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O HOMEM ÁRVORE
A C Barbieri
Num universo paralelo muito semelhante ao nosso planeta...
“Já em pé tão cedo?” — perguntou Pedro.
Francesca, pega de surpresa, leva um pequeno susto e quase derruba o copo que segura.
“Não faça isso! Que susto!” — exclamou ela.
Entretanto, apesar do sobressalto, Francesca rapidamente se recompôs, abriu um sorriso e continuou:
“Já são 8 da manhã!”
“Desculpe-me, querida, não quis alarmar você!” — respondeu Pedro, também sorrindo. Então, aproximou-se dela e, com carinho, deu-lhe um beijinho na testa, acrescentando:
“Eu só quis dizer que o bebezinho nasceu há apenas três dias. Você deveria descansar mais! Além disso, adoro acordar com você ao meu lado.”
Francesca, com um olhar amoroso, respondeu:
“Querido, não se preocupe, estou ótima! Acordei pensando no dia do ‘plantio’. Levantei para dar de mamar ao bebê e aproveitei para adiantar algumas coisas.”
“Já decidiu os nomes?” — perguntou Pedro, curioso.
“Sim! Serão Francisco e Maçieira, respectivamente!” — disse ela, radiante.
“Perfeito!” — respondeu Pedro, entusiasmado. “Antes mesmo de o bebê nascer, entre os nomes que discutimos, fico feliz com a sua escolha. Acredite, o nosso ‘anjinho’ ainda vai comer as maçãs dessa árvore!”
E foi assim que, no pequeno município de Laranja, naquela manhã ensolarada e ao som do canto dos pássaros, a família Bonanza começou seu dia em um clima de festa. Ali mesmo, na cozinha, o casal finalizou os preparativos para a cerimônia do
“plantio”.
Seguindo uma tradição tão antiga que ninguém mais sabia ao certo a origem — nem se importava em descobrir —, era costume (praticamente uma regra sagrada) que toda criança, na primeira semana de vida, tivesse uma árvore plantada como se fosse sua “gêmea”.
Estimulada pela família e pela sociedade em geral, a árvore cresceria junto com a criança, criando uma ligação muito especial: uma espécie de união quase simbiótica, ao mesmo tempo espiritual e orgânica, difícil de explicar. Enquanto a criança, ao crescer, se tornava independente e podia explorar seu universo livremente, a árvore permaneceria enraizada, fixa ao solo.
Para aquele povo, era como se o ser humano fosse um deficiente visual auxiliando outro ser sem a capacidade de enxergar. Essa imagem poderosa e simbólica remonta a diversas tradições literárias, filosóficas e religiosas. Uma das referências mais conhecidas é o mito de Édipo, especialmente na tragédia Édipo em Colono, de Sófocles, em que Édipo, cego, é guiado por sua filha Antígona. A cegueira física dele contrasta com a visão interior e a sabedoria adquirida pelo sofrimento, enquanto Antígona, que enxerga o mundo, guia o pai.
Outro exemplo marcante está na literatura medieval, como em A Divina Comédia, de Dante Alighieri. Nessa obra, Dante, simbolicamente “cego” para as verdades espirituais, é guiado por Virgílio, que detém a “visão” da razão e da sabedoria.
Há também uma metáfora semelhante na filosofia de Nietzsche, que, ao discutir a interdependência dos indivíduos, reflete sobre a necessidade de colaboração entre diferentes habilidades e perspectivas humanas.
Nesse contexto, os humanos emprestavam seus cinco sentidos às árvores, e elas, em troca, ofereciam não apenas oxigênio — por meio da fotossíntese —, mas também frutos, ajudando a manter o equilíbrio do ecossistema planetário. Era um pacto silencioso, mas poderoso, entre todos os envolvidos. Além disso, as árvores mantinham, no subsolo, uma rede invisível de comunicação por meio de suas raízes. Essa conexão silenciosa fazia parte de um equilíbrio que transcendia palavras, mas, de alguma forma, era percebida por todos os seres humanos em todo o planeta.
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Capítulo 02
Plantando uma Ideia
Logo, alguns amigos começaram a chegar. O senhor Gabriel, pai de Francesca — que, apesar de ter perdido sua esposa, a doce Margarida, há pouco tempo, sempre tentava manter o bom humor — trouxe uma torta de maçã feita por ele mesmo, com frutos colhidos de sua própria árvore gêmea.
Alguns vizinhos e amigos antigos também apareceram, trazendo doces e salgadinhos. Todos, na ponta dos pés, visitaram o recém-nascido Francisco, que parecia ter um sonho encantador, pois, de vez em quando, abria um sorriso doce. Enquanto isso, as pessoas saboreavam as guloseimas e conversavam, aguardando pacientemente que o bebê acordasse, já que a participação dele na cerimônia era esperada.
Apesar do clima descontraído, o evento tinha algo de ritual pagão: mais do que apenas replantar uma muda de árvore, celebrava-se o poder da natureza sobre os seres humanos, e sobretudo glorificava-se a estrela-mor — o Sol —, sem o qual não haveria vida no planeta.
No local escolhido previamente, um pequeno buraco já estava aberto. As pessoas, dispostas a alguns metros de distância, formaram um círculo natural ao redor dele, com Francesca (carregando o bebê), Pedro e o senhor Gabriel no centro.
Pedro tomou a palavra e, voltando-se para todos, começou:
“No final da minha adolescência, sofri uma perda terrível. Meus pais morreram inesperadamente em um acidente automobilístico. Apesar de nossa relação familiar não ser, digamos, exemplar, senti muito a perda. Digo isso porque nunca entendi por que a minha árvore gêmea escolhida foi um pé de eucalipto.”
Ele sorriu e prosseguiu:
“Se queriam que eu fosse alto, conseguiram!”
Os presentes deram uma risada, mas Pedro continuou, sério:
“Infelizmente, um dia, quando voltei da escola, fiquei chocado e deprimido ao descobrir que a minha árvore havia sido cortada e vendida a um comprador desconhecido. Não só foi trágico ver a ‘minha gêmea’ ser vendida, como também o fato de ninguém ter me consultado antes. Aquilo foi a gota d’água que plantou em
mim a ‘semente’ da separação familiar, e a morte dos meus pais a tornou definitiva. Foi um golpe duro, um problema que, certamente, ficará eternamente sem solução.
Depois de um tempo sendo amparado por um tio querido e compreensivo — que me ajudou a terminar a faculdade e que, infelizmente, também já se foi —, consegui um bom trabalho e acabei encontrando o amor da minha vida: minha querida e doce Francesca!
Então, uma das coisas mais maravilhosas e inesperadas aconteceu: os pais de Francesca me receberam de braços abertos em suas vidas e, desde então, passaram a me tratar como um filho. Só posso dizer que me sinto uma pessoa abençoada!”
Pedro mal terminou e aplausos, elogios e palavras de apoio ecoaram por todos os lados. Francesca e o pai estavam visivelmente emocionados, enquanto o bebê, meio assustado, não entendia o que se passava. Então, Pedro fez um gesto de reverência: curvou-se, ergueu a pequena muda de macieira (agora sem o vaso) e declarou:
“Tudo isso é para dizer que Francesca e eu escolhemos o senhor Gabriel para ter a honra de plantar a árvore gêmea do nosso anjinho, Francisco. Quem sabe, um dia, ele não nos presenteie com uma torta de maçã tão deliciosa quanto a sua, senhor Gabriel!”
Cerimoniosamente, Pedro passou a muda para o senhor Gabriel, que a examinou com cuidado. Ele olhou para as pessoas ao redor e, sorrindo, disse:
“Podem ter certeza de que vou ensinar meu netinho a fazer uma torta tão gostosa quanto a minha!”
Em seguida, Gabriel se agachou ao lado do buraco e começou a depositar a muda na terra com todo o cuidado. Enquanto plantava, comentou:
“Ouvi certa vez, de um mestre espiritual, que Adão e Eva simbolizam os primeiros humanos neste planeta. Eles viviam como nômades e coletores, alimentando-se de frutos encontrados na natureza e de animais mortos que encontravam, sem caçá- los. Levavam uma vida simples, em harmonia com o meio.
Um dia, Eva ‘comeu da árvore do conhecimento’ e sugeriu a Adão algo que mudaria tudo: a ideia de que a natureza existia para servi-los. Eles deixaram de ser nômades, começaram a domesticar animais e, ao tentar compreender a natureza, acabaram se afastando dela.
O mestre dizia que o conhecimento não só liberta, mas também transforma. Quando descobrimos algo, não conseguimos voltar ao estado anterior — é como a seta do tempo: um caminho sem retorno.
Para mim, a natureza é o nosso Paraíso. Nós não fomos expulsos dele, como dizem por aí; ao contrário, foi o conhecimento que nos fez nos afastar. Mas o
Paraíso ainda está aqui, neste momento mágico!”
Concluído o plantio, Gabriel ergueu o olhar para Pedro e acrescentou:
“Sua árvore gêmea não é incomum ou misteriosa. Permita-me usar este momento para tentar elucidar suas dúvidas!
O eucalipto é originário da Austrália, Tasmânia e algumas ilhas vizinhas. Pertence ao gênero Eucaliptos, da família Myrtaceae, que abrange mais de 700 espécies. O nome Eucaliptos vem do grego: eu significa ‘bem’ e caliptos significa ‘coberto’ ou ‘escondido’. Isso se refere às flores, que, inicialmente, ficam envolvidas por uma estrutura chamada opérculo, removida somente quando elas desabrocham.
No fim do século XVIII e ao longo do XIX, o eucalipto foi levado a outras partes do mundo, como África, Ásia, América do Sul e Europa. No Brasil, chegou em 1825, sendo plantado principalmente em São Paulo e no Rio de Janeiro, com foco em reflorestamento e produção de madeira.
Para os povos indígenas da Austrália, essa árvore é sagrada e representa a conexão entre a Terra e o Céu, estando ligada ao Tempo dos Sonhos (Dreamtime), um elemento central da espiritualidade aborígene. A madeira oca de certos eucaliptos, por exemplo, é usada para fabricar o didgeridoo, um instrumento tradicional deste povo.
Pelas suas propriedades antissépticas e descongestionantes, as folhas de eucalipto são utilizadas na medicina desde tempos antigos. O óleo essencial extraído delas é amplamente empregado para tratar problemas respiratórios e desinfetar feridas.
O eucalipto também se destaca pela capacidade de regeneração após incêndios florestais: suas sementes germinam rapidamente em áreas queimadas, tornando-o um símbolo de resistência e renascimento.”
Gabriel fez uma pausa e, então, listou:
Prós do Eucalipto
- É uma das árvores de crescimento mais rápido, ideal para reflorestamento e produção de madeira.
- É usado na fabricação de papel, móveis, construção civil, carvão vegetal e óleo essencial.
- Auxilia na recuperação de áreas degradadas, fixando o solo e prevenindo erosões.
- O óleo de eucalipto é um potente descongestionante, muito usado em inaladores e xaropes. Suas folhas têm propriedades antimicrobianas.
- A madeira pode ser utilizada como biomassa para a geração de energia sustentável.
- Suas flores fornecem néctar e pólen, importantes para abelhas e produção de mel.
Alguns Contras
- O eucalipto consome grandes quantidades de água, o que pode prejudicar lençóis freáticos em regiões secas.
- As plantações homogêneas reduzem a biodiversidade, afetando outras espécies de plantas e animais.
- As folhas contêm óleos inflamáveis, aumentando o risco de incêndios florestais.
- Com o tempo, o solo pode se tornar mais ácido, dificultando o desenvolvimento de outras plantas.
“O eucalipto é, sem dúvida, fascinante e útil, mas é fundamental manejá-lo com responsabilidade para evitar impactos ambientais negativos.”
Gabriel respirou fundo, olhou para todos e disse: “Perdoem-me pelo falatório!”
Com um semblante calmo, quase como o de um Buda, voltou-se para Pedro e aconselhou:
“Espero que, a partir de hoje, você veja a sua árvore gêmea com outros olhos e mais aceitação!”
Pedro aproximou-se e o abraçou, desencadeando uma reação em cadeia: todos passaram a se abraçar também, sob o aviso bem-humorado de Francesca, que gritou em voz alta:
“Cuidado! Não vão pisar na pequena macieira!”
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Capítulo 3
A Árvore do Tempo
“O tempo é um fenômeno misterioso! Às vezes, ele carrega uma certa fluidez, elasticidade e até uma relatividade incrível. Dependendo da situação e do momento em que vivemos, pode nos parecer passar num relâmpago ou, em outras ocasiões, avançar na velocidade de uma tartaruga anciã...”
O senhor Gabriel, meditativo, silenciou-se.
“Pai, o senhor, numa ‘semeadura’ passada, deve ter sido algum tipo de filósofo! De onde saem essas ideias? E por que está me dizendo isso?”
Sem olhar para ele, Francesca falava candidamente enquanto passava uma camisetinha de Francisco.
“Querida, estou aqui, na janela, observando o menino sentado em frente à árvore, alegremente conversando com a macieira... De repente, me dei conta de que já se passaram cinco anos...” — ele parou alguns segundos e continuou:
“Você não tem ideia de como eu adoro essa criança...”
Francesca, ainda segurando o ferro de passar, sorriu e, olhando para o pai, comentou:
“Ah, eu sei! Amor de avô pode ser muito intenso. E o fato de Francisco ter nascido pouco depois da despedida da mamãe pode ter sido muito benéfico para o senhor. Ele certamente, se não ajudou a preencher o vazio deixado, ao menos serviu para desviar um pouco o foco da dor. De certa forma, essa transferência de afeto pode ter lhe ajudado a superar um momento muito difícil.”
O senhor Gabriel, ainda pensativo, concordou com um aceno de cabeça e acrescentou, em tom brincalhão:
“Agora sou eu quem lhe digo: você até parece uma psicóloga! Tal mãe, tal filha!” Francesca, nostálgica, suspirou antes de responder:
“Bom, não estou reclamando, mas, de fato, agora sou apenas uma mãe e dona de casa.”
Aproveitando que Francesca havia terminado de passar as roupas, Gabriel se
aproximou e lhe deu um abraço carinhoso:
“Eu também não tenho do que reclamar... Esses momentos são muito bons para mim. Aliás, confesso que são essenciais para o meu bem-estar!”
“Papai, acredite, sinto o mesmo... Vou fazer um cafezinho para nós, está bem?”
Já com Francisco juntando-se aos dois adultos para o café da tarde, Francesca dirigiu-se ao menino, curiosa:
“Fran, seu avô e eu notamos que você estava, como sempre, numa conversa aparentemente envolvente com seu ‘amiguinho’. Fiquei curiosa! Sobre o que tanto falavam?”
“Não é amiguinho, é amiguinha!”
Com firmeza, porém na adorável voz infantil, o menino corrigiu a mãe e continuou, de modo estranhamente articulado, como se fosse um adulto:
“Foi um assunto complexo e muito interessante! Acho que vocês não entenderiam...”
Enquanto Gabriel permanecia em silêncio, boquiaberto, Francesca, surpresa e um tanto desafiada pela aparente irreverência do filho, retrucou:
“Senhor ‘sabe-tudo’, me diga: qual foi o tema dessa conversa que está acima do meu entendimento?”
“Quantum entanglement!”
O menino falou com naturalidade, enquanto mordia a bolacha.
“Mas isso que você disse não está em língua ingle...”
“Desculpe-me!” — interrompeu o garoto. — “Eu quis dizer ‘Emaranhamento Quântico’.”
E, como se nada tivesse acontecido, pegou outra bolacha e correu para fora da casa novamente.
“Não entendi nada!” — foi a única coisa que Gabriel conseguiu dizer. “É isso o que o futuro nos reserva?” — desabafou a mãe do garoto. Depois de um breve silêncio, Francesca prosseguiu:
“Apesar de tudo, o comportamento dele continua absolutamente normal para a idade! O senhor acha que pode haver algum problema patológico? Sinceramente, não creio que devamos levá-lo a exames médicos. O que o senhor acha?”
O velho senhor, confiante, expôs sua opinião:
“Acredito que você tem toda a razão! Passo horas com ele e, tirando o fato de parecer muito precoce, não noto nada alarmante. Ele é um garoto típico, descobrindo o mundo. Você sabe que começou a ler faz tempo; é possível que tenha tido acesso a esses termos técnicos e científicos por acaso. Vamos apenas, cautelosamente, ficar de olho.”
Para a família Bonanza, embora houvesse pequenos acontecimentos fora do comum, sem grandes consequências, o tempo foi passando sem maiores surpresas...
Num fim de semana, com o Sol ainda “tangenciando” o horizonte e iluminando as flores, dando uma luminosidade toda especial, o dia amanheceu em clima quase de conto de fadas. Borboletas, abelhas e beija-flores deslizavam pelo jardim, compondo um quadro vivo, embalado pela trilha sonora distante do canto dos pássaros.
Nos fins de semana, como de costume, a família quebrava um pouco a rotina. Por isso, não foi surpresa quando Pedro, ainda bocejando, entrou na cozinha.
“Até que enfim! Bom dia! Apaixonou-se pela cama?” — brincou Francesca, bem- humorada, enquanto começava a preparar o café.
“Já ia tomar café sozinha!” — continuou ela, ao que o marido, em tom maroto, respondeu:
“Não minta! Sei que você jamais cometeria tamanha heresia!” — e, após uma breve pausa, acrescentou:
“Acredite, acordei de madrugada e passei horas matutando sobre nosso filho, os eventos recentes e também sobre a natureza do ser humano, suas complexidades... É incrível como, com tanta evolução científica, ainda estejamos longe de responder perguntas tão básicas e fundamentais! Aliás, cadê o senhor sabe-tudo?”
“Bom, o que você acha? Sim, ele está lá, como sempre, sentado diante da macieira. Dizem que São Francisco falava com os animais, mas parece que o nosso Francisco fala com uma árvore! Pode? A verdade é que o nosso filho reativou em nós aquela busca por respostas às mesmas perguntas que fazíamos quando ainda éramos jovens e idealistas!”
Pedro, de modo brincalhão, torceu o nariz e, dando um pequeno beliscão afetuoso em Francesca, falou:
“Eu não sei não! Eu continuo um ‘grande’ idealista!”
Enquanto conversavam animadamente, ambos observavam, da janela, o menino sentado em silêncio, quase como um mestre tibetano, diante de sua árvore gêmea.
“Querida, segura esse café por uns minutos! Vou lá fora tentar trazê-lo para a mesa!”
Sem esperar resposta, Pedro já se afastava. Francesca apenas balançou a cabeça, meio desanimada, enquanto olhava a água fervendo.
Pedro aproximou-se do garoto e, com cuidado para não interromper, sentou-se na grama ao lado dele. Depois de alguns instantes contemplando a macieira, quase falando consigo mesmo, comentou:
“Ela está linda! Apesar de ainda não ter crescido muito, o tronco e os ramos parecem bem vigorosos...”
“Ela vai começar a dar frutos muito em breve!” — acrescentou a criança. “Como você sabe?” — perguntou o pai, incentivando a conversa.
“Simples! Eu conheço biologicamente a espécie de macieira a que ela pertence e, portanto, seu ciclo de desenvolvimento. Além do mais, perguntei para ela.”
“Ah! Muito interessante!” — disse Pedro, tentando disfarçar o interesse excessivo, e prosseguiu:
“Tenho percebido que você conversa muito com ela. Parece que vocês compartilham uma grande amizade. Qual é exatamente o sentimento que você tem por ela?”
O menino olhou para o pai atentamente, como se tentasse analisá-lo ou entender suas intenções. Após alguns segundos — que para Pedro pareceram minutos desconfortáveis —, ele finalmente respondeu:
“O senhor costuma dizer com frequência que ama a mamãe. Se puder me explicar o que é o amor, eu lhe direi o que sinto por Apple! Vamos fazer uma troca: ‘dize-me quem és e te direi quem sou’.”
“Apple?” — perguntou o pai, ignorando a provocação filosófica.
“Sim, Apple! É uma brincadeira entre nós. Ela me chama de Fran, do mesmo jeito que vocês me chamam, e eu a chamo de Apple, que, obviamente, como o senhor deve saber, significa ‘maçã’ em inglês.”
Pedro sorriu. O garoto prosseguiu:
“Aliás, falando em amor... O vovô amava mais a vovó do que a árvore gêmea dele. Apesar das boas vibrações que percebo nele, sinto que ainda sofre muito com a perda. Será que sofrer é um tipo de imposição da natureza sobre os seres humanos?”
Pedro percebeu que respostas vagas não ajudariam. A profundidade da conversa
exigia algo mais cuidadoso e respeitoso. Então, propôs:
“Que tal continuarmos esse papo tão profundo e interessante durante o café? Além do mais, a expertise da sua mãe nesses assuntos será de grande valia!”
O garoto, com expressão séria, concordou com um aceno de cabeça e, levantando- se, foi andando rumo à casa.
Assim, em meio ao canto dos pássaros e sem dizer mais nada, pai e filho seguiram em silêncio para dentro.
Pedro sentia algo estranho no ar — um certo desconforto, quase uma culpa sem explicação aparente. Ele tentava descobrir alguma forma de quebrar aquele ‘gelo’ que, no fundo, nem mesmo parecia ser um conflito, mas sim a impressão de que estava apenas tentando misturar água com óleo.
--o--
Quando Pedro e Francisco, de forma quase ritualística, sentaram-se para o desjejum, com a mesa já posta, permaneceram em silêncio, de braços relaxados e estendidos ao lado do corpo.
Francesca, estranhando a situação, tentou primeiramente, com calma, desanuviar o ambiente:
— Que brincadeira é essa?
Diante da falta de reação, ela elevou um pouco o tom:
— O que foi que aconteceu? O gato comeu a língua de vocês?
Nenhum dos dois respondeu; ambos pareciam em transe. Um pouco assustada e já impaciente, Francesca levantou ainda mais a voz, quase gritando:
— Acordem! Alguém morreu?!
A palavra “morrer” pareceu despertar Francisco, que gritou: — O vovô está em perigo!
Ofegante, o garoto saiu em disparada até a sua árvore. Lá, segurou o tronco com força e encostou a cabeça no caule. Nem dez segundos se passaram antes de ele voltar correndo para dentro de casa. No trajeto, tropeçou e caiu, mas levantou-se imediatamente. Entrou na sala agarrando-se ao pai, enquanto gritava:
— O vovô está muito doente! Temos que socorrê-lo agora ou ele vai morrer!
Sem perder tempo com questionamentos, Francesca já discava o número do pai. Francisco, em desespero, puxava o pai enquanto, entre gritos e soluços, dizia à mãe:
— O vovô não vai atender! Ele está caído na cozinha! Vamos correndo para o carro! Vamos, vamos, vamos!
Enquanto Francesca constatava que ninguém atendia — algo absolutamente incomum para Gabriel —, ela mesma pegou, dentro de um antigo frasco de
maionese guardado na estante da sala, uma cópia das chaves da casa do pai.
Como previsto pelo neto, o senhor Gabriel foi encontrado caído de bruços na entrada da cozinha. Parecia ter tentado se apoiar na mesa, mas não conseguira alcançá-la. Ele havia sofrido um AVC e, por sorte, a família Bonanza chegou a tempo. Mais alguns minutos e teria sido tarde demais.
Gabriel permaneceu internado por alguns dias e, felizmente, as sequelas não foram tão graves quanto se temia. Ainda assim, passou a depender de uma bengala para caminhar. Sua fala, embora inicialmente prejudicada, melhorou ao longo de alguns meses de fisioterapia e medicamentos.
É claro que ele não poderia mais viver sozinho. No início, Gabriel insistiu em contratar um cuidador, mas a família Bonanza fez questão de recebê-lo sob o mesmo teto.
Mesmo fragilizado, o senhor Gabriel não abria mão de visitar sua árvore gêmea e sempre repetia:
— Ela está dando frutos! É tempo de fazer minhas tortas de maçã!
Esse infortúnio do avô fez com que Francisco passasse a receber ainda mais atenção. Seus pais, visivelmente agradecidos, começaram a levar suas “habilidades especiais” muito mais a sério, ouvindo-o com redobrada atenção. Fran, por sua vez, parecia evoluir a olhos vistos. Continuava sendo o mesmo garoto de sempre, mas, ao mesmo tempo, quase diariamente surpreendia a família com sua sabedoria em praticamente todas as áreas. E, apesar do mistério em torno de sua inteligência e de suas habilidades incomuns, todos tinham a certeza de que sua macieira tinha algo a ver com isso.
O senhor Gabriel, agora mais vulnerável, passava cada vez mais tempo ao lado do neto. Os dois conversavam por horas, e, por vezes, Francesca tinha que intervir:
— Fran, o vovô precisa descansar! Ele ainda está se recuperando!
O velho tentava resistir, alegando sentir-se ótimo, mas Francesca sempre vencia no final. Afinal, todos sabiam como ele era teimoso — poderia estar à beira da morte e, ainda assim, juraria estar em plena forma.
Certa noite quente, sob a luz intensa de uma lua cheia que dominava o céu, Francisco despertou com a sensação de que sua árvore gêmea queria dizer-lhe algo importante. Ainda de pijama, caminhou na ponta dos pés até o quintal. Ao chegar diante da árvore, ajoelhou-se, abraçou o tronco e encostou levemente a cabeça nele.
A transferência de informações foi instantânea — muito mais intensa do que quando fora avisado do AVC do avô. Era como se terabytes de conhecimento tivessem sido injetados na mente do garoto, tão rapidamente que ele chegou a sentir-se atordoado. Percebeu de imediato que sua capacidade cognitiva se expandira. Esse
update mental trouxe, sobretudo, um grande aprofundamento em biologia e botânica, mas não apenas isso.
Entre as novas informações, havia algo específico e de implicações perigosas para a humanidade — e, de modo particular, para ele e sua família.
Fran voltou para a cama perturbado. Aquilo representava uma mudança radical de paradigma. Parte dele sentia-se jovem demais para ser o guardião de um conhecimento tão relevante. Como proceder? Que atitude tomar? Qual caminho seguir?
Pela manhã, acordou mentalmente exausto, porém com o cérebro em alerta. Tudo ao redor parecia estranhamente lúcido: a luz, as cores, os detalhes... Era como se ele tivesse despertado de um longo sonho. Navegava por ideias com clareza assustadora, como um mestre enxadrista antecipando consequências com rapidez sobrenatural.
— Foi o update! — murmurou para si. — Eu sabia que, ao longo dos anos, vinha recebendo pequenas atualizações... Mas essa última não foi normal! Talvez toda essa nova situação tenha precipitado a ação emergencial da Apple...
No café da manhã, sua mãe, sempre atenta, percebeu sua expressão séria e perguntou:
— Querido, você dormiu bem?
Fran, com a fisionomia carregada, olhou fixamente para a mãe, depois para o pai, e disse:
— Ainda bem que o vovô sempre dorme até mais tarde e que hoje é domingo... Falo isso porque preciso ter uma conversa muito, mas muito séria com vocês dois.
Ele fez uma pausa, respirou fundo e concluiu:
— O que tenho a dizer é inacreditável. Mas, considerando tudo que vocês já testemunharam sobre mim, talvez nem cause tanto espanto assim... Só peço que se preparem, pois a situação é realmente preocupante.
Quase ao mesmo tempo, os pais tentaram tranquiliza-lo, dizendo frases de apoio e reafirmando que o ajudariam no que fosse necessário.
O menino aproximou ainda mais sua cadeira da mesa e, apoiando a palma da mão sobre ela, começou:
“Bom, para que entendam o problema, preciso compartilhar alguns conhecimentos. As árvores e outras plantas se comunicam por meio de raízes interconectadas, associadas a fungos micorrízicos.
O conceito mais conhecido para explicar essa comunicação subterrânea é
chamado de ‘Wood Wide Web’ — um trocadilho com a ‘World Wide Web’ (WWW). Esses fungos micorrízicos vivem em associação com as raízes das plantas, formando o que chamamos de micorrizas. É uma relação mutualística, benéfica para ambos.
As micorrizas são associações simbióticas entre fungos e raízes vegetais, trazendo inúmeras vantagens para as duas partes. Alguns fungos podem se associar a diversos organismos, e as micorrizas são um ótimo exemplo disso. Quando um fungo, em geral um basidiomiceto, se associa às raízes de certas plantas, temos as micorrizas, divididas em dois grandes grupos: ectomicorrizas e endomicorrizas, de acordo com a forma de colonização das raízes.
As ectomicorrizas são formadas principalmente por fungos basidiomicetos e ascomicetos, presentes em cerca de 3% das fanerógamas e, em regiões de clima temperado mais frio, em 90% das espécies florestais. No Brasil, ocorrem sobretudo em espécies como Pinus, Eucalyptus e Acacia mangium. Nessa relação, o fungo não penetra nas células vivas das raízes; em vez disso, suas hifas crescem entre as células do córtex, formando a chamada rede de Hartig. As plantas com ectomicorrizas não possuem pelos radiculares, cuja função é substituída pelas hifas do fungo.
Já as endomicorrizas são mais frequentes, aparecendo em cerca de 80% das plantas vasculares. O fungo associado (geralmente um zigomiceto) penetra as células corticais da raiz, formando estruturas muito ramificadas. Também chamadas de micorrizas arbusculares, elas estendem suas hifas pelo solo, ampliando a absorção de nutrientes essenciais, como fósforo e zinco. Em troca, o fungo recebe açúcares, aminoácidos e outras substâncias orgânicas produzidas pela fotossíntese das plantas.
A ciência já comprovou que a colonização das raízes por fungos micorrízicos pode aumentar muito a produtividade das plantas em solos pobres. Eles criam uma rede subterrânea de filamentos, o micélio, que funciona como uma espécie de ‘internet natural’. É assim que se processam:
Troca de nutrientes: Árvores mais velhas e saudáveis podem enviar carbono, açúcares e outros recursos para árvores mais jovens ou enfraquecidas. Mesmo espécies diferentes podem compartilhar nutrientes se fizerem parte do mesmo ecossistema cooperativo.
Alertas de perigo: Quando uma árvore é atacada por insetos ou doenças, ela libera compostos químicos e sinais elétricos pela rede de micélio. Árvores vizinhas recebem esse ‘aviso’ e passam a produzir toxinas ou modificar seu metabolismo para se proteger.
Identificação de parentes: Árvores ‘mães’ reconhecem suas ‘filhas’ e mandam mais recursos para elas do que para árvores não relacionadas, fortalecendo toda a floresta.
Fungos como intermediários: Os fungos não apenas conectam as árvores, mas
também ‘cobram’ energia na forma de açúcares para a transmissão de informações e nutrientes, gerando uma relação simbiótica onde todos se beneficiam.
A ecologista Suzanne Simard, da Universidade da Colúmbia Britânica, foi pioneira ao estudar essa rede subterrânea. Ela comprovou que as árvores podem compartilhar carbono e enviar ‘mensagens’ químicas pelo micélio. Isso tudo é real e está acontecendo agora.”
O menino, que falava distraído enquanto fitava a cafeteira à sua frente, interrompeu a explicação, olhou para os pais e disse:
— Desculpem-me! Sei que pode parecer um pouco confuso, mas logo tudo fará sentido!
Sem esperar qualquer comentário, ele prosseguiu:
“Nessa comunicação subterrânea, há também sinais elétricos das raízes (semelhantes a sinapses do cérebro humano), impulsos químicos (feromônios) que ativam respostas em árvores próximas, e variações de vibração nas raízes, detectáveis por organismos sensíveis.
Foi a evolução desses mecanismos biológicos que gerou a mutação em mim e na minha árvore gêmea, permitindo nossa comunicação. Para falar a verdade, ainda não compreendo totalmente como funciona; é algo próximo da telepatia, mas não envolve palavras — é baseado em emoções. Eu simplesmente ‘sinto’ e, de imediato, ‘sei’. O processo é instantâneo e inevitável.
A ideia de que plantas se comunicam já não é mais ficção — a ciência provou. A novidade é que agora alguns humanos também conseguem se comunicar com elas. Sou a prova viva disso. E acreditem, não sou o único!”
Ele mirou os pais e perguntou:
— Conseguem me acompanhar até aqui?
Francesca e Pedro, sem dizer nada, acenaram afirmativamente. Então, Fran continuou:
“Agora é que a coisa fica realmente séria. Dentro dessa ‘Rede Mundial das Árvores’, existem diferentes facções.
Um grupo acredita que os humanos são essenciais ao equilíbrio ecológico, pois ajudam a espalhar florestas, cultivam espécies e podem ser aliados. Outro grupo nos enxerga como uma grande ameaça, que deve ser erradicada ou controlada. Há ainda um grupo menor, de visão mais espiritualizada, que percebe os humanos como parte de um ciclo vital e busca uma forma de coexistência.
É aqui que o problema começa.
A árvore gêmea do vovô pertence a uma espécie ancestral, uma das últimas remanescentes. Parece que, ao longo da História, os humanos a exterminaram quase por completo. Foram cortadas para servir de lenha, combustível e até matéria-prima na Revolução Industrial. Mais de 60% dessas árvores foram destruídas por fenômenos naturais, mas as sobreviventes ignoram esse fato e alimentam até hoje um desejo de vingança.
Acreditem se quiserem: o AVC do vovô foi causado por uma maçã deliberadamente ‘alterada’ por uma dessas árvores anciãs!”
— Meu Deus! — exclamou Francesca, chocada. Fran estendeu a mão para a mãe e continuou:
“Sim... É lamentável. A macieira do vovô contou com o auxílio de outras árvores da rede subterrânea para produzir um microajuste químico na maçã, tornando-a tóxica só para ele. Foi um ataque covarde e cruel. Se eu pudesse, cortaria essa árvore agora mesmo!
A Apple, minha árvore gêmea, soube disso porque faz parte de um grupo que defende a coexistência pacífica com os humanos. Nem preciso dizer que nós dois vivemos em perfeito equilíbrio. Ela mantém contato com um grupo de fungos micorrízicos ‘espiões’, que vigiam a macieira do vovô.
No momento, essas árvores espiãs estão travando uma guerra de informação. A rede subterrânea se transformou em um verdadeiro campo de batalha. ‘Hackers vegetais’ distorcem mensagens para manipular decisões dentro da própria Rede Mundial das Árvores.
E agora?
Devemos contar ao vovô que a árvore gêmea dele tentou matá-lo? E, mais importante: como enfrentar um problema dessas proporções — um desafio em escala global?”
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Capítulo 5
A Maçã do Conhecimento
Não se sabe exatamente o que ocorreu, mas a macieira do senhor Gabriel foi atacada por um fungo desconhecido e definhou até morrer.
Certo dia, Fran comentou com o pai que a macieira havia morrido em consequência de um tipo de “Alzheimer vegetal” em estágio avançado. Segundo ele, a comunicação (ou troca de informações) na rede subterrânea é uma necessidade universal de sobrevivência. Assim, contra a vontade de muitas árvores, a macieira de Gabriel fora punida com um “bloqueio informático”, mergulhada em total isolamento e, como consequência, não resistiu. Fran concluiu:
— Acho que, se me silenciassem, eu também morreria!
Seus pais nunca disseram nada, mas sempre desconfiaram de que Fran ou sua árvore tivessem alguma participação nesse “bloqueio informático”. Acreditavam também que o episódio da “fruta proibida”, em que a macieira quase tirou a vida de Gabriel (um ente querido), poderia ter sido punido de forma justa.
— É verdade... — disse Fran, ainda refletindo sobre sua afirmação anterior. — É curioso que, no mundo dos humanos, exista legislação proibindo derrubar qualquer tipo de árvore... Ao que parece, a morte dessa macieira, legalmente, cai numa zona cinzenta, ainda não regulamentada. Por mim, seja ético ou não, considero que o assunto foi resolvido entre as próprias árvores e ponto final!
Numa tarde, Francesca estava na varanda, sentada numa cadeira de balanço, cochilando com um livro no colo. Fran chegou trazendo seu laptop e o pousou sobre a mesa. Sem querer, abriu a tampa do computador, que se ligou automaticamente e emitiu um som musical, despertando a mãe.
— Desculpe-me! Não queria acordá-la!
Francesca, esfregando os olhos e ajeitando o cabelo, respondeu, ainda sonolenta:
— Na verdade, foi bom. Se eu dormisse muito agora, iria passar a noite em claro.
Ela fechou o livro que estava aberto em seu colo e o colocou sobre a mesa. O título era A Teoria da Colmeia Aplicada à Sociedade Moderna, de Andrea Florence.
Fran notou o nome do livro e perguntou:
— Ela é mais uma sociobióloga dessa nova corrente de pensamento?
A pergunta interessou Francesca, que despertou de vez:
— Sim. Florence, Falcone e Fioretto são as maiores referências nesse campo. Esses italianos ficaram conhecidos como os três “Fs” da sociobiologia. Já faz vários anos que muitos artistas e designers buscam inspiração na biologia e no universo vegetal. A ciência, com a teoria do caos e o Mandelbrot set, revolucionou nossa visão sobre o, até então, secreto desenvolvimento visual do mundo das plantas.
Ela fez uma breve pausa e, apontando para o livro, acrescentou: — Aliás, foi seu pai quem me presenteou com este exemplar.
Por um instante, Francesca pareceu mergulhar em pensamentos sobre o marido, mas logo prosseguiu:
— Sabe, eu estava sonhando com ele. Desde que lançou aquele livro sobre “engenharia social no universo vegetal”, viaja sem parar: conferências em um lugar, palestras em outro... não tem fim.
Ela suspirou:
— Cheguei a viajar com ele uma vez e jurei nunca mais repetir a experiência. Para mim, os dias nessas convenções são intermináveis... mas não para ele. Dá para ver nos olhos do seu pai como ele ama o que faz. E eu não quero ser um fardo.
Francesca sorriu, um pouco melancólica:
— Eu falo, falo, mas a verdade é que estou morrendo de saudades. Sinto falta da mente dele, do cheiro, do corpo. É uma conexão intelectual, orgânica e sentimental ao mesmo tempo. Tenho certeza de que, um dia, você também vai entender esse tipo de sentimento.
Fran ouviu em silêncio e, passado um instante, perguntou:
— Eu amo o papai, mas... se a senhora é psicóloga, por que se casou com um sociólogo, e não com alguém da mesma área?
Ela sorriu e replicou:
— Filho, essa pergunta, por si só, mostra sua inexperiência em assuntos de relacionamento humano.
Ela riu levemente antes de prosseguir:
— Veja, por experiência, percebi que procurar alguém “igual” a mim seria como me apaixonar pelo meu próprio reflexo no espelho. Não vou dizer que não existam exceções — elas existem, sim —, mas, no geral, isso acaba gerando competição. Pense no caso do Einstein! Ele se casou com uma mulher formada em física, e
houve uma competição desleal. Além do fato de que, naquela época retrógrada, nascer mulher já era uma desvantagem, imagine concorrer com alguém do calibre do Einstein! Sempre tive pena dela.
Ela suspirou e concluiu:
— Precisamos encontrar um parceiro que nos complemente, que enriqueça nosso universo com as diferenças, não que apenas repita o que somos!
Fran então questionou, emocionado:
— A árvore do vovô, assim como a minha, também era uma macieira. Foi inspiração na dele quando decidiram plantar a minha?
Francesca ficou pensativa:
— Sim e não. Sempre considerei a maçã uma fruta recheada de simbolismos. Ela sorriu e continuou:
— A verdade é que a maçã carrega significados muito diversos ao longo da história, aparecendo em diferentes culturas, religiões e mitologias. Na Antiguidade clássica, por exemplo, destaco:
O Pomo da Discórdia: na mitologia grega, Éris, a deusa da discórdia, deixou uma maçã dourada com a inscrição “Para a mais bela”. Hera, Atena e Afrodite disputaram a maçã, e isso culminou na Guerra de Troia.
Héracles e o Jardim das Hespérides: o décimo primeiro trabalho de Héracles foi buscar as maçãs douradas que concediam imortalidade.
Afrodite e a Beleza: a maçã era associada a Afrodite, deusa do amor, simbolizando sedução e desejo.
Maçãs da Juventude: na mitologia nórdica, a deusa Idun guardava maçãs que mantinham os deuses imortais.
A Maçã do Paraíso: na tradição judaico-cristã, embora a Bíblia não mencione exatamente a fruta, a cultura popular consagrou a maçã como o “fruto proibido” do Jardim do Éden, associando-a ao pecado e à queda do homem.
Maçã e Redenção: no cristianismo, ela também aparece em representações da Virgem Maria segurando a fruta como símbolo de redenção, contrapondo-se ao pecado original.
A Maçã na Realeza e no Conhecimento: durante a Idade Média e o Renascimento, a maçã ganhou força como símbolo do conhecimento (ligada ao fruto proibido) e, nos regimentos de monarquias europeias, como o globus cruciger.
A Maçã na Ciência: há a lenda de que uma maçã teria caído sobre a cabeça de Isaac Newton, inspirando a teoria da gravidade, fortalecendo o elo entre a maçã e a busca científica.
Símbolos Culturais e Comerciais: a Apple adotou a maçã mordida como logotipo, ligando-a à inovação e ao conhecimento.
A Maçã e a Saúde: a famosa frase “An apple a day keeps the doctor away” (“Uma maçã por dia mantém o médico à distância”) reforça a imagem saudável da fruta.
A Maçã nos Contos de Fadas: em Branca de Neve, coletada pelos irmãos Grimm e popularizada pela Disney, a maçã representa tanto a beleza quanto o perigo.
— Enfim, a maçã carrega significados contrastantes: tentação e conhecimento, pecado e redenção, juventude e morte, ciência e mistério. E ela continua se transformando, ganhando novos sentidos em cada época.
Fran ouvia tudo com atenção, refletindo sobre o tempo que passara: mais de dez anos desde que ele e sua árvore gêmea formaram aquele elo especial. Agora, com quase dezesseis anos, via-se mais maduro, porém igualmente fascinado por tudo aquilo.
Francesca, que já apresentava aqui e ali alguns fios brancos de cabelo, estava agora visivelmente mais grisalha. Nunca fora muito vaidosa, mas isso pouco importava, pois mantinha uma beleza natural que nem o passar dos anos apagara. Além disso, seu jeito gentil e prestativo, combinado a uma firmeza equilibrada, realçava ainda mais seu charme. Para Fran, essas qualidades a tornavam ainda mais bonita.
Ela continuou observando o filho, percebendo que ele estava pensativo. Com um sorriso divertido, perguntou:
— Está tentando ler a minha mente ou quer que eu leia a sua?
— Às vezes, acho que gostaria de ler sua mente. Mas, de imediato, agradeço por não ter esse poder — brincou ela. — Nosso “eu” deve ser inviolável.
Francesca, então, assumiu uma expressão marota e provocou:
— Pelo visto, seu interesse em relacionamentos surgiu de novo, hem? Outra namoradinha?
Fran arregalou os olhos, e qualquer reserva sumiu:
— Ela é linda...
Francesca riu:
— Já ouvi isso antes... várias vezes! Está virando um Don Juan, hein? O garoto, sem levar o comentário muito a sério, prosseguiu:
— Não fale assim! Ela não é só linda, mas também gentil, inteligente e...
— E...? — a mãe o incentivou, sorrindo curiosa.
— O nome dela é Sugar Apple. E a árvore gêmea dela é uma...
— Macieira! — Francesca exclamou, surpresa. — Nossa! Então o negócio é sério!
Quando vou conhecer minha futura nora?
Ela se ajeitou na cadeira, visivelmente contente por ver o filho tão animado, quase radiante. Fran, querendo demonstrar maturidade, continuou:
— Ela é diferente de todas as garotas que conheci. Não se aproximou de mim; eu é que tive que chegar devagar. Levamos mais de um mês nesse “cortejo” até conseguirmos quebrar o gelo. Tivemos uma conversa totalmente franca, e, assim como eu, ela hesitava em revelar a natureza da conexão com a árvore gêmea dela.
— Não me diga que ela também tem os mesmos poderes que você? — indagou Francesca, espantada.
— Sim! E a macieira dela é do mesmo tipo que a minha, com quase a mesma idade. Sou só uns meses mais velho. Através dela, descobri que as nossas árvores já “se conheciam”! Então, de certa forma, ela já tinha ouvido falar de mim, e até se interessava. Mas, como nós dois sempre tiramos as melhores notas na escola, acabamos meio que competindo. Não que a gente fique se gabando, mas as fofocas correm, e logo nos veem como nerds.
Ele fez uma breve pausa e suspirou:
— Algumas garotas só chegavam perto de mim porque me achavam “bonitinho”. A “Su”, ao contrário, se interessou principalmente pelo meu intelecto e pelo meu astral, o que para mim faz toda a diferença! Agora, saber que ela tem a mesma conexão que eu deixou tudo ainda mais incrível.
A essa altura, Fran mal conseguia conter um sorriso de orelha a orelha. Sua expressão era de pura empolgação:
— É como se fosse um tipo de sincronicidade... ou “entrelaçamento quântico”!
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Capítulo 6
Um Café com o Panpsiquismo
Logo depois das aulas, Francisco (Fran) e Sweet Apple (Su) se encontram em um café próximo à escola. Assim que se veem, aproximam-se afetuosamente, trocam beijinhos e se abraçam.
— Su, a cada dia você fica mais linda! Deixe-me apreciar esse vestidinho. Que estampa maravilhosa! É a Árvore da Vida, não é mesmo? Ficar longe de você no fim de semana está cada vez mais difícil! — diz Fran, visivelmente feliz.
— Ah, quanta gentileza! Eu também senti muito a sua falta! Infelizmente, depois que papai se foi, mamãe parece ter se fechado em si mesma, quase como se tivesse “encolhido”. Então tenho procurado lhe dar mais atenção e oferecer um “tempo de qualidade”. Fran, você sabe... — ela diz, assumindo um tom mais triste e completando: — Nunca sabemos por quanto mais tempo seremos brindados com a presença dos nossos entes queridos.
Fran, demonstrando carinho, passa a mão pelos cabelos de Su. Ela retribui o gesto, olha-o nos olhos e abre um sorriso doce:
— Gostou mesmo do meu vestidinho? Sim, é a Árvore da Vida! Sempre fui interessada nesse símbolo. Como você já deve saber, a Árvore da Vida aparece em diversas culturas e tradições religiosas, sendo retratada em pinturas, esculturas, desenhos e joias ao longo de milhares de anos. Em geral, ela representa a conexão entre todas as formas de existência, ilustrando o ciclo de nascimento, crescimento, morte e renovação. Seu tronco firme e raízes bem plantadas no solo remetem à estabilidade e ancestralidade, enquanto os ramos que se expandem em direção ao céu fazem alusão à aspiração espiritual e ao conhecimento.
Eles se sentam e pedem dois cappuccinos. Enquanto aguardam a atendente prepará-los, Su continua:
— As origens históricas e culturais da Árvore da Vida são muito interessantes:
Mesopotâmia e Egito Antigo: Algumas das representações mais antigas vêm dessa região do Oriente Médio. Por lá, ela se relacionava à fertilidade e à linhagem real. No Egito, há menções simbólicas de árvores ligadas ao ciclo de vida, morte e renascimento, especialmente ligadas a divindades e à crença na vida após a morte.
Celta: Para os celtas, a árvore assumia um papel central de proteção e sabedoria.
Eles acreditavam que as raízes e a copa simbolizavam a interação entre o mundo físico (terra) e o espiritual (céu).
Kabbalah (misticismo judaico): Na Kabbalah, a Árvore da Vida se destaca como um diagrama místico composto por esferas (sefirot) e caminhos, que explicam a criação do universo e a relação entre o divino e a humanidade.
— Ela simboliza ainda a interconexão entre todos os seres vivos, mostrando como cada um depende do outro para existir. A árvore também evoca sabedoria, força e renovação, pois passa pelos ciclos sazonais de crescimento, florescimento, queda de folhas e regeneração. Em muitas correntes espirituais, a Árvore da Vida une céu, terra e submundo, simbolizando toda a existência.
Su faz uma breve pausa, inclinando-se para um rápido beijinho em Fran, e volta à posição inicial com uma expressão sapeca. Então comenta, rindo:
— Fran, toda vez que olho para você, me dá vontade de chamá-lo de “Flan”, porque você é um doce! Mas agora me conta: o que fez nesse fim de semana?
Fran, sorrindo de satisfação, responde:
— Li um livro incrível chamado Irredutível, do Federico Faggin. Ele fala sobre o que chama de “Panpsiquismo da Informação Quântica”. Bem resumido, Faggin, que foi o inventor da primeira CPU e também físico, em colaboração com o professor Giacomo Mauro D’Ariano, defende que a consciência não surge simplesmente do cérebro, mas é um princípio fundamental inerente à própria realidade. Em sua visão, os campos quânticos são dotados de consciência e livre-arbítrio, influenciando diretamente o funcionamento do corpo humano, visto como uma “máquina” quântico-clássica. Faggin batizou essa perspectiva de “Panpsiquismo da Informação Quântica” (QIP), e propõe que, em breve, poderemos testar cientificamente suas afirmações. Se estiver certo, isso não só ofereceria uma explicação mais completa sobre a consciência, mas também ajudaria a elucidar pontos obscuros na interpretação da mecânica quântica...
— Uau! Se confirmada, essa teoria explicaria de vez como funciona a consciência das plantas! — entusiasma-se Su. — Nós dois já sabemos disso há muito tempo, mas essa ideia de que nossa consciência não reside apenas no cérebro é maravilhosa.
Eles sorriem. Para eles, conversar sobre esses assuntos é como comer espaguete: quando se puxa um fio, vem outro grudado, num processo aparentemente sem fim.
Em certo momento, Su pergunta:
— Seu pai é sociólogo, certo? Como você definiria um sociólogo? Fran bebe um gole do cappuccino e responde com calma:
— Um sociólogo estuda a sociedade, os comportamentos sociais e as relações humanas em diferentes contextos. Ele busca compreender como as estruturas
sociais — família, educação, trabalho, religião, política, cultura — influenciam as pessoas e suas interações. O sociólogo investiga padrões sociais, causas e efeitos de fenômenos coletivos, usando métodos científicos, como entrevistas, questionários e observação. Ele pode atuar em campos diversos, sempre visando melhorar as condições de vida das pessoas.
Su, curiosa, devolve outra pergunta:
— Uma pessoa que estuda a “realidade social” também é um sociólogo, ou existe uma área específica para isso?
Fran continua:
— Em geral, sim, essa pessoa pode ser considerada socióloga, mas vai depender do foco e do método. Tem áreas que aprofundam certos aspectos, como a Antropologia, que estuda práticas culturais e sociais de grupos humanos; a Psicologia Social, que investiga as relações e influências entre indivíduos e grupos; a Ciência Política, focada nas relações de poder e instituições; e a Economia, voltada às dinâmicas de recursos. Todas, de certa forma, buscam entender a realidade social.
Ela faz uma breve pausa, pensativa, e prossegue:
— Assim como você, sempre me interessei pela natureza da “realidade” — a mental. Então temos a “Realidade Social” e a “Realidade Mental”. Quais seriam as áreas do conhecimento que estudam a natureza da Realidade Mental?
Fran sorri, satisfeito com a pergunta:
— Várias áreas se debruçam sobre a realidade mental. Psicologia, em especial a cognitiva e da percepção; Filosofia da Mente, que discute a consciência e o dualismo x monismo; Neurociência, que explora como processos cerebrais se ligam aos estados mentais; Psicanálise, focada nas forças inconscientes; Fenomenologia, que descreve a experiência subjetiva; Ciências Cognitivas, que englobam psicologia, IA, linguística e filosofia; Psicologia Transpessoal, com estudos de estados alterados de consciência; Estudos da Consciência, interdisciplinares; Física Quântica, em teorias que buscam unir a consciência à matéria; e também várias Filosofias Orientais, como o Budismo e o Hinduísmo, que consideram a mente e o mundo como interdependentes.
Su ri:
— Nossa, você está afiado hoje. Seu cappuccino deve até estar frio! Bom, você concorda comigo que Platão, em A República, pode ter sido um dos primeiros “sociólogos” da história?
Fran responde:
— De certo modo, sim! Em A República, Platão analisa profundamente justiça,
poder, educação, desigualdade e relações sociais. Ele propõe uma sociedade ideal com classes distintas e explora como essas estruturas moldam a natureza humana. No entanto, a sociologia moderna surgiu no século XIX, usando métodos empíricos. Platão foi mais filosófico do que científico, ainda que seus estudos sociais sejam, de fato, pioneiros.
Su prossegue, levando a conversa para outro ponto:
— Pois é. Sempre achei Kant difícil de entender. Mas, pelo que li, ele foi quem questionou a capacidade de conhecer a realidade “tal como ela é”. Depois de revoluções como a Industrial, vieram pensadores que falavam do “tecido” social, do homem como parte de um “mecanismo” social... e então surgiu Kant dizendo que ninguém toca a realidade em si. O que temos é uma cópia pobre desse universo dentro de nós. Essa minha visão de Kant está correta?
Fran concorda:
— Em boa parte, sim. Kant, em Crítica da Razão Pura, argumenta que não podemos conhecer a realidade “em si” (noumeno), apenas os fenômenos, que são a forma como a realidade se apresenta para nós, mediada pelas estruturas mentais (como espaço, tempo e causalidade). Para ele, não temos acesso direto ao mundo como ele é, mas a uma representação construída pela nossa mente.
Su solta um longo suspiro e diz:
— Isso me faz pensar no Faggin que você acabou de me apresentar. Dá pra você expandir um pouco a visão dele sobre consciência e realidade quântica?
Fran, animado, responde:
— Faggin propõe uma “interpretação quântica da mente”. Ele acredita que a realidade não é separada da percepção e da consciência, mas que ambas são interdependentes. A consciência, segundo ele, seria fundamental e não apenas um produto do cérebro. Nesse sentido, a física quântica — especialmente as interpretações em que o observador desempenha papel crucial — indicaria que a mente não só vê, mas também interage com o mundo de forma ativa. Isso inclui a ideia de que até as árvores, desprovidas de cérebro, poderiam ter um tipo de consciência, pois fazem parte do “campo quântico”, no qual se baseia sua teoria de Panpsiquismo da Informação Quântica.
Su reflete:
— Então, se a consciência existe em um “campo quântico” e a informação quântica é fundamental, faz sentido pensar que as plantas, de alguma forma, tenham consciência. Isso não derruba os pilares da ciência tradicional?
— Talvez não seja uma destruição total — pondera Fran. — Mas uma ampliação. Em vez de reduzirmos tudo a um materialismo estrito, passaríamos a considerar a consciência como parte integrante do universo. É uma mudança de paradigma.
Ele fecha os olhos, como se meditasse, e continua:
— Pensar dessa forma pode levar a novos paradigmas científicos, redefinir o que entendemos como “vida” e “consciência” e até impactar a tecnologia e a inteligência artificial. É uma revolução de ideias, mas ainda está longe de ser unanimidade.
Su inclina-se, cochicha no ouvido de Fran e sorri:
— Eu quero é mais!
Eles trocam um olhar cúmplice. Em seguida, Su olha em volta e comenta:
— Tenho observado a “Wood Wide Web” — a Rede Mundial das Árvores — e elas continuam em conflito. A boa notícia é que os radicais ainda não venceram, mas não podemos baixar a guarda...
Nesse clima de cumplicidade, lembram-se de como é crucial preservar as árvores. Para Fran e Su, o corte de uma árvore deve ser avaliado com máximo cuidado. As funções de uma árvore vão muito além do que a maioria das pessoas imagina:
Absorver CO2 e liberar O2, armazenar carbono (C), auxiliar na estabilidade do solo com raízes verticais que servem de guia, refletir e absorver parte da radiação solar, manter a região mais fresca e contribuir para a formação de nuvens por meio da evaporação. Produzir folhas que servem de alimento para a terra (e até para as pessoas), trocar nutrientes com o micélio, absorver poeira e gases poluentes, abrigar pássaros e insetos, servir como barreira sonora e visual...
Fran e Su concordam que, além de tudo isso, as árvores são a “tecnologia” mais eficiente para produzir água, oxigênio e, claro, tornar nosso planeta habitável. Por isso, finalizam o encontro com uma simples, mas poderosa ideia:
— Plante árvores, plante.
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História ainda sendo escrita!
Aguarde pela continuação!
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"O Homem Árvore"
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