Papa Bento pede aposentadoria!
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Um preservativo + Papa Benedict XVI + orfãos causados pelo HIV/AIDS. Digital Collage: Barbieri
Papa Bento pede aposentadoria!
Escrito por Antonio Celso Barbieri
Uma vez que a imprensa mundial está sendo bombardeada com a informação de que Papa Bento está renunciando ao seu cargo, tomo a liberdade de expressar aqui os meus pensamentos à respeito.
O Papa bento foi o cabeça, principalmente, no final da vida do Papa anterior, João Paulo que, por sua vez, também foi um Papa muito conservador. Entretanto, Papa Bento conseguiu ser um Papa ainda mais conservador que o anterior. Ele é o que poderíamos chamar de um Papa "neoconservador", um "neocon". Este Papa que pertenceu à Juventude Nazista e renunciou esta organização somente quando os nazistas estavam perdendo foi, feito de encomenda para os Norte Americanos. Seu silêncio quanto a política externa Norte Americana foi e é notada. Seu papado, até agora, foi ultraconservador onde o Sumo Pontífice continuou a antiga política da Igreja Católica, típica da Idade Média, de ser contra o uso de anticoncepcionais, o uso de preservativos, não ter uma atitude responsável com relação ao combate à A.I.D.S. (Principalmente na África - leia aqui) e contra o homossexualismo. Este homem conseguiu até criticar o nosso Rock. No período que ele esteve no comando da Igreja Católica, para mim, uma das atitudes mais lamentáveis foi a canonização do Papa anterior, João Paulo onde, sinceramente, pereceu-me mais um ato de auto adulação onde o Vaticano igualou-se ao Brasil onde os nossos políticos são capazes até de aprovar aumentos de salários para si mesmos.
A sua "aposentadoria" prematura, fez-me lembrar do filme A Última Tentação de Jesus Cristo lançado em 1988 e baseado em um livro controverso escrito em 1953 por Nikos Kazantzakis. Neste livro o autor sugere que, na hora da crucificação, o diabo disfarçado de anjo vende para Jesus a ideia de uma aposentadoria tranquila, onde o filho de Deus casa-se com Maria Madalena, tem vários filhos e morre tranquilo e bem velhinho… Neste conto, bem no final quando Jesus já bem velhinho está no seu leito de morte, ele descobre que foi enganado pelo diabo, redime-se e aceita seu destino, indo ali mesmo da cama, direto para a sua dolorosa crucificação. Bom, só posso dizer que, para mim, é óbvio que se um clérico escolhe este caminho, o "caminho da cruz" e, na hora "h" ele pede água, significa que ele falhou!
Segundo a BBC, o comentário geral é que, Papa Bento, é um burocrata sem experiência em "por a mão na massa" tendo sido muito criticado pela sua demora em reagir na questão dos Padres e Bispos abusadores de crianças, ao mesmo tempo que, mostrou total incompetência para confrontar, por exemplo, no Brasil o crescimento dos Evangélicos que em 10 anos cresceram de 15% para 45% aumentando para aproximadamente 45 milhões o número de adeptos. É uma infelicidade ver o povo brasileiro indo na direção deste "culto" manipulativo onde o único interesse é de irrequecimento ilícido de pseudos "Bispos".
Assim que este Papa "jogou a toalha", foi dada a partida para o jogo da sucessão. Como na última vez, a especulação à respeito da possibilidade de termos um Papa africano ou sul-americano, mais precisamente brasileiro é grande onde 5 nomes até já foram cogitados. É lógico que, no momento, tudo não passa de boatos. Como a política interna nos bastidores do Vaticano é grande, não será nenhuma surpresa se, provavelmente a escolha, como aconteceu na sucessão anterior, seja de um Papa escolhido de dentro da "panela" mais próxima do poder atual.
De qualquer forma, convém lembrar que não importa de onde venha, o próximo Papa poderá ser tão conservador como o anterior. A Igreja Católica esta perdendo adeptos porque, faz tempo que afastou-se do povo, não conseguiu evoluir, nem aceitar as novas realidades sociais ou incorporar as novas descobertas da ciência.
Certamente, se a Igreja tivesse dado um pouco mais de atenção ao padre Leonardo Boff, adepto da Teoria da Libertação que interpretava os ensinamentos de Jesus Cristo em termos de uma libertação de injustas condições econômicas, políticas ou sociais que, era descrita, pelos seus proponentes como "a reinterpretação antropológica da fé cristã, em vista dos problemas sociais", certamente teria tido mais sucesso.
Infelizmente, a influência da Teologia da Libertação diminuiu após seus formuladores serem condenados pela Congregação para a Doutrina da Fé (CDF) em 1984 e 1986. A Santa Sé condenou os principais fundamentos da teologia da libertação, como a ênfase exclusiva no pecado institucionalizado, coletivo ou sistêmico, excluindo os pecados individuais, a eliminação da transcendência religiosa, a desvalorização do magistério, e o incentivo à luta de classes.
Antonio Celso Barbieri
