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The Black Keys - The Big Come Up
Escrito por Denise Grollmus para o jornal Cleveland Free Times no verão de 2002
Tradução e adaptação Antonio Celso Barbieri
Pelos últimos 20 anos nós temos vivido num mundo de ironia que fez difícil acessarmos a verdadeira alma e poder dos solos vibrantes das guitarras, das vozes doloridas e das batidas marteladas do coração da Rock. Acabamos pensando que o único Rock "verdadeiro" saiu do começo do século XX, de um lugar que só nos trás nostalgia, uma nostalgia que nós nem pudemos ou podemos realmente experimentar. Hoje em dia, com a exceção de uns poucos e raros talentos, um dos estilos musicais mais ricos da América foi extraído de toda a sua vibração e energia. Estava claro que, com a cena vagarosamente morrendo, alguma coisa estava faltando.
The Big Come Up
Entretanto, quando você coloca este álbum para tocar, imediatamente percebe que, em algum lugar, de alguma forma, ainda existe gente que carrega a verdadeira alma do rock. À princípio, a qualidade da gravação talvez o conduza para um senso de nostalgia distante. Você talvez pode até pensar que seja impossível que dois jovens brancos, em 2002 gravem um álbum com este tipo de música. Pense novamente!
Dan Auerbach e Patrick Carney são pessoas afortunadas. Ao contrário de nós, eles nunca esqueceram como fazer sua música fazer-nos sentir algo real e verdadeiro, uma coisa acessível, uma coisa impossível de descrever em palavras. Tendo crescidos numa cidade morta que oferecia nada mais do que o sentimento de perda, estes garotos tinham que encontrar a vida em alguma outra coisa. Desde bem pouca idade, Auerbach e Carney encontraram-se no som.
Gravado por Craney em Midwestern em um porão suado, a densidade da cidade de Akron foi perfeitamente introduzida em cada poro deste álbum. A voz de Auerbach impressiona e inspira quando fala apenas sobre as suas experiências, vivências facilmente identificáveis. As canções são humildes como os músicos mas, a única coisa que sua música faz é trazer um sentimento de magnificência dentro das nossas almas.
Dan Auerbach e Patrick Carney
Muito embora a banda seja influenciada por Jr. Kimbrough, Fred McDowell e outros grandes artistas do Delta Blues, The Black Keys está longe de ser categorizado como uma imitação.
Suas apropriações destes grandes artistas do Mississipi estão fortemente recheadas de um som claramente ligado ao seu ambiente indo desde o Akron New Wave à Captain Beefheart passando por uma pitadinha de "avant-garde". Considerado por muitos como um dos melhores álbum de 2002, The Big Come Up conseguiu revitalizar trazendo de volta esta indescritível energia que só rock deveria entregar. Divirta-se
Denise Grollmus
Barbieri Comenta:
Desde 2002, The Black Keys lançou 10 álbuns (tenho todos), um melhor do que o outro. O minimalismo e simplicidade nos arranjos, o clima de raiz nas gravações, o peso da guitarra nas horas certas, a presença imortal do Blues como uma tela de sustentação à composição, tudo apelando para o meu senso de perfeição, este é o tipo de rock que eu seria orgulhoso de poder fazer. Definitivamente esta banda maravilhosa está sendo a minha grande descoberta de 2013. Abra o gás, aumente o volume do seu amplificador e saboreie a textura do som, a distorção, a “puxadinha” da guitarra e o clima maravilhoso deste álbum! Recomendo ardorosamente The Black Keys à todos!