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Joe Cocker um branco inglês com uma voz negra inesquecível!
MORRE O LENDÁRIO JOE COCKER!
escrito por Antonio Celso Barbieri
É com grande pesar que informo o falecimento hoje (22/12/2014) do lendário vocalista inglês Joe Cocker. Ele morre com 70 anos depois de uma batalha conta um câncer.
O empresário deste herói dos anos 60 descreveu-o como "simplesmente único" e disse para a BBC que "será impossível preencher o espaço que ele deixou vazio nos nossos corações"
A Sony Music emitiu uma declaração confirmando a morte do cantor dizendo: "John Robert Cocker, como era conhecido pela família, amigos e também pela sua comunidade de fãs no mundo todo que o conhecia simplesmente por Joe Cocker, faleceu dia 22 de dezembro de 2014 depois de uma luta dura contra um câncer pulmonar. Mister Cocker tinha 70 anos.
Joe Cocker nasceu no dia 20 de maio de 1944 em Sheffield na Inglaterra onde ele viveu até os 20 anos. Em 2007 ele foi condecorado pela Rainha da Inglaterra com o título OBE (originalmente chamado "Most Excellent Order of the British Empire" e mais tarde simplificado para "Order of the British Empire"). Seu sucesso internacional como cantor de blues e rock começou em 1964 e continuou até os dias de hoje, tendo lançado aproximadamente 40 álbuns e feito incontáveis tournées pelo mundo todo.
Joe Cocker no Festival de Woodstock.
Sua apresentação ao vivo no Festival de Woodstock em 1969, colocou-o definitivamente no mapa do rock mundial. Até hoje quando escuto um rock de qualidade, que me emociona, imito com as mãos estar tocando uma guitarra da mesma forma que Joe Cocker me ensinou desde a primeira vez que o assisti no filme Woodstock lá pelo começo dos anos 70. Sua interpretação de With a Little Help from My Friends, para mim, foi sempre muito superior à original interpretada pelos Beatles. Aliás, Joe Cocker sempre teve esta habilidade fantástica de pegar uma música de outro autor e adota-la como sua, colocar uma vestimenta nova e com sua voz negra e rouca interpreta-la com uma paixão e energia de dar inveja.
Infelizmente, é mais um herói dos anos 6O que se vai! Sempre achei o Natal e Fim de Ano uma coisa triste mas este, agora sim, ficou mais triste ainda! Adeus caro Mister Cocker! Sua música certamente viverá no meu coração e de muita gente!
Never say goodbye say alo!
Antonio Celso Barbieri
Joe Cocker no Ginásio da Portuguesa em 1977. Foto: Walter Gomes.
As Primeiras Apresentações de Joe Cocker no Brasil - 1977
escrito por Márcio de Aquino
Em agosto de 1977, o cantor inglês Joe Cocker se apresentava pela primeira vez no Brasil. Cocker, naquele período não vinha atravessando um momento dos melhores em sua carreira, muito em virtude de seu envolvimento com a bebida e as drogas, e por seu caráter perdulário - tinha perdido muita grana com uma excursão altamente dispendiosa, registrada no documentário The Mad Dogs & The Englishmen. Talvez por isso naquele momento seu cachê não era dos mais caros para um astro de sua grandeza. Porém, segundo o relato de publicações da época, suas apresentações ficaram marcadas pelo despreparo e desorganização por parte dos promotores. A revista Música nº 16, fez um relato do evento. Logo de cara, ao anuciar o cantor, o apresentador cometeu um erro de pronúncia. “It's Cocker, not Cuker”, corrigiu Joe assim que subiu ao palco. A matéria dizia: “Nos camarins, nos hotéis, nos ônibus e nos aviões a desorganização não perdia para aquela dos shows. Para Joe e Michael Lang (promotor de Woodstock, e que fazia parte de sua equipe), no entanto a situação não era nada engraçada. Mike, que conseguiu organizar 30 dos maiores conjuntos e 600 mil pessoas em um só concerto, ficou francamente espantado com a capacidade da Vasglo (empresa que trouxe o show) de não conseguir organizar um mero concerto de um grupo para 3 mil pessoas. Lang teve de passar três noites em claro no Brasil, no telefone, arranjando tudo o que os organizadores responsáveis pelo show aqui se esqueceram de arranjar. Em Santos, inclusive, Mike teve de chegar ao cúmulo de pedir ao técnico de som para que cedesse seu lugar na mesa para ele. E apesar de Mike não entender nada de botões, este foi o melhor concerto brasileiro de Joe.
Joe Cocker no Ginásio da Portuguesa em 1977. Foto: Walter Gomes.
Dos vários comentários de Joe, estes são alguns dos mais ilustrativos sobre os problemas por ele enfrentados em sua turnê brasileira: "Anota aí alguns palavrões em português no meu caderninho, porque eu estou vendo que vou ter bastante chance de usá-los...” "Este é o teatro? Então, onde é que estão os camarins? Estes são os camarins, hein? Já que não têm porta, armário, cabide, espelho, pia ou toalhas, será que vocês poderiam me arrumar um banquinho?"
"Todo mundo trouxe sabonete pra tomar banho? Como? Ah, não precisa. Não é que já tenha sabonete. É que não tem chuveiro.”
Porém, nem tudo foram só derrotas nessa excursão. Sobre suas performances no palco, a matéria comenta: “Naquele fim de semana – 20 e 21 de agosto – não se apresentou apenas uma grande estrela do palco pop. Estiveram também em São Paulo, além do incrível vocalista de blues, Joe Cocker, o tecladista Nicky Hopkins e o saxofonista Boby Keys, ambos preferidos pelos Stones, em suas apresentações ao vivo ou mesmo em discos de estúdio. E muita gente que não sabia deste importantíssimo detalhe ficou sem ir, certamente pensando em encontrar um Joe Cocker cansado, marcado pelo tempo e pela estrada, sem aquela força taurina que marcou os tempos de Mad Dogs & Englishmen. No entanto, Cocker esteve maravilhoso, com sua voz forte e poderosa, seu embalo mágico, seus sentimentos em pé, sua coragem ativa. Talvez apanas algumas cicatrizes deixadas pela tristeza que teve de renegar a posição número um do cantor pop, para fazer excursões e shows baratos, com a finalidade de ver-se livre das enormes dívidas contraídas.”
Márcio Aquino
Barbieri comenta: Nunca me esquecerei desta data. Um mes antes comecei produzir um show no Teatro Arthur Azevendo (SP0 da banda progressiva Devas. Era meu primeiro show realmente profissional. Imprimi ingressos, fiz cartazes, anunciei no jornal, aluguei um caminhão para levar um piano até o palco, etc. Umas duas semanas antes do show começou um boato e logo aparecem uns cartazes promovendo o show do Joe Cocker no Ginásio Portuguêsa. No dia do meu show a presença de público foi mínima e, até eu, queria está vendo Joe Cocker. Doeu no coração! Tanto pelo prejuíso como pela impossibilidade de ver o grande mestre em ação! (leiam aqui a matéria sobre a banda Devas)