Sábato Dinotos: Discos Voadores, Ditadura Militar e o dia em que Barbieri quase entrou numa fria!

sabado dinotos
Sábato Dinotos. Digital Arte: Barbieri

Sábato Dinotos:
Discos Voadores, Ditadura Militar e o dia em que Barbieri quase entrou numa fria!

Escrito por Antonio Celso Barbieri

Lá por volta de 1968, a população brasileira  vivia momentos difíceis. Vivíamos o auge da Ditadura Militar. A censura aos meios de comunicação era implacável e saber o que realmente estava acontecendo no país uma tarefa difícil. O jornal o Estado de São Paulo cansado de ter suas páginas censuradas, resolveu usar a tática de apenas substituir as matérias censuradas por receitas culinárias. Como resultado, era curioso frequentemente encontrarmos, na primeira página do “Estadão”, uma receita de bolo. Este ano foi um ano cheio de atentados terroristas com muitas bombas explodindo, assaltos à bancos e roubos de explosivos.

Em 68 eu tinha apenas 16 anos. Não fazia muito tempo que tinha descoberto o rock. O mundo da música ainda reverberava ao som dos Beatles e seu álbum Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band (1967), um marco revolucionário em termos de gravação e produção. Os Beatles viviam o psicodelismo e o LSD e, nós a ditadura.  

Eu ainda estava no ginásio, nunca tinha tido uma namorada e vivia  acompanhando de perto os programas espaciais russos e norte americanos. Os norte americanos, com o seu Projeto Apolo tinham claramente passado a perna nos russos e, em apenas mais um ano, pisariam na Lua.  

Era fã de carteirinha de Vernher von Braun o cientista alemão responsável pela criação do gigantesco foguete Saturno V e o cérebro por trás do programa espacial dos norte americano.  Era também um ativo interessado em míssil modelismo. Pesquisava em casa, várias combinações de substâncias para criação de um combustível sólido eficaz para meus foguetinhos. Meu quarto mais parecia um laboratório de química.

Minha família não tinha a menor ideia que eu dormia com uma lata vermelha contendo um quilo de pólvora debaixo da cama. Além disso também tinha uma enorme coleção contendo uma grande variedade de produtos químicos. A pólvora, comprava numa casa de armas e munições que, não fazia perguntas e, os produtos químicos comprava em pequenas quantidades da Casa do Cientista do Amanhã, uma lojinha que ficava numa pequena galeria no centro de São Paulo. 

Nas festas juninas, adorava brincar com fogos de artifício. Gostava de desmontar as bombinhas para ver que tipo de pólvora os fabricantes estavam usando. Logo percebi que, o pó das bombinhas quando espalhados nos dedos, brilhavam com uma cor metálica. Era pó de alumínio. Quando misturamos pó de alumínio com pólvora, durante a combustão da pólvora, o alumínio misturado libera rapidamente uma grande quantidade de oxigênio e, uma vez que esta pólvora normalmente está comprimida, enrolada em papel, a bombinha explode. Estava claro que adicionar alumínio no combustível sólido dos meus foguetes seria suicídio. Mais tarde descobri que pó de zinco era mais efetivo é até,  já era usado em foguetes.


Bom, a verdade, é que meu conhecimento de química era muito limitado e meus foguetes acabavam sempre explodindo espetacularmente. Meu amigo Adonis, para meu desagrado, sempre se referia aos meus “foguetes” como sendo “petardos”.

A minha turma de “cientistas malucos” era formada, além de mim, pelo meu irmão Jorge, e meus amigos Adonis e George Romano. Adonis era o teórico e George Romano o prático. Éramos assíduos visitantes, nas escolas, das Feiras de Ciência, sempre buscando por alguma solução para os nossos foguetes.

Adonis Jorge George Paulo
Adonis, meu irmão Jorge, George Romano e Paulo, meu irmão mais novo
em uma de nossas "expedições" por Botucatu, minha cidade natal. Foto: Barbieri

Outro assunto que tínhamos muito interesse eram os relacionados aos Discos Voadores (OVNI ou UFOS). Sempre que possível, procurávamos visitar pessoas que diziam terem visto discos voadores e principalmente aqueles que diziam terem sido contatados por seres alienígenas. A ideia da possibilidade de termos contato com um ser vindo de uma outra civilização fora do nosso planeta era e, ainda é, realmente muito excitante.

Quando fiquei sabendo que um tal de Sábato Dinotos iria comparecer à um programa de auditório nos estúdios do, agora, extinto Canal 9 para falar dos seus encontros com extraterrestres, convenci meu amigo Adonis à ir comigo no programa. Aliás, Sábato Dinotos era um nome que já conhecia à algum tempo, só que, não sabia do que se tratava.  Frequentemente, quando tomava ônibus, assim que sentava em um banco, via o nome Sábato Dinotos escrito abaixo do desenho de uma estrela de David. Era sempre assim, tudo escrito em azul, com “pincel atômico”, nas costas do banco à minha frente. Parece que o homem vivia com uma caneta na mão "grafitando" todos os ônibus da cidade de São Paulo. Sem dúvida ele foi um dos precursores desta arte.

O programa de TV foi gravado em um estúdio em São Paulo que, ficava exatamente onde hoje é o Teatro Cultura Artística pertencente à Secretaria Municipal de Cultura. Neste programa, o senhor Dinotos, fazendo publicidade do seu livro A Antiguidade dos Discos Voadores que, tinha sido publicado no mês de março do ano anterior, com tranquilidade informou que ele mantinha contatos frequentes com seres de outros planetas e que tinha formado um grupo reduzido de pessoas que ele permitia presenciar estes encontros. Nós assistimos ao programa e, no final, saímos e fomos para a saída dos artistas esperar por ele.

Quando este senhor saiu, batemos um papo rápido, deixamos claro o nosso interesse pelo assunto e que gostaríamos de saber mais à respeito.

Muito embora, tudo que ele falasse fosse muito duvidoso, é lógico que, se ele realmente tivesse algum contato com outra civilização, nós obviamente também queríamos participar do seu grupo.

O homem, de uma forma simpática, mas reservada e até com uma certa desconfiança nos informou que, no dia seguinte, ele estaria o dia inteiro recebendo os leitores e interessados, na Livraria Freitas Bastos que ficava não muito distante da Praça da Sé.

No outro dia, lá fomos nós para a Livraria Freitas Bastos. Não iríamos abandonar este caso tão facilmente!

george adamski
George Adamski

Quando chegamos na livraria ele estava só. Obviamente, apesar da excelente publicidade que ele andava fazendo, participando de vários programas de TV, aparentemente, não havia muita gente interessada no seu livro.   

Levei meu álbum de recortes com várias fotos de discos voadores, tiradas entre outros, por George Adamski um norte americano que, como ele, era também uma figura controversa que se dizia “contatado”. Adamski, era e é considerado por muitos ufólogos  como sendo um grande charlatão. Sábato Dinotos, folheou rapidamente meus recortes, disse que já conhecia todo o seu conteúdo e que, as fotos do Adamski já eram bem conhecidas e muito possivelmente fraudes. 

Bom, conversa vai conversa vem, ele falou exatamente o que queríamos ouvir. Disse que tinha um pequeno grupo que reunia-se, todos sábados, em um escritório, no antigo Prédio Martinelli. Se não me engano, os encontros aconteciam, no último andar. Então, para nossa alegria, convidou-nos para o encontro do próximo sábado.

No sábado, cheios de expectativas, nos dirigimos aos Prédio Martinelli. Tomamos um elevador pequeno, muito antigo, daqueles que a porta é apenas uma sanfona metálica que temos que fechar manualmente. Já no andar, percorremos corredores escuros e abandonados até encontrarmos uma porta trancada. Nós ficamos ali, um tempão, esperando que alguém chegasse mas, foi em vão. 

george adamski ufos
Algumas das famosas fotos tiradas por George Adamski em 1951/52.

Voltamos para casa desapontados. O fim de semana terminou sem maiores novidades. Na segunda-feira, de manhã, para minha absoluta surpresa, Sábato Dinotos estava na capa dos principais jornais.

Ainda hoje recordo-me, ter visto a foto do homem com uma expressão de medo e cansaço, a barba por fazer, usando uma camiseta branca sem manga, atrás das grades de uma sela. Seu nome verdadeiro era Aladino Félix.

A matéria dizia que ele tinha sido preso pelo Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) dentro dos estúdios da TV Record ao sair de um programa de entrevistas. Este programa tinha como entrevistadores, Blota Junior, Kalil Filho e Randal Juliano. No programa Dinotos tinha falado proféticamente sobre diversos atos terroristas e incêndios em TVs que, no final acabaram acontecendo. A matéria informava também que ele seria o responsável somente naquele ano por, 14 bombas explodidas e o roubo de um banco (Algumas fontes dizem que foram 12 bombas e um assalto à banco e outras que as bombas resultaram em vários mortos e feridos).  

Segundo Cláudio Tsuyoshi Suenaga no seu texto A Verdadeira história de Dino Kraspedon e Aladino Félix (leia abaixo no final desta matéria), “tais atos acabaram errônea e convenientemente atribuídos a esquerda, e contribuíram de sobremaneira para disseminar o clima de agitação e desordem que abriria o leque de justificativas para o fechamento total do regime militar, por meio da decretação do Ato Institucional numero 5 – o famigerado AI-5 em dezembro daquele ano.”

As verdadeiras motivações que levaram Aladino Félix, um homem nascido em 1920 no Vale do Paraíba, na cidade de Lorena no estado de São Paulo, à tomar estas atitudes extremistas, talvez nunca saberemos. Logo que foi preso, à primeira vista, como era de se esperar, o governo militar, apontou o dedo para “os comunistas infiltrados no país”. Entretanto, Aladino Félix, assim que pode, denunciou à Justiça Criminal que tinha agido seguindo orientação do general Jayme Portela, chefe da Casa Militar da Presidência da República, reclamou que tinha sido torturado indevidamente uma vez que ele estava à serviço das Forças Armadas. Curiosamente, não demorou muito para que Aladino Félix conseguisse fugir (!?). Aparentemente ele era um tipo de agente secreto plantando bombas para justificar as medidas ditatoriais do próprio governo militar.  Mais tarde, em meio à histórias nebulosas, nunca realmente comprovadas, ele foi preso novamente, cumpriu sua pena e, simplesmente desapareceu de cena. Aladino Félix faleceu em 1985.

a antiguidade dos discos voadores
Barbieri e o livro A Antiguidade dos Discos Voadores escrito por Sábato Dinotos (Aladino Félix)

Vocês imaginem só, se eu tivesse sido preso juntamente com este homem e depois, em uma visita à minha casa os militares encontrassem embaixo da minha cama uma lata com aproximadamente um quilo de pólvora, vários produtos químicos, canos de alumínio (do tipo mais resistente que chamávamos duro-alumínio) e todo tipo de parafernália elétrica e de laboratório. Não quero nem pensar...

Certamente, eu e toda a minha família estávamos correndo risco de vida. Isto só serve para provar que muitas vezes os pais, debaixo dos seus narizes, são incapazes de ter a menor ideia do que está acontecendo com seus filhos. Recordo-me que até meu pai foi com a turma testar um dos meus foguetes!

Testávamos meus foguetes em um enorme terreno baldio abandonado que, ficava paralelo à linha de trem pertencente à Estrada de Ferro Santos à Jundiaí localizada à mais ou menos um quilometro de distância da na minha casa, no bairro da Barra Funda. A plataforma de lançamento do foguete consistia em uma pequena base de madeira onde estava montada uma estrutura metálica que mantinha o foguete em pé. A ignição elétrica era provida por uma pequena bateria de moto que ficava perto da base de onde saia um longo cabo que terminava em um interruptor elétrico.

Uma vez, quando testávamos pela primeira vez um foguete cujo corpo era montado num tubo de duro-alumínio, quando, escondidos atrás de um barranco, fizemos a contagem regressiva e apertamos a ignição, imediatamente ouvimos uma explosão fortíssima com o foguete literalmente desaparecendo no ar. Parecia que ele tinha se desintegrado instantaneamente. Ficamos todos olhando para o céu tentando encontrá-lo. Depois de vários segundos ouvimos um barulho forte de algo caindo sobre um barraco pertencente à uma pequena favela que tinha sido formada recentemente à uns 300 metros do local.  Imediatamente vimos várias pessoas saindo para fora do barraco e correndo na nossa direção. Fugimos e nunca mais voltamos!

Sem um lugar para testar meus foguetes, este foi o final das minhas experiências perigosas. Neste período, entre os projetos, discutidos mas, nunca realizados, estavam a fabricação de nitroglicerina, a construção de um raio Laser e a construção de um telescópio usando um espelho côncavo.  :-)

Confesso que tenho saudades deste tempo. Apesar da loucura adolescente, foi um tempo em que como jovens, aparentemente erámos mais práticos e nossos interesses eram menos voltados aos bens de consumo e mais em busca do conhecimento.  Foi um tempo cheio de idealismo e fantasia muito diferente do comercialismo e cultura de massa dos dias de hoje onde jovens passam a maior parte do seu tempo na frente dos computadores sonhando com o próximo modelo do iPhone ou iPad.

Abaixo, para download, seguem links para alguns textos muito bons que, vinha recolhendo já a algum tempo e que, colocam uma luz muito maior neste tempo conturbado da história brasileira conhecido como Os Anos de Chumbo. Não deixem também de ler os dois textos que seguem depois dos links!

Antonio Celso Barbieri

A Provocação da Anarquia folha.uol.com.br
Aladino Feliz, o Homem que Queria Ser o Rei do Mundo Bira Câmara
Aladino Felix (texto retirado da Biografia dos Ufologos Brasileiros) Autor Desconhecido
Culto aos Discos Voadores - Ascensão e Queda dos Ufolátras Claudeir Covo
Generais Estadistas e Estadistas Generais na Politica Brasileira Adriano Nervo Codato
A Ditadura Envergonhada - Vol I Elio Gaspari
A Ditadura Escancarada - Vol II Elio Gaspari
A Ditadura Derrotada - Vol III Elio Gaspari

A Verdadeira história de Dino Kraspedon e Aladino Félix
Por Cláudio Tsuyoshi Suenaga

Aladino Félix, também assinava livros como Dino Kraspedon, Sábado Dinotos e Dunatos Menorá.

Aladino Félix é um dos nomes mais polêmicos da Ufologia Brasileira. Félix escreveu livros como Contato com os Discos Voadores, um clássico da literatura ufológica mundial, Mensagens aos Judeus, o Hebreu e A Antiguidade dos Discos Voadores, que se antecipava a Erich von Daniken. E para completar, o autor líder messiânico e acusado de terrorismo, preso pelo Departamento de Ordem Política e Social(DOPS) e demais órgãos de repressão política do regime militar (1964-1985) - Aladino Félix foi torturado conseguiu escapar e acabou recapturado. Depois de cumprir pena, desapareceu. A meteórica trajetória de Félix é em si mesma um mistério, ele foi responsável por cerca da metade de todos os principais atentados políticos ocorridos em São Paulo em 1968. Tais atos acabaram errônea e convenientemente atribuídos a esquerda, e contribuíram de sobremaneira para disseminar o clima de agitação e desordem que abriria o leque de justificativas para o fechamento total do regime militar, por meio da decretação do Ato Institucional numero 5 – o famigerado AI-5 em dezembro daquele ano. Ligado a altos escalões do governo, Félix insurgiu-se como o primeiro a alertar que um “golpe dentro do golpe” estava em vias de ser implantado, e a denunciar, junto com seus adeptos, as torturas a que foram submetidos nas dependências do Departamento Estadual de Investigações Criminais (DEIC).

Durante cinco anos, desde novembro de 1952, Aladino Félix teria conservado em segredo o contato que alegava ter mantido com os tripulantes de um disco voador na Estrada de Angatuba, interior de São Paul, bem como a visita que recebera do comandante deste. Os visitantes que dizia ter encontrado eram altos, tinham suas cabeças raspadas e usavam macacões colantes. Pelo que lhe fora explicado pelo comandante da nave – disse proceder de dois satélites de Júpiter, Io e Ganímedes – as naves deviam sua alta velocidade ao vácuo que formavam com o bombardeio de raios catódicos em toda a parte externa, formando um túnel. Tendo o vácuo sempre a sua frente, o disco podia movimentar-se sem qualquer atrito, em qualquer velocidade e em todas as direções.

O comandante ainda teria postulado que o Sol e os planetas se sustentam no espaço de forma contrária a que a ciência terrena afirma. O Sol não atrairia os planetas, mas provocaria uma repulsão. “ Se até então a ciência não encontrara a solução para o problema dos três corpos, brevemente haveria maior dificuldade com a inclusão de um outro sol em nosso sistema”, dizia Félix, aliás, segundo ele, essa seria uma das razões que atrairia naves extraterrestres aqui, além de nos prevenir contra os perigos a que estávamos expostos com o advento da era atômica. O comandante dizia que todos os planetas teriam suas órbitas modificadas. A Terra por exemplo, sob a pressão de dois Sóis, iria ocupar a zona onde hoje se encontra o cinturão de asteroides, entre Marte e Júpiter.

Contato com os Discos Voadores aborda assuntos como astronavegação e a vida em outros mundos. Lança novos conceitos sobre Deus, matéria e energia. Alerta-nos sobre o perigo atômico e discute os erros cometidos por nossas ciências. Os visitantes espaciais se identificaram como habitantes de dois satélites jupiterianos, chamados Io e Ganimedes. Quanto à aparência física, Dino descreve o comandante como um homem alto, corpo esguio de simetria perfeita e com olhos grandes e azuis.

Em seu livro, Dino afirma, entre outras coisas, que há um planeta em nosso sistema solar, conhecido como SS433, que, segundo os extraterrestres, está vindo de encontro à Terra. “Quando chegar à altura do Sol, irá se incandescer”, garantiu. Como os corpos se repelem pela luz, todos os planetas serão afastados de suas órbitas. “Com isso, nosso ano passará a ter 1000 dias”, finalizou.

Foi após esses encontros que o senhor escreveu o livro?
Dino: "Sim, mas só fui escrevê-lo em 1955. Nesta época, o comandante veio novamente à minha casa. Só que a razão da visita era trazer uma profecia que deveria ser incluída no livro. Esta profecia previa um trágico fim para a humanidade: “De todo será esvaziada a Terra e de todo será saqueada, porque o Senhor anunciou esta palavra: a maldição consome a Terra e os que habitam nela serão desolados. Por isso, serão queimados seus moradores e poucos homens restarão. Os fundamentos da Terra tremem. De todo será quebrantada a Terra, de todo se romperá a Terra e de todo se moverá a Terra. De todo vacilará a Terra como o ébrio e será movida e removida como uma choça da noite”.

Para o senhor, o que quer dizer esta profecia?
Dino: "Bem, para eu entender a profecia, o comandante precisou fazer um desenho no meu caderno (que está reproduzido na página 47 do livro). Esse desenho mostra dois sóis... Ele me explicou que – ao contrário do que explica a nossa física clássica – os corpos se repelem pela luz. Explica também que todos os corpos têm luz, mas nós não temos capacidade de perceber isso. A luz é uma força que repele outros corpos. Assim, os astros se movem e não se chocam uns com os outros. Eles se repelem mutuamente. Esse é um fato que os astrônomos não dão nenhum valor... Mas voltando à profecia, ela diz respeito a um novo corpo celeste que iria invadir o nosso sistema e comprometer a vida na Terra.

De que forma esse astro pode nos prejudicar?
Dino: "O nosso sol repele naturalmente a Terra. Segundo as palavras do comandante, virá um outro sol, que também a repelirá. Essa repelência afastará todos os corpos do Sistema Solar, de forma que o planeta Plutão será jogado fora do sistema. A Terra também será afastada, indo até a região espacial dos planetoides, perto de Marte. Ao chegar nesse ponto, começará a fazer o movimento de translação em torno dos dois sóis existentes. Porém – como disse o comandante – para chegar até a região dos planetoides, nosso planeta levará aproximadamente seis ou sete dias.
Nesse período ela tremerá, causando um grande cataclismo. Este sol será detectado pelos cientistas ainda antes do fim do século (lembrar que a entrevista foi feita em 1996). Desta forma, como diz a profecia, a Terra tremerá como um ébrio... infelizmente, com isso, dois terços da humanidade serão extintos.

E foi por isso que o senhor escreveu o livro?
Dino: "Sim, por todos os motivos. Foi ele quem me pediu para escrever. Apenas cumpri uma missão... e foi o único livro que escrevi na minha vida. Várias pessoas leram a obra e gostaram muito. Em 1957, alguém levou o livro para a Rússia e, em março do mesmo ano, a Academia de Ciências da União Soviética enviou uma carta para a editora no Brasil. Então, como naquela época havia muita repressão, o Departamento de Ordem Política e Social do governo controlava tudo, principalmente o que vinha da Rússia [risadas]. O pessoal tinha horror a comunistas. O departamento pegou a carta dos russos, abriu-a e foi até a editora tirar satisfações.

Alguns fatos sobre ele

O trabalho de Cláudio Suenaga, 1968, A História Que Tentaram Apagar traz revelações surpreendentes sobre a figura de Aladino Félix e levanta a suspeita de que a sua participação na história daquele conturbado período foi subestimada pelo descaso ou preconceito de nossos historiadores. As informações a seu respeito se resumem a rotulá-lo de louco ou lhe atribuir um papel secundário.

Há muitas evidências de que Aladino tinha contatos com altos escalões do Regime Militar e é provável que acreditasse servir-se deles no seu projeto de tomada do poder. Pode ter sido um inocente útil que acreditava no apoio de alguns militares aos seus planos, ou também um bode expiatório utilizado pob eles para deflagrar a caça às bruxas. Para o pessoal da esquerda, ele não passava de um simples informante ou agente provocador. O Dr. Walter Bühler declarou que Aladino havia sido treinado pela CIA, em Chicago, de onde, “por uma razão qualquer, foi desligado”. As evidências de suas ligações com autoridades militares e as suspeitas de que poderia ter agido cumprindo ordem deles nunca foram investigadas a fundo. Isto é compreensível partindo de quem estava ligado ao regime militar; só não consigo entender o desinteresse dos historiadores em geral, que poderiam talvez levantar fatos inéditos de nossa História. As autoridades sempre negaram qualquer ligação com Aladino e apenas diziam que recebiam dele informações e denúncias, de caráter grave, sobre a situação do país. Mas, na época, falava-se que o terrorismo de grupos paramilitares de direita não começara nos anos 60, mas décadas atrás, nos anos 40 e 50. Aladino também fez esta denúncia, mas tido na conta de “louco”, “místico” e “visionário”, ninguém acreditou que por trás dele pudesse ocultar-se uma “gigantesca rede conspiratória que ao longo dos anos assumiu o controle de todos os aspectos da vida da nação”.

claudio tsuyoshi suenaga
Claudio Tsuyoshi Suenaga

Diz Cláudio, em sua tese: “Os problemas com a Igreja explicam porque Aladino não foi nem mesmo citado no livro “Brasil: nunca mais”, projeto conduzido e coordenado pelos arcebispos da Arquidiocese de São Paulo. A omissão é tanto mais grave se levarmos em conta que Aladino e seus seguidores foram praticamente os primeiros “terroristas” torturados pelo aparato repressivo que se solidificava. Apenas à página 116 deste livro, numa tabela mostrando a atuação de diversos grupos de esquerda, vemos que uma “organização sem identificação” atuou em 1968. Muito pouco para um movimento responsável por quase metade dos atentados cometidos naquele ano em São Paulo.

Provas de que Aladino Félix era Dino Kraspedon

O bancário aposentado Oswaldo Pedrosa, já falecido, assumiu a identidade de Dino Kraspedon, inventada por Aladino Félix

Ao assumir a identidade de Dino Kraspedon, o bancário aposentado Oswaldo Pedrosa necessariamente teria também de alterar sua personalidade em todos os aspectos que esta comportava. Mas não foi o que fez, entretanto [Veja UFO 106]. No intuito de restabelecer a verdade histórica sobre esse curioso personagem da Ufologia Brasileira, apresentamos provas incontestáveis de que Pedrosa não é nem nunca foi o autor de Contato com os Discos Voadores, como alardeou em congressos de Ufologia pelo Brasil afora, que freqüentou a partir dos anos 90, já octogenário. Todos aqueles que se acostumaram à falsa certeza de que o bancário era de fato Kraspedon talvez estivessem convencidos pelo seu singelo discurso ou influenciados pela ação de seus arautos, também iludidos pelo imponderado consenso que se formou a respeito.

A usurpação do nome

Um dos argumentos mais capciosos e recorrentes dos ufólogos que defendem o bancário é o de que Dino Kraspedon e Sábado Dinotos seriam personagens distintos. Para eles, Dino seria o bancário e contatado, e Sábado seria Aladino Félix, o líder messiânico e terrorista. Nada mais falso. Como se já não bastassem os testemunhos de todos os que conheceram Félix, incluindo sua família, há garantias documentais de que o autor de Contato com os Discos Voadores era de fato Aladino Félix, apenas e tão somente ele. Uma prova é a edição de 24 de agosto de 1968 do jornal Última Hora, de São Paulo [Número 5.090, ano XVII], que traz nas páginas 08 e 09 uma reportagem cujo título principal é Os Caminhos do Terror, e na página 10, um perfil do contatado e terrorista, sob o título O Incrível Aladino ou Sábado Dinotos ou Dino Casperton. Embora o jornal tenha errado na grafia, fica patente que na época a própria imprensa já reconhecia Dino e Sábado como sendo a mesma pessoa, ou seja, Aladino Félix.

A Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, instituição que armazena os registros de todos os escritores nacionais, enviou a este autor, em 24 de novembro de 1995, um documento assinado por Anna Naldi, chefe da Divisão de Informação Documental, e referendado pela pesquisadora Cássia Krebs, confirmando que Dino Kraspedon e Sábado Dinotos eram a mesma pessoa, ou seja, Aladino Félix. Em sua lista, constam como sendo de Félix as obras Bíblia Sagrada [Pentateuco], Contato com os Discos Voadores, O Hebreu: O Libertador de Israel, Mensagem aos Judeus: O Nascimento do Messias e A Órbita da Terra e a Gravitação.

Poucos meses antes de falecer, em 13 junho de 1996, este autor manteve intensa correspondência com o médico e pioneiro da Ufologia Brasileira Walter Karl Bühler, fundador e presidente da Sociedade Brasileira de Estudos de Discos Voadores (SBEDV), que estabelecera vários encontros com Félix na década de 50. Bühler citou Félix inúmeras vezes nos boletins da SBEDV, sempre fazendo questão de relacionar o pseudônimo Dino Kraspedon ao verdadeiro nome do mencionado, Aladino Félix. Como que antevendo a usurpação do nome, em seu Livro Branco dos Discos Voadores [Editora Vozes, 1985], Bühler ainda fez questão de declinar em várias passagens o verdadeiro nome de Kraspedon, isto é, Félix.

Por fim, durante uma visita que fiz ao veterano ufólogo carioca Fernando Cleto Nunes Pereira [Veja seção Diálogo Aberto de 132], em companhia do ufólogo espanhol e também consultor da Revista UFO Pablo Villarrubia Mauso, em 1996, aproveitei para mostrar-lhe a edição de 06 de março de 1968 do Jornal da Tarde com a matéria O Golpe Fantástico, que traz uma foto de Félix, que já fora hóspede em sua residência. Ao vê-la, Cleto logo reconheceu o velho colega. Acima da foto, o pioneiro escreveu: “Acredito que este é o Dino Kraspedon que conheci na década de 50”. O ufólogo decano Fernando Grossmann confirmou igualmente que Dino Kraspedon era de fato Aladino Félix.

Explicação necessária

Mas os leitores certamente devem estar se perguntando por que só agora, passados mais de 10 anos, é que resolvi publicar estes fatos. Em consideração aos que prezam pelo silogismo, explico. Antes, cabe dizer que este texto é apenas uma breve síntese de um extenso trabalho que compôs pouco mais da metade de minha tese de mestrado, intitulada A Dialética do Real e do Imaginário: Uma Proposta de Interpretação do Fenômeno OVNI, desenvolvida entre os anos de 1994 e 1998. O trabalho contou com a orientação do antropólogo Benedito Miguel Angelo Perrini Gil, foi apresentado junto ao Departamento de História da Faculdade de Ciências e Letras da Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de Assis, e defendido em 22 de março de 1999. Ou seja, no âmbito acadêmico, a verdade sobre Dino Kraspedon é fartamente conhecida e está acessível a qualquer pessoa que se predisponha a consultar o banco de teses daquela universidade.

Mas se até agora eu vinha adotando uma postura de resignação e protelando a publicação destes dados, isso se deveu a uma série de fatores que fugiram ao meu controle. Inúmeros problemas pessoais, inclusive de saúde, tiraram-me de circulação por anos seguidos. Compromissos e projetos mais urgentes também me ocuparam integralmente. Foram anos pesquisando e escrevendo sobre outros assuntos até que dissesse a mim mesmo que conseguiria fazer o que deveria sobre esse tema. Mesmo assim, ainda antes de ter concluído a referida tese, jamais me neguei a enviar informações a respeito aos pesquisadores sérios que me têm solicitado.

A maior preocupação, porém, não era com o desconforto de reviver episódios pouco agradáveis da história de nosso país e da Ufologia Brasileira, remexendo suas piores memórias. Mas o desafio de encontrar um tom apropriado para abordar o caso, sem ferir suscetibilidades ou instar conflitos desnecessários, ainda que em certo grau isso fosse absolutamente inevitável. Tampouco me faltaram vontade e coragem para tanto, ainda que sob a ameaça de retaliações em forma de ataques via imprensa ufológica. O que determinou meu silêncio foi, principalmente, a intimidação velada que sofri dos detentores do poder econômico, que me acenavam com infaustos processos judiciais, e o pedido de Raul Félix, filho de Aladino, para que aguardasse pacientemente o desfecho da ação que movia contra os usurpadores do nome e da obra de seu pai. Assim o fiz.

A verdade acima de tudo — Nesse período, entretanto, confesso que não foram pequenas as decepções diante da indiferença, da incompreensão e da veleidade renitente de alguns ufólogos e pesquisadores ilustres em relação às descobertas que apresento neste box e no artigo principal. Em compensação, também foram muitas as satisfações que tive, mais tarde, com o apoio e a colaboração que passaram a prestar alguns colaboradores, igualmente ilustres, entre os quais estão Mauso, Grossmann e Bühler, já citados, e ainda Antônio Manoel Pinto, Lobo Câmara, Ari Nicácio Moreira.

Embora a mentira sobre a identidade de Dino Kraspedon já tenha se consagrado, temos que fazer com que a verdade seja ouvida, principalmente para que sirva de estímulo e força impulsionadora para todos aqueles que têm coragem e a necessária força de vontade para prosseguir lutando por ela. Foi estimulado por tal propósito que fiz intensa pesquisa sobre Aladino Félix, resultando nas descobertas aqui apresentadas e no livro que acabo de lançar pela coleção Biblioteca UFO, Contatados. Mover céus e terras para localizar documentos históricos, testemunhas idôneas e informações fidedignas, que nos ajudassem a desvelar os segredos que se ocultavam sob uma crosta de 30 anos de silêncio, compensou.

O livro sobre sobre Aladino Felix foi escrito pelo historiador Claudio Tsuyoshi Suenaga que pesquisou os arquivos da ditadura em São Paulo.

Fontes:
Trecho da Revista Ufo Ano XXIII - Numero 134
Revista Conspiração

 A Provocação da Anarquia
Texto encontrado na folha.uol.com.br

Para quem olhava a crise de dentro do governo, a questão estudantil e mesmo o terrorismo eram apenas parte do problema. As manifestações de rua indicavam que o regime perdera o apoio da classe média e até de uma parcela da elite. Para uma Revolução que se considerara abençoada pelas Marchas de 1964, a Passeata dos Cem Mil fora uma excomunhão. A base parlamentar de Costa e Silva, sustentada pelos sucessivos expurgos da bancada oposicionista, caminhava para segunda metade do mandato com a antevisão de uma inevitável derrota nos grandes centros urbanos.

No coração do regime, o ministro do Interior, general Affonso Augusto de Albuquerque Lima, baronete da linha dura e candidato à Presidência, investia simultaneamente contra a agitação de esquerda e a conduta de colegas de governo. Chamava Costa e Silva de “molengão”. (01) Numa conversa com o prefeito de Salvador queixara-se de seus colegas da Fazenda e dos Transportes: “O Delfim e o Andreazza devem ser enforcados e pendurados de cabeça para baixo, como ladrões”.(02) Delfim sabia que Albuquerque Lima o odiava, mas embrulhava o general com a cumplicidade do presidente, a quem narrava suas manobras.(03)

No meio militar, Costa e Silva sofria o reflexo da debilidade do ministro do Exército. Lyra Tavares era um general fraco jogado num Alto-Comando de prima-donas que, ao contrário dele, haviam arriscado o fim de suas carreiras de 1964. Chocara-se com o chefe do Estado-Maior do Exército, Orlando Geisel, e depois de penosas negociações conseguiu empalhá-lo no EMFA. (04) Sofria as costumeiras pressões de radicalismo dos coronéis da linha dura, dos tenentes-coronéis da ESCEME e dos capitães da ESAO, Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais. A elas se somava o descontentamento com os soldos. Eram todas pseudônimos da anarquia. Diante dela, perdia a voz.

O melhor exemplo dessa afonia política está no comportamento de Lyra Tavares nas duas reuniões do Conselho de Segurança Nacional que Costa e Silva presidiu em julho, para discutir a crise política. Na primeira, no dia 2, o ministro do Exército foi prudente: “É evidente que ao chefe militar escapa competência para sugerir as providências legais reclamadas pela situação, mas como se configura, na presente conjuntura, um grave problema de segurança nacional, é de presumir-se que ela comporte medidas a serem tomadas no campo jurídico, na forma que o governo julgue deverá fazê-lo, sem comprometer os postulados da democracia, mas, ao contrário, precisamente para defendê-la“. (05)

Era uma parabólica defesa do estado de sítio, mas duas semanas depois, na segunda reunião, aparece um novo Lyra Tavares: Não parece haver mais dúvida de que estão sendo cumpridas no Brasil, como em toda a América Latina, as recomendações de Havana. [...] Dir-se-á que as realizações do governo, a liberalidade de seu comportamento democrático, a não-repressão das manifestações hostis, em linguagem subversiva, e o espírito de disciplinas das Forças Armadas terminarão por separar a crise quando a Nação se der conta da verdade e da importância do que o governo está fazendo por ela. A revolução rápida dos acontecimentos não parece, infelizmente, autorizar esse prognóstico otimista. [...] O quadro se configura é o de um processo já bem adiantado de guerra revolucionária. (06)     

Entre os dias 2 e 16 de julho não aconteceu nada de relevante na rua. A “evolução rápida dos acontecimentos” a que se referiu o general ocorrera no governo. Costa e Silva resolvera admitir a hipótese da decretação do estado de sítio. No momento em que Lyra fazia sua síntese apocalíptica, o general Jayme Portella tinha na pasta o decreto de suspensão das garantias constitucionais e a relação dos nomes dos futuros executores do interlúdio de exceção. Ao seu lado estava o chefe do Serviço Nacional de Informações, general Emilio Garrastazú Medici, acreditando que “o que estava na rua era a contra-Revolução”. (07) Segundo Portella, as duas  reuniões e a iminência do sítio funcionaram como ameaça. Orgulhoso, registrou em suas memórias que “o ambiente se modificou, surgindo um ou outro caso de pouca importância”. (08)   

O que houve depois das duas reuniões do Conselho de Segurança não foi um arrefecimento, mas uma opção do governo pela repressão. No dia 16 de julho, quando os ministros estavam reunidos, estourara uma grande greve em Osasco, no cinturão industrial de São Paulo.  O movimento começou às 8h30 da manhã, quando tocou o apito da fábrica de vagões Cobrasma. Era o sinal combinado. No fim da tarde havia quatro indústrias paradas, duas delas ocupadas. Um dia depois, pararam mais quatro, e os grevistas chegaram a 10 mil. A polícia atacou no terceiro dia, quatrocentos operários foram presos, cinqüenta ficaram detidos, desocuparam-se as oficinas e ocupou-se a cidade. A greve capitulou em 72 horas, antes mesmo que comandos ultra-esquerdistas conseguissem interromper o fornecimento de energia às fábricas. (09) A idéia segundo a qual se podia radicalizar nas fábricas para colher benefícios semelhantes aos recebidos no início do ano pelos operários de Contagem mostrara-se errada
.
Um dos líderes da ocupação da Cobrasma fora o baiano José Campos Barreto, o Zequinha, nascido em Buriti Cristalino, nas serras de Brotas de Macaúbas. Estivera no Primeiro de Maio da praça da Sé, mas na Cobrasma tornara-se uma espécie de capeta. Arengou aos soldados da Força Pública que se preparavam para derrubar as barricadas da fábrica, comandou a fuga dos últimos grevistas e reteve a polícia com uma tocha na mão, ameaçando explodir o depósito de gasolina. Quando a fábrica foi retomada, o ministro do Trabalho, Jarbas Passarinho, anunciou: “A Cobrasma está sob controle, José Campos de Barros foi preso”. (10) Zequinha foi levado para a sede da Polícia Federal; deram-lhe choques elétricos, passaram-lhe sabão em pó nos olhos e espancaram-no para que se confessasse ligado a Marighella. (11)

A tortura de presos políticos estava de volta. A Folha da Tarde denunciara dez modalidades de suplício. (12) o economista Luciano Coutinho, preso semanas depois pelo DOPS, levou choques para que confessasse a autoria de um documento. José Genoino, presidente do Diretório Central de Estudantes da Universidade Federal do Ceará, capturado na rodoviária de São Paulo, resumiu sua experiência: “Me espancaram como a um animal”. (13) Vladimir Palmeira, detido na PE do I Exército, viu presos ensangüentados sendo levados para suas celas. (14)  Praticada pela “meganha” nas delegacias de polícia, eterno foco de violações de direitos humanos de cidadãos humildes, ela reaparecia a serviço do regime, mas distanciada dos quartéis. Vinha na sua forma habitual, primitiva, produto de um sistema policial inepto que até hoje se vale do espancamento dos presos como modo de imposição da autoridade e dos tormentos como instrumento essencial de investigação.

No final de agosto São Paulo já fora sobressaltada por 29 bombas. (15)  Marighella organizara o ataque a um carro-forte nos subúrbio da cidade e um audacioso assalto ao trem pegador da estrada de ferro Santos – Jundiaí, do qual tirou o equivalente a US$ 21.600. (16)

Depois do ataque ao QG do II Exército, o atentado mais espetacular fora a explosão de um estacionamento situado em frente ao DOPS. O líder do grupo terrorista foi capturado em pouco tempo. Chamava-se Aladino Félix, fazia-se passar por Sábato Dinotos, mistura de mago e marginal. Ameaçava com o Apocalipse e apresentava-se como o Salvador dos Afortunados, amparado por discos voadores de uma civilização superior existente em Júpiter. (17) Levado para o Departamento Estadual de Investigações Criminais, o DEIC, confessou catorze explosões e um assalto a banco. Revelou os nomes de seus cúmplices, e a polícia prendeu toda a rede, formada por soldados e cabos da Força Pública. Sem sigla, programa revolucionário ou filiação marxista, Aladino Félix não fazia sentido. Mais tarde, denunciou que foi torturado por vinte horas. (18) Um de  seus colegas, o soldado Juraci Gonçalves Tinoco, viu-o no chão de uma sala, desacordado, com a boca ensangüentada. (19)

Na fase de instrução criminal, Aladino disse que agira por ordem do general Jayme Portella, chefe do Gabinete Militar da Presidência. O soldado Juraci informou que um delegado o mandou confessar que era o presidente Costa e Silva quem “orientava e financiava a ação terrorista”. (20) Documentadamente, o doido tinha no seu círculo de relações um general da reserva. Com sua ajuda, denunciara ao governo uma conspiração contra-revolucionária e estivera por duas vezes com o diretor da Polícia Federal. Encontrara-se com o chefe da seção de informações do II Exército, a quem revelara ter à mão uma força de blindados capaz de tomar a cidade de São Paulo. O delegado do DOPS que cuidou do inquérito de Aladino concluiu que seu grupo era formado por “idealistas que tiveram de lançar mão de marginais para executar seus planos”. Em suma: “Não eram terroristas dentro do esquema de subversão ligado ao Partido Comunista”. (21) 

No dia 16 de dezembro, anunciou-se que Dinotos escapara da prisão, mas policiais do DOPS informaram reservadamente que haviam recebido ordens para libertá-lo. Capturaram-no em setembro de 1969 numa favela, onde se dizia empenhado em traduzir a Bíblia do hebreu para o português. Nunca se identificou a mão que iluminava suas bombas. É implausível que ele tenha tratado diretamente com Portella, mas é provável que fosse a mão da direita quem lhe dava fogo. Essa, pelo menos, era a suspeita do cônsul americano em São Paulo. (22)

Apesar dos sinais de agravamento da crise que incrustavam bolsões de ilegalidade na máquina do governo, Costa e Silva persistia numa postura malandra. Deixava-se boiar na corrente, cavalgando um discurso desconexo. Levado numa direção, dizia que estava indo noutra, como se as palavras e os movimentos tivessem perdido a articulação. Repetia com freqüência que “o poder é como um salame, toda vez que você o usa bem, corta só uma fatia, quando o usa mal, corta duas, mas se não o usa, cortam-se em três e, em qualquer caso, ele fica sempre menor”. (23) As fatias iam  sendo cortadas de três em três. Reiterava seu compromisso democrático, mas cada profissão de fé legalista correspondia uma réplica de fé militarista.

Era capaz de anunciar que “creio na liberdade em si mesma, como o maior de todos os bens concedido ao homem na Terra”, com a mesma naturalidade com que informava que o Exército “não pode, em absoluto [...] sair do quartel para acabar com a anarquia e entregar, depois, o país à anarquia”. (24) Exercitava um fatalismo egocêntrico em que se via como baluarte e se confundia com a República: “Enquanto aqui estiver, essa Constituição [...] há de ser cumprida a rigor”; “Enquanto eu estiver aqui, não permitirei que o Rio se transforme em uma nova Paris”. “O poder legislativo só desaparecerá quando me eliminarem”. (25)

Capturado pelo processo de anarquia militar desde o alvorecer da sua candidatura, Costa e Silva, como Castello, governava sob pressão dos generais que o garantiam. À diferença de seu antecessor, não fez nenhum esforço real para fortalecer as instituições republicanas. De março a setembro de 1968 aplicou à crise o remédio da procrastinação. Nem reprimiu as manifestações de rua quando elas pareciam uma tempestade mundial, nem enquadrou o radicalismo do regime quando ele se criminalizou. Pode-se entender que, por razões ideológicas, e até mesmo por convicção. Costa e Silva não tivesse soluções a oferecer à esquerda, mas sua desastrosa contribuição decorreu do fato de ele não ter oferecido soluções nem sequer à direita.

No dia 2 de setembro, durante aquele horário sonolento da manhã que na Câmara se denomina “pinga-fogo”, no qual os parlamentares ocupam a tribuna para tratar de assuntos irrelevantes, o deputado Marcio Moreira Alves tomou a palavra para condenar uma invasão policial que acontecera dias antes na Universidade de Brasília. A certa altura perguntou “Quando o Exército não será um valhacouto de torturadores?”. Fazia essa acusação amparado nas violências recentes e na autoridade que conquistara denunciando e provando dezenas de casos de tortura ocorridos no governo Castello Branco, todos acobertados pelos comandantes militares. Salvo uma pequena nota publicada na Folha de S. Paulo, ninguém ouviu falar no discurso. Impressionado com a greve de mulheres proposta pelo ateniense Lisístrata na peça de Aristófanes, que assistira havia pouco em São Paulo. Moreira Alves voltou à tribuna e sugeriu que, durante as comemorações da Semana da Pátria, houvesse um boicote às paradas. “Esse boicote”, acrescentou, “pode passar também [...] às moças, às namoradas, àquelas que dançam com os cadetes e freqüentam os jovens oficiais”. (26)

Dois dias depois o ministro Lyra Tavares criou o caso. Criou-o à sua maneira. Num ofício de quatro itens endereçado a Costa e Silva, narrou o conteúdo dos discursos, reconheceu que o deputado estava “no uso da liberdade que lhe é assegurada pelo regime” e admitiu a “dignidade intangível” da Câmara.  Pediu apenas “a proibição de tais violências e agressões verbais injustificáveis”, sempre declarando-se “obediente ao Poder Civil e confiante nas providências que Vossa Excelência julga devam ser adotadas”. (27) O oficio 01/68 de Lyra a Costa e Silva parece-se na ambigüidade com a sua carta a Castello de 23 de março de 1964. Há nele toda a indignação de uma tropa ofendida e toda a compostura de um ministro disciplinado. Com o tempo, convencionou-se dizer que Lyra Tavares enviou a Costa e Silva uma representação pedindo que o deputado fosse processado. Trata-se de uma falsidade. Não há no ofício essa solicitação.

Mesmo assim, era o que bastava ao general Jayme Portella. Desde o primeiro despacho de Lyra com o presidente, o chefe do Gabinete Militar articulou a grande provocação. Dedicou-se à construção da crise com tamanho desembaraço que, capturado pela própria fantasia, chegou a dizer em suas memórias, onze anos depois, que o discurso de Moreira Alves “havia sido publicado em toda a imprensa, servindo de manchetes, o que mais irritou as Forças Armadas, pelo destaque dado”. (28) Além do registro da Folha de S. Paulo, nenhum jornal publicou nenhuma só palavra. As manchetes, os destaques e a irritação, ele os providenciaria.

Os ministros da Marinha e da Aeronáutica solidarizaram-se com Lyra. Costa e Silva determinou ao ministro da Justiça que estudasse uma fórmula jurídica para punir o deputado. A sugestão veio rápida e drástica: o governo deveria solicitar à Câmara dos Deputados uma licença para processar Marcio Moreira Alves. Essa proposição era uma monstruosidade jurídica, visto que a essência da imunidade parlamentar está na inviolabilidade das palavras, opiniões e votos dos deputados e senadores. O presidente do partido governista, senador Daniel Krieger, encarregou-se de esclarecer isso em carta ao presidente, acrescentando uma óbvia reflexão daquilo que viria a ser desfecho da embrulhada: “O processo depende de licença da Câmara. A tradição, o espírito de classe e a natureza secreta do voto nos levam à convicção da negação da licença. Criada essa situação, dela decorreria uma crise institucional, pondo em antagonismo Câmara e as Forças Armadas do país”. (29)

O que se buscava era o antagonismo. O governador Abreu Sodré ensaiou a denúncia da manobra, dizendo que “o radicalismo brasileiro está infiltrando até em mínimas áreas da periferia do governo, nos subúrbios do poder”. (30) Estava no palácio do Planalto. Portella, o mais destacado, era de longe colaborador mais influente de Costa e Silva. O general tinha como corneta o ministro da Justiça, professor Luís Antonio da Gama e Silva, o Gaminha, ex-reitor da Universidade de São Paulo, a quem conhecera quando comandara a 2ª Região Militar. Portella não falava, Gama e Silva não conseguia ficar calado. Um vivia na sombra, o outro era antes de tudo um exibicionista.

Durante todo o mês de setembro o caso do discurso foi cozinhado no palácio. Assim como procedera em relação às passeatas. Costa e Silva manteve-se numa estratégia de imobilismo e ameaça. Começara ameaçando com o estado de sítio contra agitações estudantis. Agora, como Krieger lhe mostrava, levava a crise para outra avenida, colocando em curso de colisão os tanques e a Câmara. Eram muitas as razões que conduziam o governo para esse caminho. A mais forte era a incapacidade de Costa e Silva de enfrentar uma a uma as tensões típicas do governo.

De todas, a maior era o caso Para-Sar. Encruado, arrastara-se seis meses em silêncio, mas entrara no último ato. De um lado da manobra, o brigadeiro Itamar, com os documentos de sua sindicância, contestava a versão de Burnier. Do outro lado, o brigadeiro Eduardo Gomes procurara o senador Krieger e pedira-lhe que expusesse o caso a Costa e Silva, informando-o de que “interferira no sentido de que a ocorrência não fosse divulgada [...] pois julgava a sua difusão prejudicial à disciplina e às tradições da Forças Aérea”. (31) O Brigadeiro agia de acordo com o manual da nobiliarquia. Se ganhasse, comprovaria mais uma vez que roupa suja se lava em casa. Se perdesse, passaria pelo dissabor de perceber que a sujeira não estava na roupa, mas na casa. Perdeu.

No dia 26 de setembro o brigadeiro Itamar mandou entregar pessoalmente ao ministro da Aeronáutica o resultado da sindicância. Ouvira 36 oficiais e sargentos, e concluíra que a maioria esmagadora confirmara a narrativa do capitão Sérgio, “sendo que nenhum elemento categoricamente a houvesse negado”. (32) Diria mais: “Concluo [...] ser nítida e insofismável a intenção do brigadeiro Burnier de usar o Para-Ser como executor de atentados a figuras políticas [...] Volto a insistir quanto à necessidade de intervenção de V. Excia., numa avaliação mais profundas dos fatos, porquanto os mesmos têm sido apurados de maneira superficial, em desacordo com a sua extrema gravidade”. (33)

No dia seguinte foi demitido da Diretoria de Rotas Aéreas e preso por dois dias. Esse desfecho foi estimulado pelo general Portella e referendado por Costa e Silva. O ministro da Aeronáutica levara ao presidente o decreto de demissão do brigadeiro Itamar antes mesmo que ele remetesse a sindicância, mas o marechal confiava na possibilidade de um acordo. Entregue o cartapácio com os depoimentos que provaram o delito e desmentiram Burnier, a demissão foi assinada em 24 horas. Já não se estava em abril, quando um capitão podia se recusar a aceitar ordens ilegais de um brigadeiro. Nem se estava em junho, quando outro brigadeiro podia fazer saber ao ministro que duvidava da palavra de seu chefe-de-gabinete.

A vitória de Burnier informava que, num choque entre a ilegalidade e “a disciplina e as tradições” da FAB, vencera a anarquia. Era um aviso a toda a corporação militar. Eduardo Gomes, o venerado Brigadeiro das revoltas da República Velha e das campanhas contra a ditadura de Vargas, foi incapaz de ir buscar junto à opinião pública o desagravo à honra da FAB. Mesmo em outubro, quando o caso Para-Sar finalmente foi denunciado da tribuna da Câmara, manteve-se em olímpico silêncio. É certo que havia em 1968, dentro da hierarquia militar, um grupo de oficiais que poderiam ser chamados de liberais, respeitadores de algumas noções de direito como, por exemplo, a condenação do homicídio. O caso Para-Sar e o silêncio do Brigadeiro indicaram que essa brigada liberal preferia o silêncio a tomar risco diante da criminalização das atividades policiais das Forças Armadas.

Itamar reagiu semanas depois da sua degola, remetendo aos demais brigadeiros um documento em que dizia: “Por trás de nossas patentes, observando nossas atitudes e reações, existe toda uma força armada. Com o brio com que reagirmos, com a altitude de nossos gestos de repúdio e com o exemplo do nosso procedimento, estaremos crescendo aos olhos dos subordinados que acreditam em seus chefes”. (34) O texto tinha seis páginas e a marca de “confidencial”. O caso Para-Sar acabara. Burnier vencera em público, e os brigadeiros que o combateram reclamavam em segredo.

O único protesto fardado partiu do general Mourão Filho, provisionado no Superior Tribunal Militar, cujo nome apareceu numa das versões da lista de políticos que sumiriam por conta da ofensiva de Burnier. Com seu gosto pelo teatro, foi para televisão e ameaçou: “Vocês devem estar me ouvindo, fiquem sabendo que não tenho medo de morrer, nem entro em automóvel para não ser seqüestrado. Uso um Colt 45 e atiro muito bem”. (35) Ficou nisso.

A justificativa mais freqüente para essas capitulações sempre foi associada a um hipotético desejo de preservação da unidade militar. Mesmo reconhecendo-se que o tradicional espírito de corpo da oficialidade pode ser um ingrediente na fabricação de uma cumplicidade de última instância, ele não é o único. Velho conhecedor da máquina militar, o marechal Cordeiro de Farias ensinaria que “há o interesse pessoal, pois o pensamento dominante é preservar posições, garantir permanência em posição de vantagem”. (36) O comportamento do brigadeiro Eduardo Gomes em anos posteriores, defendendo publicamente Sérgio Macaco com uma bravura proporcional ao declínio do regime, indica que sua capitulação conteve uma opção preferencial pela ditadura. Ao calar-se, não procurou preservar a FAB, mas o regime em que era hierarca. Se para ele o silêncio era uma conveniência, para oficiais biograficamente menos afortunados seria uma necessidade, quando não fosse uma convicção.

O caso Para-Sar, tornado público no dia 1º de outubro, surpreendia pela simplicidade de sua trama e pelo absurdo de seu desfecho. O ministro Souza e Mello pudera demitir o brigadeiro Itamar, mas não conseguia apresentar uma versão que se sustentasse. Acusado de proteger o que o Correio da Manhã denunciava como a “Operação Mata-Estudante”, o ministro, através de seu gabinete, respondeu com a trapaça pela qual se confundia uma acusação feita contra um oficial com um ataque à corporação. Vislumbrava uma “manobra divisionária em ofensiva dirigida contra as próprias instituições militares, fazendo parte dos processos de tentativa de isolamento das Forças Armadas na comunidade brasileira”. (37)

Apesar do refluxo das agitações estudantis, algo de raro estava acontecendo com os sentimentos da sociedade brasileira em relação aos militares. Confundidos com a natureza ditatorial do regime e com o desgaste do governo, os oficiais sentiam-se inibidos de vestir a farda fora dos quartéis. (38)  Caíra o número de estudantes no Colégio Militar que decidiam fazer o concurso de ingresso na Academia das Agulhas Negras. (39) No final de setembro encerrou-se no Maracanãzinho mais um dos gloriosos festivais da Canção da época. Num país onde as manifestações culturais de massa se limitavam a novelas de televisão e partidas de futebol, esses festivais reuniam a mais talentosa geração de compositores que o Brasil já tivera. Tornaram-se a um só tempo festa e instante de refinamento intelectual.  Duas canções disputavam a final. Uma era “Sabiá”, de Antonio Carlos Jobim e Chico Buarque de Hollanda. Soava bonita, mas estava fora do lugar. A outra era “Caminhando”, de Geraldo Vandré. (40) Musicalmente banal, quase uma guarânia, impressionava  pela letra emocional, verdadeiro hino político, poético na sua raiva. Falava de “soldados armados, amados ou não”, prontos “a morrer pela pátria ou viver sem razão”. Sua força estava no refrão:

Vem, vamos embora, que esperar não é saber.
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.

As 20 mil pessoas que estavam no Maracanãzinho transformaram-se em coral dessa variante melódica do conceito marighelista de que “a vanguarda faz a ação”. “Sabiá” derrotou “Caminhando”, mas Tom Jobim mal conseguiu tocá-la. A arquibancada vaiou-o por 23 minutos. (41) Talvez tenha sido a mais longa das vaias ouvida nos auditórios do país. Não era a Tom que se apupava, muito menos ao júri, que deixara “Caminhando” em segundo lugar. A vaia era contra a ditadura, e aquela seria a última manifestação vocalista das multidões brasileiras. Passariam uma década em silêncio, gritando pouco mais que “gol”. Poucas semanas depois, o governo proibiu a execução de “Caminhando” nas rádios e em locais públicos. Temia que se tornasse “o ponto de partida para a aceleração e ampliação de um processo de dominação das massas”. (42)

A vanguarda que se supunha capaz de fazer a hora vinha fazendo acontecer. Praticava uma ação relevante a cada duas semanas. Uma pequena dissidência estudantil de Niterói intitulou-se Movimento Revolucionário 8 de Outubro, MR-8, em memória do dia da captura do Che Guevara. Assaltava bancos e comprava terras no Paraná, onde pretendia montar bases de treinamento para um foco guerrilheiro na região da foz do Iguaçu.

Cada grupo fazia sua hora. Algumas das melhores faculdades e escolas secundárias do Rio de Janeiro e São Paulo tornaram-se focos de recrutamento para a guerrilha. O calendário do movimento estudantil anunciava um grande acontecimento. No fim do ano devia se realizar o XXX Congresso da UNE. Os três últimos haviam sido abrigados clandestinamente em conventos. Dessa vez planejava-se algo maior, com perto de mil participantes. O governador Abreu Sodré fez saber aos estudantes paulistas que estava disposto a tolerar a reunião caso ela tivesse lugar no Conjunto Residencial da Universidade de São Paulo, o CRUSP. Era legalidade demais para tantos anseios revolucionários. Na liderança estudantil, chegara-se a discutir uma proposta para que o congresso fosse realizado depois de uma fulminante ocupação de um edifício na avenida Rio Branco, no centro do Rio de Janeiro. (43) Desde julho militares do marighelismo vinham estudando a convivência de utilizar o sítio de um veterano militante comunista na localidade de Ibiúna, a setenta quilômetros de São Paulo. A propriedade foi inspecionada pelo general cassado Euryale de Jesus Zerbini e pelo coronel Plínio Rolim de Moura, um oficial da reserva que se considerava depositário de poderes paranormais, através dos quais recebera vibrações premonitórias do assassinato do presidente John Kennedy e da deposição de João Goulart. Ambos consideraram a topografia do local adequada para a reunião. (44) 

A idéia segundo a qual mil estudantes poderiam ser convocados para um congresso clandestino, chegar a Ibiúna, eleger uma nova diretoria para a UNE e voltar às suas casas sem que o governo percebesse, era uma fantasia. Até que ponto ela resultou da inocência, não se sabe. Nenhum dos organizadores da reunião admitiu que houvesse, subjacente ao projeto, o desejo secreto de um confronto armado entre a segurança do congresso e a polícia, ou de uma prisão em massa. Oito anos depois, o CIE estava convencido de que o Congresso da UNE foi levado para Ibiúna propositalmente, numa “grande traição” destinada a facilitar o recrutamento de jovens para as organizações terroristas. (45) Rinaldo Claudino de Barros, militante do Partido Comunista Revolucionário, PCR, e presidente do diretório acadêmico da Faculdade de Sociologia da Fundação José Augusto, de Natal, revelou mais tarde que o Congresso de Ibiúna “foi feito para que todos serem presos”, “Pensava-se que, de repente, quando o cara fosse preso uma vez, ele saía de casa, abandonava a família e a faculdade, e entrava num partido de uma vez por todas. (46) Zuenir Ventura, que entrevistou os principais líderes estudantis da época, concluiu que “Ibiúna funcionou um pouco como laboratório para a guerrilha, como provavelmente desejava Carlos Marighella”. (47)

Quando os estudantes começaram a afluir para o Congresso da UNE, o terrorismo de direita já lhes ensinara que o último trimestre de 1968 era diferente do primeiro. Na pequena rua Maria Antonia, no bairro paulista de Higienópolis, conviviam a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP e a Universidade Mackenzie. Uma, conhecida popularmente pelo nome da rua, era faculdade de produção brilhante, jóia da esquerda, fornecedora de quadros para o radicalismo da esquerda paulistana. Na outra, militava o CCC. Durante todo o ano os dois lados da calçada hostilizaram-se, até que no dia 2 de outubro alunos da escola de filosofia fecharam a Maria Antonia, cobrando pedágio em benefício da organização do Congresso da UNE. Um estudante do Mackenzie jogou um ovo no grupo que bloqueava a rua, e deu-se uma breve pancadaria, esfriada com o aparecimento da polícia. À noite o laboratório do Mackenzie foi aberto para fabricação de bombas. (48)

Na manhã seguinte o CCC desceu os tanques. Sua tropa atacou com tiro e centenas de coquetéis molotov. Mataram um secundarista de vinte anos, José Guimarães, invadiram a Maria Antonia e incendiaram-na. Do ataque participaram, além dos estudantes do Mackenzie, pelo menos dois policiais, o delegado Raul Careca e o comissário Octávio Gonçalves Moreira Junior. Ambos eram sócios e fundadores do CCC. O segundo militava também na organização católica ultramontana Tradição, Família e Propriedade. O terrorismo de direita, que acabara com o teatro Opinião no Rio de Janeiro, incendiara a Maria Antonia. Esta fora refúgio de professores europeus fugitivos do nazismo, era o berço da moderna sociologia brasileira. Nas suas ruínas, estudantes cantaram “Saudosa maloca”. (49)

Ibiúna terminou como era de se supor. A polícia sabia local, dia e hora da reunião. Cercou-a com tropas da Polícia Militar na madrugada fria de 12 de outubro. Prenderam toda a UNE, sua liderança passada, presente e futura. No maior arrastão da história brasileira, capturaram-se 920 pessoas, levadas para São Paulo em cinco caminhões do Exército e dez ônibus. (50) O movimento estudantil se acabara. Dele restou um grande inquérito policial, que se transformou em mola para jogar na clandestinidade dezenas de quadros das organizações esquerdistas. Nos seis anos seguintes, militando em agrupamentos armados ou na guerrilha rural, morreria 156 jovens com menos de trinta anos. Deles, pelo menos dezenove estiveram em Ibiúna. (51)

Na mesma hora em que os estudantes eram colocados nos ônibus que os levariam à prisão em São Paulo, a dissidência comandada pelo ex-sargento Onofre Pinto, egresso do MNR brizolista, assassinou com seis tiros e uma rajada de submetralhadora o capitão americano Charles Rodney Chandler. Emboscaram-no quando saía de sua casa, no bairro paulistano do Sumaré. Veterano do Vietnã, tinha trinta anos e estudava sociologia na Fundação Armando Alvares Penteado. Dera entrevistas e fizera pelo menos uma palestra sobre a guerra para uma audiência de militares. (52) Deveria voltar para Washington dali a poucas semanas. (53)  Chamar a a atenção dos terroristas e, sem que soubesse, fora sentenciado por um grupo de pessoas que arrogava a condição de tribunal revolucionário.

No caso da execução do major alemão Von Westernhagen supusera-se o assassinato do oficial que capturava o Che Guevara. Pela lógica de uma organização terrorista, a sentença faria nexo. O erro dos assassinos de Von Westernhagen não se situou na definição do objetivo, mas na sua identificação equivocada. Com Chandler a delinqüência esteve precisamente na escolha do objetivo. Por mais de trinta anos, mesmo depois da anistia, seu assassinato foi defendido com base em duas acusações: era um agente da Central Intelligence Agency e torturara vietcongues. Nenhuma das duas jamais foi provada. Consideravam-no agente da CIA apoiando-se num raciocínio segundo o qual qualquer americano era, em princípio, um perigoso espião. (54) Fora para Guerra do Vietnã como oficial do exército, assim como vinte anos antes outros capitães americanos desembarcaram  na Normandia lutando contra o nazismo, mas isso não vinha ao caso.

O tribunal não decidiu matá-lo porque tivesse feito algo de errado, mas porque era americano e era militar. Além disso, estavam a fim de matar alguém que desse publicidade ao terrorismo. Iam longe os dias de outubro de 1967, quando o ex-sargento Pedro Lobo de Oliveira, dirigindo o táxi com que ganhava a vida, vagara pela noite paulista com um pedaço de cano cheio de clorato de potássio, alumínio em pó e açúcar. Queria jogá-lo na mansão de um empresário americano, mas acabou atirando-o em frente à casa da filha do governador Abreu Sodré. No dia seguinte, para seu desencanto, nenhum jornal falara do atentado. (55) Dessa vez Pedro Lobo dirigiu o automóvel que transportou o pelotão de fuzilamento e,  quando voltou ao volante do seu táxi, tinha garantidas as primeiras páginas das edições dos jornais do dia seguinte. Meses depois, Marighella relacionava a “execução do espião da CIA” como uma das provas de que “estamos em plena guerra revolucionária”. (56)

Somados os dois PMs assassinados semanas antes em São Paulo, Chandler fora o quinto cadáver fardado de 1968. O terrorismo de esquerda tomara a ofensiva tanto na quantidade como na qualidade. As ações de significado político, que rendiam publicidade, prevaleceram sobre aquelas com objetivo logístico, que buscavam dinheiro e armas. Ofensiva virulenta, incluiu dois assassinatos vindicativos (do major alemão e do capitão americano) e dois ataques a instalações militares (o hospital do Cambuci e o QG do II Exército). Desbaratou o comício de Abreu Sodré, ferindo-o. Explodiu pelo menos dez bombas. Foi eficaz também na busca de meios. A polícia atribuía aos seus assaltos uma arrecadação de 1,2 milhão de cruzeiros, equivalente a 330 mil dólares ao câmbio da época. Além disso, roubou-se perto de 1,5 toneladas de explosivos. (57) É possível que essa lista, como todas as produções policiais do gênero, esteja inflacionada. Muito provavelmente as ações praticadas em 1968 passaram de cinqüenta. Nelas, em confrontos deliberados, foram assassinadas sete pessoas. (58)

Do outro lado, os grupos paramilitares praticaram dezessete atentados, que devem ser somados às catorze explosões e a um assalto a banco confessado por Aladino Félix. Disso resulta que foram 32 os atos terroristas saídos da direita, sem vítimas fatais. Dias depois do arrastão da UNE, um comando terrorista integrado por oficiais e sargentos do Exército explodira a Livraria Civilização Brasileira, no centro do Rio de Janeiro. Era a mais corajosa editora de esquerda do país. Só a tenacidade de seu dono, Ênio Silveira, impedira que ela perecesse, como o teatro Opinião e a Maria Antonia. (59)  Para os padrões da política brasileira, onde a cordialidade da crônica perdoa a violência do Estado, o ano de 1968 teve também uma violência específica. Enquanto os distúrbios ocorridos na França custaram cinco vidas e os dos Estados Unidos, uma, as passeatas brasileiras que se seguiram à morte de Edson Lima Souto custaram mais dez. Nenhum desses homicídios foi investigado.

Seja qual for o nome que se dê ao surto terrorista de 1968, o que houve de essencial nele foi a instrumentalização daquilo que se denominou “guerra revolucionária”. Para Marighella e as outras organizações de esquerda que usavam a mesma expressão, ela pretendia significar um salto de qualidade no combate ao regime. Havendo a “guerra revolucionária”, a luta armada deixava de ser uma tese, tornando-se uma inevitabilidade. Para os comandantes militares, havendo “guerra revolucionária”, o regime constitucional deixava de ser um constrangimento, tornando-se um estorvo.

Nos dois casos o uso da expressão era uma conveniência retórica a serviço de uma idéia maior de tutela da sociedade. O radicalismo esquerdista beneficiava-se da idéia de “guerra” dispensando a parafernália teórica que punha no caminho dos revolucionários a mobilização da sociedade, ou pelo menos de uma parte considerável da classe operária. Para apressar o socialismo, dispensavam temporariamente as massas. Do outro lado, o regime embebia-se na literatura militar francesa, em que o conceito de guerra revolucionária racionalizara a derrota sofrida na Indochina e justificara a conduta do exército na expressão ao movimento de libertação da Argélia.

Os dois lados queriam provar que estourara uma revolução no Brasil, mas como ela não existia, contentavam-se em proclamar a existência do processo a que chamavam de “guerra revolucionária”. À esquerda o slogan carregava o embuste de sugerir que a revolução estava na rua porque algumas centenas de pessoas tinham resolvido começar uma guerra. À direita, queria-se colocar o país em estado de guerra porque algumas centenas de pessoas queriam fazer uma revolução. Por conta disso, falavam a mesma língua:

Dizia Marighella: “A questão no Brasil não está no mito de quem der o primeiro tiro. Aliás, o primeiro tiro já foi dado, pois encontramo-nos em pleno curso da guerra revolucionária”. (60)

Dizia o general Humberto de Souza Mello, ao assumir a Diretoria de Ensino e Formação do Exército: “A guerra revolucionária, cujas características definem a guerra dos nossos tempos, assumindo importância imprevisível e envolvendo problemas humanos fundamentais, exige que cada cidadão-combatente tenha criado em si um mundo interior conscientizado nas forças morais, espirituais e de cultura, que permita maior eficiência na utilização das armas com as quais está adestrado”. (61)

Menos de um mês depois da execução de Chandler a polícia começara a puxar dois fios da rede terrorista. Capturara em novembro dois militares cassados que operavam no Colina. No Rio de Janeiro, Marighella assaltara um carro pagador do Instituto de Previdência do Estado da Guanabara que lhe rendeu o equivalente a 31 mil dólares e o fim do seu próprio mistério. Com a prisão de um dos envolvidos na “expropriação” a polícia conseguiu finalmente associar o nome do velho dirigente comunista a um assalto. A capa da revista Veja avisava: “Procura-se Marighella, chefe comunista, crítico de futebol em Copacabana, fã de cantadores de feira, assaltante de bancos, guerrilheiro, grande apreciador de batidas de limão”. (62)

A verdadeira guerra que os generais tinham nos quartéis estava na insatisfação da oficialidade. Os dois principais centros de instrução do Exército, a Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais e a Escola de Comando e Estado-Maior, haviam-se tornado focos de panfletagens. Na ESAO chegara-se a redigir um manifesto em que os capitães, arrochados em salários de menos de trezentos dólares mensais, reclamavam: “A carreira militar encontra-se em visível fase de desfibramento devido à falta de motivações profissionais e insuficiência de vantagens materiais”. (63)  Denunciavam o “tráfico de influência” na rotina da carreira, “a onda de descrédito do governo [que] se avoluma pela corrupção” e “o alastramento da horda subversiva”. Concluíam: “É hora de mudar!”. Nesse documento os capitães balearam até mesmo a gramática, com “excessões” e “dissenções”. (64)  Nada mais subversivo.

Diante da desordem, Lyra Tavares reagiu ao seu estilo. Respondeu aos panfletos dizendo que “julgo, por princípio e por temperamento, sempre útil qualquer sugestão”. Depois atacou: “É estranho [...] que fontes já identificadas tivessem dado curso à notícia de que o ministro estivesse cogitando punir os capitães”. (65)  Prender a UNE em Ibiúna era fácil, prender os oficiais da ESAO, outra conversa. Em vez de enquadrar os capitães insubordinados, o ministro ameaçava quem espalhara a idéia segundo a qual faria cumprir o regulamento disciplinar da Força que comandava.

Para os analistas da Central Intelligence Agency, em Washington, a situação diferida pouco – para pior - da previsão feita dois anos antes pelo diplomata Philip Raine:

Os protestos e os problemas internos dos militares, como os baixos salários, espalharam a insatisfação nas Forças Armadas, que, por sua proximidade do governo, tiveram de suportar o grosso dos ataques da oposição. Os chefes militares, preocupados com a insatisfação, sobretudo entre os oficiais mais jovens, estão pressionando o presidente para melhorar o funcionamento de seu governo e para liquidar as forças de oposição mais radicais. Embora Costa e Silva tenha sido capaz de evitar ações drásticas que posteriormente virão a debilitar as fracas instituições civis, como o Congresso, uma piora substancial da situação política pode muito bem forçá-lo a aceitar o aumento do controle militar sobre a política do governo, e então a enfrentar o perigo de ser deposto. (66)  

Às três horas da tarde de 12 de dezembro o presidente Costa e Silva ia do aeroporto do Galeão para o palácio Laranjeiras. Pelo rádio da limusine ouviu o resultado da votação do pedido de licença para processar Marcio Moreira Alves. Como previa o senador Krieger, o pedido foi rejeitado. Foram 216 votos contra 136 a favor. Também como previra Krieger, estava feita a “crise institucional, pondo em antagonismo a Câmara e as Forças Armadas do país”. Costa e Silva trancou-se no palácio e deixou-se boiar.

No Gabinete Militar, o general Portella trabalhava desde a manhã. Antes mesmo de ser anunciado o resultado da votação, ele se reunira com o diretor da Polícia Federal, esquematizando uma operação militar destinada a censurar a imprensa. As rotativas d’O Estado de S. Paulo foram desligadas pela Polícia Federal ainda na madrugada do dia 13, para impedir a circulação de um editorial em que se lembrava a Costa e Silva que governar uma nação era coisa mais complicada que comandar uma tropa.

Durante trinta horas o marechal presidiu em silencio uma revolta militar. Ainda na tarde do dia 12, diante do resultado da votação, os generais mais graduados do quartel-general foram ao ministro Lyra Tavares. Ele saíra do seu gabinete do nono andar e subira para uma sala que ocupava no piso superior sempre que desejava descansar. Os generais queriam o golpe. “Os mais extremados, inclusive pelas notícias que recebíamos dos quartéis, achavam que precisava começar tudo de novo”, lembraria o general Muricy, chefe do Estado-Maior do Exército. (68) O general Moniz de Aragão dizia que “se o presidente estava vacilando, que fosse ultrapassado” (69)  Lyra disse que ficava com o que decidisse Costa e Silva, ao que Muricy respondeu que ficava com o que ele, Lyra, decidisse, deixando implícito que se o ministro decidisse contra o presidente, teria o seu apoio.

Decidiu-se que o ministro e o chefe do EMFA, Orlando Geisel, iriam ao Laranjeiras para expor a situação ao presidente. O comandante do I Exército, Syseno Sarmento, resolveu fazer a mesma coisa. Costa e Silva não os recebeu. Subiu para o primeiro andar do casarão e trancou-se nos aposentos, onde ficou ouvindo música. Só desceu ao salão de jantar para ver um filme de faroeste. (70)  Numa folha de bloco deixada pelo presidente na mesa de seu gabinete lia-se: “Recesso do Congresso”. (71)  A essa altura o comandante da Vila Militar, general João Dutra de Castilho, estava rebelado, sem contudo ter colocado um só de seus praças em posição de combate. (72)  Por via das dúvidas, alguns oficiais do Gabinete Militar preferiram dormir no palácio. (73)  Gama e Silva, velha vivandeira, circulava pelos bivaques dos granadeiros com uma proposta de extravagância do poder militar. Denominava-a Ato Institucional nº 5.


Bibliografia e referências:

(01) Roberto Campos, A lanterna na popa – Memórias, p. 887.
(02) Antonio Carlos Magalhães, junho de 1987.
(03) Antonio Delfim Netto, maio de 1988.
(04) Jayme Portella de Mello, A Revolução e o governo Costa e Silva, pp. 550-3, e Diário de Heitor Ferreira, 23 de fevereiro de 1967. APGCS/HF.
(05)  Síntese da Situação, exposição feita pelo ministro Lyra Tavares na reunião do Conselho de Segurança Nacional de 2 de julho de 1968. Em O Exército e o Ato Institucional nº5, livreto mercado “reservado”, Ministério do Exército, 1969. APGCS/HF.
(06) Síntese da Situação, exposição feito pelo ministro Lyra Tavares na reunião do Conselho de Segurança Nacional de 2 de julho de 1968. Em O Exército e o Ato Institucional nº5, livreto mercado “reservado”, Ministério do Exército, 1969. APGCS/HF. Jayme Portella de Mello, A Revolução e o governo Costa e Silva, p. 566, diz que essa reunião foi no dia 11 de julho.
(07) Voto de Medici na reunião do Conselho de Segurança Nacional de 13 de dezembro de 1968. APGCS/HF.
(08) Jayme Portella de Mello, A Revolução e o governo Costa e Silva, p.566.
(09) Celso Frederico (org.), A esquerda e o movimento operário – 1964-1984, vol. 1: A resistência à ditadura, p. 178. Para a ação dos comandos, depoimento de Antonio Roberto Espinosa, em Marcelo Ridenti. O fantasma da revolução brasileira, p. 48. 
(10) Emiliano José e Oldack Miranda, Lamarca, pp. 132 e segs.
(11) A Gazeta, de 9 de agosto de 1968, cidade em Projeto Brasil: nunca mais, tomo V. vol. 2: As torturas, p. 486. Ver também Judith Lieblich Patarra, Iara, p. 239.
(12) Folha da Tarde, de 19 de setembro de 1968, citada por Judith Lieblich Patarra, Iara, p. 264.
(13) Judith Lieblich Patarra, Iara, pp. 264, 230, e 239, citando a Folha da Tarde de 19 de setembro de 1968 para as torturas de 5 de agosto de 1968 para o caso de José Genoino. 
(14) José Dirceu e Vladimir Palmeira, Abaixo a ditadura, p. 161.
(15) Telegrama do consulado americano em São Paulo ao Departamento do Estado, de 20 de setembro de 1968.
(16) Para o papel de Marighella como organizados dos dois assaltos, entrevista de Aloysio Nunes Ferreira a Luiz Maklouf Carvalho, Jornal do Brasil, 4 de julho de 1999, p. 4 do Caderno Brasil. Para o butim, feita a redução para cruzeiros novos, Emiliano José, Carlos Marighella, p. 228.
(17) Percival de Souza, Autópsia do medo, p. 458.
(18) Projeto Brasil: nunca mais, tomo V, vol. 1: A tortura, p. 189.
(19) Idem, p. 190.
(20) Idem.
(21) Relatório do delegado Benedito Sidney de Alcântara do DOPS paulista. Em Percival de Souza, Autópsia do medo, pp. 461-2.
(22) Telegramas do consulado americano em São Paulo ao Departamento de Estado, de 3 de janeiro de 1969 (Possibilidade de que Muitas Explosões de Bombas em São Paulo Tenham Sido Trabalho de Grupo de Direita) e de 29 de setembro de 1969. DEEUA.
23 Antonio Delfino Neto, outubro de 1990.
(23) Antonio Delfino Neto, outubro de 1990.
(24) A primeira citação refere-se ao discurso feito na Associação Brasileira de Imprensa em 7 de abril de 1968. Arthur de Costa e Silva, Pronunciamento do presidente p. 382. A segunda, ao pronunciamento feito em 15 de março de 1968. Jayme Portella de Mello, A Revolução e o Governo Costa e Silva, p. 533. 
(25) A primeira citação vem da entrevista que concedeu em março. Jayme Portella de Mello, A Revolução e o governo Costa e Silva, p. 533. A segunda vem de declaração feita no dia 12 de maio. Zuenir Ventura, 1968 – O ano que não terminou, p. 133. A terceira, uma conversa de Costa e Silva com o presidente da Câmara, deputado José Bonifácio, em outubro. Veja de 9 de outubro de 1969. 
(26) Aurelio de Lyra Tavares, O Brasil de minha geração, vol. 2, pp. 182-3. A confusão sobre o texto desse discurso é tão grande que, passados 32 anos, o ex-ministro Jarbas Passarinho acusava Moreira Alves de ter chamado o Exército de “valhacouto de gangsters”. Depoimento de Passarinho, em Histórias do Poder, de Alberto Dines, Florestan Fernandes Jr. e Nelma Salomão (orgs.), vol. 1: Militares, Igreja e sociedade civil, p. 337.
(27) Aurelio de Lyra Tavares, O Brasil de minha geração, vol. 2, p. 183.
(28) Jayme Portella de Mello, A Revolução e o governo Costa e Silva, p. 586.
(29) Daniel Krieger, Desde a Missões, p. 331.
(30) Jornal da Tarde, 14 de setembro de 1968, p. 3. No dia 19, uma entrevista à televisão. Sodré falou em “rearticulação das extremas para, num cochilo nosso, tomar o poder”. Folha de S. Paulo, 20 de setembro de 1968, p. 5.
(31) Daniel Krieger, Desde as Missões, p. 325.
(32) Comunicação de Ocorrência do brigadeiro Itamar Rocha de 2 de outubro de 1968, marcada “confidencial”. Cópia cedida ao autor pelo capitão Sérgio Miranda de Carvalho. AA.
(33) Cópia de expediente remetido pelo brigadeiro Itamar Rocha ao ministro Souza e Mello, sem assinatura nem data. AA.
(34) Comunicação de Ocorrência do brigadeiro Itamar Rocha, de 2 de outubro de 1968, marcada “confidencial”. AA.
(35) Olympio Mourão Filho, Memórias, p. 443.
(36) Aspásia Camargo e Welder de Góes, Meio século de combate – Diálogos com Cordeiro de Farias, p. 610.
(37) Pery Cotta, “A Operação Mata-Estudante”, Correio da Manhã de 4 de outubro de 1968.
(38) A esse respeito, ver o manifesto dos alunos da Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais: “O Exército [...] se torna alvo de uma insidiosa agressão, que vai desde a prisão dos companheiros em universidades, até a inibição de usar farda”, em o Estado de S. Paulo, 1º de novembro de 1968. Também Lyra Tavares, em O Exército e o Ato Institucional nº5, livreto marcado “reservado”, Ministério do Exercito, 1969. APGCS/HF. Na reunião do Conselho de Segurança Nacional de 16 de julho de 1968, disse o general: “Sucedem-se os casos de provocação contra militares fardado, sobretudo no III Exército, como expõe, em relatório, o respectivo comandante”.
(39) Alfred Stepan, The military in politics, p. 258. De 117 em 1963, esse número baixara para 47 em 66.
(40) O título oficial da canção é “Pra não dizer que não falei de flores”.
(41) Zuenir Ventura, 1968 – O ano que não terminou, p. 206.
(42) Oficio nº 427/68-SCDP, de 23 de outubro de 1968. Do chefe do Serviço de Censura de Diversões Públicas ao diretor da Divisão de Operação da Polícia Federal. AA.
(43) João Guilherme Vargas Netto, outubro de 1988, e Zuenir Ventura, 1968 – O ano que não terminou, pp. 239 e segs. 
(44) Zuenir Ventura, 1968 – O ano que não terminou, p. 246. Os poderes do coronel estão em carta de 2 de fevereiro de 1975 de Plínio Rolim de Moura ao general Sylvio Frota. APGCS/HP.
(45) A Subversão Comunista em São Paulo. Relatório de 1/76 do DOI-CODI do II Exército, marcado “reservado” de abril de 1976, fls. 3. AA.
(46) Entrevista de Rinaldo Claudino de Barros a Luiz Gonzaga Cortez, publicada no jornal Dois Pontos do Rio Grande do Norte, maio-agosto de 1988, e reproduzida em Cadernos de Jornalismo, 1, dezembro de 1990, Brasília, Fenaj, p. 199.
(47) Zuenir Ventura, 1968 – O ano que não terminou, p. 255.
(48) Maria Cecília Loschiavo dos Santos (org.), Maria Antonia: uma rua na contramão, p. 226. Para um estudo do episódio, ver Irene Cardoso “Maria Antonia –O edifício de nº 294”, em 1968 faz 30 anos, organizado por João Roberto Martins Filho, pp. 27-48.
(49) Consuelo de Castro, em Maria Antonia: uma rua na contramão, organizado por Maria Cecília Loschiavo dos Santos, p. 94.
(50) Veja, 16 de outubro de 1968, p. 12. Coronel Luiz Helvecio de Silveira Leite, maio de 1985. Para os ônibus e caminhões, Samarone Lima, Zé-José Carlos Novais da Mata Machado, uma reportagem, p. 68, Segundo um delegado do DOPS, em Samarone Lima, Zé, p. 68, o local da reunião era conhecido desde o dia 7.
(51) Levantamento com base Nilmário Miranda e Carlos Tibúrcio. Dos filhos deste solo, lista quinze nomes de jovens mortos que estiveram em Ibiúna: Antônio de Pádua Costa, Antônio dos Três Reis Oliveira, Aylton Adalberto Mortati, Eduardo Collier, Helenira Rezende de Souza Nazareth, Ivan Mota Dias, Jaime Petit da Silva, José Carlos Novais da Mata Machado, José Maurílio Patrício, Lauriberto José Reyes, Márcio Beck Machado, Maria Augusta Thomaz, Ranúsia Alves Rodrigues, Ruy Carlos Vieira Berbert e Tito de Alencar Lima (os dois últimos, acusados de ter participado da organização do congresso). Jacob Gorender, Combate nas trevas, p. 162, menciona Antônio Guilherme Ribas. Somam-se a eles Chael Charles Schreier e Fernando Borges de Paula Ferreira, presos quando atuavam no esquema de segurança do encontro (Judith Lieblich Patarra, Iara, p. 251), e José Roberto Arantes de Almeida (mencionado em  http://www.desaparecidospoliticos.org.br/detalhes1.asp?id=136>). Também esteve em Ibiúna, como jornalista, Luiz Merlino, militante do POC, morto em 1971.
(52) Entrevista de Charles Chandler, Folha de S.Paulo, 3 de março de 1968, 1º caderno, p. 10.
(53) Depoimento do diretor da CIA, Richard Helms, à Subcomissão de Assuntos Hemisféricos do Senado americano, 5 de maio de 1971, parcialmente liberado em 1987. DEEUA.
(54) Exemplo da distorção propagandística com que se confundiam funcionários do governo americano com agentes da CIA pode ser encontrado na nota da VPR de abril de 1970, referente ao seqüestro do cônsul americano em Porto Alegre, Curtis Cutter. “Este indivíduo, ao ser interrogado, confessou suas ligações com a CIA (Agência Central de Inteligência, órgão da espionagem internacional dos EUA) e revelou vários dados sobre a atuação da CIA no território nacional e sobre as relações dessa agência com os órgãos de repressão da ditadura militar. Ficamos sabendo, entre outras coisas, que a CIA trabalha em estreita ligação com o Cenimar, fornecendo inclusive ‘orientação’ a este último órgão sobre os métodos de tortura mais eficazes a serem aplicados nos prisioneiros”. O seqüestro de Cutter falhou, e ele jamais foi interrogado pela VPR. A nota fora redigida durante o planejamento da operação e deixara-se em branco o espaço onde deveria entrar na data. O documento está em IstoÉ de 19 de agosto de 1987, pg. 21, na reportagem intitulada “Os segredos do terror”.
(55) Depoimento de Pedro Lobo de Oliveira, em Antonio Caso. A esquerda armada no Brasil – 1967-71, p. 113.
(56) Carlos Marighella, Manual do guerrilheiro urbano e outros textos, p. 60
(57) Veja, 18 de dezembro de 1968, p. 23, para os assaltos, e 23 de outubro de 1968, para a dinamite. Essa cifra derivaria de 26 assaltos que, não sendo sido desvendados, eram atribuídos à esquerda armada.
(58) Além de Mário Kozel Filho, Von Westernhagen e Chandler, foram assassinados os PMs paulistas Antonio Carlos Jeffery e Eduardo Custódio de Souza. (O PM Nelson de Barros, morto no Rio de Janeiro quando foi atingido por um objeto atirado de um edifício, não entrou nessa conta.) Morreram também dois civis, Wenceslau Ramalho Leite e Estanislau Inácio Correa, ambos durante o roubo de seus automóveis.
(59) Heleno Cláudio Fragoso, em seu Advocacia da liberdade, pp. 24-5, conta que um ex-colaborador do CIE informou a Ênio Silveira no dia 16 de outubro de 1968 que os autores do atentado haviam sido o major Bismark, o capitão Ramalho e os sargentos Mazza, Fialho e Dárcilo, todos do CIE. O maior Bismark Baracuhy Amancio Ramalho mais tarde foi para o SNI.
(60) Carlos Marighella, Manual do guerrilheiro urbano e outros textos, p. 37.
(61) Boletim da Agência Nacional de 30 de agosto de 1968.
(62) Veja, 20 de novembro de 1968.
(63) O salário de um capitão, segundo Veja de 13 de novembro de 1968, era de 850 cruzeiros novos mensais, equivalente a 265 dólares.
(64) Manifesto da ESAO, em O Estado de S. Paulo, 1º de novembro de 1968.
(65) Correio da Manhã, 8 de novembro de 1968.
(66) The Military in Brazil, Special Report da Weekly Review da Central Intelligence Agency, de 29 de novembro de 1968. DEEUA.
(67)  “Instituições em frangalhos”, editorial d’O Estado de S.Paulo, edição de 13 de dezembro de 1968, da qual circularam apenas 106 mil exemplares.
(68) General Antonio Carlos Muricy, agosto de 1988.
(69) Jayme Portella de Mello, A Revolução e o governo Costa e Silva, p. 724 . 
(70) Idem, p. 641, e Hernani d’Aguiar, Estórias de um presidente, p. 133. 
(71) Jayme Portella de Mello, A Revolução e o governo Costa e Silva, p. 642.
(72) General Antonio Carlos Muricy, agosto de 1988.
(73) Hernani d’Aguiar, Ato 5, p. 284.

Fonte: folha.uol.com.br

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Caro Barbieri,

Não foi só você que quase entrou em uma fria.

Eu tinha ˜22 anos quando procurei o Sabatos Dinotos, pela primeira vez, no então macabro edifício Martinelli.
Na compania de 2 colegas, estudantes de engenharia, frequentamos o...

Caro Barbieri,

Não foi só você que quase entrou em uma fria.

Eu tinha ˜22 anos quando procurei o Sabatos Dinotos, pela primeira vez, no então macabro edifício Martinelli.
Na compania de 2 colegas, estudantes de engenharia, frequentamos o escritório e a casa onde vivia o Sabatos com a família, um pequeno sobradinho germinado(???) no bairro do Tucuruvi. Lá fui várias vezes de carro, a ponto de saber de cor, o caminho para chegar lá. Eu morava em Santo Amaro, do outro lado da cidade.

Compareciam às reuniões naquele sobrado, um pequeno grupo, no máximo 10 pessoas, alem de alguns familiares. Os discos voadores, venusianos, marcianos etc... experiências com alienígenas era o tema mais interessante e misterioso. No entanto o Sabatos fazia afirmações intrigantes sobre muita coisa, inclusive física nuclear e eventos relacionados a descobertas científicas. A abordagem do Sabatos era desconcertante. O nosso comentário após cada reunião era sempre o mesmo: "Será que este cara está falando a verdade, é difícil crer". Acho que a maioria acreditava nele piamente embora não entendessem patavina de física, por exemplo.
Eu tinha uma Kombi e em duas ocasiões fomos, em um pequeno grupo, junto com o Sabatos, até um morro perto de Mairiporã ver aparições de discos voadores que não se materialisaram.

Algumas vezes eu percebi ele insinuar para si, um papel super importante. Havia mesmo um militar no grupo. Era um sargento que soprava nos nossos ouvidos, o envolvimento de altas patentes do exército com o Sabatos.

Estivemos, pela última vez, em uma reunião. Foi às vesperas de ele dar a entrevista na TV Record de onde saiu preso. Em sua casa foi encontrado um pequeno arsenal militar. Eu imagino que naquela altura o exército já sabia de suas atividades terroristas e vigiavam a casa. Fiquei espantado. Pelo menos alguma coisa do que dizia era verdade.

Fiquei quieto, nunca fomos abordados pela polícia. Na minha santa ingenuidade, nunca senti medo de ser envolvido porque estava interessado apenas em discos voadores.

Luiz Motta

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Luiz Motta
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Comentários

jayme firro posted a comment in Rock Brasileiro (1974/1976): Parte III
Oi Gil. Boa lembrança !. O Alpha Centaury era formado pelo Edu Rocha - percussão , (Ex Brasões), pelo Sergio Bandeira - Violão e voz (ex Albatroz) e mais duas vocalistas. ( Creio que atuaram no grupo a Clarita , Walkíria e Vera Lúcia mas não lembro a ordem de participação delas.) Assisti uma apresentação do grupo em 73 ou 74 levado pelo Edu Rocha. Eles tocavam música progressiva de altíssima qualidade entre elas lembro de uma chamada "Tunel dos Ventos" Na época eu frequentava um restaurante e antiquário chamado " Solar Dom João V " no Itaim Bibi, onde o Edu Rocha ir jantar com a Bibi Vogel que era sua parceira em um trabalho paralelo de música sul americana. Tinha um palco com piano e instrumentos onde os clientes podiam tocar após o jantar. Além da bateria e percussão ele tocava violão e assisti canjas dele nessa casa e apresentações em casas noturnas do Bexiga. Seu trabalho individual era também de altíssima qualidade assim como o do Sergio, enfim, vamos pedir para que a música deles não se perca na névoa do tempo e surja algum registro da época. Um abraço a você e a todos.
Joomla Article about 2 years ago
Barbieri, querido! Muito obrigado pelas palavras de incentivo. Super abraço do amigo Pevê.
Joomla Article about 2 years ago
Excelente lembrança Barbieri! Apesar de minha geração ter sido “a próxima da fila” sinto me beneficiado pelo movimento pro rock que esta discussão causou. Pra galera que curte as histórias e desdobramentos, e pq não dizer “desbravamentos” desta época vale recomendar o seu livro auto biográfico e o obviamente, o Livro Oculto do Rock.
Joomla Article about 2 years ago
Legal a matéria, mas Baribieri toquei no Kafka de 85 a 90 não eramos "pop rock" e nem tinhamos amigos influentes ...rs ! abrx
Joomla Article about 2 years ago
o pepe melhorou muito (TSC!) essa semana ele estava propagando (sim, de propaganda) que o talibá é a grande força anti-imperialista e revolucionária de toda história moderna... um verdadeiro fantoche de neo-fascistas euroasianos. Só uma pessoa desonesta intelectualmente defende talibã para contrapor imperialismo americano. e ele faz isso porque recebe muito bem de seus patrões de mídias estatais chinesas. Que não passam de um outro império, e este tem campos de concentração e vigilância digital totalitária sem precedentes
Joomla Article about 2 years ago
Jefferson Ribeiro Basilio posted a comment in Soul of Honor
Muito muito louco esse som amigos,tenho o cd que comprei numa loja de CDs usados a uns 20 anos atrás,nunca cansei de escutar essa sonzeira mano, que que isso cara !!! Sem palavras para esse cd,som pensarão guitarra arrastada,bateria empolgante , vocal show muito show mesmo....
Joomla Article about 3 years ago
O cd "As cores de Maria" veio num lote de cd´s misturados... como brinde. Escutei hoje e achei sensacional esse trabalho.
Joomla Article about 3 years ago
Gostei muito da história dela, cheguei até essa página porque achei o tarot dela na rua, e fui investigar de quem era. Parabéns
Joomla Article about 3 years ago
Dimensões parelalas podem existir, estamos mais perto de descobrir do que nunca
Joomla Article about 3 years ago
Penso muito parecido com voce. Sempre bom de ouvir e ler!
Joomla Article about 3 years ago
Muito bom esse material sobre essa grande banda brasileira!!! Goste muito,sensacional!! longa vida ao rock progressivo brasileiro!!!
Joomla Article about 4 years ago
Roberto Giovani posted a comment in Karisma
Um sonho so e bom quando se sonha junto. Ola Heli! Ola Rudi! Realmente vocês foram the best! Beijos e abraços de seu eterno amigo Roberto!! Rock & Roll jamais morrera pois o Karisma é uma das bandas que não deixam isso acontecer ! PAZ & AMOR SEMPRE!!!!
Joomla Article about 4 years ago
Gil Souto posted a comment in Rock Brasileiro (1974/1976): Parte III
Muito bom ! Quero ler e reler . Importantíssimos registros! Tava procurando algo sobre o Sérgio Bandeira ( do Bexiga e me deu o primeiro ácido! ) e de uma Banda que se chamava Alpha Centauri !!! Bons tempos de intensa e prazerosa loucura!
Joomla Article about 4 years ago
Caras.... estudei com ele no início dos anos 90 e com certeza um grande músico e mestre , tive a honra de acompanhar algumas sessões de gravação de seu primeiro CD e foram lições de profissionalismo e talento!!!!! Abraço Indio Manuel Marquez Prior
Joomla Article about 4 years ago
Rodolfo Ayres Braga posted a comment in Raimundo Vigna: Memórias de um b(r)oqueiro
Querido Irmão Vigna conterrâneo,amigo desde 1970...Superb batera!
Joomla Article about 4 years ago
Ouvi pela primeira vez aos 16 anos ( em uma fita k-7 que foi copiada pela molecada roqueira da cidade de Cataguases, no começo dos anos 90). Quatro anos depois consegui um CD também pirata... somente hoje aos 44 anos consegui o CD original ( presente atrasado do dia dos pais - meu filho tem 17 anos)... Simplesmente fantástico, talvez o mais rock and roll de tudo que já foi lançado no Brasil...
Joomla Article about 4 years ago
Nathan Bomilcar posted a comment in Scarlet Sky
Saudoso primo Guto Marialva. Deixou sua marca!
Joomla Article about 4 years ago
Eliana posted a comment in Tony Osanah: Um argentino bem brasileiro
Olha só... A Internet é uma mãe... Eu era superfã da Banda Raíces de América... Sou coetânea do Tony. Não sabia que ele tem essa história de vida tão linda. Eu gostaria de desenvolver um projeto desse tipo mas não sou boa o suficiente nisso. Fiquei emocionada com a história dele dando aula de música para os jovens presos. A música faz esse milagre. É por isso que amo uma boa música e, se eu pudesse, seria uma... Deus o abençoe!
Joomla Article about 4 years ago
Matéria bacana! Uma pena perder material das bandas e do evento...
Joomla Article about 5 years ago
Meu nome é Sérgio, eu sou o baterista da banda Vienna ( atualmente BLACK VIBE) e gravamos a música Sexo Arrogante, que foi feita 2 horas antes de entrarmos na sala de gravação.
Joomla Article about 5 years ago
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