícil....obviamente, lamentavelmente não era para ser....
Antonio Celso Barbieri
20 mais do Lemmy!
Motorhead |
1975 |