Foram os seus familiares que anunciaram no seu web site oficial que, no dia 6 de março de 2013 o guitarrista faleceu inesperadamente depois de complicações durante uma cirurgia de rotina.

O músico natural da cidade de Nottinghan na Inglaterra, conquistou o estrelato em 1969, depois de sua aparição fulminante no Festival de Woodstock.

A Banda Ten Years After teve 8 álbuns entre os melhores 40 do Reino Unido e teve o seu maior sucesso em 1971 com a música I'd Love To Change the World (Eu Adoraria Mudar o Mundo).

"Nós perdemos um maravilhoso e muito amado pai e companheiro e, o mundo perdeu um verdadeiramente grande e talentoso músico."  Declararam sua esposa e filhas.

Alvin Lee trabalhou com o Beatle George Harrison, Steve Winwood, Ronnie Wood e, com Mick Fleetwood em 1973, no seu primeiro álbum solo chamado On the Road to Freedom (No Caminho para a Liberdade). Em agosto de 2012 Alvin Lee lançou seu décimo quarto álbum chamado Still on the Road to Freedom (Ainda no Caminho para a Liberdade).

Agora, no dia 7 de abril, juntamente com  Johnny Winter, o não menos lendário guitarrista de blues, Lee iria fazer um show no Olympia Hall em Paris.

Imortalizado

Em uma entrevista  publicada na revista Guitar World ele disse que "ainda pegava a sua guitarra todo dia".

O Festival Woodstock acontecido perto de Nova York em August 1969, no qual, aconteceram apresentações lendárias de monstros sagrados do rock do período, com destaque para Jimi Hendrix, The Who e Santana, contou com uma rendição de 11 minutos do clássico I'am Going Home onde Alvin Lee foi imortalizado no celulóide quando o filme documentário Woodstock foi lançado em 1970.

"Eu ainda tenho a guitarra original Woodstock 335 mas, infelizmente eu não a uso mais porque ela ficou valiosa demais." Alvin Lee declarou em 2012.

Alvin Lee começou tocar quando tinha 13 anos e formou o coração da sua banda Ten Years After quando ainda tinha 15. A banda conseguiu assinar seu primeiro contrato com uma gravadora em 1967 e um ano depois como resultado do sucesso alcançado em rádios undergrounds, viajou para a América do Norte onde a banda tocou muito, fazendo 28 tournées num período de 7 anos.

Memórias do Barbieri

Perdi a conta de quantas vezes assisti o filme Woodstock no cinema e, depois em DVD! Possivelmente devem ter sido mais de 50 vezes. No começo dos anos 70 o espectador podia ficar dentro do cinema quando uma sessão acabava e, assistir as outras. Literalmente passei dias dentro do cinema. Foi a primeira vez que pude ver e ouvir a genialidade de artistas como Hendrix, The Who e Santana, só para citar alguns. apresentado-se ao vivo. Depois que assisti pela primeira vez este filme, não sosseguei até que consegui comprar um par de tamancos semelhantes ao que Alvin Lee usava no show. Nunca antes tinha visto um homem usando tamancos. Eu só teria a minha primeira chance de ver uma banda internacional realmente ao vivo em 1974 com a vinda de Alice Cooper à São Paulo e, foi com este par de tamancos que fui ao show. 

Confesso que, antes deste filme, nunca tinha ouvido falar da banda Ten Year After mas, a performance física e visceral de Alvin Lee transformou-o, para mim, no grande Rocker e exemplo do que um guitarrista deveria ser. Seu sentimento expressado na sua face contorcida, a velocidade fenomenal dos seus solos que tornou-o imediatamente no mais rápido guitarrista do planeta. Os músculos dos seus braços dando tudo nos momentos mais difíceis e rápidos dos solos, sua sensualidade masculina e, sua humildade no final do show quando visivelmente exausto abaixou para pegar e carregar nas costas uma enorme melancia que alguém do público "rolou" para o palco, fizeram dele um modelo a ser seguido por qualquer roqueiro verdadeiro. No Woodstock, para mim, em termos de performance de palco e carisma, só dois nomes vencem; Joe Cocker e Alvin Lee!

Um falecimento, qualquer falecimento, é sempre uma perda irreparável. Mas, confesso que considero uma infelicidade que a morte, no mesmo período, do Presidente Hugo Chaves e do cantor Chorão tenham ofuscado esta grande perda para o rock mundial. Confesso que destas 3 mortes, está é a que pessoalmente mais me abalou. Caro Alvin Lee sua guitarra relâmpago está para sempre perpetuada no meu coração! R.I.P.!

 

Antonio Celso Barbieri