Adeus 2013, bem-vindo 2014! Barbieri faz um balanço de como foi seu ano...
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Adeus 2013, bem-vindo 2014!
Caros amigos, como em todo fim de ano, olho para trás e faço um balanço:
Para mim, foi um ano muito criativo onde estudei muito tocando muita guitarra e piano. Acho que progredi um pouco mais nestes instrumentos. Também, escrevi muito, fiz muitas colagens digitais e editei vários vídeos. Fiz a capa para álbum The Key, The Man, The Beast da banda Vulcano.
Tive a sorte de visitar o Brasil onde eu e minha esposa ficamos por dois meses. Neste período, em Ubatuba, fomos recebidos e hospedados com muito carinho pela Lidi Keche e Sandro Neres (Verdade Soturna) para o Festival Maré Brava onde pude reencontrar meu amigo Paulão, assim como os membros da sua banda Baraga além de confraternizar-me com todas as bandas participantes do evento. Acabei operando o som e senti-me como se tivesse voltado no tempo, até o lendário Lira Paulistana.
Em 2013 conheci o som de dezenas e dezenas de bandas brasileiras. O nível e qualidade está incrível, cada vêz melhor! A grande maioria destas bandas não devem nada ao rock internacional! Parabéns! Todas estas bandas estão aqui no site é só buscar!
Um dos momentos ruins de 2013, foi criado por mim mesmo quando, resolvi criar na Avaaz um abaixo assinado para tentar produzir um show que seria chamado Rock São Paulo no The Barbican em Londres. O show contaria com 25 bandas buscando uma visão abrangente do Rock Paulista. Como sempre, faço as coisas seguindo algum impulso interno meio irracional e, geralmente pago um preço alto por isto. Como tenho quase 1.000 "amigos" no Facebook e outros tantos nas outras redes sociais e, tenho uma database com mais de 3.000 emails pertencentes na grande maioria só ao pessoal do rock achei que seria muito fácil conseguir 10.000 assinaturas. Este abaixo assinado de uma forma dura e crua mostrou-me exatamente em que situação vive o Rock Brasileiro e até que ponto posso contar com a comunidade roqueira.
Vejam bem, umas 10.000 pessoas visitaram a página da petição mas apenas pouco mais de 500 assinaram. Quer dizer, visitar a página da petição e não assinar mostra realmente uma escolha consciente por parte do visitante. Se considerarmos que 25 bandas, em média possuem 4 músicos cada, estamos falando de 100 músicos. Se cada músico conseguisse 10 assinaturas já teríamos 1.000! A verdade é que muitas das bandas listadas nem se importaram de assinar uma petição que buscava beneficiar elas mesmas. Muito dos meus "amigos" das redes sociais e da minha database de endereços também não assinaram. Meu amigo André "Pomba" Cagni possivelmente estava correto quando disse que eu não deveria ter citado os nomes das bandas adiantado. Como sugeriu minha esposa, talvez eu devesse sortear os nomes das bandas no final.
Na verdade, quanto mais penso nestas sugestões mais acho que estava certo em listar o nome das bandas antecipadamente. Um sorteio não levaria em consideração a participação feminina, a diversidade de estilos, chance para as bandas novas, assim como para algumas veteranas, espaço para bandas cantadas em português assim com em inglês e, tiraria o meu prazer pessoal de, como organizador do evento, considerar outras condições mais subjetivas como qualidade e merecimento. Desde o começo insisti que não haveria panela e, por incrível que pareça eu realmente não faço parte de nenhum grupo que protege seus próprios interesses. Se ajudo uma banda em particular mais do que outra é porque ela me contata, pede mais ajuda, é mais profissional, é mais amiga, humilde e sem ego.
Obviamente não teria condições de satisfazer todo mundo. Eram centenas e centenas de bandas para apenas 25 vagas. Vejam bem: 25 bandas, implicariam em passagens aéreas, alimentação, estadia e cachês para uma média de 100 pessoas. O teatro teria que organizar uma semana de shows. A logística de produção seria imensa.
Deveria ter imaginado: fui bombardeado por centenas de emails, algumas de bandas lendárias querendo participar. Passei dias escrevendo e pedindo desculpas.
Infelizmente, a natureza humana é assim mesmo, muitas bandas, por não terem sido selecionadas, não votaram à favor da petição. Possivelmente aqueles que não apreciam o meu trabalho ou a minha pessoa, mesmo em prejuízo do Rock Nacional, também não votaram. Bom, a falta foi minha porque, já fazia um bom tempo que tinha percebido que "o povo brasileiro é incapaz de unir-se por uma causa comum" à não ser que a causa o beneficie imediatamente.. Vejam só o caso recente da passagem de ônibus, o povo foi para rua por 20 centavos mas não é capaz de ir para a rua pela educação, saúde, falta de segurança e corrupção. Estas 4 reinvindicações são muito genéricas e aparentemente sem resultados palpáveis à curto prazo para o povo. Quer dizer, o político além de ladrão é egoísta e mesquinho e o povão também merece os dois últimos adjetivos!
Mas, voltando ao Rock São Paulo em Londres, ninguém conseguiu entender que se um evento desta magnitude, este sonho quase impossível, acontecesse, seria um divisor de águas. A grande imprensa não teria como ignorar e estas bandas participantes ganhariam o espaço que tanto merecem e, em consequência, todo o Rock Nacional seria beneficiado! Mesmo porque, se o projeto desse certo abriria a porta para muitos outros no exterior e no Brasil mesmo.
Duas foram as lições que tirei desta triste aventura:
1) A primeira é que como John Lennon disse, devo apenas acreditar e contar primeiramente comigo mesmo, com a minha esposa e, no meu caso particular, com mais meia dúzia de AMIGOS de verdade e com aquelas 500 pessoas que assinaram a petição. Vocês que assinaram são roqueiros de verdade! Obrigado mesmo!
2) A segunda lição aprendida foi a de que realmente preciso consultar, privadamente, algumas pessoas amigas ligadas ao rock antes de começar uma empreitada deste porte.
Só para terminar, vocês sabem quem foram as primeiras bandas à dar apoio imediato e incondicional ao projeto? Os Mutantes e Made in Brasil! Fiquei surpreso! A velha guarda parece mais esperta do que a nova! Não é mesmo? Agora, o número de gente que eu considerava do meu lado mas que pecou por omissão, ficando em silêncio foi absurdo!
Outro momento emocionalmente desgastante aconteceu em maio quando encontrei-me com o lendário Ricardo Zarattini. O homem é ligado à prefeitura de São Paulo e tem forte contatos. Adoraria voltar para SP para fazer o que eu sempre fiz. Certamente eu reativaria o Projeto SP Metal, a Praça do Rock e criaria muitos eventos pela cidade. Sempre tive este sonho de desapropriar o último andar da Galeria do Rock e criar lá o SOS Músico com atendimento dentário e clínica geral gratuita para todos os músicos de SP. A vida do músico é como a da "cigarra", nunca sobra um pouquinho de dinheiro para os dias difíceis, para o inverno e, como sabemos, as "formigas capitalistas" não estão nem aí! Outro assunto que me comove muito é o estado de abandono da capital de São Paulo. O centro velho está de dar dó!
Mas, voltando ao Zarattini, estar na frente do velho sabendo que ele poderia mudar o meu futuro e consequentemente o futuro do Rock Paulista mas que, com ele sabendo, de antemão, que eu não me corrompo, tenho a boca solta e não faço nenhum tipo de negociata ou associação espúria obviamente não contou ao meu favor. Foi muito duro. Foi como estar perto de uma mesa farta e não poder provar nada!
Eu voltei para Londres com um nó na garganta. Por outro lado, nesta estada no Brasil, nem tudo foi decepção, como já disse teve o Festival Mare Brava, O show da banda Revolution do meu amigo Marco Antonio Mallagoli, a entrevista feita para o programa Maloik por Ricardo Batalha outra grande personalidade do Rock Paulista e o bate-papo juntamente com lendário Walcir Chalas (Woodstock) para o documentário "50 Anos do Rock Brasileiro" que está sendo produzido pelo grande Marcelo Rossi. Fora isto ainda assisti dois shows da banda Vulcano. Um em SP outro em Santos sendo que para o show de Santos o baterista Arthur Von Barbarian fez a incrível gentileza de buscar-me em SP e levar-me de volta. Foram ótimos momentos.
Este ano, este site, Barbieri - Memórias do Rock Brasileiro completou mais de 1 Milhão de visitantes e, no momento que escrevo este balanço anual o site está com mais de 3.000 visitantes online "ao mesmo tempo!" Um recorde! Certamente devo estar fazendo algo corretamente! :-)
Até agora, minha ultima oferenda deste ano foi um solo de guitarra dedicado ao guitarrista Gary Clarck Jr.. Sempre que o escuto fico emocionado e cheio de orgulho. Como roqueiro, realizei mais um grande sonho!
Agradeço à todos vocês que prestigiaram e continuam prestigiando este site! Agradeço à minha querida esposa Andrea por aguentar este velho crianção por tanto tempo! Agradeço principalmente as 500 pessoas que assinaram a petição. Minha dívida com vocês não tem preço! Adeus 2013, bem-vindo 2014!
Antonio Celso Barbieri