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Detalhe da capa de um livro raro chamado Industrial Revolution escrito por Dave Thompson
que fala sobre algumas das bandas mais importantes do Rock Industrial. Animação: Barbieri
Do Pós-Punk ao Pré-Gothic passando pelo começo do Rock Industrial!
escrito por Antonio Celso Barbieri
Ouçam 120 tracks indispensáveis!
NOME DAS BANDAS E ARTISTAS 1000 Homo DJs, Bauhaus, Chris Connelly, Delerium Somnolent, Electric Hellfire Club, PTP – Rubber Glove Seduction, Rhea's Obsession, Acid House, Crimson Joy, Legendary Pink Dots, Rasputina, Revolting Cocks, TBSD - The Brain Sexy Diet (projeto do Barbieri), Switchblade Symphony, Boyd Rice, Coil, Gary Numan, Hocico, Suspiria, The KLF, Burning Retina, Ministry, Psykosonik, Sister Machine Gun, Spahn Ranch, The Blackouts, Clock Dva, Excessive Force, Fields of the Nephilim, Ikon, My Life with the Thrill, Rosetta Stone, Vampire Rodents, Ataraxia, KMFDM, Love is Colder than Death, Numeralia, The Young Gods, Virgin Prunes, Laibach, Nosferatu, Pailhead, Santeria, The Wake, Tones on Tail, Big Electric Cat, Chako, Gravedance, Lead Into Gold, Meat Beat Manifesto, Red Lorry Yellow Lorry, !Aiboforcen, A Split Second, Ccorpus Delicti, Christian Death, Fred, Gene Loves Jezebel, Foetus, Mussolini Headkick, Psychic TV, Specimen, Strap On Halo, Theatre Of Hate, Two Witches, 45 Grave, Alien Sex Fiend, Crüxshadows, Doubting Thomas, Greater Than One, Pankow, Wumpscut, Absinthee, Cyberaktif, Die Form, Divine, Fahrenheit 451, Genitorturers, Pig, Controlled Bleeding, Eve of Destiny, Fading Colours, Hope & Kirk, The New Creatures, Adam Christian, Die Krupps, In The Nursery, The Merry Thoughts, Wayne Hussey & The Mission, Wreck, David J., Die Laughing, Eerie Von and Mike Mora, Strike Under, Trance to the Sun, Lucifer Scale, Siouxie Sioux, Leaether Strip, Magenta, Robert Smith. |
Dizem que "saber é poder!"
Verdade! Acredito que muita gente tem uma visão preconcebida à respeito dos vários estilos de rock. São ideias muitas vezes baseadas em comentários negativos de alguns pseudos especialistas, críticos e amigos. Mas, acredito que, por vários motivos, estas pessoas nunca realmente dedicaram parte do seu tempo à escutarem bandas tão boas e diferentes quanto Bauhaus, Laibach e Ministry. Acho importante notar que estas 3 bandas e centenas de outras fizeram uso intensivo de teclados, aparelhagem eletrônica e muita experimentação. Acreditem que, o trabalho destas bandas inovadoras, bebendo de várias fontes, ajudaram a construir a música dominante de hoje.
Neste período inicial, duas gravadoras em particular destacaram-se na divulgação e lançamento deste povo todo; WaxTrax e Cleopatra Records.
Bom, a lista de músicos e bandas acima citadas, que vocês já devem estar escutando, foi extraída de duas coletâneas, uma chamada WaxTrax Black Box Set (WaxTrax - 3 CDs) e a outra chamada The Black Bible Box Set (Cleopatra Recorods - 4 CDs). Estas coletâneas recebi em mãos das próprias gravadoras em Cannes na França numa feira de gravadoras chamada Midem que tive a oportunidade de visitar por 3 anos consecutivos (91,92 e 93). De qualquer forma, lá pelo começo dos anos 90 eu já tinha o meu próprio projeto eletrônico industrial que, na falta de uma palavra melhor, definia como sendo Technotrash.
Meu projeto chamava-se The Brain Sexy Diet (TBSD) cujo álbum Master Blaster só seria lançando em 1995. Nele eu tentava juntar a urgência e espontaneidade do Punk com o Rock Industrial buscando fazer uma música fortemente eletrônica mas, tão suja quanto possível. Desde o princípio fui fortemente influenciado por bandas como Ministry, Die Krups, Laibach, Revolting Cocks, The Young Gogs e In The Nursery. Fora toda uma vida ouvindo de tudo um pouco eu também trazia ideias de Kraftwerk, Laury Anderson e um pouco vindo da música clássica. Destas bandas, Ministry, Die Krups, The Young Gogs, In The Nursery, Kraftwerk e Laury Anderson tive o previlégio de assitir shows ao vivo aqui em Londres.
Quando, depois de alguns anos, juntei material para um álbum, organizei a coisa toda e lhe dei o nome Master Blaster. Este nome foi inspirado no nome de um lutador que aparece no último filme da trilogia Mad Max chamado Thunderdome e estrelado por Mel Gibson e Tina Turner. Enviei o álbum Master Blaster para umas 30 gravadoras pelo mundo todo. É lógico que as primeiras gravadora que enviei o meu petardo foram a WaxTrax e Cleopatra Records em USA. Infelizmente, nunca recebi uma resposta que fosse de ninguém. Então, apenas para ter uma pequena satisfação pessoal, tomo a liberdade de incluir aqui junto com estas duas coletâneas essenciais para aqueles interessados neste assunto, também o meu álbum.
Meu interesse por compor e agrupar sons com uma perspectiva diferente já vinha desde o Brasil onde, lá pelo meio dos anos 80, tive o privilégio de assistir um curso de música na PUC com o gênio H. J. Koellreutter. Com ele aprendi, entre outras coisas, que o som poderia ser dividido entre tom, mescla e ruído. Parece simples mas para mim foi uma revelação!
Logo do selo da gravadora Devil Discos. Arte: Barbieri.
Neste mesmo período ajudei Chicão dono da loja de disco chamada Devil à abrir sua gravadora, a Devil Discos. Para o logo da gravadora, criei uma arte onde aparece um braço com uma furadeira elétrica fazendo um furo na letra "D". No final este logo acabou transformando-se no próprio logo e cartaz da sua loja. A ideia de usar máquinas e outros objetos para fazer música não era novo. Através da trilha sonora do filme 2001 Uma Odisseia no Espaço, conheci a música de György Ligeti e quase no mesmo período os trabalhos de eletro-acústica de Karlheinz Stockhausen, o serialismo dodecafônico de Arnold Schoenberg e as loucuras de John Cage ao piano. A corrente minimalista encabeçada por compositores como Terry Riley, Steve Reich, Philip Glass e John Adams também atraíram-me profundamente. Fiquei também impressionado com Terry Riley e a sua famosa gravação A Rainbow in Curved Air (1967). Steve Reich foi um dos primeiros a usar de forma primitiva samples e loops gravados onde brincava com a repetição e o tempo das gravações. Philip Glass impressionou-me com a trilha sonora do filme Koyaanisqatsi. Aliás trilhas de filmes sempre foram grandes fontes de inspiração e, curiosamente sempre achei que minha música tivesse uma qualidade cinematográfica, sempre pedindo por imagens. À bem da verdade muito antes disto eu já tinha ficado fascinado com o uso de efeitos especiais no Rock:
1) O álbum Sgt. Peppers Lonely Heart Club Band dos Beatles, em termos de trabalho de estúdio e gravação, é um marco histórico!
2) A música Frankenstein executada pela banda de Edgar Winter, irmão do bluesman Johnny Winter, chamada The Edgar Winter Group é absolutamente inovadora no seu uso de efeitos no som da bateria.
3) A introdução da música Baba O'Riley da banda The Who mostrou grande respeito pelo poder do teclado.
4) A música introdutória do álbum Dark Side of the Moon da banda Pink Floyd chamada Speak To Me Breathe já diz tudo mas o álbum todo está repleto de efeitos, gravações de vozes e sons num trabalho fabuloso do engenheiro e músico Alan Parsons.
5) Outra faixa que ouvi "um milhão" de vezes foi Whole Lotta Love executado pelo lendário Zed Zeppelin. Esta música usou o eco, delay e reverb de forma excepcional.
Sei que vocês me lembrarão à respeito da importância de Pink Floyd, King Krinson, Can, Emerson Lake and Palmer, Jean Michel Jarre e mais algumas dúzias de bandas importantes mas, devo confessar que apesar de ouvir quase todas e até gostar muito de algumas, acredito que estas bandas não se encaixam perfeitamente no contexto desta matéria, pois fogem daquela coisa essencial e primitiva que eu buscava incorporar na minha música eletrônica. Essência esta que, pouco mais tarde bandas como Ministry saberiam incluir em suas composições com tanta habilidade.
E o Brazil? Guardo aqui com carinho meus compactos, vinis e CDs das bandas Azul 29, Agentss, Símbolo e Harry, esta última, a banda do meu amigo Johnny Hansen. Também não posso deixar de lembrar aqui o trabalho de Arrigo Barnabé o músico brasileiro, na minha opinião, mais criativo e revolucionário dos últimos 50 anos! Sua música não é de apelo popular mas o cara é gênio!
Caros leitores esta seleção musical que aqui disponibilizo, de forma nenhuma, esgota o assunto! Poderíamos ficar aqui sitando nomes de bandas até o final dos tempos! De qualquer forma, acredito que esta seleção já tomará bastante do seu tempo. Divirtam-se! :-)
Antonio Celso Barbieri