Sabotagem
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Na busca do "conteúdo" Muito se tem discutido à respeito do que é “arte”. Arte, tem dois aspectos, duas facetas. A “forma” e o “conteúdo”. No rock, nunca a forma foi tão importante. É mais a forma, que define o estilo do que qualquer coisa. No Projeto SP Metal que produzi no teatro Lira Paulistana lá pela metade dos anos 80, as bandas tentavam emular principalmente as bandas inglesas. Heavy Metal, Black Metal e Speed Metal eram os estilos mais copiados. Então não era surpresa que, o conteúdo das letras geralmente não tinha nenhuma ressonância com a realidade brasileira. Como Produtor Cultural, não achava que era minha função tentar modificar o gosto popular e sim criar espaços para que este gosto popular pudesse se manifestar. Eu achava, e ainda acho, que dado as circunstâncias adequadas para um movimento artístico amadurecer, em breve este movimento começará a transformar-se incorporando tanto na “forma” como no “conteúdo” elementos da realidade vivida pelo artista, neste caso a realidade de um músico jovem, geralmente de classe média vivendo em São Paulo e bombardeado pela media internacional. Lamentavelmente, tanto a imprensa quanto os chamados “intelectuais” não viam a realidade do rock pesado como uma expressão artística válida de suporte. Parece que este povo nunca parou para pensar que a própria MPB passou por uma faze inicial em que os primeiros artistas tocavam música africana e portuguesa e que quase todos os instrumentos musicais tem uma origem não brasileira. Considerando-se o que foi dito acima, é simples perceber-se porque Mutantes foi uma banda tão especial e, conseguiu sobreviver por tantos anos na memória de uma parte da população. Os Mutantes conseguiram, amadurecer e fundir elementos do rock internacional com a música brasileira e fazer algo totalmente novo, altamente criativo e dentro da realidade brasileira. A banda Sepultura, por exemplo, de uma forma menor conseguiu com sucesso incorporar uma percussão mais brasileira no seu som ajudando a criar e definir seu próprio estilo. Como dizia, nunca interferi no lado criativo das bandas. Então, apenas dando meu suporte, muito lentamente comecei ver, ou melhor dizendo, ouvir aqui e ali mudanças no conteúdo musical, nas letras das músicas. Por exemplo, a banda Harppia começou executar a música “Voz da Consciência” que é um apelo aos países ricos para ajudarem os países pobres e a banda Avenger apareceu com a música “Usinas Nucleares”, um protesto contra as usinas nucleares. A banda Excalibur encontrou na poesia de Baudelaire sua forma de expressão. Muitas outras bandas surgiram com temas existenciais, preocupações políticas e culturais. Sabotagem Quando a banda Sabotagem executou a música “Recomeçar” num dos shows que produzi em 1985, imediatamente reconheci o potencial desta banda que infelizmente não me recordo o nome dos seus integrantes (qualquer ajuda será bem-vinda!). Lamentavelmente Sabotagem teve uma vida muito curta e esta música nunca chegou a ser registrada em disco ou CD. Então, com exclusividade, na nossa rádio, torno pública esta gravação. Gostaria que os ouvintes descontassem o lado técnico e apenas imaginassem o poder que esta música teria se fosse gravada e produzida com a qualidade que ela merece. Busque na listagem da rádio pela banda Sabotagem e confira este diamante bruto.
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